PATOLOGIAS CONSTRUTIVAS EM EDIFICAÇÕES CONVENCIONAIS DE CONCRETO ARMADO

Ivo Henrique de Pádua¹; Lucas Rodrigues Soares²; Matheus Henrique Barbosa dos Santos³
1 Mestre em Engenharia Elétrica. PUC-MG, 2006. Professor do Centro
Universitário deIvo
BeloHenrique de Pádua
Horizonte - UniBH. Belo Horizonte, MG. E-mail:
ivo.padua@prof.unibh.br

Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG

2 Graduação. Centro Universitário de Belo Horizonte - UniBH, 2018. Belo
Horizonte, Minas Gerais. E-mail: lucasrsoares@hotmail.com.

¹ ²
lucasrsoares@hotmail.com ; matheushbsantos@gmail.com
3 Graduação. Centro Universitário ;
de Belo Horizonte - UniBH, 2018. Belo
Horizonte, Minas Gerais. E-mail: matheushbsantos@gmail.com

Resumo: O trabalho de conclusão de curso (TCC) objetiva-se na realização de um estudo sobre patologias
construtivas em edificações convencionais de concreto armado. Inicialmente é descrito os conceitos de patologia,
responsabilidade civil e perícias. Em seguida apresenta-se as origens, soluções e riscos das patologias, visando a
compreensão da dimensão do problema existente nas edificações atuais. E para o caso de perícia civil, envolvida
no âmbito jurídico, é descrito os procedimentos para apuração das causas que motivaram determinada falha
construtiva.
Abstract: The final Course Paper aims to carry out a study into constructive pathologies in conventional reinforced
concrete constructions. Firstly, pathology, civil liability and expertise concepts are described. Then, the origins,
solutions and risks of the pathologies are presented, aiming to understand the dimension of the problems that exist
in the buildings today. And for the case of civil expertise, involved in the legal scope, the procedures for verification
of the causes that motivated certain constructive failure are described.
___________________________________________________________________________________
1 INTRODUÇÃO Como exemplos de patologias que se manifestam de
imediato, temos: manchas e bolhas nas pinturas;
Nos dias atuais, com a crescente da população, é
vidros trincados; fissuras em alvenarias; alvenarias
notório cada vez mais o surgimento de construções
apresentando umidade; desprendimento de
que necessitam de diversos projetos, planejamento e
cerâmicas das fachadas; infiltrações;
mão de obra especializada para a sua realização. E
impermeabilização deficiente; entre outras.
com o decorrer do tempo, após o término da
Já para as diversas origens ligadas ao surgimento
edificação, são necessários inspeção predial e
dessas patologias, podemos citar: falha na fase de
pequenas manutenções essenciais para o bom
projetos, erro na fase de execução, utilização de
funcionamento e aumento da vida útil das
materiais de baixa qualidade, falta de mão de obra
construções. Porém, ainda sim, podem surgir nessas
especializada, etc.
edificações defeitos que as tornam inadequadas ou
“Os problemas edilícios começam a ser abordados,
impróprias para uso. A esses defeitos dá-se o nome
assim como a necessidade de verificação e estudo
de patologias construtivas.
das questões com abrangência em todas as etapas
Segundo Deutsch (2013, p. 68), as patologias
do processo construtivo, desde o projeto, execução,
construtivas podem acontecer por diversas origens.
qualidade dos materiais, até o uso.” (DEUTSCH,
E podem manifestar-se de imediato, ou levar anos
2013, p. 68)
para se fazerem presentes.
De acordo com Deutsch (2013, p. 72), com o
Vitório (2003) diz que mesmo que muitas edificações
surgimento do Código de Defesa do Consumidor e a
têm dado verdadeiros exemplos de grande
implantação dos Tribunais de Pequenas Causas,
durabilidade, sob condições totalmente adversas,
aumentou muito o número de reclamações dos
convém lembrar que ela não tem vida útil infinita.
usuários a respeito de defeitos construtivos em
edificações. E ainda é destacado que:
A legislação atual exige que
as construções, a exemplo
dos automóveis e dos
eletrodomésticos, venham
acompanhadas de um
“Manual de Uso e Manutenção
das Edificações”, de modo a
estabelecer um contrato de
garantia entre construtores e
usuários, previsto no Código
de Defesa do Consumidor,
estabelecendo regras
explícitas para os casos de
vícios redibitórios (DEUTSCH,
2013, p. 72)
Neste contexto de aparições de diversas
reclamações que envolvem patologias, podemos
destacar a chamada Responsabilidade Civil, que tem
como premissa a obrigação de reparar um dano
causado a alguém. Este conceito deve existir
veemente por parte de construtoras, empreiteiras e
engenheiros na hora da execução de qualquer
empreendimento. Justamente, para que possa
oferecer a garantia adequada de comodidade,
habitabilidade e segurança a seus usuários.
Relacionam-se dentro da responsabilidade civil as
diferenças de solidez e segurança, conceitos que
são importantes e diferenciados, e, ambos se
relacionam à ausência de problemas do usuário de
uma edificação, segundo Deutsch (2013, p. 74).
Para seguir tais responsabilidades, o capítulo VIII,
Art. 618 do Código Civil, estabelece que o
empreiteiro deverá responder por possíveis
patologias construtivas por um período de 5 anos:
Art. 618. Nos contratos de
empreitada de edifícios ou
outras construções
consideráveis, o empreiteiro
de materiais e execução
responderá, durante o prazo
irredutível de 5 (cinco) anos,
pela solidez e segurança do
trabalho, assim em razão dos
materiais, como do solo.
Esse prazo abrange, não somente a questões
estruturais, mas sim a todos os problemas que
impeçam uma boa habitabilidade da edificação,
incluindo-se problemas de infiltração, vícios ocultos e
redibitórios.
Nesse sentido, de acordo com Vitório (2003), é
fundamental o aprimoramento de profissionais de
engenharia voltados para a investigação de falhas e
avarias. Os denominados, peritos de engenharia, são
profissionais que devem ter a capacidade de analisar
os problemas e emitir os pareceres técnicos
conforme cada caso específico.
E para auxiliar esses profissionais, temos a NBR-
13.752/96 (Perícias de engenharia na construção
civil), que define a perícia como atividade que
envolva a apuração das causas que motivaram
determinado evento ou da asserção de direitos.
A aparição de patologias construtivas vem ocorrendo
constantemente em edificações, além de causarem
muitas vezes acidentes de natureza grave, como
desabamentos, também acarretam a depreciação do
patrimônio e altos custos de recuperação.
Tendo em vista que estes fatores descritos são um
grave problema existente, fica evidente a
necessidade de um maior empenho e
responsabilidade por parte dos profissionais da área
da construção civil. E visando esta necessidade, se
justifica uma melhor análise e estudo do tema
proposto, para que haja melhor entendimento sobre
a gravidade da situação.
Tem-se então como objetivo do trabalho, a análise
mais detalhada das patologias construtivas em
edificações convencionais de concreto armado,
assim como o procedimento de processos de perícia
civil. Através de pesquisas bibliográficas realizadas
em livros, artigos, teses, monografia e dissertações,
os seguintes questionamentos poderão ser melhor
esclarecidos: melhor detalhamento sobre as origens
das patologias, soluções das patologias mais
comuns em edificações, imóveis que passaram por
processos de perícia e devida apuração da situação,
descrição de processos de perícia
apresentação de um estudo de caso.
2 METODOLOGIA
2.1 ORIGEM DAS PATOLOGIAS
As patologias nas edificações se tornam aparentes
devido a diversas situações. Dentre elas, podemos
citar: erros de projetos, execução e planejamento,
causados pela ganância, desconhecimento
negligência de alguns profissionais que atual nessa
área (MARCELLI, 2007, p. 11).
Segundo Lima (2017) as patologias são provocadas
por falhas na concepção do projeto estrutural, na
escolha e uso inadequado dos materiais, na
execução da obra e na falta ou ineficiência do
controle tecnológico das obras. Obviamente, existem
casos especiais, como um sinistro ocorrido por uma
colisão ou um evento climático imprevisível. Com
exceção desses casos, todos os outros são
decorrentes de falha humana. No entanto, essas
falhas humanas são ora causadas pelo pouco caso
dos atores envolvidos na construção e ora causadas
pela falta de preparação acadêmica, falta de
conhecimentos científicos sobre o assunto
ineficiência na aplicação desses conhecimentos.
A ABNT NBR 6118: 2007 – Projeto de Estruturas de
Concreto - promove um conhecimento para que
possamos ter um ganho significativo na vida útil das
estruturas, retardando o surgimento
manifestações patológicas. Vieira (2016), ressalva
que a durabilidade de uma edificação dependerá
muito da execução de cada uma das fases
construtivas, pois são por meio do desempenho de
cada fase que terão origem as
construtivas, afetando a durabilidade
empreendimento.
De acordo com Oliveira (2013), as patologias não
têm sua origem aplicada em fatores isolados, mas
sofrem interferência de um conjunto de variáveis,
civil e que podem ser especificadas de acordo com o
processo patológico, com os sintomas, com a causa
que gerou o problema ou ainda o período do
processo construtivo em que ocorrem, além de
apontar para falhas na maneira que são controladas
as etapas construtivas.
Dentre os principais ocasionadores das patologias
nas edificações podemos citar o problema de
comunicação do setor de projetos com a equipe de
e
execução da obra ou possíveis erros nos projetos.
Segundo Miar (2000) os projetos contêm um
conjunto de informações, ou instruções, para a
execução da obra. Consideramos que o projeto com
falhas é o que tem faltas, omissões ou defeitos nas
informações, isto é, são inconsistentes. Já o projeto
com erros é o que adota soluções incorretas,
impraticáveis ou que se desviam das normas e da
legislação, dos procedimentos estabelecidos e
recomendados.
2.2 TIPOS DE PATOLOGIA
De acordo com Deutsch (2013, p. 77), é perceptível
por parte da população uma falta de conhecimento
sobre a possibilidade de problemas que uma
e edificação pode apresentar e sobre a importância de
se realizar inspeções, avaliações e diagnosticos das
patologias da construção de forma rotineira, tal como
se recomenda.
As patologias que surgem nas edificações podem ter
de diversas origens. Fatores endógenos, exógenos,
funcionais e naturais, e podem interferir na
edificação, gerando diversos problemas.
Dentre os vários tipos de patologias existentes,
temos as mais recorrentes, e por mais simples que
anomalias sejam, devem ser tomadas as medidas necessárias
para que não haja problemas posteriores na
de um
edificação.
2.2.1 FISSURAS NO CONCRETO ARMADO
Segundo Deutsch (2013, p. 77), fissuras são as
aberturas que surgem nos materiais, oriundos, em
geral, devido a solicitação de tração. Entretanto, as
fissuras também podem surgir devido a retração
hidráulica; devido a variações do teor de umidade e
de temperatura; devido a solicitações de flexão,
cisalhamento, torção e compressão, entre outros, de
acordo com Marcelli (2007, p. 95).
Sempre que se observa a existência de fissuras é
porque algo que não estava previsto ocorreu,
excedendo a capacidade de resistência do material.
Várias ações podem interferir na estrutura e gerar o
aparecimento das fissuras.
Dal Molin (1988) destaca que “a existência de
fissuras na superfície de uma estrutura de concreto
armado é parte integrante e inerente ao próprio
material, tendendo a se agravar pelo aproveitamento,
cada vez maior, das resistências dos materiais e, em
particular, do aço, que trabalho a elevadas tensões
de serviço.”
2.2.1.1 FISSURAS DEVIDO A RETRAÇÃO HIDRÁULICA
De acordo com a Marcelli (2007, p. 95), as fissuras
de retração hidráulica no concreto são decorrentes
da cura malfeita, em que é gerada tensões internas
na peça devido à perda de água de emassamento
durante o processo, provocando assim, uma retração
que resulta em esforços de tração do concreto. E por
sua vez, o material não resiste e surgem então as
fissuras em forma de mapeamento geográfico sem
direção definida .
Fig. 2.2.1.1.1 - Trincas no concreto por retração
hidráulica.
Fonte: MARCELLI, 2007, p. 95
Para se evitar o surgimento dessas trincas, é
importante seguir as recomendações corretas para a
cura de concreto, no entanto, se o problema já
estiver instalado, é necessário proceder ao
selamento das mesmas para proteger as ferragens
contra os ataques do meio ambiente, que poderão se
infiltrar por essas fissuras.
2.2.1.2 FISSURAS DEVIDO A VARIAÇÃO NO TEOR DE
UMIDADE
Nessa situação as fissuras ocorrem durante a cura, o
que é um pouco diferente da retração hidráulica.
Nesse caso, é gerado uma variação dimensional por
absorver ou perda higroscópica, devido a mudança
de umidade a que fica submetida a peça de
concreto. Essa alteração de volume pode causar
fissuras se houver vínculos que impeçam o elemento
de se movimentar. As fissuras poderão aparecer ao
longo da peça ou junto aos vínculos.
De acordo com Marcelli (2007, p. 96) as
movimentações devidas à variação no teor de
umidade podem ser reversíveis ou irreversíveis, e as
irreversíveis ocorrem geralmente logo após a
fabricação do material e surgem devido à perda ou
ganho de água, até atingirem a umidade de
equilíbrio.
De acordo com abaixo, essas fissuras se tornam
mais evidentes nos painéis moldados in loco, em que
normalmente se utiliza formas para se produzir as
paredes de concreto. E as trincas surgem em locais
mais vulneráveis, que estão localizados portas e
janelas.
Fig. 2.2.1.2.1 - Fissura em parede monolítica de
concreto
Fonte: MARCELLI, 2007, p. 97
Para se evitarem esse tipo de fissura, deve-se ter
concretos bem dosados com relação água/cimento
próximos do ideal, executados de maneira a resultar
em peças bem adensadas com baixa porosidade.
Para as fissuras já existentes, temos de proceder o 2.2.1.4 FISSURAS DEVIDO A FLEXÃO
preenchimento das mesmas com selantes plásticos Para Dal Molin (1988) a abertura, espaçamento e
que possam acompanhar as movimentações quantidade de fissuras originadas por esforços de
dimensionais e proteger contra os ataques do meio flexão dependem da tensão na armadura, da
ambiente. aderência entre o concreto e o aço, do recobrimento

