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A biblioteca escolar. Desafios e oportunidades no contexto da mudança.

Turma 2 - 2ª Sessão - síntese

Caros(as) Formandos(as):

Em primeiro lugar, queremos felicitar-vos pelo trabalho desenvolvido até à data e


registar que reconhecemos o empenho de cada um na realização das duas tarefas
solicitadas para esta 2ª sessão de formação, que tinha como objectivos:

• Definir e entender o conceito de biblioteca escolar no contexto da mudança.


• Perspectivar práticas adequadas a estes novos contextos.
• Entender o valor e o papel da avaliação na gestão da mudança.
1. Actividades propostas/cumprimento das tarefas:
• A primeira parte da tarefa, consistia no preenchimento de uma tabela matriz,
partindo da leitura dos textos fornecidos e do conhecimento da biblioteca escolar
(BE) que coordenam, perspectivando a respectiva situação identificando pontos
fortes, fraquezas, oportunidades e ameaças e desafios principais que o professor
bibliotecário e a BE enfrentam no contexto da mudança. Cumpriram esta tarefa
trinta e quatro formandos.
• Concretizaram a 2ª parte da tarefa 33 formandos que seleccionaram o contributo
de um dos colegas e efectuaram um comentário. A generalidade dos comentários
apresentados, revelaram-se pouco fundamentados, constituindo, por vezes, mais
um reforço positivo e um contributo para a interacção entre formandos.
2. Síntese global1 dos trabalhos apresentados

A realização desta actividade revelou-se extremamente importante por ter constituído


uma oportunidade para os formandos reflectirem, tendo por base aspectos críticos
referenciados na literatura, sobre diferentes domínios das bibliotecas. Na análise da
bibliografia de referência constatámos diferentes graus de consecução e que na
globalidade denotam uma análise mais generalista da literatura proposta.

Quanto ao diagnóstico de cada BE reconhecemos que as vossas reflexões traduziram


um bom grau de profundidade, facto relevante para a qualificação da gestão da vossa
BE.

Globalmente passamos a sintetizar os pontos mais recorrentemente referidos, muitas


vezes em diferentes áreas e domínios da Tabela, quer no que diz respeito aos
aspectos críticos que a literatura identifica, quer quanto às oportunidades e acções a
implementar:

1. Competências do professor bibliotecário

Se a Biblioteca Escolar deve ter um papel informacional, transformativo e formativo,


deverá o professor bibliotecário apresentar de um perfil (conhecimento, competências
e atitudes) que reflicta:
• conhecimentos sobre a teoria da aprendizagem e métodos pedagógicos,
competências e experiência docente, literacia da informação (Sanchez Terrago),
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Na presente síntese, optou-se por não enfatizar aspectos particulares patentes nas diferentes
grelhas, e referentes a bibliotecas escolares diferenciadas, que deverão ser objecto de uma
análise mais ponderada em sede de agrupamento/escola, nem destacar nenhuma intervenção
individual (não citando explicitamente). Contudo, irão reconhecer algumas transcrições
efectuadas a partir de alguns dos trabalhos apresentados.
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sendo um facilitador da mudança ao nível dos paradigmas educativos, não
esquecendo que deve ser um “leitor” da realidade, colocando-se ao serviço da
comunidade escolar;
• capacidade de liderança transformacional: liderança orientada para fins (visão
objectiva do que se pretende ao nível das aprendizagens dos alunos); liderança
estratégica (capaz de transformar as acções centradas nos alunos, em evidências
que são a expressão de novas aprendizagens); liderança criativa e colaborativa, e
bem fundamentada mostrando, através de evidências, que o seu papel deverá ser
mais valorizado pela escola;
• capacidade de proceder à avaliação da qualidade do seu trabalho, da relação da
comunidade escolar com a BE e do impacto que a BE tem na escola e na
aprendizagem dos alunos através das evidências (Todd); deve saber articular os
conteúdos com as competências definidas nos currículos, definindo prioridades e
oportunidades para a sua intervenção;
• competências em computadores e tecnologia; competências no pensamento crítico
e resolução de problemas; responsabilidade ética e social; comunicação escrita e
oral; trabalho em grupo e em colaboração; aprendizagem ao longo da vida e
autonomia; liderança; criatividade e inovação; literacia para os media; consciência
global (Zmuda e Harada);
• A capacidade de antecipação e de alteração/reformulação da sua acção assentes
na recolha de evidências e na prática de uma avaliação contínua – evidence, not
advocacy (Ross Todd), são ainda alusões constantes nos trabalhos.

