Ocf 22

1 O Captião Fracasso | Capítulo 22
O Capitão Fracasso
Novela de
Evana Ribeiro
Livremente baseada em
Le Capitaine Fracasse, The Fortunes and Misfortunes of the Famous Moll Flanders
e Arlequim, il servitore di due patroni
Capítulo 22
CENA 01. ALBERGUE. QUARTO DE BEATRIZ. INT. NOITE
CONTINUAÇÃO DO FINAL DO CAPÍTULO ANTERIOR. PASCOAL LARGA A ARMA

E COMEÇA A CHORAR.
PASCOAL - Eu não posso! Não posso matar a senhora, dona Beatriz! [a abraça]
BEATRIZ - Há quanto tempo não ouvia você me chamar pelo nome verdadeiro!
Até senti saudades.
PASCOAL - Tive que me segurar muito para não fazer isso, desde que a senhora
chegou. Mesmo sem entender direito o por quê, mas achei que devia fazê-lo.
BEATRIZ - Então senta aqui, eu vou te contar tudo.
BEATRIZ E PASCOAL SENTAM DE MÃOS DADAS NA CAMA; ELA COMEÇA A

CONTAR A HISTÓRIA, FORA DE ÁUDIO. SONOPLASTIA: Ascendente em câncer –
Filipe Catto.
CORTA PARA
CENA 02. CASA DE PANTALEÃO. ANTESALA. INT. NOITE
PANTALEÃO SE APROXIMA DE ESMERALDA E CLARICE. ESMERALDA

LEVANTA E DÁ UM PASSO PARA TRÁS.
ESMERALDA - Ai, lá vem grito... [e tapa as orelhas]

PANTALEÃO - Primeiro, o que ela está fazendo aqui? Achei que não quisesse nem a
poeira dessa casa.
ESMERALDA - É próprio das pessoas sábias mudar de opinião. Mas já estou de saída,
foi um prazer rever o senhor e seu pijama!
ESMERALDA SAI CORRENDO.

PANTALEÃO - E a senhora, dona Clarice. Que história é essa de Guilherme morto?
CLARICE - Pois é, papai. Mortíssimo. Pode ir lá no albergue e conferir com seus
próprios olhos.
UM INSTANTE DE SILÊNCIO. PANTALEÃO PARECE FICAR MEXIDO COM A

SITUAÇÃO.
PANTALEÃO - Mas ele parecia tão bem de saúde, tão forte... Será que ele tinha
alguma doença e não sabia?
CLARICE - Não, papai, o caso é que/
PANTALEÃO - Ele certamente não quis ferir Sílvio no duelo porque sentiu que sua
hora estava próxima e queria garantir sua vaga no céu! [T] E você não sofre, sua noiva
desnaturada?
CLARICE - Mas pai, me/
PANTALEÃO - [arrastando Clarice] Vamos, minha filha. Vamos vestir o luto e rezar
pela alma de seu finado noivo. E amanhã vamos enterrá-lo com todas as honrarias...
CLARICE TENTA FALAR, MAS VAI SENDO ARRASTADA PELO PAI PARA O
ORATÓRIO.
CORTA PARA
CENA 03. RUA. EXT. NOITE
ESMERALDA ESPERA NA PORTA DA CASA DO DR. LOMBARDI. SÍLVIO ABRE A

PORTA.
ESMERALDA - Notícias fresquinhas do obituário!

SÍLVIO - Quem morreu?
ESMERALDA - Abra a carta e veja.
ANSIOSO, SÍLVIO RASGA O ENVELOPE DE UMA VEZ E COMEÇA A LER.
CLARICE - [off] Meu amor, não sabes o quanto tenho sentido falta dos teus beijos
e dos teus carinhos, dos quais fui tão bruscamente privada. Mas te escrevo esta carta com o
coração cheio de alegria porque nosso tormento vai acabar do jeito que sempre sonhei.
Guilherme não será mais empecilho para que nos amemos, pois ele está morto e assim que
participar o fato a meu pai, minha mão será sua. Nem precisa pedir, pois farei questão de
lembrá-lo. Afinal, minha alma já te pertence. Infinitos beijos ansiosos por amar-te plena e
eternamente; da sempre tua, Clarice.
TERMINADA A LEITURA, SÍLVIO DOBRA A CARTA E A COLOCA NO BOLSO DO

PALETÓ. ESTÁ MUITO EMOCIONADO, SEGURA OS BRAÇOS DE ESMERALDA
COM FORÇA. SONOPLASTIA: Love story – Taylor Swift.
SÍLVIO - Do que foi que ele morreu?

ESMERALDA - Como eu vou saber? Descobri há dez minutos que ele estava defunto.
SÍLVIO - Ah, que importa? O importante é que ele está morto e assim nada me
impede de casar com Clarice como manda o figurino!
SÍLVIO TOMA ESMERALDA NOS BRAÇOS E DÁ VÁRIAS VOLTAS COM ELA, QUE
GRITA.
ESMERALDA - Me põe no chão!

SÍLVIO - [grita] Eu sou o homem mais feliz do mundo!
ELE CONTINUA RODANDO ESMERALDA NO MEIO DA RUA E GARGALHANDO.
[1º intervalo comercial]
CENA 04. ALBERGUE. QUARTO DE BEATRIZ. INT. NOITE

PASCOAL E BEATRIZ TERMINAM DE ARRUMAR A BAGAGEM.
BEATRIZ - Vamos assim, sem avisar a ninguém?

