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01/07/2022 23:42 Revista AdNormas - As patologias em revestimento cerâmico

NOTÍCIAS A crise global do mercado de transporte

ISSN 2595-3362 | Olá, José    |   Sair

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QUALIDADE  Publicado em 18 Jun 2019

As patologias em revestimento
cerâmico
Redação

A ocorrência de patologias representa um fator de redução da vida útil nas edificações prediais e pode comprometer a segurança
e habitabilidade de um imóvel. Os tipos de patologias são extremamente variados e praticamente atingem todos os sistemas
prediais. O surgimento também ocorre em período abrangente, ou seja, constatam-se registros de manifestações patológicas em
obras recém-concluídas até construções centenárias. As causas podem ser diversificadas, mas em sua maioria estão restritas a
falhas de projeto (inclusive ausência de projeto específico), falhas de execução e falhas de manutenção. O sistema de
revestimento cerâmico de fachada vem se destacando pela estética e valorização do imóvel, contudo, o surgimento de patologias
nesse sistema cresceu consideravelmente. Os custos de recuperação são significativos e podem ser atribuídos às incorporadoras
e ou construtoras, conforme diagnóstico de causas. Observa-se que as falhas de projeto e execução tem gerado inúmeras
patologias no revestimento cerâmico de fachadas, repercutindo em despesas não previstas nos orçamentos das obras e na
redução do tempo de vida útil do revestimento.

Marcelo Pereira de Miranda

Apesar dos avanços nas tecnologias construtivas, bem como na qualidade e disponibilidade de materiais, a presença de
patologias em obras de edifícios residenciais e comerciais recém-construídos ainda é recorrente. Os estudos publicados por
Vazquez e Santos(2010) identificaram as manifestações patológicas mais frequentes ocorridas entre a etapa de pós-entrega até a
vigência da garantia contratual e recuperadas como serviços de assistência técnica.

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Todos os imóveis foram construídos por uma grande construtora nacional. Ademais, também foram apurados os gastos
necessários ao tratamento dessas patologias. As amostras foram coletadas entre janeiro/2005 e maio/2008 e compreenderam
53 empreendimentos imobiliários de médio e alto padrão localizados na Barra da Tijuca e Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro.
Dados extraídos desse trabalho permitiram elaborar a tabela abaixo.

Tabela 1 – Manifestações Patológicas


ESTATÍSTICA DE MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS (2005 a 2008)
OCORRÊNCIAS RECUPERAÇÃO
DESCRIÇÃO
Número % Custo(R$) %
Revestimentos
1.690 7,81 425.244,79 6,51
Cerâmicos
Fundação 124 1,15 450.836,11 6,90
Fachadas 1.588 7,33 486.191,04 7,44
Pintura e Limpeza 1.706 7,88 642.527,78 9,84
Instalações
5.584 25,79 735.136,03 11,25
Hidrossanitárias
Impermeabilização 3.454 15,95 1.738.054,03 26,61
Demais Patologias 7.630 34,09 2.053.592,44 31,45
TOTAL 21.652 100,00 6.531.582,22 100,00
Fonte: O Autor.

Obs.: Nenhuma das demais patologias atingiram percentual de ocorrência superior a 6%.

A análise da Tabela 1 permite constatar os valores substanciais destinados à recuperação de patologias em novas edificações
(R$6.531.582,22). Ressalta-se que esses levantamentos estão restritos a obras de uma mesma construtora e abrangem
determinada região da capital fluminense.

No alt text provided for this imageMais informações no link https://lnkd.in/d29TQ-T

Os diagnósticos realizados em habitações de interesse social na cidade de João Pessoa/PB, constataram que as patologias
classificadas como umidade representaram o maior percentual de manifestações patológicas (40%), seguida por fissuras (32%),
deslocamento (16%) e outros (12%) (STUCKERT; SOBRINHO; 2016). Os estudos acerca da avaliação de desempenho de
habitações sociais localizadas na cidade de São Carlos/SP constataram o aumento de patologias em períodos cada vez mais
curtos.

