O pensamento cepalino sobre o desenvolvimento influenciou fortemente a criação e as ações da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Neste trabalho, tentaremos demonstrar as relações entre o pensamento cepalino e o pensamento de Celso Furtado, especialmente, no que concerne ao planejamento do desenvolvimento do Nordeste. Para tal, partiremos das idéias que fundamentaram as propostas da CEPAL, principalmente, aquelas desenvolvidas por Raúl Prebisch, através da observação das relações que a Argentina mantinha com seus parceiros comerciais internacionais. Em um segundo momento, demonstraremos como as idéias de Prebisch e da CEPAL influenciaram na elaboração das propostas do Relatório do Grupo de Trabalho de Desenvolvimento do Nordeste (GTDN), documento elaborado por Furtado, que fundamentou a criação da SUDENE. Nesse Relatório, Furtado utilizou o conceito de sistema centro-periferia para compreender a situação econômica do Nordeste, propondo a implementação de mecanismos estatais, com fins industrializantes, para superar as desigualdades regionais existentes no Brasil.
Título original
PREBISCH E FURTADO: A CEPAL E O PLANEJAMENTO DO DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE
O pensamento cepalino sobre o desenvolvimento influenciou fortemente a criação e as ações da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Neste trabalho, tentaremos demonstrar as relações entre o pensamento cepalino e o pensamento de Celso Furtado, especialmente, no que concerne ao planejamento do desenvolvimento do Nordeste. Para tal, partiremos das idéias que fundamentaram as propostas da CEPAL, principalmente, aquelas desenvolvidas por Raúl Prebisch, através da observação das relações que a Argentina mantinha com seus parceiros comerciais internacionais. Em um segundo momento, demonstraremos como as idéias de Prebisch e da CEPAL influenciaram na elaboração das propostas do Relatório do Grupo de Trabalho de Desenvolvimento do Nordeste (GTDN), documento elaborado por Furtado, que fundamentou a criação da SUDENE. Nesse Relatório, Furtado utilizou o conceito de sistema centro-periferia para compreender a situação econômica do Nordeste, propondo a implementação de mecanismos estatais, com fins industrializantes, para superar as desigualdades regionais existentes no Brasil.
O pensamento cepalino sobre o desenvolvimento influenciou fortemente a criação e as ações da Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). Neste trabalho, tentaremos demonstrar as relações entre o pensamento cepalino e o pensamento de Celso Furtado, especialmente, no que concerne ao planejamento do desenvolvimento do Nordeste. Para tal, partiremos das idéias que fundamentaram as propostas da CEPAL, principalmente, aquelas desenvolvidas por Raúl Prebisch, através da observação das relações que a Argentina mantinha com seus parceiros comerciais internacionais. Em um segundo momento, demonstraremos como as idéias de Prebisch e da CEPAL influenciaram na elaboração das propostas do Relatório do Grupo de Trabalho de Desenvolvimento do Nordeste (GTDN), documento elaborado por Furtado, que fundamentou a criação da SUDENE. Nesse Relatório, Furtado utilizou o conceito de sistema centro-periferia para compreender a situação econômica do Nordeste, propondo a implementação de mecanismos estatais, com fins industrializantes, para superar as desigualdades regionais existentes no Brasil.
DESENVOLVIMENTO DO NORDESTE: Tiago Barbosa da Silva
A!dr"a Carla d" A#$v"do
% Alisso! Ca&'os Sa!(os ) RESUMO O pensamento cepalino sobre o desenvolvimento influenciou fortemente a criao e as aes da Superintendncia para o Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE! Neste trabal"o# tentaremos demonstrar as relaes entre o pensamento cepalino e o pensamento de $elso %urtado# especialmente# no &ue concerne ao plane'amento do desenvolvimento do Nordeste! (ara tal# partiremos das id)ias &ue fundamentaram as propostas da $E(*+# principalmente# a&uelas desenvolvidas por Ra,l (rebisc"# atrav)s da observao das relaes &ue a *r-entina mantin"a com seus parceiros comerciais internacionais! Em um se-undo momento# demonstraremos como as id)ias de (rebisc" e da $E(*+ influenciaram na elaborao das propostas do Relat.rio do /rupo de 0rabal"o de Desenvolvimento do Nordeste (/0DN# documento elaborado por %urtado# &ue fundamentou a criao da SUDENE! Nesse Relat.rio# %urtado utili1ou o conceito de sistema centro2periferia para compreender a situao econ3mica do Nordeste# propondo a implementao de mecanismos estatais# com fins industriali1antes# para superar as desi-ualdades re-ionais e4istentes no 5rasil! (*+*6R*S2$7*6E8 $E(*+# R9U+ (RE5:S$7# $E+SO %UR0*DO# /0DN# SUDENE# DESEN6O+6:MEN0O *5S0R*$0 E$+*$;s development conceptions "ave stron-l< influenced t"e actions of t"e Superitendencia para o Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE! 0"is stud< aims at s"o=in- t"e relations bet=een E$+*$;s and $elso %urtado;s ideas# mostl<# re-ardin- t"e plannin- of t"e development of Nort"eastern 5ra1il! :n order to ac"ieve t"at aim# =e started discussin- t"e t"ou-"ts t"at bac>ed E$+*$;s proposals# mainl< t"ose developed b< Ra,l (rebisc" b< observin- commercial relations *r-entina "ad =it" t=o of its partners! *fter=ards# =e =ill s"o= "o= (rebisc";s and E$+*$;s ideas influenced t"e sc"eme elaborated b< t"e /rupo de 0rabal"o de Desenvolvimento do