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ABSTRACT
This paper aims to review the constructs of complexity theory which have been
guiding some searches for the understanding of language learning phenomena. Its
organization follows the purpose of clarifying some concepts of complexity theory
and, finally, making some forward considerations for possible studies related to
teletandem.
Complexidade
1
A recursão organizacional descreve fenômenos não-lineares, ou seja,
dotados de recursividade organizacional, nos quais “produtos e efeitos são ao
mesmo tempo causas e produtores do que produz” (MORIN, 2007, p. 74).
4
Como uma das premissas de sua argumentação o referido autor
recorre a Lorenz, no trecho a seguir, que explica melhor a característica
determinística do comportamento caótico:
6
De modo geral, pode-se dizer que um atrator configura-se como um
ponto de equilíbrio, uma “zona geométrica”, que remete a estabilidade de um
sistema dito dinâmico. Os atratores estranhos, por sua vez, seriam aqueles
que, entre outras especificidades, são dotados de fractalidade e
imprevisibilidade devido a sua dependência sensível das condições iniciais
que desencadearam as atividades do sistema dinâmico complexo.
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Falamos de complexidade e de caos como características de sistemas
complexos adaptativos, ou auto-eco-organizadores. Mas o que vem a ser um
sistema, como ele surge, e como fazer analogias entre os sistemas, suas
dinâmicas e os fenômenos que nos intrigam nos estudos em Linguística
Aplicada? A estas perguntas procurarei tecer tentativas de resposta nas
seções seguintes.
Essa ave mítica, depois de viver por séculos e séculos sob a mesma
composição, faz um ninho no alto de uma árvore. Curiosamente, o ninho da
Fênix lhe serve de pira sobre a qual a ave ao expirar, renasce consumida
pelas chamas que gera, retornando, assim, ao estágio inicial da Roda da
Fortuna, para dar um novo começo a uma nova existência, sob uma nova
composição, gerada graças à natureza de sua composição anterior e por isso
ligada a ela.
Esse processo de junção talvez tenha feito com que tais substâncias
evoluíssem de uma formação regular, uniformemente distribuída num todo
caótico para a configuração de aglomerados, para a fragmentação, “assim
como a tensão superficial da água sobre uma superfície impermeável a leva a
fragmentar-se em gotas” (GREENE, 2005, p. 205).
10
Talvez exista uma predisposição para a ocorrência de certas associações sob
a forma de sistema.
Sistemas Abertos
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Edgar Morin argumenta ainda que do reconhecimento dos sistemas
abertos decorreriam duas conseqüências fatais: a. a percepção de que as leis
de organização da vida seriam leis de desequilíbrio; e, b. a percepção de que
a compreensão de um sistema não se restringe ao estudo do sistema em si,
mas da relação desse sistema com seu meio, relação esta que, segundo o
autor, é “constitutiva do sistema” (MORIN, 2007, p. 22).
Auto-organização
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Segundo o autor, tal definição traz em si cinco conseqüências ou
conclusões imediatas, são elas: a. o grau de auto-organização será maior na
medida em que a abertura, ou distância entre a complexidade da forma final
e a complexidade da interação entre os elementos constituintes do sistema
for maior; b. auto-organização é “em algum grau” uma criação; c. “mesmo
que a auto-organização seja uma criação, ela permanece um processo”, d.
outros princípios, que não a auto-organização, podem interagir durante o
processo auto-organizacional, tanto “ao lado” da auto-organização quanto
em “concorrência com ela”; e. a auto-organização não é mera decorrência de
seu começo, “mas o processo de auto-organização apenas herda esse
começo, que ele vai levar em conta de modo muito variável” (DEBRUN,
1996, p. 6 – 7).
O desencadeador da auto-organização
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O próprio autor dá a resposta:
Deve-se frisar neste momento que esse ser já instituído que participa
do processo de auto-organização secundária não exerce um papel de
dominação perante os outros elementos interagentes do sistema. Caso
houvesse a dominação desse construto perante as unidades interagentes do
sistema, o processo não seria de auto-organização, mas de hetero-
organização.ix
Auto-organização e criatividade
Desta forma, percebemos que o sistema aberto não pode mais ser
explorado como se houvesse uma cisão entre ele e o meio com o qual
interage, ele se auto-organiza, mas não é auto-suficiente nem fechado.
Embora seja autônomo, “ele só pode ser totalmente lógico ao abarcar em si o
ambiente externo” (MORIN, 2007, p.33).
18
O que quero dizer com isso é que, talvez, um processo auto-
organizador em um sistema possa emergir de algo que antes ocorrera graças
a uma dinâmica auto-eco-organizadora, ou que, em contrapartida, uma
dinâmica auto-eco-organizadora só possa ter ocorrido em uma determinada
temporalidade graças a um processo antecedente, auto-organizador que
emergiu em um sistema. Penso ainda que tais processos possam ocorrer
concomitantemente. O importante é que um processo não exerça dominação
sobre o outro, de modo determinístico, a ponto de controlar os percursos
possíveis e o resultado alcançado.
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Há uma coerência em se acreditar que a formação dos sistemas no
cosmo, desencadeada pelo Big-Bang, transformou o próprio cosmo em um
contexto que deixou de abarcar moléculas e átomos soltos em massa regular
e uniformemente distribuída para um contexto que comporta galáxias,
buracos negros, estrelas, sistemas solares, planetas, seres humanos, etc.