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Apesar da indústria da construção estar evoluindo no campo das técnicas e dos materiais de construção e estar se adequando aos
sistemáticos programas de qualidade, verifica-se que as patologias continuam sendo um grande desafio para a engenharia. Isto
porque cada vez mais se observa um aumento de incidências em prazos cada vez mais curtos devido, sobretudo, às soluções
inadequadas de projeto, uso impróprio de materiais, negligência na execução e falta de manutenção, entre outros aspectos.
(OLIVEIRA et al; 2009.)

Portanto, infere-se que a ocorrência de patologias não se caracteriza por ser um problema específico de determinada região do
país, tampouco está restrita ao padrão construtivo (baixo, normal e alto). Pelo contrário, as inconformidades verificadas nos
trabalhos supracitados se assemelham pelas características e elevado número de ocorrências.

Considerando o nível de concorrência existente no mercado da construção civil, os gastos necessários à recuperação de
patologias podem implicar na perda de competitividade e ocasionar a falência de empresas do setor. De acordo com a Tabela 1,
7,44% dos recursos financeiros para tratamento de patologias detectadas no respectivo estudo foram destinados à recuperação
de fachadas.

Outrossim, 6,51% dos recursos totais foram aplicados na recuperação de revestimentos cerâmicos. A crescente utilização de
revestimento cerâmico em fachadas vem repercutindo sobremaneira no surgimento de patologias, sendo a principal delas, o
desplacamento de peças cerâmicas. Essa patologia representa riscos de acidentes, implicando em isolamento de áreas com
possibilidade de queda de materiais. Assim, é evidente que as ações corretivas podem chegar intempestivamente. Portanto, é
necessário implementar ações preventivas que possam garantir a segurança dos usuários e a vida útil do sistema de
revestimento.

A metodologia aplicada consistiu na análise crítica de normas técnicas de referência concernentes aos temas de desempenho de
edificações, manual de uso, operação e manutenção e conservação predial. Além disso, foram pesquisados estudos de caso que
abordavam o tema patologia sob os aspectos qualitativos e quantitativos com destaque para as manifestações patológicas em
revestimentos cerâmicos de fachadas.

Analisando os termos e definições presentes na norma NBR 15575 - Edificações habitacionais – Desempenho, verifica-se que
vida útil de projeto (VUP) é uma estimativa teórica do tempo que compõe o tempo de vida útil (VU) de um sistema ou edificação.
VUP e VU são termos que se relacionam, porém, distintos. Assim, a VUP corresponde ao período estimado de tempo para o qual
um sistema é projetado, a fim de atender aos requisitos de desempenho estabelecidos pela própria norma de desempenho.

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Por sua vez, a VU compreende o período de tempo em que um edifício e/ou seus sistemas se prestam às atividades para as quais
foram projetados e construídos, com atendimento a determinados níveis de desempenho, todavia, é necessário que o proprietário
do imóvel atenda aos preceitos descritos na NBR 14037 - Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção
de edificações. O tempo de VU pode ou não ser atingido em função da eficiência e registro das manutenções, de alterações no
entorno da obra, fatores climáticos, dentre outros.

Dessa forma, a VU está relacionada não somente com o projeto e execução, mas também com os procedimentos de uso,
operação e manutenção a cargo do proprietário. Além disso, a norma de desempenho estabelece parâmetros para categorização
e determinação da VUP, conforme tabelas CI a C6, a saber: Tabela C1 – Efeito das falhas no desempenho; Tabela C2 – Categoria de
vida útil de projeto para partes do edifício; Tabela C3 – Custo de manutenção e reposição ao longo da vida útil; Tabela C4 –
Critérios p/ estabelecimento de VUP das partes do edifício; Tabela C5 – Estabelece a VUP mínima e superior; Tabela C6 –
Exemplos de VUP. Portanto, de acordo com as tabelas C1 a C4, podemos classificar os revestimentos de fachadas, inclusive
revestimentos cerâmicos, de acordo com o Quadro 1.

Quadro 1 – VUP Para Fachadas


PARÂMETROS PARA ESTABELECIMENTO DE VUP - FACHADAS
Tabela Categoria Descrição
C1 B Risco de ser ferido
Manutenível – São duráveis, porém necessitam
C2 2 de manutenção periódica, e são passíveis de
substituição ao longo da vida útil do edifício.
Alto custo de manutenção ou reparação
C3 E
Custo de reposição muito superior ao custo
inicial
C4 - Entre 40% e 80% da VUP da estrutura
Fonte: O autor.

