D. Pedro II tradutor: análise do processo criativo
Sergio Romanelli, Adriano Mafra, Rosane Souza
Resumo
http://dx.doi.org/10.5007/2175-7968.2012v2n30p101
Nesta comunicação investiga-se o trabalho tradutório de D. Pedro II. Ao longo de sua vida demonstrou grande interesse pelas línguas. Falava alemão, italiano, espanhol, francês, latim, hebraico e tupi-guarani. Lia grego, árabe, sânscrito e provençal. Fez traduções do grego, do hebraico, do árabe, do francês, do alemão, do italiano e do inglês. Objetiva-se delinear o processo criativo do tradutor através da Crítica Genética e dos Estudos Descritivos da Tradução, pois ambos privilegiam o processo em relação ao produto final. As principais fontes documentais em que se baseiam as investigações aqui propostas são manuscritos autógrafos de traduções diretas do árabe, italiano, espanhol, francês e sânscrito, o diário do imperador, além de cartas e livros da sua biblioteca pessoal. Pretende-se reconstruir não somente o perfil de tradutor de D. Pedro II, suas ideias e atitudes acerca da atividade tradutória, mas também o estudo daquela rede única de contatos, leituras e influências procedentes de várias culturas, não somente europeias, que o imperador conseguiu tecer.
Palavras-chave
D. Pedro II, análise genética; interculturalidade;tradução
D. Pedro II tradutor: análise do processo criativo
Sergio Romanelli, Adriano Mafra, Rosane Souza
Resumo
http://dx.doi.org/10.5007/2175-7968.2012v2n30p101
Nesta comunicação investiga-se o trabalho tradutório de D. Pedro II. Ao longo de sua vida demonstrou grande interesse pelas línguas. Falava alemão, italiano, espanhol, francês, latim, hebraico e tupi-guarani. Lia grego, árabe, sânscrito e provençal. Fez traduções do grego, do hebraico, do árabe, do francês, do alemão, do italiano e do inglês. Objetiva-se delinear o processo criativo do tradutor através da Crítica Genética e dos Estudos Descritivos da Tradução, pois ambos privilegiam o processo em relação ao produto final. As principais fontes documentais em que se baseiam as investigações aqui propostas são manuscritos autógrafos de traduções diretas do árabe, italiano, espanhol, francês e sânscrito, o diário do imperador, além de cartas e livros da sua biblioteca pessoal. Pretende-se reconstruir não somente o perfil de tradutor de D. Pedro II, suas ideias e atitudes acerca da atividade tradutória, mas também o estudo daquela rede única de contatos, leituras e influências procedentes de várias culturas, não somente europeias, que o imperador conseguiu tecer.
Palavras-chave
D. Pedro II, análise genética; interculturalidade;tradução
D. Pedro II tradutor: análise do processo criativo
Sergio Romanelli, Adriano Mafra, Rosane Souza
Resumo
http://dx.doi.org/10.5007/2175-7968.2012v2n30p101
Nesta comunicação investiga-se o trabalho tradutório de D. Pedro II. Ao longo de sua vida demonstrou grande interesse pelas línguas. Falava alemão, italiano, espanhol, francês, latim, hebraico e tupi-guarani. Lia grego, árabe, sânscrito e provençal. Fez traduções do grego, do hebraico, do árabe, do francês, do alemão, do italiano e do inglês. Objetiva-se delinear o processo criativo do tradutor através da Crítica Genética e dos Estudos Descritivos da Tradução, pois ambos privilegiam o processo em relação ao produto final. As principais fontes documentais em que se baseiam as investigações aqui propostas são manuscritos autógrafos de traduções diretas do árabe, italiano, espanhol, francês e sânscrito, o diário do imperador, além de cartas e livros da sua biblioteca pessoal. Pretende-se reconstruir não somente o perfil de tradutor de D. Pedro II, suas ideias e atitudes acerca da atividade tradutória, mas também o estudo daquela rede única de contatos, leituras e influências procedentes de várias culturas, não somente europeias, que o imperador conseguiu tecer.