PASCOAL - É, vou deixar a senhora no porto, volto para cá e dou qualquer
desculpa.
BEATRIZ - Para Horácio você pode falar a verdade. Só para ele, entendeu?
PASCOAL - Pode ficar tranquila. Pronta?
BEATRIZ - Sim, vamos.
PASCOAL SAI CARREGANDO A BAGAGEM; BEATRIZ VAI ATRÁS DELE.
CORTA PARA
CENA 05. MILLSHIRE. EXT. DIA
AMANHECE NA CIDADE. MOSTRAR A ESTRADA E AS RUAS COMEÇANDO A

RECEBER O MOVIMENTO DAS PESSOAS. SONOPLASTIA: Jogo 1 – Edu Lobo.
CORTA PARA
CENA 06. ALBERGUE. SAGUÃO. INT. DIA
UM CASAL DE HÓSPEDES SAI COM AS MALAS. HORÁCIO RECEBE O JORNAL

DO DIA E PANTALEÃO CHEGA COM CLARICE A TIRACOLO. AMBOS USANDO
ROUPAS PRETAS.
HORÁCIO - Bom dia.

CLARICE - Bom dia, seu Horácio.
PANTALEÃO - Bom dia. Poderia ser um dia bem melhor... Onde está o cadáver?
HORÁCIO - Que cadáver?
PANTALEÃO - Ora, o único cadáver desse hotel! Onde está o corpo de Guilherme
para que minha filhinha se despeça dele?
HORÁCIO - Ah, sim, Guilherme! Ele já embarcou de volta para Turim.
PANTALEÃO - Sem Clarice se despedir dele?
CLARICE - Ah, papai, eu nem queria!
PANTALEÃO - Não tem querer, não senhora. Este é o dever de uma viúva.
CLARICE - Tudo bem... Mas quanto tempo vou ter que ficar usando esse vestido
de luto?
PANTALEÃO - Quinze dias.
CLARICE - Isso tudo? Mas papai, nem cheguei a me casar! [baixinho] Graças a
Deus!
PANTALEÃO - Mas estava comprometida. Assim sendo, vai fazer tudo como manda o
figurino.
CLARICE - Posso ir ao quarto de Esmeralda?
PANTALEÃO - Vá, mas não demore.
CLARICE - Com licença. [sobe a escada]
HORÁCIO - Pantaleão, aproveitando que você está aqui, vou mostrar a planta do
prédio do novo hotel. Vou buscá-lo no escritório e volto em um instante.
HORÁCIO SOBE A ESCADA E PANTALEÃO PEGA O JORNAL SOBRE O BALCÃO.

COMEÇA A LÊ-LO.
CORTA PARA
CENA 07. ALBERGUE. ESCADA. INT. DIA
CLARICE ESTÁ TERMINANDO DE SUBIR A ESCADA. HORÁCIO ESTÁ A POUCA

DISTÂNCIA DELA.
HORÁCIO - A senhorita não acha que foi dura demais com sua prima?
CLARICE - Me desculpe, senhor Horácio, mas ela é quem foi dura demais
comigo. Ela é que me fez sofrer o diabo.
HORÁCIO - Ao menos deu a chance de ela se explicar?
CLARICE - Tudo o que eu preciso saber eu já sei. Guilherme está morto e eu estou
livre para casar com Sílvio, pronto, acabou-se!
HORÁCIO - E eu fico muito feliz com isso, de verdade. É por isso que espero que
você mostre que seu bom coração é maior que a mágoa. Beatriz fez o que fez por amor,
assim como você também seria bem capaz de fazer uma loucura por Sílvio; por isso deixe
todos pensarem que Guilherme está mesmo morto.
CLARICE - Mas ele está mesmo, não está? A farsa de Beatriz é o que menos me
importa agora.
ELA APRESSA OS PASSOS E ENTRA NO QUARTO DE ESMERALDA.
CORTA PARA
CENA 08. ALBERGUE. QUARTO DE ESMERALDA. INT. DIA
ESMERALDA E SIMONE ESTÃO CONVERSANDO. CLARICE ENTRA.
CLARICE - Bom dia... Interrompo algo?

ESMERALDA - Claro que não, estávamos falando de você!
CLARICE - Bem?
SIMONE - Estávamos falando da sua sorte.
CLARICE - É, parece que de repente eu acordei de um pesadelo!
SIMONE - E quando vai ser seu noivado?
CLARICE - Depois que passar esse luto. Porque sim, papai resolveu me obrigar a
vestir luto!
ESMERALDA - Pelo menos não vai ser eterno, pense nisso.
CLARICE - E eu queria mesmo esperar para dar a festa quando Isabelle voltar.
SIMONE - Bem... Pode ser que ela não volte.
CLARICE - Ora, por quê?
SIMONE - Ela escreveu uma carta dizendo que ia casar com um noivo escolhido
pela família.
CLARICE - Mas ela estava tão apaixonada por Arthur! O que aconteceu?
SIMONE - Quem sabe?
CORTA PARA
CENA 09. SOLAR WHITFORD. JARDIM. EXT. DIA
ARTHUR CAMINHA PELO JARDIM, CABISBAIXO. APROXIMA-SE DA FONTE E

OLHA PARA A ROSA QUE ISABELLE HAVIA REPLANTADO. ESTÁ CERCADA POR
PEDREGULHOS E ERVAS DANINHAS, MAS CONTINUA VIÇOSA. ELE SORRI COM
MELANCOLIA PARA A FLOR. SONOPLASTIA: A moça do sonho – Edu Lobo.
ARTHUR - É, flor... Se você tivesse olhos e ouvidos, já teria morrido há muito

tempo!
SARAH SE APROXIMA DE ARTHUR E O ABRAÇA POR TRÁS. ELE TENTA SE

DESVENCILHAR.
SARAH - O que foi, meu abraço queima por acaso?