A tabela C5 fixa o mínimo de 40 anos para VUP pertinente ao sistema de vedação vertical externa que contempla o subsistema de
fachada. Por sua vez, a tabela C6, que preconiza a VUP para parte da edificação, estabelece o tempo mínimo de 20 anos para
revestimento de fachada aderido e não aderido. Dessa forma, infere-se que o tempo mínimo para a VUP do subsistema de
revestimento cerâmico de fachada é de 20 anos.

Todos esses prazos estão vinculados à periodicidade e processos de manutenção segundo a NBR 5674 - Manutenção de
edificações e especificados no manual de uso, operação e manutenção entregue ao usuário em atendimento à NBR 14037.
Portanto, o estabelecimento da VUP não representa garantia de que o respectivo sistema e suas partes manterão desempenho
adequado nesse período de tempo. Apesar da VUP estimada em 20 anos para o revestimento cerâmico de fachada, constata-se
que em inúmeros casos, patologias emergem nos primeiros anos de construção, o que levanta dúvidas acerca da confiabilidade
das técnicas e materiais utilizados na execução desse sistema.

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O prazo de garantia legal corresponde ao período de tempo previsto em lei que o comprador dispõe para reclamar dos vícios
(defeitos) verificados na compra de produtos duráveis.

A contagem dos prazos de garantia inicia-se a partir da expedição do “Habite-se” ou “Auto de Conclusão”. Os prazos de garantia
para os diversos sistemas, elementos, componentes e instalações recomendados estão descritos no Anexo D da norma de
desempenho (Tabela D.1 – Prazos de garantia). A seguir, transcrevemos os parâmetros de garantia relacionados ao sistema de
fachada constantes no citado anexo.

Quadro 2 – Prazos de Garantia


Sistemas, elementos, Prazos de garantia recomendados

Componentes e instalações Um ano Dois anos Três anos Cinco anos


Revestimentos de paredes,
Estanqueidade Má aderência do
piso e tetos internos e
revestimento e
externos em
Fissuras De fachadas e dos
argamassa/gesso/liso
pisos em áreas componentes
componentes de gesso para
molhadas do sistema
drywall
Revestimentos
Revestimento de paredes, soltos,
pisos e tetos em gretados,
azulejo/cerâmica/pastilhas desgaste
excessivo
Selantes, componentes de
Aderência
juntas e rejuntamentos
NOTA

Recomenda-se que quaisquer falhas perceptíveis visualmente, como riscos, lascas,


trincas em vidros, etc.; sejam explicitadas no termo de entrega.
Fonte: Tabela D.1 – NBR ABNT 15575 (Adaptado)

Dessa forma, a recuperação das manifestações patológicas que surgirem dentro do prazo de garantia legal, a priori, não serão
custeadas pelo proprietário do imóvel, sendo responsabilidade do construtor ou incorporador a regularização dessas ocorrências.
Todavia, é oportuno relembrar que é dever do proprietário atender todas as exigências previstas no manual de uso, operação e
manutenção elaborado pelo construtor ou incorporador de acordo com a NBR 14037, bem como elaborar programa de
manutenção conforme a NBR 5674.

Havendo descumprimento por parte do proprietário, a responsabilidade pela regularização poderá ser revertida. O programa de
manutenção consiste na determinação das atividades essenciais de manutenção, sua periodicidade, responsáveis pela execução,
documentos diversos, referências normativas e recursos necessários.

As atividades de manutenção devem contemplar todos os sistemas, seus elementos, componentes e equipamentos. A NBR 5674

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apresenta um modelo de programa de manutenção que deve ser adaptado às particularidades de cada edificação. As atividades
sugeridas para manutenção de sistema de fachadas foram extraídas da Tabela A.1 e encontram-se descritas no Quadro 3.