Nordeste (/0DN# publis"ed under t"e name of Relat.rio do /0DN# ="ose =ritin- =as 1 /raduado em +etras e Direito# mestrando em Desenvolvimento Re-ional pela Universidade Estadual da (ara?ba! tia-ob@sA<a"oo!com!br 2 /raduada em $omunicao Social# mestranda em Desenvolvimento Re-ional pela Universidade Estadual da (ara?ba! andreaa1evedo@c-A"otmail!com 3 /raduado em $omunicao Social# mestrando em Desenvolvimento Re-ional pela Universidade Estadual da (ara?ba! alissoncsBCA"otmail!com coordinated b< %urtado! :n t"is report# ="ic" 'ustified t"e foundation of t"e SUDENE# %urtado applies t"e concept of center2perip"er< s<stem to understand t"e economic situation of t"e Nort"east# raisin- some su--estions to overcome e4istin- re-ional ine&ualities bet=een t"e Nort"eastern and Sout"2$entral 5ra1il! DEE2FORDS8 E$+*$# R*G+ (RE5:S$7# $E+SO %UR0*DO# /0DN# SUDENE# DESEN6O+6:MEN0O A CONCEP*+O CEPALINA DE DESENVOLVIMENTO E O PENSAMENTO DE FURTADO * $omisso Econ3mica para a *m)rica +atina e o $aribe H $E(*+ foi criada pelo $onsel"o Econ3mico e Social das Naes Unidas# em fevereiro de IJKB# oficialmente# com os ob'etivos de contribuir para o desenvolvimento econ3mico da re-io# de coordenar as aes necessLrias M sua promoo# e de reforar as relaes entre os pr.prios pa?ses latino2americanos e as demais naes! (osteriormente# com a incorporao do $aribe# somou2se o ob'etivo de promover o desenvolvimento social a seus ob'etivos! *o lon-o dos anos# a $E(*+ reuniu -randes nomes do pensamento desenvolvimentista latino2americano# &ue 'untos criaram uma estrutura conceitual de desenvolvimento &ue deu suporte e le-itimidade Ms pol?ticas econ3micas de vLrios pa?ses latino americanos# inclusive do 5rasil! Dentre essas personalidades# tem2se o economista ar-entino# Ra,l (rebisc"# &ue desenvolveu o arcabouo te.rico &ue marcou o pensamento cepalino! (rebisc"# observando a economia ar-entina# percebeu &ue# como sua pauta de e4portao era composta por produtos primLrios# ao lon-o do tempo# este pa?s precisava despender um esforo e4portador crescente para ter acesso M mesma &uantidade de manufaturas importadas! De acordo com Rodr?-ue1# (NOOJ# a ecloso da crise de IJPP obri-ou a *r-entina a e4portar QPR mais para ter acesso aos mesmos bens# revelando a necessidade de se intervir no com)rcio e4terior do pa?s# de modo &ue sua produo se voltasse para o mercado interno! Decorre da? uma esp)cie de consenso em torno das id)ias intervencionistas &ue evoluem at) c"e-arem a Suma posio industrialista plenamente conscienteT# marcada pela criao de mecanismos de re-ulao monetLria concebidos como meios para a atenuao dos movimentos c?clicos (:bid!# p! UU! *trav)s de tais mecanismos# a *r-entina tentou re-ular a relao trian-ular &ue mantin"a com o Reino Unido e com os Estados Unidos# em &ue So superLvit comercial com o primeiro permitia compensar o d)ficit com o se-undoT (%odor e O;$onnell apud Rodr?-ue1# NOOJ# p!QO! (ara (rebisc"# estas irre-ularidades comerciais eram Vum modo de ser;# ou se'a# a economia ar-entina estava or-ani1ada de modo a manter relaes assim)tricas com as economias mais industriali1adas! Este fato era resultado de sua insero no mercado internacional como e4portadora de produtos primLrios! * pr.pria e4istncia de tais funes 2 pa?ses e4portadores de produtos primLrios e e4portadores de manufaturas H permitia a concluso de &ue "avia um sistema em &ue certos pa?ses ocupavam a posio de periferia e outros a posio de centro# sendo# as trocas comerciais entre eles# desi-uais e fortalecedoras da desi-ualdade! *s economias perif)ricas ou subdesenvolvidas foram caracteri1adas por $ardoso e %aletto (NOOK como a&uelas em &ue "L uma predominWncia do setor primLrio em sua estrutura econ3mica# a presena de uma forte concentrao da renda# de pouca diferenciao do sistema produtivo e# sobretudo# predom?nio do mercado e4terno sobre o interno! Nesse sentido# a condio perif)rica ) um modo de ser for'ado dinamicamente pelas relaes mantidas entre os pa?ses e pela reproduo do capital# em &ue a desi-ualdade ) inerente ao pr.prio sistema# e &ue s. pode ser superado atrav)s de Sum processo de acumulao de capital estreitamente li-ado ao pro-resso t)cnico# mediante o &ual se obt)m a elevao -radual da densidade de capital e o aumento da produtividade do trabal"o e do n?vel m)dio de vidaT (Rodr?-ue1# op! $it!# p! BO! *ssim# foram identificadas as estruturas responsLveis pelo sistema centro2 periferia &ue marcavam as relaes econ3micas da *r-entina! Essas estruturas foram usadas para interpretar as relaes econ3micas da *m)rica +atina e# com a criao da $E(*+# vLrios mecanismos aplicados por (rebisc"# en&uanto Ministro de seu pa?s# foram propostos como forma de se superar a desi-ualdade do sistema centro2periferia# na perspectiva latino2americana! Observando os estudos de (rebisc"# o economista brasileiro $elso %urtado percebeu &ue poderia aplicar o m)todo da&uele para interpretar o caso da economia interna brasileira# &ue mostrava uma disparidade -rande entre as re-ies $entro2Sul e Nordeste! E ele o fe1 analisando aspectos "ist.ricos# econ3micos e pol?ticos com um ol"ar de economistaX"istoriador! Se-undo %urtado (NOOJ# p! NJ2PO# no estL nas referncias %oi observando o con'unto da *m)rica latina# de enormes disparidades de n?veis de desenvolvimento H essa e4tensa -ama de estruturas econ3micas &ue vo# di-amos# da NicarL-ua M Rep,blica *r-entina H &ue