2.2.1.3 FISSURAS DEVIDO A VARIAÇÃO DE TEMPERATURA e da percentagem da armadura.

O elemento de concreto devido a variação de Marcelli (2007, p. 99) diz que a presença de
microfissuras (aberturas inferiores a 0,1 mm) em
temperatura, sofre uma variação dimensional, de
vigas e lajes de concreto que apresentam
modo semelhante à variação de umidade. A
deformações é frequente e em muitos casos não
somatória desses dois fenômenos pode resultar em
deve ser motivo de maiores preocupações. Porém,
deformações que, se a peça estiver impedida de se
em ambientes agressivos onde possam servir de
movimentar, vão gerar tensões elevadas e
porta de acesso ao ataque das armaduras por
consequentemente trincas, segundo Marcelli (2007,
p. 98) agentes corrosivos, pode-se sim existir maiores
preocupações.
De acordo com Dal Molin (1988), as variações de
Podemos ter uma variedade grande de casos em
temperatura em uma estrutura de concreto podem
que as deformações excessivas associadas as
ocorrer devido a circunstâncias diversas, podendo
trincas indiquem uma situação de perigo. Essa
ser referentes a influências externas (mudanças nas
situação pode ocorrer quando o engenheiro
condições ambientais, incêndios) ou influências
calculista, por exemplo, não faz uma avaliação
internas (calor de hidratação do cimento, com
correta da carga que será aplicada no elemento
elevação da temperatura do concreto).
estrutural. Pode ocorrer também devido à deficiência
Também é ressaltado por Dal Molin (1988) a
dos materiais empregados e em condições de uso
importância das variações térmicas, que diz respeito
quando se aplica uma sobrecarga maior que a
à contração das peças estruturais, representando um
prevista em projeto.
esforço de tração sobre o concreto. Esse esforço
Em qualquer uma dessas situações apresentadas,
pode resultar em fissuras se em algum momento
vamos ter flechas e trincas anormais, sendo que, no
estas tensões originadas superarem a resistência à
caso específico das vigas e lajes, elas vão se
tração do concreto.
As fissuras decorrentes da dilatação térmica, são apresentar com uma configuração semelhante a

ativas (vivas), devendo ser tratadas com selantes figura apresentada a seguir.