Quadro 3 – Modelo Para Elaboração de Programa de Manutenção


Tabela A.1 – Exemplos de modelo não restritivos para a elaboração do programa de
manutenção preventiva de uma edificação hipotética.
Elemento/
Periodicidade Sistema Atividade Responsável
componente
Verificar sua
integridade e
reconstituir os
rejuntamentos
Equipe de
Rejuntamento e internos e
manutenção local/
vedações externos dos
Empresa capacitada
pisos, paredes,
peitoris, soleiras,
ralos, peças
A cada ano sanitárias, etc.
Verificar a Equipe de
Revestimentos Paredes
integridade e manutenção local/
de parede, piso e externas/fachadas
reconstituir, onde Empresa
teto e muros
necessário especializada
Verificar a Equipe de
Piso acabado,
integridade e manutenção local/
revestimento de
reconstituir, onde Empresa
paredes e teto
necessário especializada
Efetuar lavagem

Verificar os
elementos e, se Equipe de
necessário, manutenção local/
Fachada solicitar inspeção Empresa
A cada três
capacitada/Empresa
anos
Atender às especializada
prescrições do
relatório ou laudo
de inspeção
Fonte: Tabela A.1 – NBR ABNT 5674 (Adaptado)

Conforme a Tabela A.1 da NBR 5674, as paredes externas/fachadas devem ser submetidas a procedimentos de verificação de
integridade anualmente. Portanto, a inspeção da fachada é procedimento imprescindível para avaliar o nível de depreciação.

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O sistema de fachada possui algumas particularidades que o diferenciam de outros sistemas. A constante exposição aos agentes
climáticos (sol, vento, chuva, etc.) tanto na fase de execução quanto de utilização pode ocasionar variações volumétricas distintas
em seus constituintes. Tais variações podem resultar em tensões nas diversas partes de seus componentes, inclusive na junção
entre a placa cerâmica e o revestimento de fixação.

A junção desses fenômenos pode comprometer a aderência da placa cerâmica ao substrato e gerar patologias como o
desplacamento. Assim, as técnicas e o cronograma de execução devem considerar tais fatores, minimizando a possibilidade de
surgimento de patologias.

O acesso à fachada exige infraestrutura adequada que permita aos profissionais desenvolver as atividades com segurança, além
dos cuidados adicionais para evitar a queda de materiais em decorrência da altura. Portanto, infere-se que o revestimento
cerâmico de fachada é um sistema com baixo grau de manutenibilidade. Essas questões devem ser criteriosamente analisadas
durante a definição da VUP desse sistema.

A inspeção de fachadas de edifícios altos pode se tornar complexa devido à dificuldade de acesso aos últimos pavimentos. O uso
de VANT (Veículo Aéreo Não Tripulado) tem sido eficaz no auxílio de atividades de inspeção. Por meio desse veículo, também foi
possível realizar os registros fotográficos com maior proximidade, o que levou a um aumento da visualização dos detalhes e
manifestações patológicas nas fachadas pela maior resolução final da imagem. (MELO et al; 2017).

A termog
termografia infravermelha se apresenta como uma ferramenta de elevado potencial a serviço das atividades de inspeção,
avaliação e diagnóstico de problemas em revestimentos, em especial nas fachadas de edifícios (FREITAS, CARASEK E CASCUDO,
2013). A despeito dos avanços tecnológicos citados, a técnica de constatação da ocorrência de som cavo ainda é utilizada com
muita frequência nas inspeções, sendo considerada imprescindível para as análises e praticamente um pré-requisito para
realização do ensaio de arrancamento em revestimento cerâmico.

Dessa forma, a constatação da patologia exige a presença do profissional no local de inspeção. A prática de mercado usualmente
adotada é contratar a inspeção quando o revestimento já está com sinais visíveis de desplacamento. De fato, os programas de
manutenção em fachadas são direcionados para ações corretivas em detrimento de ações preventivas, o que pode ser uma das
causas do elevado custo de recuperação. O teste de percussão é fundamental para avaliar a degradação real das fachadas, assim
como é importante a realização de ensaios complementares nas placas cerâmicas, como a absorção de água e a expansão por
umidade.

Em seus estudos, Silva, Carvalho e Branco(2003) destacam a necessidade de elaboração de um projeto para execução da fachada
no qual esteja detalhada uma série de informações relacionadas com a especificação de materiais e das técnicas executivas, bem
como o posicionamento e o dimensionamento das juntas de movimentação e dessolidarização. Asseveram a relevância da
necessidade de rigoroso controle sobre a qualidade dos materiais do substrato, argamassa de assentamento, bem como do
próprio material utilizado no revestimento.