De entre as acções e desafios a concretizar transcrevemos algumas das que mais


frequentemente referiram:

• conceber, gerir e avaliar o projecto de trabalho da BE, com uma atitude


prospectiva, de investigação e de aprendizagem contínua, integrado no
contexto educativo, social e cultural e nas estratégias de acção da
escola/agrupamento;

• gerir a BE em função da eficácia dos serviços prestados e da eficiência para o


desenvolvimento das competências, atitudes e comportamentos dos
utilizadores; colaborar com os departamentos curriculares/áreas disciplinares
para conhecer os diferentes currículos, visando integrar a BE nas planificações;

• preparar e difundir materiais específicos de apoio ao desenvolvimento curricular


e à literacia da informação, procurando apoio e aconselhamento de
especialistas nas várias áreas disciplinares; usar as tecnologias como
instrumento facilitador das aprendizagens;

• contribuir para a constituição de uma equipa qualificada e motivada,


identificando e colmatando necessidades de formação para toda a equipa;

• avaliar o projecto da BE, tendo em conta as metas previstas e os resultados


alcançados, partindo da análise comparativa e sistemática e da recolha
evidências;

2. Organização e Gestão da BE

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Neste domínio destacamos:

• O conceito de knowledge construction, incorporação de nova informação para


construir conhecimento;
• Integração da BE na escola e no desenvolvimento curricular;
• Criação de ambientes virtuais de aprendizagem e sua articulação com o currículo;
• A necessidade de desenvolverem estratégias de gestão baseadas na recolha
sistemática de evidências (evidence based practice), para aferir a eficácia e
constrangimentos que condicionam a qualidade, a eficiência e o impacto dos
serviços prestados junto do público-alvo, nos diferentes domínios de intervenção;
• A existência de um professor bibliotecário como learning specialist (Allison Zmuda)
e de uma equipa, com formação adequada, que promovam o trabalho colaborativo
com as várias estruturas pedagógicas, gerindo espaços e recursos - connections,
not collection - de forma a prestar serviços de qualidade e a criar estratégias que
promovam a construção do saber e o sucesso educativo.

3. Gestão da Colecção

Se a literatura internacional na área das bibliotecas escolares evidencia, de forma


clara, o impacto das bibliotecas na aprendizagem e no sucesso educativo dos alunos,
é recorrente a referência a uma colecção que deverá responder às necessidades do
aluno do século XXI - disponibilizando recursos e criando infra-estruturas que
promovam a qualidade, diversidade e adequação, e com forte componente virtual e
interactiva. Uma colecção híbrida em diferentes ambientes e suportes, adequados aos
alunos, estimulando ambientes virtuais de aprendizagem, organizada segundo as
regras biblioteconómicas.

4. A BE como espaço de conhecimento e aprendizagem. Trabalho


colaborativo e articulado com departamentos e docentes.

Enfatizaram a importância da BE como centro das aprendizagens, orientada para o


sucesso educativo, para a melhoria das aprendizagens e para a construção do
conhecimento (knowledge space, not information place). Destacaram ainda a
importância da integração institucional e programática, de acordo com os objectivos
educacionais e programáticos da escola; o desenvolvimento de competências de
leitura e de um programa de literacia da informação; a colaboração com
departamentos, professores e alunos na planificação e desenvolvimento curricular,
sendo o professor bibliotecário um catalisador destes processos de interacção.

5. Formação para a leitura e para as literacias

A importância da BE no desenvolvimento das competências de leitura e de literacias


nos alunos, através da concretização de programas de leitura que promovem níveis de
literacias mais elevados foi focalizada nas diversas grelhas de análise, embora
consideremos que os formandos foram algo omissos na perspectivação de acções
estratégicas. Destacamos algumas das propostas mais frequentemente apresentadas:
realização de actividades de promoção da leitura, em colaboração mais estreita com
os professores de Língua Portuguesa e com os professores titulares de turma do
1ºciclo e da educação pré-escolar; elaboração e divulgação de materiais e
informações para os docentes, usando as TIC; organização de formação para os

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docentes e/ou outros utilizadores da BE, quer para o uso da BE, quer para a
apropriação da informação.

6. BE/ Plano Tecnológico da Educação e os novos ambientes digitais.

Reconheceram que na sociedade da informação o professor bibliotecário tem novas


responsabilidades no apoio à aprendizagem e ao uso educativo das TIC. O crescente
interesse dos alunos pelas tecnologias da informação e os problemas emergentes na
aprendizagem evidenciadas a partir de diversas pesquisas (Todd), atestam este facto.
Nos últimos anos a prática educativa deslocou-se cada vez mais para “práticas
virtuais”, por isso, o professor bibliotecário deve tender para ser um networked
learner support (Fowell and Levy), assegurando funções relevantes em ambientes de
e-learnig (Sanchez Terrago). A organização da informação digital e criação de
ambientes virtuais nas práticas educativas e no desenvolvimento da aprendizagem
constituem outros vectores da BE.
Globalmente destacam como fundamentais acções como: frequentarem acções de
formação contínua nas TIC, sobretudo ao nível das ferramentas proporcionadas pela
Web 2.0; formar progressivamente os alunos para um bom uso da Internet; organizar,
em colaboração com os professores das TIC, informação em suporte digital adaptada
aos diferentes utilizadores da BE e tendo em conta as necessidades curriculares;
estreitar a colaboração entre a BE e a equipa do PTE; continuar a investir na
renovação dos recursos informáticos, aproveitando o plano tecnológico da educação.