c"e-uei a compreender muitas das peculiaridades do 5rasil# a perceber mel"or as inter2 relaes dessa autntica constelao de sistemas econ3micos &ue ) o nosso pa?s! Y!!!Z M medida &ue fui percebendo as causas profundas &ue e4plicam o sentido das crescentes desi-ualdades re-ionais# passei a preocupar2me seriamente com o pr.prio destino da nacionalidade brasileira# com o nosso pr.prio destino de povo! O pensamento de %urtado apresenta influncias das id)ias de (rebisc" e da teoria cepalina# &ue# para $olistete (NOOI# parte de trs proposies bLsicas8 (I as economias latino2americanas# subdesenvolvidas# teriam um n,cleo dinWmico H o setor primLrio H mas esse no estaria inte-rado Ms outras estruturas produtivas# assim# seria imposs?vel difundir o pro-resso t)cnico para o resto da economia# empre-ar produtivamente toda a mo2de2obra dispon?vel# e permitir o crescimento sustentado dos salLrios[ (N nas economias centrais# o ritmo de incorporao do pro-resso t)cnico e o aumento de produtividade seriam si-nificativamente maiores do &ue a&ueles das economias perif)ricas# o &ue ocasionaria uma diferenciao da renda em favor do centro[ (P os preos de e4portao dos produtos primLrios tenderiam a apresentar uma evoluo desfavorLvel frente M dos bens manufaturados produ1idos pelos pa?ses industriali1ados# provocando a deteriorao dos termos de troca# dese&uilibrando a balana comercial e4terna em prol das economias centrais# 'L &ue causaria a transferncia dos -an"os de produtividade no setor primLrio2e4portador para os pa?ses industriali1ados! (ara mel"or compreender as diferenas entre os pa?ses perif)ricos e os pa?ses centrais# apresentamos# na 0abela I# as principais caracter?sticas dos p.los do sistema centro2periferia! TABELA : Cara,("r-s(i,as dos 'a-s"s ,"!(rais " '"ri./ri,os P"ri."ria C"!(ro Setor primLrio dinWmico Diversificao produtiva (ro-resso t)cnico concentrado (ro-resso t)cnico difuso +enta incorporao dos avanos t)cnicos RLpida incorporao dos avanos t)cnicos Deteriori1ao dos termos de troca *preciao cont?nua dos termos de troca +entido secular no ac,mulo de rendas Maior rapide1 na acumulao de rendas Na ausncia de uma economia "etero-nea e dinWmica# os efeitos ne-ativos do subdesenvolvimento se reprodu1iram ao lon-o do tempo! (ara transformar essa situao# a industriali1ao# Sentendida por (rebisc" como a principal responsLvel pela absoro de mo2de2obra e pela -erao e difuso do pro-resso t)cnico# pelo menos desde a Revoluo :ndustrial britWnica K #T seria o ,nico camin"o para superao dessa realidade! (ara $olistete (op! $it!# p! NK# 0odo o edif?cio da teoria cepalina estava fundado na "ip.tese de &ue a ind,stria seria capa1 de se tornar o n,cleo -erador e difusor de pro-resso t)cnico e produtividade! $omo isso dificilmente seria alcanado por setores tradicionais# com bai4a intensidade de capital e tecnol.-ica# uma "ip.tese adicional do ar-umento cepalino foi a de &ue a industriali1ao teria de incorporar setores de bens de produo mais comple4os e capa1es de -erar e difundir pro-resso t)cnico por toda a estrutura industrial! $omo isso dificilmente seria alcanado por fora do setor primLrio# a industriali1ao deveria ser apoiada e promovida pela ao do Estado# 'L &ue# somente ela poderia criar um ciclo de acumulao capa1 de aumentar a produtividade# a renda e o empre-o! Nesse sentido# o Estado teria a funo de acelerar a acumulao de capitais# inclusive atrav)s da captao de investimentos estran-eiros# de plane'ar metas de crescimento# e criar as condies prop?cias ao desenvolvimento econ3mico! Nesse conte4to# a industriali1ao passou a ser vista como uma formulao te.rica e a um con'unto de e4pectativas# apoiadas na convico de &ue o industrialismo criaria um ciclo de crescimento e inau-uraria uma fase de desenvolvimento auto2 sustentado# baseado em est?mulos do mercado interno e na diferenciao do sistema produtivo industrial# o &ue condu1iria M criao de uma ind,stria pr.pria de bens de capital! :nterpretando o pensamento da $E(*+# $ardoso e %aletto (NOOK# p! IB afirmam &ue# no in?cio da d)cada de IJCJ# os pressupostos para a industriali1ao da *m)rica +atina estavam presentes em al-uns pa?ses da re-io# dentre os &uais# *r-entina# M)4ico# $"ile# $ol3mbia e 5rasil! Os pressupostos para esta nova fase# se-undo os autores em &uesto# seriam8 a! Um mercado interno suficiente pra o consumo dos produtos industriais# formado desde o s)culo \:\ pela inte-rao da economia a-ropecuLria ou mineira ao mercado mundial[ b! Uma base industrial formada lentamente nos ,ltimos oitenta anos# &ue compreendia ind,strias leves de consumo (aliment?cias# t4teis# etc! e# em certos casos# a produo de al-uns bens relacionados com a economia de e4portao[ c! Uma abundante fonte de divisas constitu?da pela e4plorao a-ropecuLria e mineira[ 4 (ara maiores informaes ver a obra SDesenvolvimentismo $epalino8 problemas te.ricos e influncias no 5rasilT# de $olistete (NOOI! d! %ortes est?mulos para o crescimento econ3mico# especialmente em pa?ses como o 5rasil e a $ol3mbia# -raas ao fortalecimento do setor e4terno a partir da se-unda metade da d)cada de IJCO[ e! * e4istncia de uma ta4a econ3mica# especialmente em pa?ses como o 5rasil e a $ol3mbia# -raas ao fortalecimento do setor e4terno a partir da se-unda metade da d)cada de IJCO[ f! * e4istncia de uma ta4a satisfat.ria de formao interna de capitais em al-uns pa?ses# como# por e4emplo# na *r-entina! Em termos econ3micos# as pol?ticas de desenvolvimento voltavam2se para a incorporao de tecnolo-ias &ue pudessem promover a diversificao da estrutura produtiva e aumentar a produtividade! Estas pol?ticas pautavam2se na atuao do Estado como mecanismo propulsor da diversificao produtiva e da industriali1ao! Nesse sentido# "ouve um movimento de criao de entes p,blicos &ue pudessem promover a atuao do Estado na economia! Nesse conte4to# a &uesto da desi-ualdade dos n?veis do desenvolvimento interno do 5rasil emer-e# ficando patente# no pensamento de %urtado# a compreenso de &ue# entre as re-ies desse pa?s# e4iste um sistema comercial semel"ante ao centro2 periferia# e4emplificado# em (rebisc"# pela realidade da economia ar-entina! (ara *ra,'o (NOOO# a -nese da &uesto re-ional tem como data o s)culo \\# per?odo em &ue o pa?s sofreu mudanas na confi-urao do desenvolvimento nacional# passando da condio de pa?s primLrio2e4portador para a de pa?s de base industrial importante! O &ue antes# se-undo %rancisco de Oliveira# foi durante &uatro s)culos um pa?s composto por ar&uip)la-os re-ionais# articulado para o mercado e4terno# passou a ter Suma economia nacional re-ionalmente locali1adaT# &ue tem no mercado interno o comando da dinWmica econ3mica do pa?s! PREBISCH E FURTADO: ENTRECU0AMENTO DE ID1IAS ] importante abrirmos a&ui um parntese para re-istrar a influncia de Raul (rebisc" sobre $elso %urtado! Os dois economistas inte-raram a $omisso Econ3mica para a *m)rica +atina e $aribe H $E(*+# .r-o das Naes Unidas# criado em IJKB! Desde seu comeo# (resbisc" recusou vLrios convites para diri-ir a $E(*+ situada em Santia-o# no $"ile# at) &ue# obri-ado a emi-rar pela ditadura do -eneral (er.n# acabou aceitando outro convite da $E(*+8 escrever a introduo do primeiro Estudo Econ3mico da *m)rica +atina# em r trs meses# como consultor! *ssim# a teoria da estrutura centro2periferia industriali1ao por substituio de importaes e da relao de preos de intercWmbio foi apresentada na se-unda $onferncia da $E(*+# em 7avana (maio de IJKJ! O estudo foi recebido com entusiamo pelos pa?ses latino2 americanos! *inda em 7avana# (rebisc" foi convidado pelo SubsecretLrio /eral das Naes Unidas# David Oe=n# para trabal"ar na $E(*+ por mais um ano# com consultor! (or causa disso# ele vai M terceira $onferncia da $E(*+ (Montevid)u# maio de IJKJ# para e4por o primeiro cap?tulo do Estudo Econ3mico de IJKJ ($rescimento# dese&uilibrios e disparidades8 interpretao do processo de desenvolvimento econ3mco! Nesse mesmo ms# foi nomeado# em Nova Eor># SecretLrio E4ecutivo da $E(*+! Nesse per?odo# o .r-o se tornou o centro de debates sobre os aspectos te.ricos e "ist.ricos do desenvolvimento latino americano! %urtado tin"a adimirao por (rebisc" e enc"er-ava no seu trabal"o o mecanismo para dissuadir a resistncia no 5rasil! Desde &ue eu lera o primeiro trabal"o preparado por (rebisc" H &ue passou a ser referido como o Manifesto H pensava comi-o8 temos a-ora a alavanca necessLria para demover as -randes resistncias &ue enfrentamos no 5rasil! (us2me imediatamente em ao# tradu1indo para o portu-us o te4to# publicado no 5rasil antes de circular como documento oficial das Naes Unidas! (%UR0*DO# $!# NOON# p! JO! (ercebe2se &ue a relao de %urtado com (rebisc" envolvia aspectos pol?ticos# ideol.-icos e pessoais! O primeiro escutava com a curiosidade de aprendi1 as "ist.rias do se-undo nas muitas camin"adas &ue fi1eram 'untos# no camin"o de volta para suas casas (&ue ficavam pr.4imas! Se-undo %urtado# (rebisc" era -rande andaril"o! Y!!!Z muitas ve1es o se-ui por &uil3metros# sendo nossas moradias pr.4imas! Ele nunca abordava temas pessoais# mas -ostava de referir2se M sua e4perincia no 5anco $entral! :nda-uei dele# certa ve1# o &ue o indu1ira a reassumir a cLtedra universitLria! Respondeu2me simplesmente8 Vem primeiro lu-ar# por&ue estava desempre-ado# em se-undo# por&ue -osto de pensar em vo1 alta# e esse ) um privil)-io do professor; Y!!!Z (%UR0*DO# op! cit!# p! BU! Mesmo no -ostando de falar de sua intimidade (rebisc" parece abrir uma e4ceo e fala para %urtado de assuntos particulares! No livro SEm busca de novo modelo8 refle4es sobre a crise contemporWneaT# na 6: parte# encontram2se ind?cios &ue apontam para uma relao pessoal (e de confiana entre os dois economistas! Na d)cada de IJCO# %urtado passa um per?odo no 5rasil e preside o /rupo Misto $E(*+25NDES# &ue elaborou um estudo sobre a economia brasileira! Este estudo serviria de base para o (lano de Metas do -overno de ^uscelino Dubitsc"e>! No ano de IJCB# %urtado assumiu uma diretoria do 5NDES! No ano se-uinte foi publicado S%ormao Econ3mica do 5rasilT clLssico da "istorio-rafia econ3mica brasileira! Em IJCJ# $elso %urtado participa da elaborao do /0DN e da criao da Superintendncia de Desenvolvimento do Nordeste! 