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Análise de Cadeias Produtivas de

Matérias Primas Energéticas

Antônio Maria Gomes de Castro, PhD


Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento –
Embrapa-DPD
Plataforma em Agroenergia

Florestas
Biodiesel
Energ éticas
Energéticas

Espécies
Espécies
Etanol
Potenciais
Rede Biodiesel

Objetivo Geral
Desenvolver tecnologias para produção
competitiva e sustentável de matéria
primas para o processamento de
biodiesel (canola, dendê, mamona,
girassol, soja) e aproveitamento de co-
produtos, analisando os impactos
sociais e econômicos destas
atividades.
Viabilidade e competitividade de cadeias
produtivas de biodiesel
Objetivos do estudo
• Objetivo geral:
• Prospectar ameaças e oportunidades para a viabilidade,
competitividade e sustentabilidade das cadeias produtivas de
biodiesel de soja, canola, girassol, mamona e dendês e propor
políticas públicas e estratégia de gestão para o desenvolvimento
dessas cadeias.
• Objetivos específicos:
• Diagnosticar o desempenho das cadeias produtivas de combustíveis
em relação à sua eficiência, qualidade de produtos e
competitividade (entre as cadeias, e entre elas e a de óleo diesel).
• Prospectar a viabilidade de cada cadeia produtiva.
• Comparar o desempenho futuro das cadeias produtivas como
competidoras no mercado de combustíveis de óleos vegetais.
• Propor políticas públicas e estratégia de gestão para apoiar o
desenvolvimento das cadeias produtivas.
Marco
conceitual:
cadeias
produtivas e
sistemas
Ambiente organiz acional (pes quis a, ater, crédito, comercializ ação, etc.

ornecedores
S is temas
produtivos Us inas de Us inas de D is tribuição Dis tribuiç ão C ons umidores
produtivos,
complexos
de ins umos agrícolas es magamento biodies el atac adis ta varejis ta finais

C adeia de Dendê

P roduç ão E s magamen P rodução de


Ins umos agrícola to biodies el

Ins umos
C adeia de mamona

P roduç ão E s magamento
P os tos
urbanos
T rans porte
leve agroindustriais
(CAI)
agrícola G randes
us inas
C adeia de s oja
ANP /
Ins umos
P roduç ão E s magamento P etrobrás
agrícola

C adeia de giras s ol

P rodução
Ins umos E smag amento Us inas
agríc ola P os tos T rans porte
médias /
es tradas pes ado
pequenas
C adeia de canola

P rodução
Ins umos agríc ola
E smag amento
O utras
ma térias
primas

Ambiente ins titucional (leis ambientais , programas , normas de


comercializ ação, de qualidade, etc.)
Entrevistas realizadas por cadeia
produtiva
Número de entrevistas / cadeia produtiva
ESTADOS
Soja Dendê Girassol Canola Mamona Total
Rio Grande do Sul 1 5 10 16
Paraná 23 6 3 32
Goiás 9 9
Mato Grosso 14 4 18
Bahia 15 15
Ceará 15 15
Pará 7 7
Mato Grosso do Sul 1 1
Amazonas 4 4
Minas Gerais 1 1
Total 49 11 15 13 30 118
Biodiesel, produção e capacidade produtiva
mundial, 2002-2008, em mil T/ano

(Fonte: Emerging Markets Online, 2009)


Capacidade instalada e produção no Brasil

Produção de 1.798
milhões de litros/ ano,
ociosidade de 72%.

Fonte: Boletim Mensal de Biodiesel (2008)


Matérias-primas utilizadas para a produção de
biodiesel, na Europa e no Brasil.

EUROPA BRASIL

Fontes: CAER, 2009; ANP, 2008)


Preços médios anuais de diferentes matérias-primas para
biodiesel, 2000 a 2008. Fonte: FMI, Index Mundi, 2009.
O CAI do Biodiesel
Ambiente organiz acional (pes quis a, ater, crédito, comercializ ação, etc.
S is temas
ornecedores produtivos Us inas de Us inas de D is tribuição D is tribuição C ons umidores
de ins umos agrícolas es magamento biodies el atac adis ta varejis ta finais

C adeia de D endê

P rodução E s magamen P rodução de


Ins umos agrícola to biodies el

C adeia de mamona
P os tos T rans porte
P rodução leve
Ins umos E s magamento urbanos
agrícola G randes
us inas
C adeia de s oja
ANP /
Ins umos
P rodução
E s magamento P etrobrás
agrícola

C adeia de giras s ol

P rodução
Ins umos E s mag amento Us inas
agrícola P os tos T rans porte
médias /
es tradas pes ado
pequenas
C adeia de canola

P rodução
Ins umos agrícola
E s mag amento
O utra s
ma térias
prima s

Ambiente ins titucional (leis ambientais , programas , normas de


comercializ ação, de qualidade, etc.)
Modelo da cadeia produtiva da soja
Ambiente organizacional: associações, pesquisa, assistência técnica,
cooperativas, firmas.