Palavras-chave
D. Pedro II, análise genética; interculturalidade;tradução
CRIATIVO Sergio Romanelli Universidade Federal de Santa Catarina sergioroma70@gmail.com Adriano Mafra Universidade Federal de Santa Catarina adrianoschrull@gmail.com Rosane de Souza Universidade Federal de Santa Catarina rosanemay@hotmail.com Resumo: Neste artigo investiga-se o trabalho tradutrio de D. Pedro II. Ao longo de sua vida demonstrou grande interesse pelas lnguas. Falava alemo, italiano, espanhol, francs, latim, hebraico e tupi-guarani. Lia grego, rabe, snscrito e provenal. Fez tradues do grego, do hebrai- co, do rabe, do francs, do alemo, do italiano e do ingls. Objetiva- -se delinear o processo criativo do tradutor atravs da Crtica Gentica e dos Estudos Descritivos da Traduo, pois ambos privilegiam o processo em relao ao produto final. As principais fontes documentais em que se baseiam as investigaes aqui propostas so manuscritos autgrafos de tradues diretas do rabe, italiano, espanhol, francs e snscrito, o dirio do imperador, alm de cartas e livros da sua biblioteca pessoal. Pretende- -se reconstruir no somente o perfil de tradutor de D. Pedro II, suas ideias e atitudes acerca da atividade tradutria, mas tambm o estudo daquela rede nica de contatos, leituras e influncias procedentes de vrias cultu- ras, no somente europeias, que o imperador conseguiu tecer. Palavras-chave: D. Pedro II, anlise gentica, interculturalidade, traduo. Sergio Romanelli, Adriano Mafra & Rosane de Souza 102 D. PEDRO II AS TRANSLATOR: AN ANALYSIS OF THE CREATIVE PROCESS Abstract: This paper investigates the translation work of D. Pedro II. Throughout his life he showed great interest in languages. He spoke Ger- man, Italian, Spanish, French, Latin, Hebrew and Tupi-Guarani. He read Greek, Arabic, Sanskrit and Provenal. He translated from Greek, Hebrew, Arabic, French, German, Italian and English. The aim of this research is to delineate the creative process of the translator through the Genetics Critics and the Descriptive Studies of Translation, because both of them privilege the process in relation to the final product. The main documentary sources on which this research is based on are autograph manuscripts of direct translations from Arabic, Italian, Spanish, French and Sanskrit, the Emperors diary, in addition to letters and books from his personal library. The paper intends to rebuild not only the translator profile of D. Pedro II, his ideas and attitudes towards the translation ac- tivity, but also the study of the unique network of contacts, readings and influences proceeding from many cultures, not only Europeans, that the Emperor was able to intertwined. Keywords: D. Pedro II, genetic analysis, interculturality, translation. Introduo O projeto D. Pedro II: um tradutor Imperial, vinculado ao N- cleo de Estudos do Processo Criativo (NUPROC UFSC, http:// www.nuproc.cce.ufsc.br), pretende divulgar a atividade intelectual deste personagem ligado histria do Brasil e de Portugal, mas pouco citado e conhecido por sua atuao enquanto tradutor. Pre- tende-se analisar as tradues literrias, de vrias lnguas clssicas e modernas, realizadas pelo imperador e ignoradas pelos registros oficiais que focaram notadamente seus atos polticos e administrati- vos. O objetivo deste projeto consiste na reconstruo no somente do perfil de tradutor de D. Pedro II, de suas ideias e atitudes acerca da atividade tradutria, mas tambm no estudo daquela rede nica 103 D.Pedro II tradutor: anlise do processo criativo de contatos, leituras e influncias procedentes de vrias culturas, no somente europeias, que o imperador conseguiu tecer. Atravs do estudo dessas tradues, busca-se reconstituir essa complexa rede de contatos e estudar que peso teve na constituio da identidade brasileira. De um ponto de vista absolutamente interdisciplinar, o projeto almeja ainda contribuir com os Estudos da Traduo, com a Crtica Gentica, com a Histria e com a Literatura Brasileiras. Se- ro utilizados como embasamento terico e metodolgico os Estudos Descritivos da Traduo e a Crtica Gentica a fim de reunir dados sobre esse tradutor e seu processo criativo. O Imperador tradutor D. Pedro II, ou O Magnnimo, nasceu em 02 de dezembro de 1825 e governou o Brasil no perodo de 1840 a 1889, destacando- -se como um grande incentivador da cultura e da educao. Alm disso, tornou-se, com o passar do tempo, um convicto tradutor, anotando em seus dirios no apenas observaes cotidianas de tudo que o cercava, mas tambm sobre tradues de diversas obras em diversas lnguas que fizera ou que almejava fazer. O