ARTHUR - Não, eu até precisava de um; mas não esperava.
SARAH - Então posso te reconfortar. [T] Essa flor nasceu quando?
ARTHUR - Foi a rosa que dei a Isabelle e ela replantou.
SARAH - E isso te deixa triste.
ARTHUR - Não, pelo contrário. É um sinal, a única coisa viva desse lugar.
SARAH - Não é mesmo... Tem pelo menos mais duas coisas vivas aqui. [T] O
meu coração e o seu.
SARAH SE APROXIMA PARA BEIJAR ARTHUR, MAS ELE SE AFASTA

RAPIDAMENTE.
ARTHUR - Por favor, Sarah.
SARAH - Eu não consigo me conter! Eu nunca senti o que estou sentindo agora,
eu nunca amei, nunca tive nada nem ninguém a quem me dedicar. Eu conheço a sensação de
derrota que você sente, é por isso que eu quero te ensinar a me amar. Quero te levar para o
topo junto comigo.
EM SEGUNDO PLANO, LEONARDO ASSISTE A TODA A CENA.
CORTA PARA
CENA 10. ALBERGUE. QUARTO DE ESMERALDA. INT. DIA
CONTINUAÇÃO DA CENA 08.
SIMONE - Vocês sabem se Pascoal está no albergue?

ESMERALDA - Seu Horácio disse que ele foi despachar o defunto... Digo, o falecido
num navio para Turim e logo voltava. Quer falar com ele?
SIMONE - Pensei muito no que você me falou, Esmeralda... Vou falar com ele. E
se ele quiser me namorar...
ESMERALDA - Vai!
SIMONE - Não saiam daqui.
SIMONE SAI DO QUARTO, APRESSADA.
CLARICE - Tão bom, todo mundo dando um jeitinho na vida... Aliás, o que acha
de voltar para casa? Agora que não estou mais noiva, não tem por que você continuar contra
papai.
ESMERALDA - Mas não quero mais voltar. Depois que Chiquita foi embora, me tornei
a moça de confiança de seu Horácio.
CLARICE - Isso você sempre foi, não?
ESMERALDA - Sim, mas agora é diferente. Estou tão feliz aqui no hotel que não
quero ir embora tão cedo.
CLARICE - Um dia você vai ter de ir, quando casar com Oséias.
ESMERALDA - Ah, mas isso está tão longe!
CLARICE - A não ser que você não queira mais se casar.
ESMERALDA NÃO RESPONDE, PARECE ESTAR PENSANDO.
CLARICE - Esmeralda?
ESMERALDA - Sim?
CLARICE - Ficou aérea de repente.
ESMERALDA - Estava pensando nessa história de casamento. Eu disse que queria,
mas agora não sei se estou pronta.
CLARICE - Então você não gosta dele tanto assim.
ESMERALDA - Nada disso, eu amo Oséias, mas...
CLARICE - Você quer adiar o casamento por causa de seu Horácio?
ESMERALDA FICA CALADA POR UM INSTANTE, E RESPONDE A PERGUNTA

ACENANDO AFIRMATIVAMENTE COM A CABEÇA.
CLARICE - Eu sabia!
ESMERALDA - Não é nada, mas é que... Ele fez tanto por mim que não acho justo
agora ir viver minha vida e deixá-lo sozinho. Não vou ficar tranquila enquanto eu não tiver
certeza de que seu Horácio vai ter os melhores momentos da vida dele antes de morrer.
CORTA PARA
CENA 11. RUA. EXT. DIA
PASCOAL ESTÁ SOZINHO NA PORTA DO ALBERGUE; OBSERVA O MOVIMENTO

DAS PESSOAS E CARROS PASSANDO. SIMONE SAI DO ALBERGUE, PÁRA AO
LADO DELE, MAS NÃO FALA NADA POR UM INSTANTE.
SIMONE - Pascoal?
PASCOAL OLHA PARA ELA.
PASCOAL - Desculpe, você está aí há muito tempo?

SIMONE - Não, cheguei agora. Você parece tão triste...
PASCOAL - Claro, meu patrão se foi de um jeito tão horrível que eu ainda estou
tentando entender.
SIMONE - Se precisar de alguém para conversar, estou por aqui, e por ali...
ELE OLHA PARA SIMONE, SORRI E TOCA CARINHOSAMENTE SEU QUEIXO.
PASCOAL - Obrigado.
SIMONE - Pascoal, você deixou alguma namorada em Turim?
PASCOAL - Eu não, por quê?
SIMONE - E por que não deixou?
PASCOAL - Porque nunca tive uma.
SIMONE - Sério?
PASCOAL - É. Por que o espanto?
SIMONE - Porque você é muito bonitinho.
PASCOAL - Obrigado, você também é muito bonitinha.
SIMONE SE APROXIMA MAIS DE PASCOAL E ENCOSTA A CABEÇA NO OMBRO

DELE.
SIMONE - Você vai ficar em Millshire de vez?

PASCOAL - Acho que sim. Vou ter de arrumar outro patrão.
SIMONE - Podia ficar conosco de uma vez. Eu ficaria muito feliz.
ELA DÁ UM BEIJO RÁPIDO NO ROSTO DE PASCOAL, QUE PARECE FICAR MEIO

SURPRESO.
SIMONE - Fica?
PASCOAL - Por que isso agora?
SIMONE - Porque eu gosto de você. Quer me namorar?
PASCOAL - Eu?
SIMONE - Sim, você. Aceita ou não aceita?
PASCOAL - Bem, você é uma moça bonita e/
SIMONE CORTA A FALA DELE COM UM RÁPIDO BEIJO.
SIMONE - Pronto, estamos namorando!
ELA SAI, RINDO; E DEIXA PASCOAL COM UM SORRISO BOBO.
CORTA PARA
CENA 12. SOLAR WHITFORD. QUARTO DE HÓSPEDES. INT. DIA
LEONARDO ESTÁ SOZINHO DIANTE DO ESPELHO, GESTICULANDO EM

SILÊNCIO COM UM LIVRETO NA MÃO. SARAH ENTRA NO QUARTO E SE JOGA
NA CAMA. SUSPIRA. NA MESMA HORA ELE PÁRA O QUE ESTÁ FAZENDO, MAS
NÃO SAI DA FRENTE DO ESPELHO.
LEONARDO - [ri, levemente debochado] Eu vi!