Estabelecimentos
Processamento e Atacadista Varejistas C
Insumos Agrícolas Comercialização
O
Ind. de limpeza, N
cosmeticos,
explosivos S
Pequenos produtores Agroindustria de
esmagamento, U
Máquinas do sistema sub-tropical
refino e de M
e Implementos transesterificaçao
Médios produtores do Postos de I
Distribuidora de
Sistema sub-tropical combustíveis
biodiesel D
Outros Usinas de
insumos O
Grandes produtores transesterificação
Industria de Supermercados, R
dos Cerrados alimentos Mercearias,
Industria de (lecitina e oleo Drogarias
esmagamento comestivel) F
I
Industria de N
refino
A
Cadeia integrada
Industria de L
ração (farelo) de carnes

Traders de grãos
Mercado internacional

Ambiente institucional: cultura, tradições, costumes, hábitos, política macro-


econômica e setorial governamentais, leis, regulamentos

FIGURA 3.8: Modelo da Cadeia Produtiva de Biodiesel de Soja


Produção de biodiesel no CAI .
Grandes usinas Usinas médias e pequenas
Situação (produção > ou = 100 milhões l/ano) (produção < 100 milhões l/ano)
atual da Total Total
usina Capacidade Capacidade
Número produzido Número produzido
(milhões l) (milhões l)
(milhões l)* (milhões l)*

Produzindo 9 1061 332,1 30 737 169,29

Construída e
1 170 - 13 218 20,4
sem produção

Em
7 1097 1,1 29 982 -
construção

Em
1 120 - 17 660 -
planejamento

Planejamento 6 623 - 9 310 -

Piloto - - - 2 34 -
TOTAL 24 3071 333,2 100 2941 189,69

Produção das grandes 10,85% da capacidade instalada


(ociosidade de 89,15%). As pequenas e médias 6,45%
da capacidade instalada (ociosidade de 93,55%).
Capacidade instalada e produção regional

Norte Nordeste

Centro
Oeste
Produção regional de Biodiesel
2005-2008

Fonte: ANP (2009)


Matérias primas para o biodiesel
• 48 espécies vegetais como possíveis fontes de óleo
(Castor oil site, 2006).
• O dendê tem maior rendimento (5.132 Kg de óleo/ha). O
milho é o menor (133 kg de óleo/ha).
• Alternativas muito promissoras - Macaúba, Pequi, Buriti,
Oiticica, Coco, Abacate, Castanha do Pará, Pinhão
Manso, Babaçu, Jojoba, Bacuri, Piaçava. rendimentos de
óleo de 1200 a 3800 Kg/ha (Castor oil site, 2006).
• A baixa intensidade tecnológica e pouca disponibilidade
de conhecimento sobre processos produtivos são
limitantes ao aproveitamento.
• A gordura animal (sebo, gordura bovina, de aves e
peixes) e o os óleos reciclados têm sido utilizados como
fonte de matéria prima.
• Em um ano, o preço da tonelada do sebo aumentou em
quatro vezes. É a segunda fonte de MP no Brasil.
Eficiência Econômica no Mundo
FAO (2008) avaliou a eficiência econômica da produção de
biocombustíveis no Brasil, União Européia e Estados
Unidos:
• Os produtos mais eficientes foram o etanol de cana e o
biodiesel de soja, do Brasil (o etanol, custos menores que
a gasolina, e o biodiesel com custos um pouco mais
elevados que o óleo diesel.
• O biodiesel de colza - Europa custos de produção 2,5
vezes superiores ao biodiesel de soja brasileiro (na
Europa, de US$ 1,0 a 1,8 por litro, no Brasil de US$ 0,4 a
0,8 por litro).
• Na Europa como no Brasil, os custos da matéria prima
(óleo de colza e de soja) - mais de 80% dos custos totais
do biodiesel.
• Os custos de processamento industrial do biodiesel, são
semelhantes, ligeiramente inferiores no Brasil.
Gestão da Competitividade do
Biodiesel
Eficiência produtiva no setor agrícola