elásticos que protejam a peça e possam acompanhar

a sua movimentação. Pode-se tomar como base as
seguintes recomendações segundo Marcelli (2007, p.
99):
a) em ambiente interno não-agressivo:
- abertura < 0,3 mm, dispensar tratamento;
- abertura > 0,3 mm, tratar com selante.
b) em ambiente agressivo e úmido:
- abertura < 0,1 mm, dispensar tratamento; Fig. 2.2.1.4.1 - Trincas de flexão em elementos de
concreto armado
- abertura > 0,1 mm, tratar com selante.
Fonte: MARCELLI, 2007, p. 99
 2.2.1.5 FISSURAS DEVIDO AO CISALHAMENTO
Para correção desse tipo de problema, pode-se optar
Segundo Marcelli (2007, p. 104) “as trincas de
por duas opções segundo Marcelli (2007, p. 100), um
cisalhamento normalmente ocorrem nos pontos de
reforço, quando se deve manter a mesma
cortante máxima e são geradas por seção
sobrecarga atuante, ou um alívio de carga sobre ele,
insuficiente, excesso de carga, falta de armadura ou
mantendo o elemento estrutural na sua forma
disposta de forma errada para combater esse tipo de
original. Essa segunda opção, deve-se somente se
esforço”. Podemos observar essa situação na Fig. 4.
as condições de uso permitirem e não contrariarem
as recomendações da ABNT preconizadas para
aquela condição específica de uso.
No caso de se optar pela redução da sobrecarga,
dispensando o reforço, deve-se avaliar a
necessidade do tratamento das fissuras de acordo
com a agressividade do ambiente. Fig. 2.2.1.5.1 - Trincas de cisalhamento em vigas
Em ambiente interno não agressivo: Fonte: MARCELLI, 2007, p. 105
- abertura < 0,3 mm, dispensar tratamento;
E de acordo com Dal Molin (1988), diferente das
- abertura > 0,3 mm, se for passiva, injetar resina
fissuras causadas por flexão, o sistema de ruptura
epóxi;
por cisalhamento pode ser mais rápido, levando a
- abertura > 0,3 mm, se for ativa, tratar com selante.
viga ao colapso.
Em ambiente agressivo e úmido:
Da mesma forma que para as fissuras de flexão, nas
- abertura < 0,1 mm, dispensar tratamento;
de cisalhamento, podemos fazer o reforço da peça
- abertura > 0,1 mm, se for passiva, injetar resina
(carga atuante permanece a mesma) ou reduzir a
epóxi;
sobrecarga (mantem-se as condições da estrutura).
- abertura > 0,1 mm, se for ativa, tratar com selante.
Entretanto, a redução de sobrecarga depende das
Segundo Marcelli (2007, p. 100), se a melhor
condições de uso e das recomendações da norma
alternativa para resolver o problema for o tratamento
brasileira. No caso do reforço é necessário primeiro
através de reforço estrutural, deve-se analisar entre
aliviar as tensões e deformações para depois se
as várias maneiras possíveis e optar por aquela que
aplicar o reforço.
for mais adequada as circunstâncias da obra, no que
Para a resolução desse tipo de problema valem as
diz respeito ao volume de serviço a ser executado, à
mesmas recomendações citadas no item anterior.
facilidade de obtenção de produtos específicos para
o reforço, à disponibilidade de equipamentos 2.2.1.6 FISSURAS DEVIDO A TORÇÃO

especiais, às condições técnicas de execução e à “Quando uma peça de concreto está submetida a um

mão-de-obra especializada. Sem falar que para a esforço de rotação em relação a sua seção

escolha de um reforço estrutural, se deve levar em transversal, podemos dizer que ela está sofrendo

consideração também, que para o mesmo entrar em uma torção” (MARCELLI, 2007, P. 105)
carga deve haver deformação da peça em questão. Podemos observar a situação descrita acima,
Esta, por sua vez pode estar no seu limite e se tiver inclusive, na figura abaixo:

que fletir ainda mais para o reforço começar a

funcionar, poderá sofrer um colapso.
Fig. 2.2.1.6.1 - Trincas de torção
Fonte: MARCELLI, 2007, p. 105
Segundo Dal Molin (1988) as fissuras decorrentes de
esforços de torção surgem em todas as faces livres
do elemento estrutural, com desenvolvimento
helicoidal.
Este tipo de esforço ocorre em vigas de eixo curvo,
principalmente nas sacadas de edifícios, em vigas ou
lajes que têm flecha excessiva e se apoiam em
outras vigas, causando uma rotação nestas últimas,
ou em lajes em balanço do tipo marquise engastadas
apenas na viga.
Marcelli (2007, p. 106) destaca que a ferragem ideal
para se combater esse esforço deve ser colocada de
forma vertical (estribos) e longitudinal (ferros de
pele). Entretanto, se a questão é executar um
esforço para combater as tensões de torção já
instaladas, pode-se recorrer a colocação de estribos
adicionais, em que o sistema de preenchimento de
concreto é feito de forma convencional com uso de
fôrmas e lançamento do concreto por furos feitos na
laje (Fig. 2.2.1.6.2. A)
Dependendo das condições locais e do volume de
serviço, podemos optar pelo preenchimento
utilizando concreto projetado, ou até mesmo a
colagem de chapas de aço (Fig. 2.2.1.6.2. B. C).
Fig. 2.2.1.6.2 – Reforço para torção
Fonte: MARCELLI, 2007, p. 107
2.2.1.7 FISSURAS DEVIDO A COMPRESSÃO
A compressão axial provoca diferentes formas de
fissuras no concreto, dependendo da esbeltez do
elemento e do grau de vinculação dos componentes,
de acordo com Dal Molin (1988).
E de acordo com Marcelli (2007, p. 107) as trincas
por compressão em vigas e em pilares são as que
demandam maior atenção e providências rápidas,
pois o concreto é o elemento responsável em
absorver a maior parcela dos esforços de
compressão, e quando apresentam fissuras, pode
significar que a peça está na iminência de um
colapso. Essa peça, em uma situação pior, pode já
ter perdido a capacidade de suportar carga,
redistribuindo os esforços para os pilares vizinhos,
que por sua vez ficarão sobrecarregados e
suscetíveis de sofrerem ruptura também.
“O rompimento de um elemento sujeito a esforços de
compressão pode ser comparado ao rompimento de
corpos de prova de concreto.” (DAL MOLIN, 1988)
Como exemplo de fissuras por compressão, temos a
Fig. 7.