7. Gestão de evidências/avaliação.

Partindo da literatura de referência corroboram que é vital para o futuro a


concretização de evidence-based practice (…)It is about action, not position; it is
about evidence, not advocay. (Ross Todd, 2001). Salientam a importância de planear
em função de evidências e resultados; fazer a avaliação do impacto das actividades
desenvolvidas pela BE em função dos resultados dos alunos, recorrendo à estrutura e
instrumentos constantes no Modelo de Auto-Avaliação; concretizar acções que
consolidem práticas de auto-avaliação, nomeadamente: recolha sistemática de
evidências; definição do plano de acção da BE com base nos resultados obtidos;
divulgação dos resultados da auto-avaliação da BE no Conselho Pedagógico;
envolvimento da escola/agrupamento na aplicação do modelo e consciencialização da
sua importância no contexto da própria auto-avaliação da escola.

Numa análise genérica da grelha síntese e tendo em conta acções a considerar na


gestão da mudança, apresentamos os aspectos mais evidenciados:

A BE deve adaptar-se ao novo paradigma da sociedade do conhecimento, promovendo


ambientes diversificados de aprendizagem, virtuais ou não. “School Library as a
dynamic agent of learning”; estabelecer laços de verdadeira cooperação entre todos
os elementos da comunidade escolar e educativa, sendo vista por todos como um
“true partner”, incorporando a mudança dos espaços educativos, dos métodos de
ensino (mais centrados no aluno, no nível da sua performance escolar e
desenvolvimento individual em ambientes mais interactivos); dos recursos educativos
e das funções e competências dos profissionais.

Referiram ainda a importância de diagnosticar para (re)orientar a acção; identificar as


necessidades de aprendizagem; criar estratégias diversificadas e consequentes, em
articulação com as estruturas pedagógicas da escola e determinar as formas de

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avaliação das mesmas (recolher o feedback significativo e sistemático dos alunos e
professores sobre o impacto dos seus programas e actividades).

Factores de sucesso: a criação do “cargo” de professor bibliotecário (a tempo


inteiro); a importância da sua formação, e a da equipa; a participação no Conselho
Pedagógico e restantes estruturas pedagógicas da escola; as sessões de formação de
utilizadores; o bom relacionamento com a Direcção e com todos os elementos da
comunidade educativa; o apoio da RBE (legislação, documentos orientadores,
acompanhamento da coordenação interconcelhia, partilha de boas práticas); as
parcerias e trabalho colaborativo com outras BE; o apoio das Bibliotecas Municipais e
a institucionalização dos Grupos de Trabalho Concelhios; a aplicação do Modelo de
Auto-Avaliação; a modernização tecnológica das escolas e o seu impacto nos serviços
da BE.

Obstáculos a vencer: falta de formação específica do professor bibliotecário e da


sua equipa; ausência de práticas de trabalho colaborativo nomeadamente com os
departamentos curriculares/áreas disciplinares e a falta de colaboração sistemática
com o 1º CEB e educação pré-escolar, no caso de escolas agrupadas.
A escassez de assistentes operacionais sobretudo nas BE’s do 1º CEB; incapacidade
de garantir horários contínuos de funcionamento; o não reconhecimento da
necessidade de dotação orçamental anual para a BE; poucos hábitos de leitura dos
alunos (sobretudo do 3º CEB).

Acções prioritárias: a participação do professor bibliotecário e da sua equipa em


acções de formação na área das BE e das TIC; a melhoria do trabalho colaborativo
entre a BE com os departamentos curriculares, outras estruturas pedagógicas e
docentes em geral; o desenvolvimento das competências em literacia da informação e
de leitura nos alunos, através do incremento de programas e actividades continuadas
e participação em projectos da escola; a renovação dos equipamentos informáticos,
sobretudo no 1º CEB; a actualização regular do fundo documental; a
institucionalização de um orçamento para a BE; a informatização e disponibilização
online do catálogo (investimento nos catálogos colectivos concelhios com o apoio da
Biblioteca Municipal). Revisão dos documentos normativos de organização e gestão,
de acordo com as novas orientações legais, concretização de uma política de
desenvolvimento da colecção numa lógica concelhia.

Findo este primeiro domínio de formação, desejamos a todos a continuação de uma


boa participação e trabalho nesta oficina de formação.
As Formadoras

Formadoras: Dina Mendes / Helena Duque Novembro de 2009 5/5

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