• sob o ponto de vista da competitividade das cadeias, o


esforço mais relevante deve ser direcionado ao
abaixamento do custo das matérias primas do
biodiesel;
• aumentos de produtividade e abaixamento de custos
de produção são caminhos para abaixamento do custo
dos óleos
• Tais resultados serão trabalhados no setor produtivo
agrícola e envolvem inovação tecnológica e gerencial.
Comparação de Normas
Brasil, EUA, UE
• Categoria A (Similar): Cinzas de sulfatos; Metais grupo I (Na +
K); Metais grupo II (Ca + Mg); Glicerol livre; Corrosão na
lamina de cobre; Conteúdo de metanol ou etanol; Índice de
acidez.
• Categoria B: (Diferenças significativas): Glicerol total; Conteúdo
de fósforo; Resíduo de carbono (em 100% da amostra);
Conteúdo de ésteres; Temperatura de destilação; Ponto de
fulgor; Contaminação total, Conteúdo de água e sedimentos.
• Categoria C (Diferenças fundamentais): Conteúdo de
enxofre; Ponto de entupimento do filtro a frio; Número
de cetano; Estabilidade de oxidação,; Conteúdo de
mono, di-, tri-acilglicerol; densidade; viscosidade,
Número de iodo; Conteúdo de éster metílico de ácido
linoléico; Ésteres metílicos poliinsaturados.

Fonte: TRIPARTITE TASK FORCE BRAZIL, EUROPEAN UNION & UNITED STATES OF
AMERICA (2007).
Normas de Qualidade -
Implicações
•As especificações do biodiesel podem estar ou não
vinculadas com a matéria prima local e as características
de mercados locais.
Diferenças significantes nas especificações do biodiesel
podem ser consideradas com limitantes ao comércio.
Tais discrepâncias podem vir a ser usadas como barreiras
no futuro, como formas de proteção a nichos ineficientes
de produção local.
os custos de avaliação de qualidade são fixos,
independentes do tamanho da partida avaliado. o aumento
da escala de produção reduz os custos totais, tornando-se
uma vantagem competitiva.
Matérias-primas: Grãos, sementes,
frutos
Canola
Área colhida (ha) e produção (T) de
canola, na Argentina (A) e no Brasil (B),
2001-2009.

A B
Oportunidades e Limitações da canola, como
matéria-prima para biodiesel
OPORTUNIDADES LIMITAÇÕES
• Elevada demanda • Mais adaptada a regiões
mundial por esta matéria- de clima frio, no Brasil
prima • Reduzida escala de
• Elevada produtividade produção atual
obtida, no Brasil. • Potencial irregularidade
de oferta
• Preços do óleo com
tendência de crescimento
no mercado nacional.
Matérias-primas: Grãos, sementes,
frutos
Girassol
Produção e área colhida de sementes de
girassol, no Brasil, de 2004 a 2008. Fonte:
Agrianual, 2009.
Oportunidades e Limitações do girassol, como
matéria-prima para biodiesel

OPORTUNIDADES LIMITAÇÕES
• Qualidade do óleo • Reduzida importação e
• Possibilidade de ocupar exportação, pouco
excedente para novo
espaços de mercado de negócio
alimentos em substituição
• Preços geralmente acima
a outras alternativas aos das demais
direcionadas ao biodiesel. commodities
• Baixa escala de produção
• Potencial irregularidade
de oferta
Matérias-primas: Grãos, sementes,
frutos
Mamona
Preços mensais de mamona na Bahia,
2004-2008. Fonte: Agrianual, 2009.
Oportunidades e Limitações da mamona,
como matéria-prima para biodiesel
OPORTUNIDADES LIMITAÇÕES
• Possibilidade de • Baixa capacidade
crescimento da mundial, na produção
produtividade (como
• Irregularidade na
demonstram outras
regiões) produção (Brasil e
mundo)
• Possibilidade de combinar
tradição nordestina com • Baixa produtividade
capacidade de gestão (Brasil e Mundo).
sulista
• Incentivos dados pelo
PNPB
CARACTERÍSTICAS DO AGRONEGÓCIO DA
MAMONA - gargalos
™ Produção predominantemente manual.
™ Desorganização e inadequação dos sistemas de produção:
9 baixos níveis tecnológicos - no que se refere ao uso de
fertilizantes, sementes de cultivares melhoradas
geneticamente (mais produtivas e resistentes),
9 manejo do solo e sistemas de cultivo inadequados
(consórcios com gramíneas),
9 falta de orientações técnicas nas diferentes etapas agrícolas,
9 presença de oligopsônios.
™ Reduzida oferta de crédito ao produtor agrícola.
™ Baixos preços recebidos pelos produtores
™ Instabilidades climáticas na principal região produtora.
(Trabalho apresentado no I Congresso Brasileiro da Mamona: Segmentos do agronegócio
da mamona – diagnóstico da ricinocultura da região de Irecê (BA). BELTRÃO, Napoleão E. de M.
et al. 23 -26 de novembro de 2004, Campina Grande – PR.)