Galleto e Andrello (2013) constataram que a maior parte das patologias verificadas em revestimentos cerâmicos de fachadas
ocorriam no sistema de rejuntamento, todavia, poderiam afetar outras partes do conjunto, gerando novas patologias. Ademais,
ratificaram a importância de um apropriado projeto de fachadas, a correta especificação e aplicação dos materiais, em conjunto
com manutenções adequadas e periódicas, visando a maior durabilidade das fachadas.

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Segundo Junginger (2014) apud Horsth et al (2018), o projeto de revestimento visa produzir detalhes construtivos e
especificações técnicas de materiais e métodos construtivos adequados a cada situação. As diversas camadas que compõem o
sistema, se fossem de movimentação livre, apresentariam comportamento bastante diferenciado daquele que apresentam
quando imersas no sistema, que impõe restrições e leva ao surgimento de esforços internos. Tais esforços tendem a ser tão mais
expressivos quanto mais rígidas as camadas e, caso atinjam valores excessivos, podem levar ao surgimento de fissuras, perda de
aderência e outros problemas.

Horsth et al (2018) ressaltam a ausência de metodologia e padrões técnicos acerca de procedimentos para execução de fachadas.
Em seus estudos, constataram que as técnicas de execução na maioria dos casos são passadas informalmente principalmente em
pequenos centros, e que a necessidade de um projeto específico para revestimentos de exteriores, ainda é questionada pelo
proprietário da obra. Por fim concluíram que as empresas de seguro estão interessadas nas projeções de vida útil de seus objetos
segurados, e um projeto detalhado e exclusivamente pensado para tal finalidade, traz boas garantias de durabilidade.

Pacheco e Vieira(2017) registraram e analisaram as manifestações patológicas nos revestimentos cerâmicos de três imóveis
localizados na cidade de Vitória (ES). As patologias encontradas foram relacionadas com suas possíveis causas. Dados extraídos
desse estudo permitiram construir a Tabela 2

Tabela 2- Percentual de Causas Prováveis


PATOLOGIAS DIAGNOSTICADAS EM FACHADAS - 3 IMÓVEIS DE
VITÓRIA/ES.
CAUSAS PROVÁVEIS OCORRÊNCIAS PERCENTUAL
Falhas de Projeto 23 22,12%
Erros de Execução 31 29,81%
Comportamento Em Uso 9 8,65%
Ações Ambientais 30 28,85%
Falha de Manutenção 11 10,58%
TOTAIS 104 100,00%
Fonte: O autor

A soma das causas pertinentes a falhas de projeto (22,12%) e erros de execução (29,81%) corresponderam a 51,93% das causas
prováveis. Essas questões antecedem a ocupação do imóvel e não podem ser atribuídas ao proprietário (uso inadequado ou falta
de manutenção). Além disso, as ações ambientais corresponderam a 28,85% das possíveis causas.

Considerando a possibilidade de prever algumas das ações ambientais durante a especificação dos materiais e detalhes
construtivos, infere-se que a soma dessas três possíveis causas pode chegar a 80,78% das causas prováveis. Percentual
extremamente elevado, considerando que decorrem de planejamento e execução equivocadas.

Ainda que a amostra seja restrita e contemple apenas três edificações, os resultados obtidos sugerem o aprofundamento de
estudos mais detalhados e amostragem mais abrangente. O descolamento do revestimento cerâmico para os três edifícios foi o
que possuiu mais causas relacionadas e oriundas de todas as etapas. 

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As evidências ressaltam a necessidade de acompanhamento técnico durante a especificação, execução, uso e manutenção desse
tipo de revestimento, principalmente devido aos danos ocasionados com a queda do revestimento. Dessa forma, entende-se
inquestionável a necessidade de elaboração de projeto detalhado para execução de fachadas.