SARAH - Fui bem ou não fui?
LEONARDO - Nunca ia imaginar que você faria tão bem o papel de moça
apaixonada. Até eu ia querer me casar com você! Mas o que ele disse?
SARAH - Absolutamente nada. Mas o deixei impressionadíssimo, creia! Sabe
qual é o próximo passo?
LEONARDO - Sei. É me dar dinheiro para ir buscar Isabelle sabe Deus onde ela está.
SARAH - Mas eu tenho que resolver todos os seus problemas?
LEONARDO - De quem foi a ideia, hã?
SARAH - Quem aceita também ajuda.
LEONARDO - Eu já vou fazer muito viajando essa distância toda só pra ir resgatar a
princesa. Vai e arruma logo esse dinheiro!
SARAH - Está bem, mas fale baixo!
LEONARDO - Quando você vai ter o dinheiro na mão?
SARAH - Não sei; acho que logo.
LEONARDO - É bom mesmo.
SARAH - Se me deixar pensar, resolvo o problema mais rápido!
LEONARDO - Já entendi, vou ensaiar em outro lugar.
LEONARDO SAI, UM POUCO CHATEADO. SARAH SE AJEITA MELHOR NA

CAMA, CRUZA AS PERNAS E FICA DE FRENTE PARA O ESPELHO, PENSATIVA.
CENA 13. ESTRADA. ACAMPAMENTO. EXT. TARDE
APROXIMADAMENTE DEZ PESSOAS – SEIS HOMENS E QUATRO MULHERES,

DANIELA ENTRE ELAS - ESTÃO SE MOVIMENTANDO, DESARMANDO
BARRACAS, EMBRULHANDO PACOTES E LEVANDO TUDO PARA DOIS CARROS.
ALEXANDER PERSEGUE DANIELA, E ELA PERCEBE, MAS NÃO PÁRA DE
ANDAR NEM OLHA PARA ELE.
DANIELA - Estou fazendo tudo direito.

ALEXANDER - Estou vendo.
DANIELA - E por que está me perseguindo?
ALEXANDER - Para fazer você falar um pouco. Vejo que consegui.
DANIELA - Ah, me deixa quieta.
ALEXANDER - Se vai seguir conosco, é bom sabermos um pouco de você.
DANIELA FINALMENTE PÁRA DE ANDAR E OLHA PARA ALEXANDER. ELE

SORRI, GALANTE E ELA ERGUE A MÃO ESQUERDA PARA ELE, INDICANDO AS
QUATRO ALIANÇAS QUE CARREGA.
DANIELA - Viu? Casada. Quatro vezes.

ALEXANDER - Interessante... Eu devia ter guardado as minhas alianças para não
perder a conta.
ELA O OLHA COM IRRITAÇÃO.
ALEXANDER - Desculpe, eu só queria divertir.

DANIELA - Falhou.
E ELA CONTINUA ANDANDO; ALEXANDER SEMPRE A SEGUINDO ATÉ O

CARRO.
ALEXANDER - Agora é sério! É viúva?

DANIELA - Não, me perdi de meu último marido em um assalto e...
DANIELA PÁRA DE FALAR.
ALEXANDER - E o que mais?

DANIELA - E perdi. Fim da história.
ALEXANDER - Posso ajudá-la a procurar.
DANIELA - Se não apareceu até agora, só pode estar morto.
TAKE CAPTANDO TODA A ÁREA EM TORNO DO ACAMPAMENTO. VAZIO E

APENAS O SOM DOS PÁSSAROS.
DANIELA - Foi em algum lugar desse campo que ele caiu.

ALEXANDER - Não podemos ficar aqui esperando esse homem aparecer. Vamos sair
logo.
DANIELA - [olhando para o horizonte] Logo agora que eu estava começando a
amá-lo.
OS OLHOS DE DANIELA FICAM MAREJADOS, MAS ELA NÃO CHORA.

ALEXANDER SE APROXIMA MAIS E QUASE A TOCA NO OMBRO, MAS
RECOLHE O BRAÇO.
ALEXANDER - Seja lá o que tenha acontecido, sinto muito.

DANIELA - Falta levar mais alguma coisa para o carro?
ALEXANDER - Não falta nada. Pode esperar lá se quiser.
DANIELA VAI SOZINHA PARA O PRIMEIRO CARRO E ENTRA NELE.

SONOPLASTIA: Medo de amar – Joyce Moreno.
CORTA PARA
CENA 14. CARRO. INT. TARDE
SONOPLASTIA: música continua.

DANIELA SE AJEITA MELHOR DENTRO DO VEÍCULO, ENCOSTANDO A TESTA
NA JANELA. CONTINUA OLHANDO FIXAMENTE PARA O CAMPO; A GRAMA
ALTA SE MOVE COM O VENTO, MAS NENHUM ANIMAL OU PESSOA SURGE ALI.
ELA COMEÇA A CHORAR EM SILÊNCIO.
DANIELA - É, sozinha de novo...
E FECHA OS OLHOS. AS LÁGRIMAS NÃO PARAM DE DESCER.
CORTA PARA
CENA 15. MILLSHIRE. EXT. TARDE
TAKES DAS RUAS DA CIDADE. COMÉRCIO MOVIMENTADO.
CORTA PARA
CENA 16. RUA. EXT. TARDE
OSÉIAS E PASCOAL ACABAM DE SAIR DE UMA FLORICULTURA. CADA UM

CARREGA UM IMENSO BUQUÊ DE FLORES. CONVERSA INICIADA.
PASCOAL - Será que ela vai gostar dessas?