0ra1endo consi-o influncias da $E(*+# no seria absurdo di1er &ue essa influncia estL refletida em seus trabal"os a e4emplo do /0DN e# conse&uentemente# na SUDENE! A SUDENE: UMA NOVA PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO PARA A RE2I+O NORDESTE Nos anos CO# a emer-ncia da &uesto re-ional se apresenta com fora diante dos processos de concentrao e aprofundamento das desi-ualdades re-ionais! De acordo com /uimares Neto (IJBU# a definio do &ue viria a ser S&uesto re-ionalT decorre da intensificao das relaes entre a re-io mais industriali1ada do pa?s 2 o Sudeste# e as outras re-ies! *inda nos anos CO# o 5rasil divul-a# pela primeira ve1# as $ontas Nacionais (IJCI e Re-ionais (IJCN# possibilitando &ue se con"eam os elementos ob'etivos &ue refletem as disparidades econ3micas re-ionais# culminando com a crise do balano de pa-amentos de IJCJ# oriunda# sobretudo# dos -astos reali1ados na e4ecuo do (lano de Metas do -overno ^uscelino Dubitsc"e> (^D! ] nessa con'untura &ue o Nordeste fi-ura como l?der das discusses por aes ob'etivas de correo das desi-ualdades re-ionais &ue se acentuavam! (ara *ra,'o (NOOO# dois fatores podem ser apontados como principais causas do fortalecimento do debate nesse per?odo8 intensificao da concorrncia inter2re-ional e uma -rande seca ocorrida nos anos de IJCB e IJCJ! 0rata2se# no per?odo# de um processo de intensificao da industriali1ao do 5rasil decorrente do (lano de Metas do -overno ^D# &ue tin"a como centro dos investimentos a re-io Sudeste# mais especificamente o estado de So (aulo! *o mesmo tempo# o Nordeste sofria com mais uma seca# o &ue demonstrava a ineficincia das pol?ticas de construo de -randes obras de en-en"aria# at) ento implantadas pela :%O$S (:nspetoria %ederal de Obras contra as Secas# em IJOJ# posteriormente transformada no DNO$S (Departamento Nacional de Obras contras as Secas! Na realidade# as -randes obras no produ1iram solues efica1es no sentido de dar as populaes# "istoricamente afetadas# maior acesso M L-ua# bem como no criaram um conte4to de pleno desenvolvimento social# econ3mico# pol?tico e tecnol.-ico da re-io! Na realidade reforaram relaes de clientelismo e dependncia 'L e4istentes# como constatam Silva (NOOU# $astro (IJBO e Oliveira (IJBI! (ara $elso %urtado (IJJB# a seca# lu-ar2comum das e4plicaes sobre o atraso socioecon3mico do Nordeste# tem seus efeitos ampliados em decorrncia da situao de subdesenvolvimento nordestino! O economista aponta &ue a causa dos problemas nordestinos no ) a seca# e sim a reconfi-urao do desenvolvimento brasileiro e como a re-io estava nele inserido! *ssim# a &uesto nordestina -an"a status de &uesto nacional# o &ue implica pensar o Nordeste a partir de um pro'eto nacional de desenvolvimento! Se-undo *ra,'o (NOOO# as preocupaes de $elso %urtado estavam pautadas na anLlise da estrutura econ3mica brasileira# &ue# no per?odo# iniciava um novo ciclo de acumulao promovido pelo crescimento acelerado da capacidade produtiva do setor de bens de produo e do setor de bens de consumo durLveis# processo &ue se concentrava no centro2sul e &ue reverberava nas outras re-ies do pa?s no sentido de submeter estas ,ltimas M dinWmica da re-io mais industriali1ada! *ssim# M frente do /rupo de 0rabal"o para o Desenvolvimento do Nordeste (/0DN# criado por ^D em IJCU# $elso %urtado constr.i todo um racioc?nio sobre a nature1a das trocas comerciais inter2re-ionais# buscando reprodu1ir M escala re-ional a leitura da $epal sobre as desvanta-ens da troca desi-ual! *o analisar as relaes comerciais estabelecidas entre as re-ies do pa?s# de acordo com *ra,'o e Santos (NOOJ# p! IJP2IJK# %urtado constata a e4istncia de um movimento de transferncia de renda &ue ele c"amou de Scom)rcio trian-ularT# no &ual o Nordeste transferia renda ao $entro2Sul! Y!!!Z uma ve1 &ue# superavitLrio no com)rcio e4terior# o Nordeste era Sobri-adoT a comprar bens industriais no $entro2Sul pelos instrumentos de defesa da ind,stria nacional! E o fa1ia a preos muitas ve1es mais caros! En&uanto isso# ao mesmo tempo em &ue servia de mercado para a ind,stria da re-io mais rica e dinWmica# o Nordeste vendia bens primLrios! Se-undo $arval"o (NOOI# a relao entre o Nordeste e o $entro2Sul implicava a deteriorao dos termos de troca entre as duas re-ies# o &ue si-nificava &ue o poder de compra da re-io mais atrasada era cada ve1 menor em relao ao da re-io mais moderna# caracteri1ando2se assim em uma relao t?pica entre centro (produtor de bens industriali1ados e periferia (produtora de mat)rias2primas! O /0DN dei4a evidente a transposio do discurso cepalino de deteriorao dos termos de troca para e4plicar os dese&uil?brios re-ionais no interior do 5rasil! *ssim# a teoria de centro2periferia foi utili1ada para entender os problemas socioecon3micos da re-io# bem como tamb)m para propor um plane'amento re-ional para o Nordeste# como fica evidente diante da emer-ncia da criao da SUDENE! O /0DN ) um marco na anLlise sobre os problemas nordestinos# dada a amplitude de seu dia-n.stico sobre a re-io! (ara 0avares (NOOJ# p! B# * ori-inalidade do relat.rio esta na sua viso de con'unto e na apresentao bastante articulada dos diferentes componentes da realidade econ3mica e social! 