estudo de lnguas absorveu grande parte da vida do impera- dor, atividade por ele desenvolvida de maneira intensa. O gosto pelo estudo de lnguas teve incio na infncia quando o pupilo da nao preparava-se para ocupar o cargo de chefe de estado. Entre as lnguas que figuravam nessa primeira fase estavam o ingls e o francs, logo aps somaria o alemo, o italiano e o espanhol. J em 1875, o monarca iniciou os estudos das lnguas do oriente mdio, como o rabe, o hebraico e o snscrito. Segundo Holanda (2010), a disposio para o estudo das lnguas era tamanha que mesmo em viagens, seus mestres o acompanha- vam. Um depoimento da princesa Teresa da Baviera, que esteve no Brasil pouco antes da queda da monarquia, diz que D. Pedro II do- minava quatorze lnguas, e que durante sua estada no pas ela o viu Sergio Romanelli, Adriano Mafra & Rosane de Souza 104 traduzir textos do rabe e tambm textos dificlimos do hebraico. Com a princesa, D. Pedro II discutiu sobre a literatura alem nas muitas conversas que tiveram. Para Holanda (2010) as afirmaes da princesa precisam ser avaliadas moderadamente, pois necessita- ria saber o nvel de conhecimento lingustico dela para ento verifi- car suas avaliaes a respeito do imperador. Entretanto, Carvalho (2007) pondera sobre a memria prodigiosa de D. Pedro II, que lhe permitia lembrar com facilidade praticamente tudo o que lia. O imperador traduziu uma gama variada de textos. Em seu di- rio pessoal encontram-se tambm anotaes a respeito de suas tradues e das datas em que foram realizadas e dos ttulos das obras que se props a traduzir. Nomes como Hugo, Longfellow, Manzoni, Schiller, Ligeard, Homero, Lamartine despontavam entre os autores traduzidos. Dedicou-se de igual forma troca de correspondncias e a encontros com inmeros intelectuais, poetas e escritores de diversas partes do mundo. Por meio das cartas e das conversas, D. Pedro obtinha informaes, tirava dvidas sobre pa- lavras, trocava opinies, alm de receber apoio desses intelectuais que admiravam sua dedicao traduo. Podemos citar como exemplo as correspondncias trocadas en- tre o imperador e Joseph Arthur de Gobineau (Ville-dAvray, 14 de julho de 1816- Turim, 13 de outubro de 1882), um dos mais importantes tericos a tratar da questo do racismo no sculo XIX. Gobineu foi, tambm, diplomata, escritor e filsofo, tornando-se amigo de D. Pedro II depois de sua estada no Brasil como minis- tro da Frana. Em cartas enviadas ao seu amigo Prokesch-Osten, Gobineau declara seu horror ao Brasil, mas no ao governante do pas, que ele lamenta ser Imperador, pois possui talentos e mri- tos demais para tal cargo (RAEDERS, 1944, XIX). 1 Quando Gobineau residiu no Rio de Janeiro, ele e o imperador reuniam-se em So Cristovo aos domingos para conversar sobre literatura, cincias e outros temas. Essas tardes so lembradas por ambos nas correspondncias. O Conde escreve que ele e D. Pedro II conversam sobre muitos assuntos e nem sempre eram da mes- 105 D.Pedro II tradutor: anlise do processo criativo ma opinio (RAEDERS, 1938, p. 12). Eram homens com atitudes muito diferentes, um ponderado e calmo e o outro impulsivo, vio- lento. Entretanto, amavam a literatura e a arte e esse era o ponto central de suas palestras em So Christovo e das correspondn- cias que iniciaram aps o retorno do Conde ao seu pas em 1870. Em carta datada de 24 de julho de 1870, que segundo Raeders a primeira endereada ao imperador, ele relata, entre outros as- suntos, sobre uma bella publicao feita na Allemanha, por Flugel, o Editor de Koran. Elle imprime neste momento a especie de encyclopedia arabe de Ennedyn, intitulada: Thrist-al Ouloum, o catalogo das Sciencias. Infelizmente, [...], elle d o texto, notas, commentarios e nada de traduco [...]. (RAEDERS, 1938, p. 19) Ou em 7 de janeiro de 1871: A inteno que vossa magestade tem de continuar as duas traduces de Isaias e de Prometheu me causa um prazer extremo. (RAEDERS, 1938, p. 34). Um dos temas que se prolonga pelos vrios anos de correspon- dncias entre os dois amigos a traduo do Prometeu acorren- tado de Esquilo, qual D. Pedro II se dedicava. Gobineau queria que fosse realizada em verso, porm o imperador vertia a obra em prosa. A traduo foi editada em 1897 pela Imprensa Nacional, com transladao potica do Baro de Paranapiacaba. As corres- pondncias entre os dois amigos duraram 11 anos, encerrando-se mais ou menos dois meses antes da morte do Conde, em Turim. As inmeras cartas entre Gobineau e o imperador permitem verificar que este no era considerado por intelectuais de renome como um indivduo de cultura superficial e pedante. Retomando