OSÉIAS - Claro que vai! Está para nascer uma mulher que não goste de flores.
PASCOAL - É verdade. [triste] Até dona Beatriz, com todas aquelas manias
estranhas, gosta.
OSÉIAS - Mas não entendi esse namoro repentino.
PASCOAL - Ela pediu, me beijou, eu aceitei, fim da história. Exatamente nessa
ordem.
OSÉIAS - [rindo] Parece eu quando comecei a namorar Esmeralda... Roubei um
beijo dela e depois fui roubando outros. Até que eu parei de roubar e ela me deu um. [T]
Agora nem dado, nem roubado, nem nada.
PASCOAL - Então vocês estão mal.
OSÉIAS - Eu nunca me chateei com essas coisas, mas depois que Esmeralda se
mudou pro hotel, ela só pensa em seu Horácio, só fala em seu Horácio, até parece que ele é
o namorado e não eu!
PASCOAL - E você acha mesmo que ela ia trocar você pelo velho?
OSÉIAS - Não duvido de mais nada.
ELES CONTINUAM A CONVERSA, FORA DE ÁUDIO.

CORTA PARA
CENA 17. SOLAR WHITFORD. SALA. INT. TARDE
LEONARDO E ARTHUR ESTÃO SENTADOS FRENTE A FRENTE, REPASSANDO

SEUS PAPEIS. SARAH CHEGA SEM FAZER BARULHO, SE APROXIMA DE
LEONARDO E TOCA O OMBRO DO RAPAZ.
LEONARDO - [baixinho] Vai me expulsar daqui também?
ARTHUR PARECE TER OUVIDO A FRASE E ERGUE O ROSTO. AO VER SARAH,

DESVIA O OLHAR E ELA SORRI.
SARAH - Só queria falar com Leonardo. Não vamos demorar.
ARTHUR VOLTA À LEITURA. SARAH PUXA LEONARDO PELA CAMISA E ELES

VÃO SAINDO, MAS ELA NÃO TIRA OS OLHOS DE ARTHUR.
CORTA PARA
CENA 18. SOLAR WHITFORD. SALA DE JANTAR. INT. TARDE
LEONARDO E SARAH ENTRAM NO APOSENTO. ELE SE ENCOSTA NA PAREDE.
LEONARDO - E agora?
SARAH - Pensei em como vou fazer para arrumar o seu dinheiro. A única ideia
que apareceu é um tanto arriscada para os meus planos, mas foi a única que serviu. [T] Vou
voltar ao velho ofício.
LEONARDO - Voltar? Quando você largou?
SARAH DÁ UM TAPA NO ROSTO DE LEONARDO.

SARAH - Fala assim de novo que não tem mais dinheiro.

LEONARDO - Perdão, moça. Digo... É, você entendeu. Mas como vai fazer?
SARAH - Amanhã eu saio sem ninguém me ver, escolho um sujeito rico e voilá!
Já pensou se o filho do médico me arrasta uma asinha?
ELA COMEÇA A RIR ESCANDALOSAMENTE, MAS LOGO ABAFA A RISADA.
LEONARDO - Só toma cuidado para a sua voltinha não cair nos ouvidos do Homem
Bancarrota, hein?
SARAH - Claro que não vai cair! Graças a Deus, ele ainda não deixou de ser
recluso; duvido que fique sabendo.
LEONARDO - Assim está certo. Agora vou voltar para o ensaio, sim?
LEONARDO VAI SAINDO.
SARAH - Boa sorte, Sarah!

LEONARDO - [voltando] Ah, sim, boa sorte. Embora eu ache que você não precise.
LEONARDO SAI DE UMA VEZ. SARAH SAI LOGO DEPOIS.
CORTA PARA
CENA 19. SOLAR WHITFORD. SALA. INT. TARDE
LEONARDO ENTRA, SENTA NA POLTRONA QUE OCUPAVA NA CENA 17 E ABRE

NOVAMENTE SEU LIVRETO. ARTHUR NÃO O VÊ CHEGAR, LEVANTA E VAI
SAINDO.
LEONARDO - Só porque eu cheguei?

ARTHUR - Não, eu só estou um pouco desconcentrado; preciso dar uma volta.
ARTHUR SAI.
CORTA PARA
CENA 20. SOLAR WHITFORD. JARDIM. EXT. TARDE
MATAMOUROS ESTÁ SOZINHO, OBSERVANDO A FACHADA DO SOLAR A UMA

CERTA DISTÂNCIA. ARTHUR SE APROXIMA DELE.
ARTHUR - Alguma coisa caiu lá de cima?

MATAMOUROS - Não, eu só estava aqui pensando na vida.
ARTHUR - [olhando para cima] O brasão da minha família desapareceu de uma
vez; já não lembro mais de como ele era.
MATAMOUROS NÃO RESPONDE; OLHA PARA ARTHUR QUE PERMANECE COM

O OLHAR PARA O ALTO, DISTRAÍDO.
MATAMOUROS - Acho que não era bem isso o que você queria me dizer. [T] Pode falar,
no que está pensando?
ARTHUR - Nela, para variar.
MATAMOUROS - Arthur, sinceramente, eu não acredito que Isabelle tenha a menor
coragem de abandoná-lo.
ARTHUR - Nem eu, mas ela escreveu, de próprio punho. O que eu posso pensar
numa situação dessas senão que ela realmente desistiu de tudo.
MATAMOUROS - Mas você não vai desistir, não é?
ARTHUR - Ela foi minha maior motivação; voltar a ficar sem ela me dá muita
vontade de desistir.
EM ARTHUR, OLHANDO ENTRISTECIDO PARA O ALTO,

CENA 21. MILLSHIRE. EXT. TARDE
PEQUENO MOVIMENTO DE PESSOAS VOLTANDO PARA SUAS CASAS.