0rata2se de um dia-n.stico consistente# cu'o ponto de partida so as Sdisparidades re-ionaisT# mensuradas em funo dos n?veis de renda entre o Nordeste e o $entro2Sul! O relat.rio apontava problemas em termos de recursos naturais# como poucas terras arLveis# irre-ularidade na precipitao pluviom)trica# bem como de distribuio de renda# tendo em vista a e4cessiva concentrao de renda na economia aucareira e a predominWncia do setor de subsistncia na re-io semi2Lrida ($arval"o# NOOI! No &ue tan-e Ms relaes econ3micas entre o Nordeste e o $entro2Sul# se-undo o /0DN# essas Scaracteri1am2se por um duplo flu4o de renda# operando o setor privado como instrumento de transferncia contra o Nordeste e o setor p,blico (o -overno federal em sentido inversoT (/0DN# IJCJ# p8 IO! Se-undo $arval"o (NOOI# as transferncias feitas pelo /overno %ederal eram destinadas a obras assistenciais e se avolumavam nos ano de seca# tendo pouco efeito multiplicador! En&uanto isso "avia transferncia de recursos do setor privado do Nordeste para Lreas &ue ofereciam mel"ores oportunidades de investimento# notadamente a re-io $entro2Sul! Estes ,ltimos# por sua ve1# so de carLter produtivo e tm efeito multiplicador na Lrea onde so investidos! Sobre o sistema tributLrio da )poca# o relat.rio aponta &ue o mesmo tin"a carLter re-ressivo# uma ve1 &ue a renda no $entro2Sul "avia crescido com maior intensidade do &ue no Nordeste# ao passo &ue a car-a tributLria "avia permanecido estLvel tanto no Nordeste &uanto no $entro2Sul! Nesse sentido# o relat.rio aponta para o carLter re-ressivo do sistema# fa1endo com &ue a car-a tributLria no Nordeste fosse# dentro do con'unto da federao# maior do &ue seria de se esperar# dado o seu n?vel de renda ($arval"o# NOOI# p! PJ2KO! O /0DN ressalta ainda a dependncia da economia nordestina do setor e4portador# constitu?do notadamente por produtos primLrios como a,car e al-odo# produtos bastante vulnerLveis Ms variaes do mercado internacional e su'eitos ao decl?nio secular de preos! En&uanto &ue a re-io $entro2Sul crescia com maior intensidade e -o1ava de uma maior estabilidade# dado o tipo de produtos de maior valor a-re-ado produ1idos nessa re-io! O Relat.rio apontava ainda para a impossibilidade de se aumentar as e4portaes de produtos primLrios# tendo em vista a relativa pobre1a dos recursos naturais da re-io e sua elevada densidade demo-rLfica# o &ue tornava improvLvel criar Sum e4cedente a-r?cola e4portLvel capa1 de e4pandir em ritmo suficientemente rLpido para acarretar uma sens?vel elevao da renda Vper capita;T (S:N/ER *(UD $*R6*+7O# NOOI# p! KO! Diante das anLlises feitas# o /0DN prope como cerne da pol?tica de desenvolvimento do Nordeste a industriali1ao! Essa pol?tica de industriali1ao do Nordeste ob'etivava criar uma classe diri-ente dotada de esp?rito empresarial e fi4ar na re-io os capitais &ue tendiam a emi-rar! Se-undo o documento# o desenvolvimento da re-io Nordeste s. seria viLvel mediante a diversificao da produo interna# ou se'a# atrav)s da industriali1ao# ao passo &ue fosse reali1ada uma profunda transformao a-rLria e a-r?cola! O plano de ao do /0DN recomendava a adoo de pol?ticas como8 intensificao de investimentos industriais para criar no Nordeste um centro manufatureiro aut3nomo[ mudana radical na economia a-r?cola da fai4a ,mida# de uma oferta ade&uada de alimentos &ue viabili1asse o crescimento dos centros urbanos e a industriali1ao[ transformao pro-ressiva da economia das Lreas semi2Lridas no sentido de elevar sua produtividade e de tornL2la mais resistente ao impacto da seca[ e deslocamento da fronteira a-r?cola# visando incorporar M economia da re-io as terras ,midas da hinterlndia maran"ense# em condies de receber os e4cedentes populacionais criados pela reor-ani1ao na fai4a semi2Lrida (/0DN# IJCJ! Se-undo $ano (NOOO# p! IIN8 (!!! ao contrLrio do &ue afirmavam muitos de seus cr?ticos# %urtado tentava criar a&uilo &ue o Nordeste nunca tivera# de forma mais avanada8 relaes capitalistas de produo no campo# numa economia mais eficiente e internamente inte-rada! Seu pro'eto de reforma a-rLria (1ona da mata e de coloni1ao (vales ,midos e Maran"o era social e economicamente correto8 e4pandir a oferta de alimentos para apoio M industriali1ao# incorporar ao mercado o "omem rural e desconcentrar a renda rural# al)m de enfrentar a &uesto ecol.-ica do semi2Lrido! (ara $ano (NOOO# as medidas su-eridas no relat.rio eram uma tentativa de transplantar para o Wmbito re-ional a pol?tica cepalina de substituio de importaes# uma ve1 &ue# em $elso %urtado# o mesmo sistema centro2periferia presente nas relaes comerciais entre os Estados era reprodu1ido em escala inter2re-ional! (ara %erreira (NOOJ# a importWncia do /0DN pode ser vista por dois aspectos fundamentais8 Em primeiro lu-ar# ele constitui praticamente a primeira tentativa de elaborao de um plane'amento espec?fico de desenvolvimento econ3mico no 5rasil a partir do conceito de desi-ualdades re-ionais! Em se-undo# fundamentou ori-inalmente uma aplicao da relao centro2periferia# encampada pela $epal no n?vel internacional# para dia-nosticar as diferenas de desenvolvimento no interior de uma economia nacional! $om a criao da Superintendncia de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE# em IJCJ# passa2se do dia-n.stico para a ao! * SUDENE# a mais importante e4perincia de (lane'amento Re-ional no 5rasil# tin"a# em lin"as -erais# o ob'etivo de corri-ir as desi-ualdades re-ionais &ue se a-ravavam com o processo de constituio do mercado interno alavancado pela industriali1ao do pa?s! De acordo com a +ei de $riao da SUDENE# competiria M *utar&uia8 (!!! a estudar e propor diretri1es para o desenvolvimento do Nordeste[ b supervisionar# coordenar e controlar a elaborao e e4ecuo de pro'etos a car-os dos .r-os federais na Re-io &ue se relacionem especificamente com o seu desenvolvimento[ c e4ecutar# diretamente ou mediante convnio# acordo ou contrato# os pro'etos relativos ao desenvolvimento do Nordeste &ue l"e foram atribu?dos nos termos da le-islao em vi-or[ e d coordenar pro-ramas de assistncia t)cnica# nacional ou estran-eira# ao Nordeste (Moreira# NOOO# p! K!