a questo das tradues realizadas por D. Pedro II, algumas encontram-se guardadas no Arquivo Histrico do Museu Imperial de Petrpolis e no Instituto Histrico e Geogrfico Brasi- Sergio Romanelli, Adriano Mafra & Rosane de Souza 106 leiro, alm de acervos particulares. Em termos de obras publica- das, somam-se to somente trs, a saber: 1. Prometeu Acorrentado, de squilo (original de Eschylo) traduzido para o portugus por ele mesmo, na condio de Imperador do Brasil (cf. Bibliografia: Rio de Janeiro: Im- prensa Nacional, 1907); 2. Poesias (originais e tradues) de S. M. o Senhor D. Pedro II, sendo este uma homenagem de seus netos (cf. Biblio- grafia: Petrpolis: Typographia do Correio Imperial, 1889). Nesta obra, encontram-se as seguintes tradues, muitas ve- zes dividindo as pginas com o texto original: Episdio do Conde Ugolino e de Francisca de Rimini (Divina Comdia Dante Alighieri); Ode Cinco de Maio (Il Cinque Maggio Alessandro Man- zoni); A cano dos latinos (La Canzone dei Latin autor no assinalado); Soneto A Aloys Blondel (A Aloys Blondel Franois Co- ppe); Soneto (Sonnet Flix Anvers); Poema A Passiflora (La Passiflore Condessa de Cham- brun); Soneto (Sonnet D. Mon); Soneto a Coquelin (Sonnet a Coquelin Jean Richepin); Soneto (Sonnet Sully Prudhomme); Sonetos O magistrado, A la mignarda e A terra natal (Le Magistrat/A la Mignarde/Le sol natal Rigaud); Soneto (Sonnet General Carnot); Soneto O beija-flor (Le colibri Leconte de Lisle); O Adeus (Les Adieux - autor no assinalado); Soneto (Sonnet - Helena Vacaresco); O besouro, Cantiga de Nadaud e Versos de Gustavo Nadaud (Le Hanneton/Chanson de Gustave Nadaud/ Vers de Gustave Nadaud); 107 D.Pedro II tradutor: anlise do processo criativo Poema A borboleta e a flor (Le papillon et la fleur Vic- tor Hugo); Poema O choro duma alma perdida (The cry of a lost soul John Whittier); Poema O canto do siciliano: El-Rei Roberto da Siclia (The Sicilians Tale: King Robert of Sicily - Henry Wa- dsworth Longfellow). 3. Poesias Hebraico-Provenais do Ritual Israelita Comta- din, impressa em Avignon, em 1891. Como j mencionado, vrios ttulos de suas tradues so ci- tados por D. Pedro II no seu dirio. Na sua viagem ao Oriente, ele relata que ao sentar-se perto do arroio Dhirani, continuou a traduo dos Atos dos Apstolos: 18 de novembro de 1876: [...] Depois do almoo, enquanto no se seguia traduzi os Atos dos Apstolos com o Henning ambos ns sentados perto do arroio Dhirani (Dirio do Imperador, vol.18). As notas sobre a Odisseia aparecem a partir de 1890. Em 22 de janeiro, D. Pedro II relata que [...] Ainda traduzi a Odissia e li provas da arte guarani de Restivo com o Seibold [...] (Dirio do Imperador, vol.30). H notas sobre o andamento dessa traduo at 9 de setembro do mesmo ano, quando o imperador afirma com- parar a sua traduo com a de Odorico Mendes. A traduo de Schiller inicia a bordo do navio que o levava para o exlio em 1889 (HOLANDA 2010). No dirio, encontram- -se anotaes em 29 de julho de 1890 que revelam os anseios do monarca em traduzir o escritor alemo: [...] Deu-me vontade de traduzir a balada [do Sino] de Schiller [...] (Dirio do Impera- dor, vol.32 ). Dessa data em diante, seguem-se anotaes dirias demonstrando que D. Pedro estava empenhado em sua traduo. E em 14 de agosto de 1890 ele registra: [...] Parece querer chover. Vou ao Schiller. 3h Estive s voltas com a cpia da traduo do Sergio Romanelli, Adriano Mafra & Rosane de Souza 108 Schiller [...]. Pode-se presumir, portanto, ele j teria finalizado a traduo. Em 18 de agosto ele escreve: 1h Estive corrigindo a cpia de minha traduo de Schiller com a Japurinha e quase termi- nei (Dirio do Imperador, vol.32), corroborando com a afirmao acima. Essa traduo foi ofertada por D. Pedro II princesa da Baviera e Condessa de Barral: [...] Depois da ducha dei bom passeio e agora de escrever condessa enviando-lhe minha tradu- o de O Sino de Schiller, [...] (Dirio, 25 de agosto de 1890). Em outros momentos do dirio observamos que, aps redigir uma primeira verso da traduo, quase sempre auxiliado por um especialista da lngua e da cultura de origem, mandava transcrever a verso que, s vezes, retrabalhava; e antes disso, ou depois, con- forme os casos, enviava suas tradues para amigos, intelectuais, amantes e outras pessoas, tanto para presente-los com sua criati- vidade quanto para receber deles admirao, estima e um retorno acerca da qualidade de seu trabalho: 10 Hebraico e Cames. Estou acabando quase a compara- o da traduo alem dos Lusadas com o original. [...] Li a minha traduo do rabe do conto das Mil e Uma Noites, que est lendo a mulher do Mota Maia a esta e ao marido seguindo-a ela em francs, e parecendo a ambos boa a que eu fiz. Como continuei a minha traduo nesse livro em branco s lhes deixei o livro da minha traduo que est todo escrito e vou procurar o anterior para lhes emprestar tambm [...] (Dirio do Imperador, vol. 35). E ainda testemunhos do despertar sbito do desejo de traduzir determinado poema, o estudo aprofundado que seguia a esse pri- meiro momento de estmulo criativo e, em seguida, as transcries e o envio para amigos e confiantes em busca de um julgamento ou de uma atestao de seu trabalho, confirmando certa regularidade no sistema criativo do imperador: 17 de maio de 1891 [...] 