SONOPLASTIA: Na dúvida – Ana Martins.
CORTA PARA
CENA 22. ALBERGUE. ESCRITÓRIO. INT. TARDE
HORÁCIO ESTÁ SENTADO À ESCRIVANINHA, TRABALHANDO EM UMA

PEQUENA MAQUETE DE MADEIRA. ESMERALDA ENTRA E FICA DANDO
VOLTAS ENTRE AS PRATELEIRAS.
HORÁCIO - Quer falar alguma coisa, Esmeralda?

ESMERALDA - Quero. [T] O que aconteceu de verdade com o falecido? Morreu
mesmo?
HORÁCIO - Claro que morreu!
ESMERALDA - Então por que ele não foi velado e enterrado como um defunto
comum?
HORÁCIO - Foi enterrado, sim senhora.
ESMERALDA - O senhor nunca mentiu pra mim, por que mentir agora?
HORÁCIO - [irritado] Menina, olha o respeito!
ESMERALDA - Desculpe, mas o senhor está me escondendo algo e eu quero saber o
que é.
HORÁCIO - Realmente, andei escondendo uma coisa; mas agora ela está pronta,
veja!
HORÁCIO INDICA A MAQUETE DO PRÉDIO. ESMERALDA OLHA, UM POUCO

DECEPCIONADA.
ESMERALDA - Não era exatamente isso...

HORÁCIO - Esqueça Guilherme um pouco e veja que bonito que esse hotel novo
vai ficar quando estiver pronto.
ESMERALDA - Vai ficar lindo! Mas não era/
HORÁCIO - Venha cá, quero pedir sua opinião sobre uma coisinha.
ELE PUXA ESMERALDA PELO BRAÇO E A FAZ SENTAR.
HORÁCIO - Preciso de um novo nome para este hotel.

ESMERALDA - E por que não deixar Albergue do Sol Azul mesmo? Eu acho
bonitinho.
HORÁCIO - É horrível, minha filha! Sol azul...
ESMERALDA - Que tal “Hotel das Esmeraldas”?
HORÁCIO - Sabia que ia me sugerir este.
ESMERALDA - Então nem precisava perguntar, ora essa! Pinte a fachada de verde,
ponha meu nome e pronto, fim da história.
HORÁCIO RI. A CONVERSA CONTINUA.
CORTA PARA
CENA 23. MILLSHIRE. EXT. NOITE
TAKE DO PÔR DO SOL. VAI ESCURECENDO.
CORTA PARA
CENA 24. CASA DE PANTALEÃO. SALA. INT. NOITE
PANTALEÃO E CLARICE ENTRAM NA CASA. A MENINA TIRA AS LUVAS E JOGA

SOBRE UMA MESINHA E SENTA NA POLTRONA AO LADO.
CLARICE - Pai, cansei dessa roupa.

PANTALEÃO - Aguente um pouco, só duas semanas de luto!
CLARICE - Sendo que não me sinto nem um pouco viúva.
PANTALEÃO - Percebi. [T] Vamos jantar?
CLARICE - Não, vou ficar um pouco lá fora.
PANTALEÃO - Mas/
CLARICE - Agora que não tenho mais noivo, aquela proibição ridícula não vale
mais, então vou sair sozinha, papai. Não demoro.
CLARICE SAI. PANTALEÃO SUSPIRA E SOBE AS ESCADAS.
CORTA PARA
CENA 25. RUA. EXT. NOITE
SONOPLASTIA: Alla chitarra – Chico Pinheiro e Anthony Wilson.

SARAH ESTÁ ANDANDO POR UMA RUA PEQUENA E SEM SAÍDA, AINDA POUCO
MOVIMENTADA. AS TAVERNAS ESTÃO ABRINDO AS PORTAS; DE UMA DELAS
SAI UMA MOÇA, QUE A OLHA COM DESDÉM. ELA DEVOLVE O OLHAR DA
MESMA MANEIRA E CONTINUA ANDANDO. A CAMINHADA SEGUE ATÉ
CHEGAR A RUA DA CASA DE PANTALEÃO. SÍLVIO SAI DE SUA CASA E VAI
ATRAVESSANDO A RUA. SARAH PASSA NA FRENTE DELE, SE INSINUANDO,
MAS O RAPAZ NÃO PERCEBE. ELA DEIXA CAIR NO CHÃO UM LENÇO BRANCO;
E SÍLVIO PISA NO LENÇO. SARAH BUFA DE RAIVA E SE ENCOSTA EM UM
POSTE JUNTO DA CASA DE SÍLVIO.
CORTA PARA
CENA 26. CASA DE PANTALEÃO. JARDIM. EXT. NOITE
CLARICE ESTÁ SENTADA EM UM BANQUINHO, OBSERVANDO A RUA. AO VER

SÍLVIO CHEGAR AO SEU PORTÃO, ELA CORRE E O BEIJA ATRAVÉS DAS
GRADES. SE DÃO AS MÃOS. SONOPLASTIA: Love story – Taylor Swift.
SÍLVIO - Nunca achei que uma mulher de luto fosse ficar tão bonita.
CLARICE - Aproveite, porque vai ser a última vez que você vai me ver assim pelos
próximos 50 anos, no mínimo.
SÍLVIO - Amém! [beija] Mas não seria melhor se você abrisse o portão?
CLARICE - Ah, é, tinha esquecido.
ELA DESTRANCA O PORTÃO E SÍLVIO ENTRA; LOGO A ABRAÇA FORTEMENTE