2.2.1.7.1 – Trincas de compressão
Fonte: MARCELLI, 2007, p. 108
As fissuras decorrentes dos esforços de
compressão, podem ser evitadas através de um
dimensionamento que considere corretamente a
ação de todos os esforços atuantes na peça e que o
uso seja compatível com o carregamento previsto em
projeto. Entretanto, se o problema já estiver
estabelecido, pode-se recorrer ao reforço dessa peça
utilizando-se a colagem de chapas de aço, ou a
colocação de armadura suplementar e posterior
enchimento com graute ou microconcreto. (Fig.
2.2.1.7.2).
Fig. 2.2.1.7.2 – Reforço de pilares
Fonte: MARCELLI, 2007, p. 109
2.2.2 PATOLOGIAS DEVIDO A CORROSÃO DO AÇO
A corrosão das armaduras tem sido uma das
maiores causas de sinistros na construção civil,
ocasionando enormes problemas financeiros e as
vezes envolvendo vítimas. Para se evitar esse
problema é necessário atenção especial nas fases
que compõem uma obra, desde a elaboração do
projeto até sua execução.
Para haver o processo de corrosão da armadura, é
necessário a presença de alguns fatores como
oxigênio, umidade, entre outros. Esses fatores
podem ser externos, internos, incorporados ao
concreto ou gerados pelo meio ambiente.
Em peças que o aço foi vítima do processo de
corrosão, ocorre um aumento de volume em até oito
vezes na parte afetada da armadura, produzindo
tensões de tração que o concreto não resiste, de
acordo com Marcelli (2007, p. 113), uma vez que ele
possui alta resistência a esforços de compressão.
Neste momento, surgem pequenas fissuras ao longo
das armaduras localizadas mais próximas da
superfície do elemento estrutural. Isso permite que o
aço fique mais exposto ao ataque externo, agilizando
o processo de corrosão e fazendo com que essas
trincas se transformem em rachaduras, chegando a
destacar partes do concreto (Figs.
2.2.2.1/2.2.2.2/2.2.2.3)
Fig. 2.2.2.1 – Penetração de agente agressivo
através de porosidade do concreto.
Fonte: MARCELLI, 2007, p. 113
 gradiente térmico; presença de cloreto;
desconsideração de cargas dinâmicas.
Conforme Marcelli (2007, p. 83), os cuidados de
projeto referentes aos problemas de corrosão,
devem começar pelo estudo correto do cobrimento
de concreto necessário para cada elemento
estrutural. Nesses estudos devem-se levar em
Fig. 2.2.2.2 – Fissuração devido as tensões de
tração provocadas pelas forças de expansão do aço consideração a agressividade do meio ambiente, em
em corrosão relação ao local em que será construído determinada
Fonte: MARCELLI, 2007, p. 113
estrutura. Deve-se observar características
climáticas, índice de umidade, variação de
temperatura, entre outros.
Uma vez verificados esses aspectos e constatado a
necessidade de se fazer o cobrimento, deve-se
tomar alguns cuidados para se proteger
adequadamente as ferragens,
Fig. 2.2.2.3 – Lascamento do concreto e aceleração Qualquer barra de armadura, até mesmo de
no processo de corrosão da armadura
distribuição, de montagem e de estribos, deve ter
Fonte: MARCELLI, 2007, p. 113
cobrimento de concreto pelo menos igual ao seu
De acordo com Andrade (1982), conforme citado por diâmetro, mas não menor que o especificado a
Dal Molin (1998) a maioria dos concretos possui a seguir, conforme recomendações da NBR 6118:
propriedade de proteger as armaduras contra a a) Para concreto revestido com argamassa de
corrosão de duas maneiras: espessura de 1,0 cm:
- Funcionando como um isolante, uma barreira física - em laje no interior de edifícios: 0,5 cm;
entre o aço e o meio ambiente. A impermeabilidade e - em paredes no interior de edifícios: 1,0 cm;
o cobrimento do concreto são duas características - em laje e paredes ao ar livre: 1,5 cm;
fundamentais para manter sua capacidade protetora - em vigas, pilares e arcos no interior de
contra a corrosão; edifícios: 1,5 cm;
- Garantindo uma proteção química a partir do - em vigas pilares e arcos ao ar livre: 2,0 cm.
elevado caráter alcalino que possui, mantendo as b) para concreto aparente:
armaduras envoltas por uma capa passivante. - no interior do edifício: 2,0 cm;
De acordo com Marcelli (2007, p. 113), para se - ao ar livre: 2,5 cm;
realizar uma solução adequada, deve-se analisar a c) para concreto em contato com o solo: 3,0 cm
fonte geradora do problema e só depois de estudar (se o solo não for rochoso, sob a estrutura
cuidadosamente todas as condições envolvidas é deverá ser interposta uma camada de concreto
que se deve apresentar uma solução que tenha simples, não considerada no cálculo estrutural,
excelente desempenho técnico e econômico. com o consumo mínimo de 250 kg de cimento
Basicamente podemos dividir as causas em: má por metro cúbico e espessura de pelo menos 5,0
execução; concreto inadequado; ambiente agressivo; cm).
proteção insuficiente; manutenção inadequada;
 d) para concreto em meio fortemente agressivo:
4,0 cm.
Para cobrimentos maiores que 6,0 cm, deve-se
colocar uma armadura de pele complementar, em
rede, cujo cobrimento não deve ser inferior aos
limites especificados acima, conforme orientação da
NBR 6118.
Na execução da obra, é muito utilizado a colocação
de pastilhas na ferragem, fixadores e espaçadores
de fôrma, visando garantir corretamente os
cobrimentos ideias ao longo da peça Fig. 2.2.2.4 – Emendas por trespasse
Fonte: MARCELLI, 2007, p. 118
Além do cobrimento, é importante tomar algumas
outras medidas para o aumento da proteção das
armaduras, como dimensionamento correto da
estrutura, tipo de concreto ideal para cada agente
agressivo e como já citado acima, previsão de
Fig. 2.2.2.5 – Barra emendada com luva de pressão
ferragem de pele.
Fonte: MARCELLI, 2007, p. 118
Para o tratamento das ferragens, segundo Marcelli
(2007, p. 117), toda a ferragem deve ser limpa
através de escovação manual/mecânica ou jato de
areia, de forma que fique totalmente livre de óleos,
graxas e partes oxidadas. É importante tomar o
cuidado de garantir que toda a superfície seja
atingida pela limpeza, inclusive a face voltada para o
Fig. 2.2.2.6 – Barra emendada com solda
concreto, por ser esta a que apresenta a maior
Fonte: MARCELLI, 2007, p. 119
dificuldade de acesso.
Depois do processo de limpeza é necessário avaliar 2.2.3 PATOLOGIAS EM ALVENARIAS
se houve redução na seção das barras de aço. Caso Segundo Deutsch (2013, p. 80), as alvenarias são os
isso tenha acontecido, deve-se consultar um elementos de vedação utilizados para definir os
engenheiro estrutural para saber se há a compartimentos e ambientes de uma edificação.
necessidade de substituição dessas barras ou até Essas alvenarias podem ser estruturais ou apenas
mesmo colocação de armadura suplementar. É de vedação, e em ambos os casos são compostas
importante que essas barras recebam pintura contra
de elementos inertes ligados por um tipo de
a corrosão antes do restauro final da peça. argamassa. Normalmente são revestidas, servem de
E para os seguimentos de armaduras que houverem suporte e proteção para as instalações da edificação
necessidade de ser trocadas, poderão ser feitas (quando embutidas) e criam condições de
emendas entre as barras através dos processos de habitabilidade para a edificação.
trespasse (Fig. 2.2.2.4), luvas de pressão (Fig. Abaixo temos algumas das patologias encontradas
2.2.2.5) ou com solda (Fig. 2.2.2.6). em alvenarias:
- Trincas na região do encunhamento;
- Trinca nos encontros entre alvenaria e estrutura;
- Trinca no encontro de vão de portas e janelas;
- Trinca na base de paredes provenientes de
problemas de impermeabilização ou lençol freático;
- Muros e peitoris que não estejam
convenientemente protegidos por rufos,
apresentando fissuras na parte superior;
- Problemas devido a alterações térmicas;
- Desplacamentos;
- Eflorescências, entre outras.
2.2.3.1 T RINCAS EM ALVENARIAS DEVIDO A UMIDADE
De acordo com Marcelli (2007, p. 137), a umidade
pode atingir a alvenaria de várias formas, sendo as
mais comuns são aquelas provenientes do solo por
falha no sistema de impermeabilização do respaldo
inferior e nas proximidades do piso. Nesse ponto é
que se inicia uma infiltração de água, e por
capilaridade se espalha por boa parte da parede.
A variação de umidade provoca uma variação
dimensional da peça, aumentando ou diminuído de
volume. É nesse momento que se tem o surgimento
de fissuras, o que é inevitável, conforme figura
abaixo:
Fig. 2.2.3.1.1 - Trincas em alvenarias devido a
variação de umidade
Fonte: MARCELLI, 2007, p. 138
Para se evitarem as infiltrações de umidade nas
paredes, é importante executar um revestimento de
forma correta, obedecendo as recomendações de
traço, espessura e aplicação de argamassas. Além
disso, é importante ter cuidado especial
impermeabilização no respaldo da fundação, de
forma que não haja infiltração vinda do solo ou do
piso externo. E conforme figura a seguir, o respaldo
deve ser feito da seguinte maneira:
Fig. 2.2.3.1.2 - Impermeabilização no respaldo das
fundações
Fonte: MARCELLI, 2007, p. 138
2.2.3.2 T RINCAS EM ALVENARIAS DEVIDO AO TRAÇO E A
ESPESSURA
O traço de argamassa com o emprego do cimento
deve ser bem feito, dosando-se corretamente todos
os materiais, pois é fundamental que o revestimento
tenha um bom desempenho em relação a
durabilidade e formação de trincas.
Já a espessura de um revestimento não deve ser
superior a 2 cm, de acordo com Marcelli (2007, p.
141). Quando existe a necessidade de uma camada
mais espessa, o correto é aplicar camadas
sucessivas com menos de 2 cm, respeitando o
tempo necessário para que ocorra o endurecimento.
2.2.3.3 T RINCAS EM ALVENARIAS DEVIDO AO RECALQUE
DAS FUNDAÇÕES
De acordo com Marcelli (2007, p. 143), não seria
economicamente viável se projetar e executar
fundações sem nenhum tipo de recalques, a não ser
em casos espaciais que se possa descarregar a
carga dos pilares em rochas contínuas e sem
fraturas. Como isso é raro de se acontecer, deve-se
buscar sempre soluções de projeto para os
recalques sejam minimizados.
De acordo com Page (1993), conforme citado por
Valle (2008), “se a movimentação da fundação puder
a
ser prevista ela deve então ser dimensionada rígida
o suficiente para acomodar esses movimentos,
evitando assim deformações excessivas na
alvenaria”.
Valle (2008) destaca que os solos são constituídos
basicamente por partículas sólidas, água, ar e
material orgânico. Dessa forma, sob efeitos de
cargas externas, todos os solos, em maior ou menor
proporção se deformam. No caso de essas cargas
Fig. 2.2.3.3.2 - Trincas devido a acomodações de
não serem dissipadas ao longo da fundação, tensões
aterro.
de grande intensidade serão introduzidas na
Fonte: MARCELLI, 2007, p. 145
alvenaria, podendo gerar o aparecimento de trincas.
Para a avaliação de um problema de recalque,
Na figura a seguir tem-se a configuração de fissuras
segundo Marcelli (2007, p. 145), um fator importante
em algumas situações de recalques:
a ser considerado é quando surgiram as trincas e a
idade do imóvel, pois se ela foi recém construída, há
a possibilidade de fundação inadequada para o solo
do local. Entretanto, se for uma edificação antiga,
deve-se avaliar as possibilidades que
desencadearam o processo de recalque e
consequentemente, o aparecimento das trincas.
Algumas possibilidades são: vazamento em
tubulações hidráulicas enterradas, obras novas nas
proximidades, escavações, interferência de árvores
próximas, rebaixamento do lençol freático, vibrações
devido a cravação de estacas, entre outros.
Para se evitar as trincas decorrentes de recalques, é
Fig. 2.2.3.3.1 - Fissuração típica nos cantos das necessário fazer uma sondagem adequada do
aberturas sob atuação de sobrecargas subsolo e sempre consultar um engenheiro
Fonte: VALLE, 2008 especializado em mecânica dos solos para a
execução de um projeto de fundação mais adequado
Existe um conceito genérico para a maioria dos
para aquele tipo de solo.
profissionais da área, de que toda trinca a 45º indica
um problema de fundações. Porém, as trincas de 2.2.3.4 T RINCAS EM ALVENARIAS DEVIDO A