10 h Li 109 D.Pedro II tradutor: anlise do processo criativo pouco de poesia do Ligeard, estudando-a para traduzi-la (Dirio do Imperador, vol.39). Sobre a obra Poesias Hebraico-Provenais do Ritual Israelita Comtadin (1891), h uma carta datada de 22 de abril de 1914 (que consta no livro O Imperador Visto de Perto de Mcio Teixeira), de Albino Costa ao Baro Mcio Teixeira, que expe muitos detalhes sobre a traduo realizada por D. Pedro II. Segundo o Sr. Albino Costa, os arquivos do Conde de Mota Maia possuem muitos aut- grafhos de S. Majestade (TEIXEIRA, 1917, p. 204) com poesias inditas. Na anlise do Sr. Albino Costa, o monarca verteu mara- vilhosamente bem do rito hebraico para a lngua francesa, pois ele conseguiu reproduzir os versos cantados de seis slabas para decas- slabos com o mesmo rythmo e tchnica da lyrica luso-provenal do sculo XIII (TEIXEIRA, 1917, p. 240) . Nesta obra, h uma introduo e notas que ocupam 13 pginas. Nela, D. Pedro II in- forma tambm como iniciou seus estudos nessa lngua, e a exemplo do Sr. Albino segue: Quanto ao histrico de meus estudos do hebreu, realizados com o objetivo de conhecer melhor a histria da literatura dos Hebreus, principalmente a poesia e os profetas, bem como as origens do cristianismo, eles remontam aos anos de paz antes da guerra do Paraguai, em 1865 (TEIXEIRA, 1917, p. 242). 2 Das muitas tradues realizadas por D. Pedro II, h ainda textos que nunca foram editados e publicados, como A Araucana, de Ercilla; Granada, de Zorrilla; Livro do Hitopadea (original em snscrito 3 ) e as Mil e uma noites do rabe, os quais so objeto de estudo de pesquisadores do NUPROC e da PGET, da Universidade Federal de Santa Catarina. No presente artigo apre- sentamos os primeiros resultados das pesquisas realizadas em nvel de doutorado 4 . Sergio Romanelli, Adriano Mafra & Rosane de Souza 110 Hitopadea: 5 o livro dos bons conselhos O livro do Hitopadea, um dos textos mais populares da litera- tura hindu depois da Bhagavad Gita, composto por uma coletnea de 43 histrias escritas originalmente em snscrito cujo primeiro manuscrito conhecido data de 1373. Atribui-se a autoria da obra ou a simples compilao ao pandit Nryana, nome evocado apenas nos versos finais do trabalho e que fomenta a especulao quanto a sua autoria. Alude tambm a um rei chamado Dhavalachandra, suposto patrocinador da obra a quem Nryana servia. Etimologicamente, o termo Hitopadea provm da juno de dois radicais: Hita (til, proveitoso) e Upadea (instruo, conse- lho). o livro dos bons conselhos ou a instruo til, escrito em prosa e verso de maneira extremamente simples para ser destinado especialmente aos jovens prncipes. Suas mximas e apotegmas fo- ram escritos em metro para garantir uma fcil memorizao com um nico intuito: transmitir moral e conhecimento, dando aos jo- vens a formao tica e a filosofia de vida necessria para que se tornassem adultos responsveis. Para Ferreira & Rnai (1978, p. 57), o livro deve [...] ser considerado um repertrio de conselhos destinados aos prncipes, um dos primeiros espcimes dos Espe- lhos dos Reis, to frequente na Europa Medieval. A respeito das edies do Hitopadea, Sebastio Rodolpho Dal- gado (1897, p. xi) acredita que o texto tenha sido, desde os tem- pos mais remotos, muito copiado s vezes por escribas pouco peritos e pouco escrupulosos que minaram a obra com muitas interpolaes. Por este motivo, no se encontram dois manuscritos que sejam de fato inteiramente conformes, nem se pode definir a importncia dos vrios cdices que o compuseram, geralmente sem datas, o que dificulta classific-los genealogicamente. A mais antiga traduo do Hitopadea que se tem notcia foi publicada em Bath em 1787 por Charles Wilkins, considerado o precursor dos estudos sanscrticos em territrio britnico. Anos mais tarde, mais especificamente em 1799, a obra seria publicada simultaneamente 111 D.Pedro II tradutor: anlise do processo criativo em Calcut