Nesse sentido# como aponta $arval"o (NOOI# a SUDENE buscou enfati1ar nos primeiros anos de sua criao &uatro lin"as de ao8 formao de &uadros# reali1ao de estudos e pes&uisas# pol?ticas de incentivos e pol?tica de infra2estrutura! %oram elaborados e aprovados pelo $on-resso &uatro (lanos Diretores# nos anos de IJUI# IJUP# IJUU e IJUB! Do : (lano Diretor# aprovado em IK de de1embro de IJUI atrav)s da +ei de n_ P!JJC# ) poss?vel destacar duas diretri1es de ao! (rimeiramente se trata da criao de condies para a atrao de investimentos para a re-io! (ara tanto# o plano visava investir na infraestrutura econ3mica re-ional# atrav)s da construo de estradas# investimentos em ener-ia e comunicaes! * se-unda diretri1 di1 respeito aos incentivos M industriali1ao# por meio do arti-o PK# &ue concedia Ms empresas inteiramente nacionais de todo o pa?s dedues do imposto de renda para fins de aplicao em pro'etos industriais no Nordeste! O :: (lano Diretor# aprovado em IJUP atrav)s da +ei de n_ K!NPJ de NQ de 'un"o# se-uia as diretri1es elaboradas pelo plano anterior contemplando novas Lreas# como educao# treinamento de mo2de2obra# "abitao# instalaes portuLrias# pesca e eletrificao rural! So feitas duas mudanas no arti-o PK8 incluso das atividades a-r?colas na pol?tica de incentivos fiscais[ e e4tino da e4i-ncia de &ue as empresas &ue investissem na re-io tivessem IOOR de capital nacional! ] criado dessa forma o Sistema PKXIB &ue fa1 deslanc"ar o sistema de incentivos# uma ve1 &ue# "L nesse per?odo a vinda para o Nordeste de numerosas empresas instaladas no Sudeste# iniciando2se de fato o processo de inte-rao produtiva do -rande capital industrial# inclusive multinacional! (ara $arval"o (NOOI# a opo por incentivos fiscais# definida no Sistema PKXIB# no ocorreu por mero acaso! Na realidade# a escol"a se-uia diretri1es maiores! O modelo $epalino de desenvolvimento econ3mico proposto para os pa?ses subdesenvolvidos# o &ual atribu?a M ind,stria o papel de romper com o ciclo vicioso da pobre1a# fora escol"ido como marco te.rico referencial! * substituio de importaes# portanto# deveria ser o pilar desse processo! No entanto# por se tratar de uma re-io# seria imposs?vel adotar barreiras alfande-Lrias! * opo# portanto# foi criar um sistema de incentivos fiscais# de forma a atrair empresas para a re-io ($arval"o# NOOI# p! KU! Entre o :: (lano e o ::: (lano Diretor# aprovado em IJUC atrav)s da +ei n` K!BUJ# ocorrem mudanas substanciais no (a?s# afetando diretamente o poder institucional da SUDENE! Em decorrncia do /olpe Militar de IJUK# as mudanas de carLter reformistas# propostas pelo /0DN# &ue vin"am pautando a atuao da *utar&uia# tornam2se cada ve1 manos viLveis# sobretudo no &ue di1 respeito Ms mudanas no mundo a-rLrio! Nesse momento "L um redirecionamento do desenvolvimento re-ional# tornando este um elemento na estrat)-ia -lobal do desenvolvimento em si &ue visa# acima de tudo# inclusive das desi-ualdades re-ionais# a e4panso do mercado interno (/alvo apud $arval"o# NOOI! (odem ser destacados al-uns pontos do ::: (lano Diretor8 intensificao do apoio t)cnico e financeiro para pro-ramas de treinamento de pessoal e de moderni1ao administrativa[ ateno de investimentos em infra2estrutura f?sica e social aos setores de sa,de e educao[ importWncia estrat)-ica da irri-ao do 6ale do So %rancisco# do pro'eto de desenvolvimento inte-rado do vale do ^a-uaribe e do pro-rama de coloni1ao do Maran"o[ e fle4ibili1ao operacional ao mecanismo PKXIB! O :6 (lano Diretor# aprovado atrav)s da +ei n_ C!COB# de II de outubro de IJUB# tem como novidade a constatao de S&ue a ao de desenvolvimento no Nordeste# utili1ada at) ento pela SUDENE# no "avia tra1ido mel"oria si-nificativa nos n?veis de bem2estar da maioria da populaoT ($arval"o# NOOI# p!CI! * industriali1ao# como estrat)-ia de superao do subdesenvolvimento do Nordeste# ) posta em &uestionamento! Ob'etivamente# buscava2se criar no Nordeste um centro aut3nomo de e4panso manufatureira# predominantemente# de base re-ionalista# como forma Sde -arantir o crescimento re-ional sem comprometer a autonomia dos estados nordestinos no processo de inte-rao da re-io no mercado nacionalT (Dini1 %il"o[ 5essa# NOOU! (or)m# para $ano (NOOO# p! IIP2IIK8 Essa tentativa de transplantar para o Wmbito re-ional uma pol?tica cepalina de substituio de importaes referida ao Wmbito nacional era obri-ada a compensar precariamente# por meio de incentivos fiscais# cambiais e financeiros# a ine4istncia de fronteiras pol?ticas re-ionais prote-idas por barreiras tarifLrias e no2tarifLrias! * ri-or# essa concepo industriali1ante do /0DN pode ser criticada por no se ter dado conta de &ue a industriali1ao &ue se processava no pa?s# a partir de meados da d)cada de IJCO# 'L no -uardava as mesmas relaes &ue predominaram no processo at) ento desenvolvido por substituio de importaes! $omo constata $ano (NOOO# cerca de COR dos investimentos incentivados no Norte e Nordeste eram capitais de fora do Nordeste# -rande parte de So (aulo# sendo pe&uena a participao de capitais locais! Outra refle4o feita por $ano (op!cit! ) sobre o tipo de ind,stria &ue se instalou no Nordeste ap.s a SUDENE! 