recalque podem se apresentar de formas diferentes, SOBRECARGAS

pois depende muito do tipo de edificação, da sua De acordo com Valle (2008), a ocorrência de
estrutura e da causa que gerou esse recalque. sobrecargas pode produzir a fissuração de
Nos casos em que existe acomodações de aterro, componentes estruturais, tais como pilares, vigas e
normalmente o recalque vem acompanhado de uma paredes. E em trechos contínuos de alvenarias em
movimentação horizontal provocando rachaduras, que ocorrem sobrecargas, uniformemente
conforme a figura abaixo: distribuídas, dois tipos característicos de trincas
podem surgir:
a) Trincas verticais provenientes da deformação
transversal da argamassa sob ação das tensões de
compressão, ou de flexão local dos componentes de
alvenaria;
b) Trincas horizontais provenientes da ruptura por
compressão dos componentes de alvenaria da
própria argamassa de assentamento ou ainda de
solicitações de flexo compressão da parede.
Fig. 2.2.3.4.1 - Fissuração típica da alvenaria
causada por sobrecarga vertical.
Fonte: VALLE, 2008
Fig. 2.2.3.4.2 - Trincas horizontais na alvenaria
provenientes de sobrecarga
Fonte: VALLE, 2008
Marcelli (2007, p. 146) destaca que para evitar as
trincas em alvenaria, deve-se
antecipadamente esse tipo de situação na fase do
projeto, buscando um dimensionamento correto nos
casos de alvenarias e adotando-se soluções que
evitem flechas excessivas no caso das estruturas
convencionais.
Para se resolver um problema já existente de trincas,
quando se tratar de estrutura de concreto
comprimindo a alvenaria, é importante fazer uma
verificação do projeto e do histórico da obra, com a
finalidade de avaliar o comportamento da estrutura
no momento da separação com a parede. Caso
esses estudos indiquem que isso pode ser feito,
então a solução é criar uma junta de dilatação na
ligação parede/estrutura, que por sua vez, deverá ser
preenchida posteriormente com massa elástica.
No processo de encunhamento (ligação parede/laje),
por exemplo, é muito comum o preenchimento com
essa massa elástica.
2.2.3.5 T RINCAS EM ALVENARIAS DEVIDO A ABERTURAS
Uma situação muito comum na maioria das
edificações são as trincas que quase sempre
aparecem nos cantos das aberturas de portas,
janelas ou vão das alvenarias. Segundo Marcelli
(2007, p. 146), isso é decorrente de uma
concentração que surgem nesses vértices.
Entretanto, segundo Valle (2008), essas trincas,
podem aparecer por diversas configurações, em
função da influência de vários fatores como:
dimensões do painel de alvenaria, dimensões da
abertura, posição que a abertura ocupa no painel,
anisotropia dos materiais que constituem alvenaria,
dimensões e rigidez de vergas e contravergas, entre
outras.
“A maior deformação da alvenaria e a eventual
deformação do suporte nos trechos mais carregados
da parede (fora das aberturas), contudo, originam
nos casos reais de trincas” (VALLE, 2008).
A figura abaixo ilustra a situação descrita acima.
avaliar
Fig. 2.2.3.5.1 - Fissuração típica nos cantos das
aberturas sob atuação de sobrecargas.
Fonte: VALLE, 2008
Para se evitar essas trincas, devem ser construídas
vergas e contravergas para fazer uma amarração na
parte superior e inferior da abertura. Esses
elementos estruturais, além de serem construídos,
precisam ser dimensionados corretamente, para que
não haja nenhum problema posterior.
2.2.4 PATOLOGIAS NO SISTEMA DE PINTURA
No sistema de pintura, de acordo com Deutsch
(2013, p. 84), existem diversos tipos de patologias.
Abaixo descreveremos algumas:
- Trincas: geralmente o problema ocorre devido à
movimentação que ocorre na construção e da
expansão natural do concreto. É um problema que
pode ser resolvido abrindo-se a trinca em forma de
“V” e tratando-a com massa corrida e selador
acrílico;
- Bolhas: podem ter várias causas, mas em todas as
situações, elas estão relacionadas com a aderência
da tinta à superfície. Ocorrem pela utilização de
massa corrida PVA em superfícies externas ou
podem aparecer também quando há repintura sobre
tinta muito antiga ou de má qualidade. Em paredes
internas as bolhas podem surgir nos casos em que a
poeira, decorrente do lixamento da massa corrida,
não tenha sido totalmente eliminada, ou quando a
tinta não foi
devidamente diluída para aplicação;
- Cratera: ocorrem decorrente à contaminação da
superfície da parede por graxas, óleos, silicones,
entre outros. Podem ocorrer também quando são
utilizados solventes não apropriados na diluição da
tinta. Para evitar este problema deve-se preparar
corretamente a superfície de aplicação;
- Eflorescência: são manchas esbranquiçadas que
aparecem nas superfícies das pinturas devido ao
arraste de sais para a base pintada por meio da
evaporação da água. Ocorre quando a tinta é
aplicada diretamente sobre reboco úmido, ou por
problemas de infiltração;
- Desagregação: ocorre normalmente quando a tinta
foi aplicada antes do reboco estar devidamente
curado;
- Descascamento: pode acontecer quando a pintura
for executada sobre gesso, cimento ou concreto
curado indevidamente, sem o devido preparo da
superfície. Pode ocorrer também em locais onde
existem a ação dos poluentes do ar e deficiência da
limpeza da superfície;
2.3 PERÍCIAS
De modo geral, é o exame técnico de caráter
especializado, ou seja, é a observação, investigação,
análise, inspeção ou pesquisa minuciosa de um fato,
condição ou direito, realizado por um especialista.
Perícias que envolvem patologias construtivas
normalmente são decorrentes do uso inadequado de
materiais ou da realização de obras novas. Podem
ser provenientes também de problemas na fase de
execução e no cronograma de obra e planejamento.
Conforme descrito na NBR 13.752/96 – Perícias de
engenharia na construção civil, os requisitos
necessários para uma perícia são interligados à
confiabilidade e adequação das informações obtidas,
à extensão das investigações, à qualidade das
análises técnicas efetuadas e ao menor grau de
subjetividade empregado pelo perito.
É fixado pela norma as diretrizes básicas, conceitos,
critérios e procedimentos relativos às perícias de
engenharia na construção civil. E é exigida em todas
as manifestações escritas de trabalhos periciais.
O termo Perícia é definido pela NBR 13.752/96,
como “atividade que envolva a apuração das causas
que motivaram determinado evento ou da asserção
de direitos”.
Geralmente elas ocorrem devido aos seguintes
motivos: ações judiciais, ações administrativas e
ações extrajudiciais.
Segundo os professores da UFMG (Universidade
Federal de Minas Gerais), SILVA e JONOV, alguns
exemplos de perícias judiciais estão ligados a
avaliações de imóveis, como processos de As atividades de planejamento, projeto, execução e
desapropriação, processos de partilha de bens e manutenção das edificações deverão sempre estar
ações de enriquecimento sem causa. Porém, correlacionadas e funcionando bem, garantindo
também podem estar ligados ao arbitramento de sempre um bom controle de qualidade em todas as
aluguéis, discussão de valores de tributos em fases.
imóveis e a perícias de patologias construtivas “A perícia de engenharia é uma ferramenta
(deslocamento de cerâmicas, infiltrações por indispensável na gestão de qualidade de um
ausência de impermeabilização, corrosão de empreendimento”. (DEUTSCH, 2013, p. 48)
armaduras, etc.). Os procedimentos periciais de engenharia podem
É também destacado por Deutsch (2013, p. 48) que acontecer em qualquer fase do processo construtivo,
as perícias de engenharia ocorrem normalmente desde o projeto, execução, até a fase de
quando existe algum tipo de questionamento manutenção predial. Aparece normalmente quando
relacionado a imóveis: “Podem ser perícias de um fato conflituoso é gerado e não há possibilidade
patologias nas construções, desapropriações, de solução amigável.
perícias de avaliação, tais como as ações Normalmente é seguido um procedimento que
renovatórias e revisionais, perícias em medidas envolvem algumas etapas, como vistoria e/ou exame
Cautelares...”. do objeto da perícia; diagnostico dos itens do objeto
De acordo com Vitório (2003), sobre a NBR da perícia; coleta de informações; escolha e
13.752/96, as perícias podem ser classificadas nas justificativa dos métodos periciais; análise das
seguintes espécies: ocorrências e elementos periciais; soluções e
- Arbitramento: espécie de perícia que envolve a propostas, quando possível e/ou necessário;
tomada de decisão ou posição entre as alternativas considerações finais e conclusões (NBR 13.752/96).
tecnicamente controversas ou que decorrem de
2.3.1 LAUDO T ÉCNICO
aspectos subjetivos.
- Avaliação: quando ocorre a determinação técnica De acordo com NBR 13.752/96, laudo é uma peça
do valor qualitativo ou monetário de um bem, de um na qual o perito, profissional habilitado, relata o que
direito ou de um empreendimento. observou e dá as suas conclusões ou avalia,