e Londres pelo orientalista britnico Sir William Jones. Menos de uma dcada depois, surge nova edio do Hitopadea no distrito indiano de Serampur, em 1804. O frisson causado pe- los estudos orientais fez com que a obra de Jones fosse reeditada em Londres em 1810. Em 1829 foi a vez de August Wilhelm von Schlegel e Christian Lassen publicarem a sua edio latina, am- plamente criticada pelo professor Peter Peterson por terem os seus editores, na opinio daquele estudioso, desvirtuado o texto para satisfazer suas exigncias crticas. Peterson tambm se ocupou da traduo do Hitopadea, comparando quatro manuscritos para rea- lizar o seu trabalho, publicado em Bombaim em 1887. Em 1844, o orientalista alemo Friedrich Max Mller publicou o seu primeiro livro, a traduo alem do Hitopadea. Anos mais tarde, j em Londres, Mller publica os seus Handbooks (1884) para estudo de snscrito, destinados queles leitores que quisessem uma maior familiaridade com a gramtica e a literatura da lngua clssica da ndia. Para tanto, Mller escolhe como texto-base o Hitopadea. Londres conheceu outra verso da obra em 1847. Trata-se da tra- duo de Francis Johnson, publicada pela Wm. H. Allen and Co & Stephen Austin. Para Johnson (1847), o valor do Hitopadea para a histria da narrativa ficcional no reside, todavia, apenas em suas recomendaes. A popularidade da obra atravs dos tempos, segundo o autor, uma evidncia de seu mrito intrnseco e os retratos dos costumes domsticos e da natureza humana, revestidos de peculiaridades de cada pas onde a obra se fez presente, podem ter sido reconhecidos como universalmente verdadeiros. Em 1855 o francs douard Lancereau, ento Membro da Sociedade Asiti- ca, empreendeu a sua traduo da Instruo til, publicada em Paris pela Chez P. Jannet Librarie. No mesmo perodo, surgiram vrias edies, tanto na Europa quanto na ndia, entre as quais citamos a de Lakshami Nryan Nylankr (Calcut, 1830), Deme- triou Galanou (Atenas, 1851), Frederic Princott (Londres, 1880), Schoenberg (Viena, 1884), Ludwig Fritze (Leipzig, 1888) e de Jos Alemany y Bolufer (Granada, 1895). Sergio Romanelli, Adriano Mafra & Rosane de Souza 112 Em lngua portuguesa, temos duas tradues do Hitopadea, ambas produzidas em fins do sculo XIX. A primeira delas a traduo de Dom Pedro II empreendida na Frana em 1891 sob o ttulo Hitopadea. Trata-se de uma obra inacabada, jamais edita- da e que se encontra conservada junto aos documentos do monarca no Arquivo Histrico do Museu Imperial de Petrpolis, no Rio de Janeiro. Os manuscritos da traduo de D. Pedro II disponveis em cpia digital totalizam 8 histrias do segundo livro do Hitopadea, realizada durante o exlio da famlia imperial. No entanto, o mo- narca havia iniciado a traduo da obra ainda no Brasil, conforme anotaes em seu dirio pessoal. Na mesma ocasio, o tradutor revela a sua inclinao por outro clssico da literatura hindu, o poema pico Ramayana: 10 de setembro de 1891: 4h 50 Seibold. Persa, snscrito. Quero mandar vir do Rio o que j traduzi do que continuo agora a traduzir desejando depois empreender a traduo do Ramayana que muito bonito poema e mais me agrada que o Mahabarata (Dirio do Imperador, volume 41). A segunda traduo foi realizada pelo religioso indiano radicado em Portugal, Monsenhor Sebastio Rodolpho Dalgado, em 1897. Intitulada Hitopadexa ou instruco til, a verso do sacerdote catlico foi editada em Lisboa pela Antiga Casa Bertrand, com introduo de Guilherme Augusto de Vasconcellos Abreu, emi- nente orientalista portugus. De acordo com Abreu (1897, p. xvi), Monsenhor Dalgado no se prendeu em ser literato em sua verso portuguesa do Hitopadexa cuidou em ser exato. A sua linguagem ressente-se de ele no ter vivido em Portugal tem o sabor india- no. H nisso interesse filolgico, que no para se desprezar. Abreu ainda comenta que Sebastio Dalgado utilizou principalmen- te o texto em snscrito da obra de Max Mller, fazendo uso tam- 113 D.Pedro II tradutor: anlise do processo criativo bm das edies de Peter Peterson e Francis Johnson para realizar a sua traduo. At o presente momento, os manuscritos foram transcritos con- forme os princpios da Crtica Gentica para se estudar o processo tradutrio do monarca e tentar estabelecer seu perfil de tradutor e tambm para oferecer ao pblico brasileiro um texto indito que revela um interesse peculiar do imperador no somente pela tradu- o, mas, sobretudo, pelas culturas, lnguas e religies do oriente. Inicialmente, a materialidade presente nos manuscritos nos sugere um tradutor preocupado em manter-se fiel ao original, alm de indicar constantes pesquisas etimolgicas e lexicais no decorrer do seu trabalho. Abaixo, excertos da transcrio do material: Fig. 1: Trecho de transcrio do Livro do Hitopadea. Flio 16 (Mao 041 Doc. 1064 Cat B [D02 P16]). As Mil e uma noites Em relao traduo das Mil e uma noites, foi efetuada a primeira anlise gentica do material. Nessa etapa da pesquisa, 6
