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motivagio € petsistincia e, se houver condigdes, as alteragies necessérias poderio ‘ocorrer, mesr: norque lutar por uma escola livre dentro de uma sociedade repressora do que temos de mais humano, que € a consciéncia, & tarefa de todos, Embora as ‘mudangas também sejam dificultadas pelas condig&es de ensino, os professores devem ter interesses mais ativos, provacando situagGes que facilitem a consecugio de seus ‘objetivos, pois 0 interesse passivo & a busca de "receitas” accité-las € subestimar-se come pessoa profissional sabido que a cultura é uma forma de controlar o comportamento humano © que ‘esse mecanismo de controle é necessério para ordenar o comportamento, Entretanto, & preciso ter consciéncia do que estd orientando 0 nosso agit para que nfo sejamos Feprodutores Inocentes de valores yue poderdo bencficiar zomente uma minoria. Muitos significadas se perderam devido & familiaridade © repetigio e agora precisam ser resgatodos para percebermos onde estamos, o que somos ¢ determinarmos onde {queremos chegar e 0 que queremos ser. As mudangas no ocorrem de repente, por isso & necessério firmeza de propésitos © encarar os destizes, devido aos habitos arraigados, ‘como estégios do desenvolvimento. Espero que 08 questionamentos levantados tenha professoras-sujeitos a refletirem um pouco sobre sua prética ¢ cultura, para poder ladapticlas a realidade e as necessidades atuais. O que também beneficiaré os alunos, que poderio aprender as linguas de uma forma mais abrangente ¢ profunda, melhorando, conseqiientemente, a formagio dos futuros professores, propiciando a aquisigao de uma ‘cultura de aprender e de ensinar mais consciente ¢ a adogao de uma abordagem que mative mais os futuros alunos a aprenderem através do reconhecimento da aplicagio pritica e da importdncia dos conhecimentos. conseguido levar as ‘REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ALMEIDA FILHO, 5.C. P. Dimensies Comanicativas no Ensino de Linguas. Campines: Pontes Eitores, 1993, [RARCELOS, Ana M. FA Cultura de Aprender Lingua Estrangeira (inglés) de Alunos Formandos de Letras, Diseragdo de Mestrado, UNICAMP, Campinas, (995 OURDIEU, P. Seuctures, Habitus, Paces. lav The Logie of Practice, tradi de Richard Nice Stanfouk CA: Stanford Univesity Press, 1992, pp 2268 BROWN, 11D. Teaching by Prnsiples. In: Tenehlog hy Principles: An Interactive Approach to Language Pedagogy. Englewood Cif, Prentice Hal Regents, 1994, pp 15-32, [FRANCHI, Cavfos. Catividade € Grams, Trabalos em Lingistiea Aplicada, aimero 9. Campinas UUNICAMDI987, pp 5-45. FFREIRE, Poul. Educagio como Pritien da Liberdade. Rio de Janeto: Paz e Tera, 198 GIMENEZ, Tela, Learners becoming Teachers. Dissertago de Dostord, Lancaster University, 1994 Geamitica na Escola. Campinas: ALB, Mercodo das Letras, 1997 POSSENTI,S, Por Que () Ensi 270 SCARAMUCC ME. RO Papel do Léa Leura em tt ‘ lo me Lr cm Lingua Eatrangirfco no produ na ‘Processa. Tese de doutorado, UNICAMP, 1995b, fe ai ia SHALLCROSS, 0. J.6 tition co SISK, D. A Intuition - An Lance way of knowing. Buffalo, NY, Beasly Limited, mm bordagem tradicional, porque o professor era s6 transmissor de conhecimento 0 Contudo, © professor 36 conseguird ser um elemento transformador se conseguir wexcrm ples co tn ops Pa cu Anne er sans to ee CE (j4 chegam as universidades com crengas sobre 0 ensino € & aprendizagem), cipias,exereicios gramaticas, decorando regras ¢ vocabulétio, ‘baseando-se cm modelos mot ar so eae men limita o conceito de linguagem, pois nao ‘considera que é através dela que refletimos, 268, ‘Ao tefleti sobre 0s conhecimentos intuitivos das professoras, notei que eles ainda esto bastante superficiais, necessitando serem trabalhados, 0 que poderd ocorrer se 0 professor tornar explicita sua competéncia implicita, conscientizando-se dela, aumentando assim seus conhecimentos, © ideal é a unido da intuigio com a razdo, através da qual se perceberia quais so esses conhecimentos intuitivas e, refletindo sobre cles, haveria uma maior elaboragao e, aos poucos, um aprofundamento. Acredito que no so os formadores de professores que €1 resolver as ocorténci nario 0 professor a de sala de aula, uma vee que no hd como prever os acontecimentos, senda