E TROCAM UM LONGO BEIJO.
CLARICE - Nunca mais encontros às escondidas, nunca mais planos mirabolantes de

fuga...
SÍLVIO - Confesso que vou sentir falta dessas coisas; era bem divertido, apesar de
tudo.
ELES RIEM.
CLARICE - Assim que passar esse luto, vamos noivar. Quero uma aliança bem bonita,
ouviu?
SÍLVIO - Não sei se vai ter alguma joia à sua altura, mas eu juro que tento chegar o
mais perto disso. E seu pai, o que disse?
CLARICE - Nada ainda... Mas tenho certeza que dessa vez ele não vai se opor.
SÍLVIO - Bem que podíamos pular essa parte do noivado e casar de uma vez, não?
CLARICE - Eu também queria muito, mas vamos ter que esperar mais um pouco.
SÍLVIO - Não mais que um mês. [baixinho] Não vejo a hora de gritar ao mundo inteiro
que você é minha mulher.
CLARICE - Não há nada que eu deseje mais do que isso.
O CASAL TORNA A SE BEIJAR.
CORTA PARA
CENA 27. MILLSHIRE. EXT. NOITE/DIA
VÁRIOS TAKES DA CIDADE DURANTE A MADRUGADA E O AMANHECER.

SONOPLASTIA: Fonte abandonada – Guinga e Leila Pinheiro.
CORTA PARA
CENA 28. ESTAÇÃO FERROVIÁRIA. PLATAFORMA. INT. DIA
UM TREM ACABA DE CHEGAR, SEUS PASSAGEIROS ESTÃO DESEMBARCANDO.

ENTRE ELES, LOCALIZAMOS ISABELLE, SÉRGIO E OS CARREGADORES.
SÉRGIO - Imagino que você esteja muito cansada, mas gostaria de tomar um chá em
minha companhia.
ISABELLE - Agradeço o convite, mas como você mesmo acabou de dizer, estou muito
cansada. Quero muito ir para casa.
SÉRGIO - Uma pena. [T] Mas faço questão de levá-la a sua casa.
SÉRGIO DÁ O BRAÇO PARA ISABELLE, QUE PRONTAMENTE ACEITA. ELES SE

DIRIGEM A UM CARRO, EMBARCAM NELE E SEGUEM VIAGEM.
CORTA PARA
CENA 29. SOLAR WHITFORD. SALA. INT. DIA
SONOPLASTIA: King of the dogs – Iggy Pop.

TODOS OS INTEGRANTES DA COMPANHIA SE MOVIMENTAM DE UM CANTO A
OUTRO; EXPERIMENTANDO O FIGURINO. ARTHUR ESTÁ DIANTE DO ESPELHO,
ESTUDANDO O PRÓPRIO REFLEXO. NÃO PARECE MUITO SATISFEITO.
MATMOUROS SE APROXIMA E PÁRA ATRÁS DELE.
MATAMOUROS - O que há?

ARTHUR - Acho que estas calças ficaram apertadas demais.
MATAMOUROS - Vá naquele baú atrás da cortina e pegue uma das minhas. Acho que
vão ficar melhores.
ARTHUR FAZ O QUE MATAMOUROS MANDOU. EM OUTRO PONTO DO MESMO

APOSENTO, SARAH FAZ AJUSTES EM SEU VESTIDO, SOZINHA. PARECE
CHATEADA. LEONARDO VAI ATÉ ELA, RISONHO.
LEONARDO - Esse vestido não era da Isabelle?

SARAH - Não, meu bem; era da personagem que ela fazia. E como ela não
pertence mais a este grupo, peguei a personagem para mim! [T] Além de falsa, aquela lá
ainda tinha que ser gorda... Vou precisar apertar tudo aqui.
LEONARDO - E meu dinheiro?
SARAH - [irritada] Quer mesmo saber onde ele está?
LEONARDO - Já vi que a noite não foi nada boa.
SARAH - Isso porque não teve noite. Fiquei perambulando no frio para nada;
nem o filho do médico olhou para mim.
LEONARDO - E agora?
SARAH - E agora o que?
LEONARDO - E agora como vai ser?
SARAH - Agora vire-se, meu caro!
SARAH SE AFASTA DE LEONARDO E VAI ATÉ ALICE, QUE COLOCA ALGUNS
ALFINETES NO VESTIDO.
CORTA PARA
CENA 30. ESTRADA. EXT. DIA
O CARRO SE APROXIMA DO SOLAR WHITFORD E PÁRA. SÉRGIO DESCE E

OLHA SURPRESO PARA O SOLAR. RI DEBOCHADAMENTE, MAS LOGO SE
CONTÉM E ABRE A PORTA DO CARRO, ESTENDENDO SUA MÃO PARA QUE
ISABELLE DESÇA.
CORTA PARA
CENA 31. SOLAR WHITFORD. SALA. INT. DIA
SIMONE ESTÁ PERTO DA JANELA, LIMPANDO AS BIJUTERIAS. OLHA DE

RELANCE E VÊ ISABELLE DESCENDO DO CARRO. NO MESMO INSTANTE, PÁRA
O QUE ESTÁ FAZENDO E COMEÇA A CORRER PARA A SAÍDA.
ALICE - Ei, mocinha! Onde pensa que vai?

SIMONE - Vou confirmar o que acabei de ver. Se eu não estiver delirando,
Isabelle está aí fora!
SEM DIZER MAIS NADA, SIMONE SAI CORRENDO.
ARTHUR - Isabelle lá fora?

SARAH - Só pode ser delírio da cabeça de Simone, não se iluda...
TODOS, MENOS SARAH, SAEM CORRENDO ANTES QUE ELA TERMINE DE

FALAR.
CORTA PARA
CENA 32. ESTRADA. EXT. DIA
ISABELLE APANHA SUA MALA.
ISABELLE - Muito obrigada pela ajuda.