- Exame: ocorrência de inspeção, por meio do perito, fundamentadamente, o valor de coisas ou direitos.
sobre pessoas, coisas, móveis e semoventes para O laudo é um documento técnico, fundamentado e
verificação de fatos ou circunstâncias que interessem bem redigido. É o resultado final das investigações e
à causa. pesquisas, e deve ser objetivo e conclusivo. Nele são
- Vistoria: quando envolve a constatação de um fato, expostos todos os aspectos levantados, problemas
mediante exame circunstanciado e descrição detectados e descrição das questões existentes na
minuciosa dos elementos que o constituem. edificação em que foi efetuada a perícia.
Principalmente na área de patologia em edificações, Não é informado pela legislação um modelo
os chamados litígios, normalmente acontecem pelo específico em que os laudos devem ser
surgimento de anomalias construtivas ou mesmo de apresentados, devido a existência de grande
problemas decorrentes de contratos de prestação de variedade de ações em que a atuação dos peritos é
serviço de profissionais da área, segundo Deutsch solicitada e também a especificidade de cada caso.
(2013, p. 48). Porém, algumas regras básicas devem ser seguidas
para que o relatório final atenda à sua finalidade.
Nesse sentido, Vitório (2003, p. 8) destaca que é de
2.4.1 ESTIMATIVA DE CUSTOS
fundamental importância que o documento seja
Segundo Pereira (2018) a estimativa é uma
objetivo e apresentado em linguagem técnica
mensuração aproximada do custo de projetos já
adequada, com disposição racional dos textos e
realizados sendo baseados em serviços anteriores
ilustrações. Devem ser evitados parágrafos longos
prestados na mesma região da obra ou em tabelas
que possam parecer inconclusivos e de difícil
criadas por empresas privadas ou públicas que
compreensão.
estabelecem um índice orçamentário para ter como
A NBR 13.752/96 exige obrigatoriamente que
base nos cálculos de orçamentos.
constem as seguintes informações nos laudos:
- Indicação da pessoa física ou jurídica que tenha Este tipo de estimativa serve apenas como base de
contratado o trabalho e do proprietário do bem objeto gastos não possuí índice confiança elevado.
da perícia;
Segundo Pereira (2018) Em caso de obras
- Requisitos atendidos na perícia referentes, por
envolvendo edificações, o indicador mais usado é o
exemplo, à metodologia empregada, aos dados
CUB (custo unitário básico) derivado de uma
levantados, ao tratamento dos elementos coletados,
pesquisa mensal pelo SINDUSCON (sindicato da
entre outros;
industria da construção civil), ele apresenta o custo
- Relato e data da vistoria com todas as informações
médio por metro quadrado de cada estado adquirido
referentes;
através de coleta dos valores comerciais
- Diagnóstico da situação encontrada;
estabelecido pelas construtoras.
- No caso de perícias de cunho avaliatório, pesquisa
de valores, definição da metodologia, cálculos e Porém, é importante ressaltar que o CUB não é um
determinação do valor final; instrumento preciso na realização de orçamentos,
- Memórias de cálculo, resultados de ensaios e pois, não abrange gastos como projetos, fundações,
outras informações relativas à sequência utilizada no valor de terreno, paisagismo, elevadores, impostos,
trabalho pericial; dentre outros.
- Nome, assinatura, número de registro no CREA e
Dentro da estimativa de custo, um dos pontos
credenciais do perito de engenharia.
fundamentais é fazer o levantamento de
quantidades. Este levantamento englobará todas as
2.4 ORÇAMENTOS
atividades necessárias para a obra, desde a
O orçamento em obras é uma das etapas mais
fundação até as plantas que serão plantadas no
importantes da construção. Com ele é possível
jardim do empreendimento após sua conclusão, de
definir o valor gasto para a execução de uma
acordo com Daldegan (2018).
edificação. Quando um orçamento é incorreto pode
gerar transtornos, como falta de verba para 2.4.2 ORÇAMENTO PRELIMINAR
finalização dos serviços e prolongamento do prazo Esta etapa é mais aprofundada que a estimativa de
de entrega. custo e propõe um levantamento de matérias e
De acordo com os sites escola da engenharia, blog quantitativos. O orçamento é realizado após a
da engenharia civil e engenharia concreta os elaboração do anteprojeto e anteriormente aos
orçamentos são classificados em: estimativa de projetos básicos.
custos, orçamento preliminar e orçamento analítico
ou detalhado.
Segundo (Ferreira, 2018) este método serve como
auxilio para o orçamento analítico, podemos tirar
como exemplo a elaboração de uma estimativa de
custo para construção de uma super estrutura de
concreto nesta etapa iria contemplar os itens gastos
como: formas, aço e concreto.
2.4.3 ORÇAMENTO ANALÍTICA
O orçamento analítico é a forma mais minuciosa e
exata de compreender os custos envolvidos na
construção. Esta atividade usa-se composições de
custos de cada serviço prestado e descriminam as
quantidades de materiais, equipamentos e mão de
obra, através de projetos detalhados. É fundamental
saber dos custos diretos (materiais, equipamentos e
mão de obra) e custos indiretos (custo com escritório
central, salários administrativos, impostos,
lucros,etc.) este método tem como principal
vantagem a precisão, quando se tem um escopo
bem elaborado e aprovado pelos interessados na
obra (Ferreira,2018).
Segundo (Daldegan,2018) para elaborar
orçamento com uma grande precisão deve-se
preparar um CPU (composição de preços unitários)
de cada serviço a ser realizado na obra, fazendo um
levantamento preciso da quantidade de material
necessário. Para auxiliar na montagem do CPU é
importante conhecer todos os insumos envolvidos e
ainda a eficiência da equipe. O apoio na montagem
das composições é oferecido pelo governo através
da planilha SINAPI (Sistema Nacional de Preços e
Indicies para a Construção Civil).
2.4.3 ORÇAMENTO DE OBRAS SINISTRADAS
Os orçamentos das obras sinistradas não diferem
muito dos habituais e devem seguir as mesmas
orientações estabelecidas acima. A Diferença
notável dos demais orçamentos é que se faz preciso
uma avaliação minuciosa, dos serviços necessários
para que a edificação retorne na mesma situação
que existia antes do sinistro. (Marcelli, 2007, p. 245).
Para realizar as avaliações é importante um estudo
minucioso das condições da edificação antes e
depois do sinistro. Deste modo é necessário, recorrer
a profissionais altamente especializados, que após
estudos e ensaios irão orientar a melhor solução
técnica e econômica, por isso, devemos definir a
extensão de todos os serviços que deverão ser
realizados para permitir uma orçamentação da obra
de forma correta e não elevar os custos de
restaurações além do que é necessário
(Marcelli,2007, p.245).
Todo orçamento de uma obra civil pode apontar uma
margem de imprecisão, que se encontra no
esquecimento de um serviço, num acréscimo de
atividades que acontecem devido a situações
imprevistas, ou no grau incerto que são ligados a
algumas atividades das obras sinistradas. Devemos
considerar que em obras de restauro normalmente
surgem atividades que não podem ser estimadas ou
avaliadas corretamente antes do início dos serviços.
Consequentemente é recomendado que nos
um
orçamentos derivados de sinistro seja previsto uma
verba extra, sendo rotulada de despesas eventuais,
fundamentado num pequeno percentual do valor
global das intervenções, depois de avaliar a função
do detalhamento e confiabilidade da proposta
concebida (Marcelli, 2007, p. 252).
A apresentação do orçamento deve ser o mais
aberto possível e apresentado através de planilhas,
descrevendo todos os serviços e atividades que
serão executados na obra, com as respectivas
quantidades e preços unitários, evitando a cotação
de alguns serviços chamados de módulos de verba.
Apresentando uma proposta com todas as atividades
bem definidas tem como finalidade garantir uma
aparição detalhada dos valores adotados pelo
empreiteiro, possibilitando uma análise criteriosa por
parte do contratante (Marcelli, 2007, p.255).
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 ESTUDO DE CASO
Como estudo de caso, será mostrado o uso dos
conhecimentos da engenharia para realização de
uma pericia de engenharia civil para a constatação
de patologias, bem como suas origens de um imóvel
localizado que funciona como Cartório Eleitoral do
TRE-MG, situado na Rua Jair Dantas, 201, Centro,
3.1.3 VISTORIA
Caeté, Mg.
A vistoria no imóvel foi acompanhada pelo
3.1.1 INTRODUÇÃO Engenheiro Fabiano Abreu (CREA 156047/D),
A pericia foi realizada por solicitação do TRE-MG, representando a empresa A&R, que presta serviços
devido aos problemas existentes no Cartório. Foi de manutenção predial ao TRE-MG, no dia 17 de
contratada a empresa Treinotec Engenharia para fevereiro de 2017.
efetuar um laudo sobra a situação. A vistoria foi As fotografias a seguir mostram as áreas vistoriadas:
realizada pelo engenheiro William Alexandre Pinto
Gonçalves (CREA-MG 168844/D)