verificamos, a partir da anlise macroestrutural 7 , que a traduo do imperador conserva as caractersticas que marcam o livro rabe: os ambientes das noites originais; o uso do verbo dissendi; a grande quantidade de versos; no omitiu a fraseologia religiosa e manteve trechos considerados obscenos. Optou ainda por man- ter a diviso da narrativa em noites, no alterou os trechos que apresentam repeties, realizando uma traduo de cunho literal, embora sua linguagem no fique prxima da estrutura da lngua portuguesa. Essa anlise da macroestrutura possibilitou ainda ve- rificar que o texto fonte utilizado por D. Pedro II foi a edio de Breslau. Atravs da anlise comparada das noites, verificamos que havia uma diferenciao entre as tradues. 8 A partir da 102 Sergio Romanelli, Adriano Mafra & Rosane de Souza 114 noite, na histria do Corcunda do Rei da China, ocorre uma sintetizao da narrao, o que ocasionou a reduo de duas noites na traduo de D. Pedro II. Confirma-se que D. Pedro estava uti- lizando a edio de Breslau que possui tambm essa sintetizao. Alm desse fato, h a prpria afirmao do tradutor ao acabar o primeiro volume do livro, em que ele escreve acaba o volume primeiro da edio da Abicht, no flio Cat B [D04 P011], sendo que, Abicht (Habicht) o organizador da edio de Breslau. E ainda o cotejo entre as palavras (muladjlidij; do ladjladja = repe- tiu palavras fallando) presentes na traduo de D. Pedro II e que esto presentes na edio de Breslau comprovam nossa afirmao. Nessa parte da anlise verificou-se que a microestrutura do texto comprova o que j hava sido encontrado na macroestrutura: uma preocupao com o original, uma constante pesquisa lexical e eti- molgica e ainda a utilizao de transcries diretas de palavras de origem rabe para o portugus, demonstrando esse cuidado com o original e apontando para um tradutor preocupado em compreender e traduzir a cultura e a lngua do texto de partida (SOUZA, 2010). Algumas concluses Certamente, o corpus at aqui mostrado revela uma histria ex- traordinria e invisvel ou at agora pouco contada, a da tentativa de um grande homem brasileiro do sculo XIX de ser parte de uma aristocracia sem poder, sem ttulos, uma sociedade de literatos que estabelece e consagra os grandes escritores. Escritores e tradutores tm um papel relevante e indispensvel nesse novo espao mundial estabelecido pelos textos: Como a cr- tica, a traduo por si s valorizao ou consagrao (CASA- NOVA, 2002, p. 39). Pascale Casanova, ao citar o pensamento de Larbaud, lembra o papel fundamental e trplice dos traduores que enquanto traduzem aumentam sua riqueza intelectual, enriquecem sua literatura nacional e honram seu nome. No caso de Dom Pedro 115 D.Pedro II tradutor: anlise do processo criativo II, com certeza, o primeiro ponto mais forte e o que decorre da anlise do dossi gentico. Do dossi gentico fazem parte tambm dirios em que constan- tes so referncias ao seu processo tradutrio. So cerca de 5.500 pginas de dirio, registradas a lpis e divididas em 43 cadernos. Essas pginas se tornam fundamentais para acompanhar o processo criativo do imperador, pois frequentes so as anotaes acerca de sua atividade tradutria e acerca de livros, estudos e encontros. Nos trechos do dirio h uma confirmao da constncia com que a atividade tradutria era presente em sua vida e o papel importante que desenvolvia na sua aprendizagem de lnguas e culturas estran- geiras e para a sua afirmao no meio literrio e no literrio. O dirio, alm de atestar a devoo do imperador ao estudo e s letras, permite a reconstruo daquela particular Repblica das letras internacional na qual o imperador almejava ingressar. Para alcanar os membros dessa Repblica viajou incansavelmente e quando no conseguia viajar tecia essa rede de literariedade com leituras e, sobretudo, suas cartas e tradues; a traduo se con- figura a nosso ver como um, se no, o principal meio utilizado para ser aceito nessa comunidade de privilegiados, desde que com sua produo potica no teria alcanado o mesmo sucesso. Alm disso, lembramos que um monarca que se dedicasse s letras, pro- duzindo textos prprios, seria considerado um imperador pouco atento aos afazeres polticos, mas um imperador que traduzisse, ainda que muito, textos de outros, seria como todo intelectual da poca, algum