a formagio do professor continuada durante 0 exercicio da profissio, A realidade da sala de aula € complexa ¢ envolve vérios fatores, inclusive os fatores emocionais do momento em que a ago ocorre, restando ao professor muites vezes somente sua intuigfo para abordar o problema em sua totalidade. O conhecimento intuitive nfo € muito aceito nos meios cientificos por considerarem que no hé como ‘comprovi-lo racionalmente, esquecendo-se de que a intuigdo também pode ser verificada pelo pensamento analftico, desenvolvendo assim a autoconfianga. A aceitagio do conhecimento intuitive pode ser stl, pois permite que se lide com varias situagDes a0 mesmo tempo, uma vez que ele surge em blocos, como um todo, 20 passo que racioefnio I6gico analisa cada etapa, sendo mais lento € tortuoso para se descobrir a verdade que nio se sabe conscientemente. User a intuigo pode significar ter que abandonar velhas formas confortiveis de pensar ¢ fazer, desistindo da seguranga dos ‘caminhos jf testados. Segundo Shalleross e Sisk (1989), a intuigdo é 0 estégio bésico da criatividade, definida como uma forma de conhecer do ser humano, que independe de dados cothides fora do sujeito (as informagoes estio armazenadas dentro dele). Dessa forma, ot dadoe @ a ago podem e devem ser analisadas pasteriarmente desempenho, levando 0 professor a adotar um ensino mais reflexive. Com essas afirmagées nfo pretendo afirmar que os professores nfo devem ser otientados sobre as complexidades do ensinar, ¢ sim que devem ser levados a adquirem (© hibito de pesquisar e refletr, uma vez que cabe a cle, agente do ato de ensinar, encontrar as solugées para seus conflitos. Desse modo, podemos perceber que a lacuna esté no conhecimento do professor, que nio se restringe a disciplina que ensina, englobando também o conhecimento de si proprio, dificuldades de relacionamento habilidade em lidar com incidentes. ‘A criatividade na educagio deve estar na capacidade de oferecer respostas novas a ‘uma situagdo determinada, ligando-se, portanto, a habilidade de um individuo em fazer rnovas combinagdes a partir dos elementos que possi. Entretanto, ela s6 ocorterd e se desenvolverd se 0 professor também for crativo. Para isso necessitard de um outro tipo de formagio. Porém, como a formagio € continuada, sempre ha tempo para alteragbes © desenvolvimenios, desde que haja oportunidades para o professor fazer uso de sua liberdade, ousando sem medo de chocar, e sentindo-se impulsionado a resolver problemas Reconhego que alterar teoras,rotinas de trabalho e erengas é um trabalho érduo, pois requer revisies profundas de trabalhos jé realizados, sendo esse um dos grandes obsticalos que se enfrenta quando se pretende introduzir novas abordagens. Todavia, 0s professores estiverem interessados em seu desenvolvimento profissional, haverd 269 | 4 2.1 ~a Gnfase do ensino de LE deve estar em cépias ¢ tradugbes ¢ na memorizago do vocabularios e de regras gramaticeis; a2 a énfase do ensino de LM deve estar no ato mectnico de escrever © na graméticas 7.3 a oralidade em LM nio precisa ser trabalhada porque o aluno jé sabe Fala; 2.4 woralidade em LE se aprende em escolas de lingua 25 — a LE é tratada com descaso porque nao reprova, nfo hi orientador © sela- ambiente a lingua © @ linguagem séo vistas como cédigos a serem decodificados para serem entendidos, nfo necessitando 0 aluno desenvolver seu espitito critica e racioefnio para adquirir conhecimentos; “ho que acontece fora da sala de aula interfere na CE do professor e na CA do aluno; 5 <0 professor reforga a tradigdo de ensinar insttutda devido & sua formagio (imitando ex-professores) e a seguir rotinas de trabalhor é - 0 que 0 professor nfo aprendeu como aluno, ele aprender na prética , wiravés de tentativase ros, baseando-se em teorias bem accitas; to ni esté alterando a tradigfo de ensinar centrada no professor ieressado e cobra do professor a abordagem tradicional, a sala. de aula nio € tida como lugar para pesquisa, andlise © reflexso sobre ‘ensino © aprendizagem; arta ar mais qu os profesoresc artant, km antoridadee ever deans omer 3, DISCUSSAO DOS RESULTADOS COM AS DUAS PROFESSORAS QUE COMPARECERAM A REUNIAO Foram convidadas 15 professoras para a discussio dos resultados da pesquisa, porém somente