3.1.2 OBJETIVO
O objetivo da vistoria tem como finalidade a análise
técnica do imóvel, bem como o diagnóstico geral
sobre as infiltrações nas paredes das salas e
corredores presentes no local.

3.1.2 DESCRIÇÃO DO IMÓVEL

Trata-se de um Cartório com topografia plana do
Foto 01 – Sala dos fundos apresentando umidade
terreno, na região do imóvel. Não possui desnível de
nos cantos das paredes e entre a laje e a parede
cota de assentamento da construção, em relação
acima da janela.
aos terrenos vizinhos e laterais. O acesso ao imóvel
é pela Rua Jair Dantas, 201, pelo portão do Anexo
Administrativo de Caeté. Foi observado pelo
engenheiro Willian Alexandre Pinto Gonçalves que o
imóvel nos fundos e nas laterais, dentro do terreno,
está aterrado 53 cm. Concluindo que essas
características de construção contribuem muito para
percolação de água na estrutura.
A fotografia aérea a seguir mostra o imóvel periciado
e seu entorno:
Foto 02 – Sala principal com umidade nas paredes.
 Foto 06 – Aberturas nos cantos das paredes, ponto
Foto 03 – Sinais de infiltrações na parede abaixo da
que pode contribuir para entrada de água na parede.
janela.

Foto 04 – Infiltrações nos cantos das paredes.

Foto 07 – Caimento negativo, formando ponto que

contribui para o acumulo de água no piso e infiltração
nas paredes que estão abaixo desse nível.

Foto 05 – Infiltrações nas paredes acima da janela.

Foto 08 – Trincas no piso na área externa (piso não

apresenta junta de retração).
Foto 09 – Piso externo composto por placas,
apresentando muitas juntas de encontro, Foto 12 – Chapéu quebrado, ocasionando na
contribuindo bastante para a percolação de água no penetração de água direto na estrutura e escorrendo
piso. pela parede.

Foto 10 – Acúmulo de material ao redor do imóvel Foto 13 – Estrutura semienterrada, contribuição

impedindo o escoamento de água pluvial. altíssima para infiltrações do solo para as paredes.