0rata2se de uma ind,stria &ue Spouco teve a ver com o mercado de massa populacional de bai4a renda &ue lL predomina# no solucionando o problema de empre-o e de concentrao de renda urbanaT! * de se levar em conta tamb)m a -rande presso e4ercida por -rupos pol?ticos locais contrLrios a criao da SUDENE# sobretudo -rupos li-ados Ms oli-ar&uias a-rLrias da re-io! Das NB emendas propostas pelo pro'eto de +ei &ue criava o .r-o# IK foram re'eitadas# entre elas a proposta de submisso do DNO$S M SUDENE# sendo o primeiro como um dos .r-os &ue "istoricamente foram apropriados pelas oli-ar&uias locais (Oliveira# IJBI! Some2se a isso o /olpe Militar de IJUK# &ue atin-iu profundamente as propostas do /0DN# sobretudo no &ue di1 respeito Ms propostas de pol?tica a-rLria e a-r?cola# como por e4emplo# a proposta de reforma a-rLria! Notadamente# foram diversos os fatores &ue limitaram a atuao da SUDENE# sendo poss?vel afirmar &ue se tratou de uma moderni1ao conservadora# uma ve1 &ue no foram alteradas substancialmente as desi-ualdades e4istentes na re-io e entre as re-ies do pa?s! CONSIDERA*3ES FINAIS
*s id)ias de (rebisc" sobre os dese&uil?brios dos balanos de pa-amento e4istentes nas transaes comerciais trian-ulares &ue a *r-entina mantin"a com o Reino Unido e com os Estados Unidos da *m)rica# em &ue os superLvits no com)rcio com o primeiro eram utili1ados para compensar os d)ficits com o se-undo# so observados e# a partir disto# (rebisc" percebe &ue "L uma acumulao maior de reservas na economia dominante# a &ue c"amava de centro principal# neste caso os Estados Unidos da *m)rica# em detrimento do pa?s perif)rico H a *r-entina! $om base nessas id)ias# %urtado interpreta a realidade brasileira# particularmente# as desi-ualdades re-ionais e4istentes entre as re-ies Nordeste e $entro2Sul# em &ue esta funcionaria como centro e a&uele como periferia! O pensamento cepalino influenciou fortemente o relat.rio escrito pelo /rupo de 0rabal"o de Desenvolvimento do Nordeste (/0DN e conse&uentemente teve refle4o e marcas na concepo e nas aes da Superintendncia de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE e em seus primeiros planos diretores! Essas id)ias -an"aram eco no 5rasil no -overno do (residente ^uscelino Dubitsc"e> (IJCU2IJUI! Em funo das metas desenvolvimentistas de Dubitsc"e># criou2se a Superintendncia de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE# &ue teve um papel importante no desenvolvimento da Re-io Nordeste H implementar mecanismos estatais de fomento a industriali1ao# &ue permitissem a superao da condio perif)rica e promovesse a diversificao da economia re-ional! Embora e4istam ressalvas (a e4emplo da apropriao do .r-o pelas oli-ar&uias re-ionais# desvios de verbas e obras# etc!# a SUDENE teve papel preponderante no desenvolvimento do Nordeste! REFER4NCIAS: *NDR*DE# Manuel $orreia de! O !ord"s(" " a 56"s(7o r"gio!al8 So (aulo2S(! Ed! 9tica S!*# IJBB! *R*G^O# 0Wnia 5acelar! A 956"s(7o r"gio!al: " a 956"s(7o !ord"s(i!a: :n 0avares# Maria da $onceio (or-! C"lso F6r(ado " o Brasil8 So (aulo2S(8 Ed! %undao (erseu *bramo# pa-! QI2JN# NOOO! $*NO# Filson! F6r(ado " a 56"s(7o r"gio!al !o Brasil in8 0avares# Maria da $onceio! (or-! C"lso F6r(ado " o Brasil8 So (aulo2S(8 Ed! %undao (erseu *bramo# p! JP2INO# NOOO! $*RDOSO# %ernando 7enri&ue! %*+E00O# En1o! D"'"!d$!,ia " D"s"!volvi&"!(o !a A&/ri,a La(i!a ; E!saio d" I!("r'r"(a<7o So,iol=gi,a. Ba edio revista! Rio de ^aneiro8 $ivili1ao 5rasileira# NOOK! $*R6*+7O# %ernanda %errLrio de! Da "s'"ra!<a > ,ris" ; a "?'"ri$!,ia das 'ol-(i,as r"gio!ais !o Nord"s("! Dissertao! (Mestrado! $ampinas8 :EXUnicamp# NOOI! $*S0RO# ^osu) de! 2"ogra.ia da .o&"8 O dil"&a brasil"iro: '7o o6 a<o8 Rio d" Ja!"iro8 Ed! *ntaresX*c"iam)# IOa! edio# IJBO! $O+:S0E0E# Renato (erim! O d"s"!volvi&"!(o ,"'ali!o: 'robl"&as ("=ri,os " i!.l6$!,ias !o Brasil8 So (aulo8 Estudos *vanados! 6ol! IC# 'aneiroXabril de NOOI! Dispon?vel em8 "ttp8XX===!scielo!brXscielo!p"pbscriptcsci@artte4tdpidcSOIOP2 KOIKNOOIOOOIOOOOK! *cesso em OB de setembro de NOIO! D:N:e %:+7O# +uis +opes[ 5ESS*# 6a-ner de $arval"o! T"rri(=rio " Pol-(i,a: as &6(a<@"s do dis,6rso r"gio!alis(a !o Brasil! R"vis(a Es(6dos His(=ri,os# n` IC# IJJCXI! Dispon?vel em8 f"ttp8XX===!cpdoc!f-v!brXrevistaXar&XIUP!pdfg! *cesso em8 NO nov! NOIO! %ERRE:R*# *ssu)rio! Da i!v"!<7o ,riadora do 2TDN > r"i!v"!<7o do .6(6ro !a d/,ada '"rdida in O '"!sa&"!(o d" C"lso F6r(ado " o Nord"s(" AoB"! Rio de ^aneiro2R^! Ed! $ontraponto# NOOJ! %UR0*DO# $elso# IJNO2NOOK! A saga da S6d"!" CDEFGDHIJ8 Rio de ^aneiro8 $ontraponto8 $entro :nternacional $elso %urtado de (ol?ticas (,blicas para o Desenvolvimento# NOOJ! 2TDN ; 2r6'o d" TrabalAo 'ara o D"s"!volvi&"!(o do Nord"s("8 U&a 'ol-(i,a d" D"s"!volvi&"!(o ",o!K&i,o 'ara o Nord"s("! Rio de ^aneiro8 :mprensa Oficial# IJCJ! MORE:R*# 7er.doto! O id"al d" ,ria<7o da SUDENE ,o!(i!6a vivo888 in8 Jor!al do E,o!o&is(a# $ORE$ON2(E! Edio especial (*nalisados os KO anos de criao da SUDENE# Recife# fevereiro de NOOO# p!K! O+:6E:R*# %rancisco! El"gia 'ara 6&a r"CliJgi7o: S6d"!"L Nord"s("L 'la!"Ba&"!(o " ,o!.li(o d" ,lass"s8 Rio de ^aneiro2R^! Ed! (a1 e 0erra# IJBI! S:+6*# Roberto Marin"o *lves da! E!(r" o ,o&ba(" > s",a " a ,o!viv$!,ia ,o& o s"&iMrido: (ra!si<@"s 'aradig&M(i,as " s6s("!(abilidad" do d"s"!volvi&"!(o8 NOOU! 0*6*RES# 7ermes Ma-al"es! A 56"s(7o r"gio!al !o Brasil " a a<7o do Es(ado: D)NGDDN8 NOOQ!