MFMMS/EMBRAPA/DPD 30
Matérias-primas: Grãos, sementes,
frutos
Soja
Produção e área colhida de soja, 2001-
2009, no Brasil. Fonte: Agrianual, 2009.
Oportunidades e Limitações da soja, como
matéria-prima para biodiesel
OPORTUNIDADES LIMITAÇÕES
• Elevada escala de produção • Potenciais barreiras por
• Elevada regularidade de emissão de gases de efeito
oferta estufa
• Aumento de produção • Necessidade de aumento de
resultante de produtividade área para expansão
• Mercado interno e externo • Competição do óleo de
cozinha (produto
• Organização da cadeia
secundário)
• Preferência do mercado
• Ausência de competição
com alimentos
Matérias-primas: Grãos, sementes,
frutos
Dendê
Produtos da agroindústria do dendê
220 kg óleo de palma
(22%)

25 kg óleo de palmiste
(2,5%)
35 kg torta de palmiste
(3,5%)
1 ha = 20ton cachos
220 kg de cachos vazios
1ton de cachos (adubação da plantação)

120 kg de fibras
(caldeira/cinzas)
50 kg de casca
(caldeira, estradas)

1.330 kg efluentes
Fonte: DENPASA
(Adubação da plantação)
Empresas Capitalistas
Receitas, custos e saldos
80000

70000
Custo Acum Receita Acum Saldo Acum

60000

50000
Valores em (R$)

40000

30000

20000

10000

0
N-2 N-1 N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25

-10000

Anos de produção

Figura 8.7. Custos, receitas e saldos acumulados das empresas capitalistas de médio e grande porte,
ao longo do ciclo de vida do dendê.
Empresas Familiares
Receitas, custos e saldos
80,000.00

70,000.00

60,000.00

50,000.00
R$/ha/ano

40,000.00

30,000.00

20,000.00

10,000.00

0.00
N- N 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
-10,000.00 1
Anos do ciclo produtivo

Receita Acum Custo Acum Saldo Acum

Figura 8.9. Custos, receitas e saldos acumulados das empresas familiares, ao longo do
ciclo de vida do dendê.
Oportunidades e Limitações do dendê, como
matéria-prima para biodiesel
OPORTUNIDADES LIMITAÇÕES
• Alto potencial brasileiro
para a produção de • Baixa escala de produção
palma • Apresenta características
• Alta demanda do inadequadas para o
mercado externo mercado externo (cfpp)
• Produtividades próximas • Potencial competição com
às mundiais indústria alimentícia
• Características adequadas
à maioria das regiões
brasileiras
Limitações (processo produtivo)
• Investimento de longo prazo
• Amarelecimento Fatal
• Falta de linha de crédito adequada a atividade
• Infra-estrutura deficiente
• Carência de mão-de-obra (qualificação e
tradição)
• Legislação ambiental
O PESO DOS INSUMOS
• Custos Goiás e Mato
Grosso
(%) 1.400kg/ha 1.400 kg/ha PD 1.900 kg/ha 2.100 kg/ha PD
Sub-Total 1: Operações 40,22 33,27 37,31 28,02
Sub-Total 2: Insumos 43,99 50,58 47,15 56,33
Sub-Total 3: Administração 8,74 8,93 8,29 7,97
Sub-Total 4: Pós - Colheita 7,06 7,22 7,25 7,68

Mato Grosso do
Paraná Sul (%)
(%) Custo fixo 25,41
Subtotal 1: Insumos 59,33 Custo Variável 74,59
Subtotal 2: Operações 23,49 Insumos 56,87
Subtotal 3: Administração 17,18 Operações agrícolas 9,49
Outros 8,23

Fonte: Elaborado pelo autor a partir de: Tab 1 – Agrianual 2006; Tab 2 - http://www.cnpso.embrapa.br/producaogirassol/tab/Tab4.htm; Tab 3 - Alceu Richetti -
Comunicado Técnico 115 – “Estimativa do custo de Produção de Girassol, Safra 2006” – Dourados, MS – Dezembro de 2005
O PESO DOS INSUMOS
• Para a empresa familiar, os três itens com maior impacto sobre o
custo total de produção são: adubação de base (30,61%),
adubação de cobertura com uréia (16,15%) e a colheita (6,62%).
• A contribuição da adubações de base e de cobertura para o
custo total de produção é elevada (46,76%). Para a empresa
capitalista, este valor chega a 51,61%.
• Em termos de estrutura de custos, verifica-se ainda que,
enquanto os insumos respondem pela maior parte do custo total
(66,29%), as despesas com operações agrícolas e outros itens
representam, respectivamente, 22,21% e 15,50% desse custo.
Obrigado !
Antonio.castro@embrapa.br
Antonio.gomesdecastro@gmail.com

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