que tentava atravs da traduo desenvolver seu conhecimento e se aprimorar nas lnguas estrangeiras; em outras palavras, parecia mais comum que um imperador traduzisse do que produzisse poemas prprios e dedicasse a isso tempo necessrio para as questes polticas. A leitura dos manuscritos e do dossi leva para outra direo, defende-se a tese de que a traduo no era somente uma distrao, mas ocupava na vida do governante uma posio estratgica, central e poltica, que ia alm da questo meramente pessoal. Essa afirmao respaldada pelo estudo gen- Sergio Romanelli, Adriano Mafra & Rosane de Souza 116 tico e pela reconstituio do percurso invisvel feito de encontros, sonetos, poemas, leituras, dirios; uma materialidade do intelecto que os vestgios deixados nos arquivos nos permitem reconstruir. Notas 1. Je suis dsol quil soit Empereur. Il a bien trop de talent et de mrite pour cela Traduo nossa. 2. Quant lhistorique de mes tudes de lhebreu, entreprises dans le but de con- naitre mieux lhistoire et la littrature des Hebreus, principalement la posie et les prophtes, comme aussi les origines du christianisme, elles remontent aux annes de paix avant la guerre du Paraguay, em 1865 [...] Traduo nossa. 3. Seus estudos na rea de lnguas orientais se iniciaram em 1875. Teve como mestre de snscrito Carlos Henning, de hebraico Akerblom, que foi substitudo por Koch, e este por Henning; sendo seu ltimo mestre Seybold que tambm subs- titura o baro Schreiner nas aulas de rabe. Seybold acompanhou o imperador at seus ltimos dias de vida, j no exlio (LYRA, 1977). 4. Gnese do Hitopadea: a instruo til na traduo de D. Pedro II, por Adriano Mafra e Edio Gentica das Mil e uma noites de D. Pedro II, por Rosane de Souza. 5. Hitopadea, na traduo imperial. 6. SOUZA, Rosane. A gnese de um processo tradutrio: As Mil e uma noites de D. Pedro II. 135 f. Dissertao (Mestrado em Estudos da Traduo) Programa de Ps-Graduao em Estudos da Traduo, UFSC, Florianpolis. 7. Macroestrutura: so as divises do texto, ttulos dos captulos, apresentao dos atos e cenas, a estrutura da narrativa interna, intriga dramtica (prlogo, 117 D.Pedro II tradutor: anlise do processo criativo exposio, clmax, concluso, eplogo); estrutura potica e qualquer comentrio autoral, assim como instrues de palco. Os dados macroestruturais devem levar a hipteses sobre as estratgias microestruturais. 8. Para alcanarmos tal objetivo, realizamos o cotejo entre as tradues de D. Pedro II e de Mamede M. Jarouche, visto que este ltimo primou pela fidelidade ao original. O apontamento dessas caractersticas nos auxiliou na construo do perfil de tradutor, bem como na descrio da obra traduzida. Bibliografia CARVALHO, J. M. D. Pedro II: Ser ou no Ser. Coordenao Elio Gaspari e Lilia M. Schwarcz. So Paulo: Companhia das Letras, 2007. CASANOVA, P. A Repblica Mundial das Letras. Traduo de Marina Appen- zeller. So Paulo, Estao da Liberdade, 2002. DALGADO, S. R. Hitopadexa ou instruco til. Lisboa: Antiga Casa Bertrand, 1897. DOM PEDRO II. Dirio do Imperador D. Pedro II, 1840-1890. Organizao de Begonha Bediaga, Petrpolis: Museu Imperial, 1999. HOLANDA, S. B. Captulos sobre Histria do Imprio. Org. Fernando A. No- vais. So Paulo: Companhia das Letras, 2010. HOLANDA, A. B. & RONI, P. Mar de histrias: das Origens Idade Mdia. Vol 1. 2. a Ed. Nova Fronteira, 1978. JAROUCHE, M. M. Livro das Mil e uma noites: ramo srio. 2 ed, 2 reimpres- so. Vol I, II. So Paulo: Globo, 2006. Sergio Romanelli, Adriano Mafra & Rosane de Souza 118 JOHNSON, F. Hitopadea: the Sanskrit text with a grammatical analysis. Lon- don: Wm. H. Allen and Co./ Hertford: Stephen Austin, 1857. RAEDERS, G. D. Pedro II e o Conde de Gobineau. So Paulo: Companhia Edi- tora Nacional, 1938. _____. D. Pedro II e os sbios Franceses. Rio de Janeiro: Atlntica Editora, 1944. ROMANELLI, S. A gnese de um processo tradutrio: os manuscritos de Rina Sara Virgillito. 2006. 534 f. Tese (Doutorado em Letras e Lingustica) Ps- -graduao em Letras e Lingustica, Universidade Federal da Bahia, Salvador. _____. Entre lnguas e culturas: as tradues de D. Pedro II. In Mutatis Mutandis, Vol.4, n 2. pp. 191-204, 2011. Disponvel em < http://aprendeenlinea.udea. edu.co/revistas/index.php/mutatismutandis/article/viewFile/9989/9872> Acesso em 12 mai 2012. SOUZA, Rosane. A gnese de um processo tradutrio: As Mil e uma noites de D. Pedro II. 135 f. Dissertao (Mestrado em Estudos da Traduo) Programa de Ps-Graduao em Estudos da Traduo, UFSC, Florianpolis. TEIXEIRA, M. O Imperador Visto de Perto. Rio de Janeiro: Ed. Leite Ribeiro & Maurillo, 1917. Recebido em 30/08/2012 Aceito em 29/10/2012