20
do Teletandem são decididos em comum acordo por ambos os participantes”
(TELLES, 2006, p. 11).
Uma brecha, muito mais do que uma falha no sistema formado pela
interação desse par que evocamos de modo ilustrativo não significa
necessariamente uma falha no fluxo de informação que alimenta a dinâmica
no sistema. Essa brecha é uma abertura que permite a manutenção do
sistema como tal, ou seja, seu fechamento, sua validade.
22
microgênese/ complexidade poderia suscitar nos estudos em Linguística
Aplicada.
Microgênese
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O desenvolvimento microgenético supõe comunicação e esta, por
sua vez, supõe linguagem, que na teoria sócio-cultural assume o papel de
ferramenta principal dos processos de mediação, pois através da linguagem
podemos direcionar nossas atenções para aspectos significantes do meio,
formular um plano, articular passos a serem tomados na resolução de um
problema (Michel, R.; Myles, F. 1998, p.144).
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domain) que, segundo a autora, tem seu foco na superação, no vôo,
correspondendo, então, a “uma instância do aprendizado que ocorre durante
a atividade inter-psicológica” durante um determinado intervalo de tempo
(Gutiérrez, 2007, p.2).
Referências
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i
Segundo Edgar Morin “...um sistema fechado como uma pedra, uma mesa, está em
estado de equilíbrio, ou seja, as trocas de matéria ou energia com o exterior são
nulas” (MORIN, 2007, p.21). Neste momento é a esta definição que vamos nos ater,
ignorando as questões de manutenção do equilíbrio interno desses sistemas.
ii
Entropia: “medida da desordem em um sistema físico” (GREENE, 185); Baixa
entropia: o sistema é altamente ordenado, havendo poucos rearranjos em sua
composição; Alta entropia: “significa que muitos rearranjos dos componentes que
integram o sistema passam despercebidos, o sistema é altamente desordenado”
(Idem).
iii
Segundo Greene, a segunda lei da termodinâmica diz respeito “a tendência dos
sistemas físicos a evoluir em direção a estados de mais alta entropia” (GREENE,
2005, p. 187).
iv
Segundo a Wikipédia, a integração entre os componentes de um sistema e entre o
sistema e seu meio da-se “por fluxo de informações, fluxo de matéria, fluxo de
sangue, fluxo de energia, enfim, por fluxos ocorre comunicação entre os órgãos
componentes de um sistema”. Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sistemas. Acesso
em: 17 de Outubro de 2009.
v
Estado estacionário refere-se a momentos de maior estabilidade no sistema.
vi
Grifos meus.
vii
Sobre a “presença eventual de uma instância supervisora”, discutiremos a seguir,
de modo a problematizar essa idéia.
viii
Grifos do autor.
ix
O máximo que poderia ocorrer para que não houvesse uma hetero-organização,
então, é uma hegemonia acordada de modo dialógico de uma “face-sujeito”
(identidade assumida pelo novo “ser já instituído”) no seio do sistema.
x
O que aparentemente não se choca com a dependência sensível dos sistemas
caóticos, apenas problematiza a questão, ou seja, até que ponto essa dependência
deve ser tão forte a ponto de que consigamos reconhecer seus vínculos com os
processos que estão vindo a ser?
xi
Quanto a este posicionamento, tenho algumas ressalvas. Acredito que um certo
grau de heterogeneidade seja favorável para a auto-organização, contudo há de ter
também instâncias em comum. A redundância pode ser um fator relevante para a
dinâmica auto-organizadora assim como o esquecimento é relevante para a
construção do conhecimento, como uma força plástica e modeladora. (Falo isso
relembrando as discussões sobre Nietzche, mais especificamente, sobre a
Genealogia da Moral, da época da graduação, sem muito aprofundamento). Mas
cuidado, o próprio autor relativiza esta postura, como será explicado na sequência do
texto.
xii
Tradução minha.
xiii
As autoras afirmam que assim como ferramentas comuns são capazes de
otimizar a organização e a interferência no mundo físico, Vygotsky racionalizou que
ferramentas simbólicas também empoderam as pessoas na organização e no controle
de processos mentais como: atenção voluntária, raciocínio lógico-matemático,
planejamento e avaliação, memória voluntária, e aprendizagem voluntária, por
exemplo. Segundo as autoras, uma definição plausível de ferramentas simbólicas
seria: “são os meios através dos quais as pessoas se tornam capazes de organizar e
manter controle sobre elas mesmas e suas atividades tanto mentais quanto (até
mesmo) físicas” (Mitchell, R; Myles, F. 1998, p. 145).
xiv
“Vygotsky conceived the mind as a system consisting of both natural/biological
functions and, importantly, cultural—higher—mental functions, such as voluntary
attention, problem-solving capacity, planning, learning, and intentional memory”
(GUTIERREZ, 2007, p.2) .
xv
Mediação, seja ela física ou simbólica, é entendida como a introdução de um
dispositivo auxiliar para uma atividade que, então, estabeleça uma ligação entre os
seres humanos e o mundo de objetos, ou [entre seres humanos e] o mundo do
comportamento mental (MITCHELL; MYLES, 1998, 145).