SÉRGIO - Não há de quê; eu é que devia agradecer a você pela doce companhia,
apesar de tão calada.
SÉRGIO TOMA CARINHOSAMENTE A MÃO DE ISABELLE E A BEIJA.
SIMONE - [V.O] É ela mesmo! Isabelle voltou!
CORTA PARA A ENTRADA DO SOLAR. SIMONE VEM NA FRENTE DO GRUPO E

CORRE PARA ABRAÇAR A AMIGA. ARTHUR DÁ ALGUNS PASSOS ADIANTE,
SURPRESO.
[Fim do capitulo]

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1 O Captião Fracasso | Capítulo 22

CONTINUAÇÃO DO FINAL DO CAPÍTULO ANTERIOR. PASCOAL LARGA A ARMA

BEATRIZ E PASCOAL SENTAM DE MÃOS DADAS NA CAMA; ELA COMEÇA A

CENA 02. CASA DE PANTALEÃO. ANTESALA. INT. NOITE

PANTALEÃO SE APROXIMA DE ESMERALDA E CLARICE. ESMERALDA

ESMERALDA - Ai, lá vem grito... [e tapa as orelhas]

ESMERALDA SAI CORRENDO.

UM INSTANTE DE SILÊNCIO. PANTALEÃO PARECE FICAR MEXIDO COM A

CENA 03. RUA. EXT. NOITE

ESMERALDA ESPERA NA PORTA DA CASA DO DR. LOMBARDI. SÍLVIO ABRE A

ESMERALDA - Notícias fresquinhas do obituário!

TERMINADA A LEITURA, SÍLVIO DOBRA A CARTA E A COLOCA NO BOLSO DO

SÍLVIO - Do que foi que ele morreu?

ESMERALDA - Me põe no chão!

ELE CONTINUA RODANDO ESMERALDA NO MEIO DA RUA E GARGALHANDO.

[1º intervalo comercial]

CENA 04. ALBERGUE. QUARTO DE BEATRIZ. INT. NOITE

BEATRIZ - Vamos assim, sem avisar a ninguém?

PASCOAL SAI CARREGANDO A BAGAGEM; BEATRIZ VAI ATRÁS DELE.

CENA 05. MILLSHIRE. EXT. DIA

AMANHECE NA CIDADE. MOSTRAR A ESTRADA E AS RUAS COMEÇANDO A

CENA 06. ALBERGUE. SAGUÃO. INT. DIA

UM CASAL DE HÓSPEDES SAI COM AS MALAS. HORÁCIO RECEBE O JORNAL

HORÁCIO - Bom dia.

HORÁCIO SOBE A ESCADA E PANTALEÃO PEGA O JORNAL SOBRE O BALCÃO.

CENA 07. ALBERGUE. ESCADA. INT. DIA

CLARICE ESTÁ TERMINANDO DE SUBIR A ESCADA. HORÁCIO ESTÁ A POUCA

ELA APRESSA OS PASSOS E ENTRA NO QUARTO DE ESMERALDA.

CENA 08. ALBERGUE. QUARTO DE ESMERALDA. INT. DIA

ESMERALDA E SIMONE ESTÃO CONVERSANDO. CLARICE ENTRA.

CLARICE - Bom dia... Interrompo algo?

CENA 09. SOLAR WHITFORD. JARDIM. EXT. DIA

ARTHUR CAMINHA PELO JARDIM, CABISBAIXO. APROXIMA-SE DA FONTE E

ARTHUR - É, flor... Se você tivesse olhos e ouvidos, já teria morrido há muito

SARAH SE APROXIMA DE ARTHUR E O ABRAÇA POR TRÁS. ELE TENTA SE

SARAH - O que foi, meu abraço queima por acaso?

SARAH SE APROXIMA PARA BEIJAR ARTHUR, MAS ELE SE AFASTA

EM SEGUNDO PLANO, LEONARDO ASSISTE A TODA A CENA.

CENA 10. ALBERGUE. QUARTO DE ESMERALDA. INT. DIA

CONTINUAÇÃO DA CENA 08.

SIMONE - Vocês sabem se Pascoal está no albergue?

SIMONE SAI DO QUARTO, APRESSADA.

ESMERALDA NÃO RESPONDE, PARECE ESTAR PENSANDO.

ESMERALDA FICA CALADA POR UM INSTANTE, E RESPONDE A PERGUNTA

CENA 11. RUA. EXT. DIA

PASCOAL ESTÁ SOZINHO NA PORTA DO ALBERGUE; OBSERVA O MOVIMENTO

PASCOAL OLHA PARA ELA.

PASCOAL - Desculpe, você está aí há muito tempo?

ELE OLHA PARA SIMONE, SORRI E TOCA CARINHOSAMENTE SEU QUEIXO.

SIMONE SE APROXIMA MAIS DE PASCOAL E ENCOSTA A CABEÇA NO OMBRO

SIMONE - Você vai ficar em Millshire de vez?

ELA DÁ UM BEIJO RÁPIDO NO ROSTO DE PASCOAL, QUE PARECE FICAR MEIO

SIMONE CORTA A FALA DELE COM UM RÁPIDO BEIJO.

SIMONE - Pronto, estamos namorando!

ELA SAI, RINDO; E DEIXA PASCOAL COM UM SORRISO BOBO.

CENA 12. SOLAR WHITFORD. QUARTO DE HÓSPEDES. INT. DIA

LEONARDO ESTÁ SOZINHO DIANTE DO ESPELHO, GESTICULANDO EM

LEONARDO - [ri, levemente debochado] Eu vi!

LEONARDO SAI, UM POUCO CHATEADO. SARAH SE AJEITA MELHOR NA

[2º intervalo comercial]

CENA 13. ESTRADA. ACAMPAMENTO. EXT. TARDE

APROXIMADAMENTE DEZ PESSOAS – SEIS HOMENS E QUATRO MULHERES,

DANIELA - Estou fazendo tudo direito.