Foto 14 – Jardim encostado na parede, contribuição

Foto 11 – Fachada principal está apresentando alta para a umidade interna.
muitas trincas, formando pontos de penetração de
água. 3.1.4 DESCRIÇÃO DAS PATOLOGIAS

Foi verificado na vistoria segundo o Eng. Willian, os

seguintes problemas patológicos:
- Existência de vários pontos de infiltração nas
paredes acima das janelas do hall principal, nas duas
salas ao fundo, e no corredor de acesso ao banheiro
foi observado marcas de infiltração da metade da  Após a realização do reboco impermeabilizar
parede pra baixo; com argamassa polimérica;
- Não apresentava piso de acabamento no momento  No jardim da entrada recomenda-se o uso de
e foi observado uma pequena umidade no local que hidrofugante, transparente que irá
poderia estar contribuindo para a umidade por impermeabilizar sem descaracterizar a
capilaridade nas paredes; fachada;
- Na fachada há várias placas de acabamento  Fazer um piso nos fundos do imóvel com
trincadas e quebradas; caimento e construir um sistema de
- O jardim está rente a parede da fachada, sem drenagem para escoamento de água de
nenhum tipo de separação, o qual, em períodos de chuva em que o imóvel se encontra aterrado;
chuva o solo molhado contribui para a umidade por  Retirar todo o reboco pelo menos 1 metros
capilaridade nas paredes; acima do ponto de contato do solo para
- O chapéu da fachada está quebrado e com aplicação do impermeabilizante;
dimensões menores que a parede existente; - Lavar a parede;
- Nas áreas externas o piso em alguns pontos está - Aplicar uma demão de hidro 100 ou
apresentando caimento contrário, favorecendo o Viaplus 1000;
acúmulo de água no piso contribuindo para a - Aplicar duas demãos de hidro 500
percolação de água nas paredes; ou Viaplus 5000, estruturado com
- As juntas das placas dos pisos na área externa não tela para reforço da
apresentam calafetamento e está com a vegetação impermeabilização caso necessário;
no seu interior, ponto favorável para percolação de - Após a cura, chapiscar com
água; argamassa 2:1;
- Próximo das paredes foi observado aberturas entre - Após cura do chapisco, rebocar na
o piso e a parede, local de fácil penetração de água espessura necessária.
para o solo próximo das paredes do imóvel; - Após cura do reboco, aplicar 3
- Reboco da fachada acima da calha está demãos de massa acrílica, lixar e
apresentando baixa resistência, consequentemente, pintar.
alta permeabilidade, podendo estar contribuindo para  Na fachada realizar a recomposição do
as umidades internas; chapéu da fachada e reparos nas trincas
- Não foi observada nenhuma falha no telhado, para evitar a penetração de água de chuva;
composto por telhas de barro, modelo francesa.  Para calafetamento das trincas sugerimos

3.1.5 RECOMENDAÇÕES aplicação de cimento com Bianco para

A seguir serão apresentadas as recomendações manter a característica da fachada.

descritas no laudo técnico realizado pelo Eng. Willian 3.1.6 FUNDAMENTAÇÃO

Alexandre Pinto Gonçalves, a fim de sanar os
A seguir apresentaremos fundamentos e conceitos
problemas encontrados:
técnicos para compreensão do aparecimento das
 Retirar e refazer o reboco na parede acima patologias observadas no imóvel citado, esses
da calha para garantir uma conceitos foram tirados do livro Perícias de
impermeabilização no local; Engenharia Civil – a apuração dos fatos (Editora
Leud, 2ª Edição, 2013, São Paulo – Simone prevenir os possíveis problemas com infiltrações.
Feigelson Deutsch). Além de necessárias, precisam ser bem executadas
para que não haja problemas posteriores. Temos
3.1.6.1 INFILTRAÇÕES
como definição que: “Impermeabilizar superfícies
O que provoca maiores reclamações nas
horizontais e verticais nas edificações é prevenir a
edificações, e é dos mais difíceis de determinar, são
penetração d’água nos seus elementos estruturais e
as infiltrações. Defeitos como a penetração de água,
arquitetônicos”.
ou problemas oriundos de umidade, são comuns em
É descrito pela NBR-8.083:1983 (materiais e
edificações.
sistemas utilizados em impermeabilização) a
A penetração da água nas edificações é favorecida
seguinte definição: “Impermeabilização é a proteção
pelas frestas, abertura de vãos, fissuras, falta de
das construções contra a passagem de fluídos”.
estanqueidade e de uma impermeabilização
No momento da realização da impermeabilização de
adequada, danos em instalações hidráulicas e
áreas molháveis é sempre importante à verificação
pluviais, entre outros.
dos pontos de maior vulnerabilidade. Deve-se ter
Em locais da construção em que normalmente
uma atenção maior em rodapés, que deverão ser
possuem áreas molhadas, tais como banheiros, mais
impermeabilizados em alturas de no mínimo 30 cm
especificamente nos boxes, cozinhas e áreas de
acima do piso.
serviço, as infiltrações costumam ser encontradas
Se tratando de lajes, toda impermeabilização deve
nas juntas dos materiais de revestimento, nas
ser arrematada nas platibandas e paredes vizinhas,
ligações dos ralos e devido a problemas de falta ou
por um rodapé com no mínimo 30 cm de altura. O
deficiência na impermeabilização.
rodapé deverá ter acabamento arredondado.
A umidade é um grande problema nas edificações, é
Um problema que normalmente ocorre, e que deve
a causa ou o meio de grande parte de patologias
ser verificado, são os abalos posteriores no local em
encontradas. Ela facilita o aparecimento de mofos,
que foi realizada a impermeabilização. Um exemplo
eflorescências, ferrugem, perda do sistema de
disso são furos para colocação de objetos, tais como
pinturas e de argamassas, consequentemente,
antenas em pisos de coberturas, prejudicando assim,
danificando as estruturas.
a estanqueidade do processo.
Os problemas oriundos de água podem ser
Os proprietários, para preservação da
provocados pela ação de chuvas, pela ação capilar,
impermeabilização, deverão ser instruídos para o
através de tensões superficiais ou pela pressão do
uso correto dessas áreas, pois a maioria dos
ar. Podem também ser introduzidas pelas forças de
problemas de vazamentos é causada por terceiros,
vento ou até mesmo resultantes de vazamentos nas
muitas vezes involuntariamente.
redes.
A umidade ascendente vinda do solo por 4 CONCLUSÃO
capilaridade, que é decorrente de uma falha no
As patologias construtivas são mais comuns nas
sistema de impermeabilização na base das paredes,
edificações do que realmente deveriam ser. Muitas
é uma patologia que ocorre bastante nas
vezes ocasionadas por falhas na concepção do
construções.
projeto estrutural, na escolha e uso inadequado dos
3.1.6.2 IMPERMEABILIZAÇÃO
materiais, na execução da obra e na falta ou
A impermeabilização é um processo importantíssimo ineficiência do controle tecnológico das obras.
na execução das edificações. É justamente o que irá
Como já dito anteriormente, as patologias que servem de auxilio para casos em que seja
surgem nas edificações podem ter diversas origens. necessária a manutenção ou correção de falhas
Fatores endógenos, exógenos, funcionais e naturais, construtivas. Por este motivo, devem ser obedecidas
e podem interferir na edificação, gerando diversos por todos os profissionais que estão envolvidos no
problemas. mercado da construção civil.
São diversos os casos de patologias, com diversas Vê-se também que diversos processos na
formas de correções. Entretanto, além de causarem construção civil que deveriam ser executados por
muitas vezes acidentes de natureza grave, como profissionais capacitados e especializados, muitas
desabamentos, também acarretam a depreciação do vezes são realizados por mão de obra não
patrimônio e altos custos de recuperação. Sendo que especializada, aumentando ainda mais a ocorrência
algumas vezes a situação é tão crítica que não existe de problemas em edificações.
a possibilidade de recuperação, ocasionando na Tendo em vista isso, e analisando os assuntos
demolição da edificação. discutidos neste trabalho, conclui-se que os estudos
Nos dias atuais existem diversas normas que ajudam que descrevem e discutem os problemas
na prevenção desses problemas construtivos, como relacionados a patologias construtivas são de
a NBR 6118: 2014 (Projeto de estruturas de extrema importância, e funcionam como fonte de
concreo), NBR-13.752/96 (Perícias de engenharia na conhecimento e capacitação para profissionais do
construção civil), NBR-8.083:1983 (materiais e ramo construtivo.
sistemas utilizados em impermeabilização), entre
outras. Além de prevenção, essas normas também

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REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS

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