duas compareceram, sendo uma das profesoras que responden 29 {gustionéro piloto (P14) eoutra que teve suas eulas abservadas e gravaia (PS), ssa Trofessoras concordaram com as conclusGes, acrescentando que as, mudangas a moraram muito para acontecer,estando as ra(zes muito profundas, além do novo gerar inceguranga, o que aumenta a resistencia tanto dos alunos quanto dos professores ‘Com relaedo a abordagem em sala de aula, PS declarou que acredita que a estrutura deve ser ensinada descontertualizada também, ou seja, deve ser intoducida uma nogso feral (o exqueleto da lingua) e depois priorizar interpretago, letra ¢ producio de {eat A professora fundamenta sua colocago através da abservagfo de que quando fo} axinada somente através de textos nfo aprendeu (influéneia da CA), P14 explicou que & primeira abordagem & via estratégias de litura,iniiando @ processo pelo texto € no Saucon snte ird facilitar o ensino ¢ a aprendizagem, uma rs pte red que crn da sanbinte i i a 1 ee ao dpenteh nade al, Sav ambit so cess oot» sez au a a i ae (emp able Fors) € 9 rer runes mt Sinan vets lone xamoveem 266 pelas regras gramaticais, mas em seguida sio feitos exercicios de aprofundamento para se inferir as regras. ‘Como podemos notar o problema € COMO ensinar, no havendo um questionamento sobre ensinar ou no a estrutura da Ifngua. PS reconheceu que estava sendo levada pela CA dos alunos e informou que neste ano (1998) esté mudando sua abordagem ao exigit mais pesquisas dos ahmos, Acrescentou que os interessados apresentam bons resultados e os outros afirmam que nio encontraram as informa ‘que os colegas estio apresentando. Para a professora, os alunos 86 tomar consciéneia da necessidade dos estudos quando perderem competigdes no mercado de trabalho, 0 que & alertado. P5, conforme jé afirmado, se diferencia de suas colegas por ser mais consciente de suas atitudes, reclamando da falta de tempo para poder refleir mais sobre seu ensinar. ‘Com relagao ao fato de que 0s alunos nao sero mais reprovados, acreditam que os alunos mais interessados estio se desmotivando porque eles se esforgam e todos passam, além de serem rotulados de bajuladores ¢ tolos. Percebo que « tentativa de igualar & sempre objetivando o nivel mais baixo € para que i380 ndo ocorra e os alunos mais dedicados nio desanimem hé necessidade, primeiramente, de uma mudanga de valores, fou seja, conscientizar os alunos da utilidade prética do que estio aprendendo, desvinculando o objetivo do ensino e da aprendizagem da nota e do passar de ano, Para isso 0s papéis dos alunos e do professor deverdo ser revistos, mesmo porque hoje 0 computador fornece informagdes, devendo a fung0 do professor ir além desse ponto, orientando o aluno sobre como aprender, refletire aplicar os conhecimentos, levando-os a assumirem responsabilidades também. 4. CONCLUSAO Diante do acima exposto, concluo que, devido a formagio do professor e & falta de crientagio © motivagio para alterarem a abordagem insttuida, as professoras ainda screditam, mesino que intutivamente, que © processo ensino-aprendizagem & como Paulo Freire (1980) 0 definiu: um processo bancario, no qual os alunos recebem, arquivam, © estocam os depésitos, sem reflexéo ou critcas, cooperando para & manutengio da tradigio de ensinar, através da criagdo de rotinas de trabalho, sem desenvolverem sua cflatividade ou a do aluno, reforgando a CA dos alunos (que se converterd em CE mais tarde), aflo « modifiando. Portanto, da mesma forma que as faulas que assistiram como estudantes foram cansativas, assim esto sendo as eulas de seus alunos, formando um ciclo viioso. "Na escola foi predominante uma aitude que abjetivasse o desenvolvimento do lado esquerdo do cérebro, 0 mais racional. Porém, agora, este quadro esté necessitando ser alterado para que a intuigdo aflore, as emogGes sejam trabalhadas e as erengas refletdas, ‘use, esté havendo wma mudanga de valores e a propria atitude que estésendo exigida do professor em sala de aula (chamaro aluno a participar) € representativa de uma visio ‘ais holistica do processo. Porém, o professor necessta vivenciar essa mudanga para entender 0 processo para depois passi-lo a seus alunos, o que nio era necessério na 267

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