Em suma, o revestimento cerâmico de fachadas é uma das partes da edificação que apresenta manifestações patológicas com
elevada recorrência, bem como custos elevados para recuperação da fachada. A despeito da existência de normas técnicas que
estabelecem parâmetros para elaboração de projeto e execução de revestimento cerâmico, constatou-se que grande parte das
patologias identificadas nesses sistemas são decorrentes da ausência de projeto e falhas na execução.

Dessa forma, conclui-se que a exigência de projeto específico elaborado por profissional habilitado deveria ser exigência das
prefeituras para compor o projeto arquitetônico. Ademais, os órgãos de fiscalização a exemplo do Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia e do Conselho Arquitetura e Urbanismo deveriam fazer essa exigência em suas fiscalizações.

As patologias em revestimentos cerâmicos de fachadas são causadas por inúmeros fatores atuando isoladamente ou em
conjunto. Isso dificulta a apresentação de um diagnóstico exato em todas as ocorrências. Nem sempre é possível afirmar com
elevado grau de convicção se a origem da patologia é decorrente de imperícia do profissional executante, qualidade dos materiais
e condições climáticas.

Portanto, julga-se necessária a implementação de ferramentas de gestão e indicadores objetivos que possam ser aplicados em
cada etapa do processo como pré-requisito para a etapa subsequente, registrando a comprovação de que a execução atendeu
aos parâmetros técnicos previstos em norma. Por fim, é imprescindível desenvolver uma interface eficiente entre projeto,
execução e programas de manutenção visando atingir o prazo de vida útil previsto no projeto da fachada.

Referências

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 5674 – Manutenção de edificações – Requisitos para o sistema de gestão de
manutenção. 2012.

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 14037 – Diretrizes para elaboração de manuais de uso, operação e manutenção
das edificações – Requisitos para elaboração e apresentação dos conteúdos. 2014

Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 15575 - Edificações habitacionais – Desempenho Parte 1: Requisitos gerais. 2013

FREITAS, Juliana Gomes; CARASEK Helena; CASCUDO Oswaldo. Utilização de termog


termografia infravermelha para avaliação de
fissuras em fachadas com revestimento de argamassa e pintura. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 14, n. 1, p. 57-73, jan./mar.
2014.

GALLETO, Adriana; ANDRELLO, José Mario. Patologia em fachadas com revestimentos cerâmicos. IX Congresso Internacional
Sobre Patologia. Brasil, Paraíba, João Pessoa. 2013.

HORSTH, Alessandra Ambrósio et al. Patologias nos revestimentos cerâmicos em fachada. REV. EDUC. MEIO AMB. SAÚ. 2018
JAN/MAR V8 Nº 1. 2018 

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JUNGINGER, Max. A Nova NBR 13755. ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA DO AMBIENTE CONSTRUÍDO, v. 15, 2014.

MELO JÚNIOR, Carlos Mariano et al. Geração de mapas de danos de fachadas de edifícios por processamento digital de imagens
capturadas por vant e uso de fotogrametria. Ambiente Construído, Porto Alegre, v. 18, n. 3, p. 211-226, jul./set. 2018.

OLIVEIRA, Carla B. et al. Avaliação de desempenho de habitações sociais: patologias internas. VI Simpósio Brasileiro de Gestão da
Economia da Construção. 2009.

PACHECO, C. P.; VIEIRA, G. I. Análise quantitativa e qualitativa de degradação das fachadas com revestimento cerâmico. UFES;
2017.

SILVA, A. P.; CARVALHO JÚNIOR, A. N.; BRANCO, LAMN. A concepção de projetos de revestimentos de fachada em empresas de
construção civil. Brasil-Belo Horizonte, MG, 2003.

STUCKERT, Thaisa Carneiro; SOBRINHO JÚNIOR, Antonio da Silva. Patologias em habitações de interesse social. Interscientia, Vol.
4, N°2; 2016.

VAZQUEZ, Elaine G.; SANTOS, Victor A. L. dos; Estudo Estatístico de Patologias na pós-entrega de empreendimentos imobiliários.
XIII Encontro Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído.2010

Marcelo Pereira de Miranda é engenheiro civil/segurança do trabalho, analista de correios na Empresa Brasileira de Correios e
Telégrafos - mpmnew2010@hotmail.com

Artigo atualizado em 06/03/2020 12:29.

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