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TEORIAS E MODELOS DE COMUNICAÇÃO

Docente: Pedro Pinto Machado

Trabalho elaborado pelo aluno: António Machado Fontenete

Estudo do Fenómeno da Comunicação

Perspectiva Histórica da Comunicação/ Educação (Jean Cloutier)

A palavra «comunicação» decerto que é utilizada desde há muito. No entanto, no


sentido em que hoje a conhecemos, tem origem bastante recente. A verdade é que todos
temos uma ideia sobre a natureza da comunicação, dada a naturalidade com que
falamos, escrevemos e nos relacionamos com os outros. Para muitas pessoas comunicar
consiste apenas em se expressarem através da fala ou da escrita, afirmando assim as
suas ideias e sentimentos; por sua vez, para outras, a comunicação alarga-se de tal
forma que acreditam ser a solução para todos na área do marketing, dos meios políticos,
da impensa, do campo do audiovisual, da publicidade, da esfera religiosa, da

psicoterapia individual ou de grupo, das organizações, sem falar, como é óbvio, da


informática, problemas do homem e até da própria sociedade. A comunicação invade
assim todos os campos, desde a área das relações humanas, passando pela os
inteligência artificial, até às próprias ciências cognitivas.
Já em 1753, na que foi considerada a enciclopédia das Luzes, Den-nis Diderot,
escrevia que o termo «comunicação» possui um grande número de significações.
Diderot afirmava que a comunicação (fala a língua de várias ciências, artes e ofícios),
como a literatura, a física, a teologia, a ciência das fortificações, o processo penal, as
condutas e esgotos. Assim, (comunicação), como se pode ver, é uma palavra à qual
originalmente se conferiu uma multiplicidade de sentidos. Contudo, a sua polissemia
remete para as ideias de partilha, de comunidade, de contiguidade, de continuidade, de
encarnação .
No meio de uma tão grande explosão de sentidos da palavra (comunicação),
Diderot privilegiou um: o sentido de retórica, enquanto meio de entendimento através
da razão. No entanto, a conclusão a que chega Mattelard é de que «cada época histórica
e cada tipo de sociedade possuem uma determinada configuração que lhes é devida.
Esta configuração com os seus diversos níveis (económico, social, técnico ou mental) e
as suas diferentes escalas (local, nacional, regional ou internacional) produz um
conceito de comunicação hegemónica», originando, na passagem de uma configuração
a outra, continuidades e rupturas. Na verdade, os discursos circulam primeiro no interior
de uma sociedade, ou seja, de um grupo que possui uma língua, um código cultural
comum, mesmo que existam também, no seu seio, diferenças entre classes sociais, entre
subgrupos religiosos, étnicos, profissionais, entre crenças ideológicas, entre convicções
políticas. Mas também circulam entre civilizações, ou seja, entre grupos separados por
distâncias geográficas muitas vezes consideráveis, por fronteiras, por diferenças
linguísticas, culturais, etc. Se a circulação intra-social dos discursos possui uma
dimensão ao mesmo tempo espacial (o centro e a periferia) e hierárquica (o poder e as
massas), a circulação dos discursos entre culturas reenvia para as distâncias, para os
factores espaciais que rarificam a sua circulação nas regiões afastadas e portanto ao
estudo das técnicas de transmissão das menssagens ao longo dos diferentes períodos da
história do mundo.

Momentos da História da Comunicação propostos por Jean cloutier

Segundo Jean cloutier, «a comunicação é uma actividade evolutiva e cumulativa,


porque cada novo meio junta-se aos outros e os emergentes não servem par eliminar os
já existentes. A comunicação não é um acto isolado e gratuito, mas obedece a
determinadas funções de informação, educação, animação e distracção. A educação é
ainda um processo cujos processos são dinâmicos».

Homem pré-histórico a desenhar os animais 1º bloco com escrita


Hieroglíficos egípcios
que pretendia caçar Babilónia
(pinturas rupestres)

A primeira fase foi considerada pelas suas linguagens de exteriorização, onde só a


comunicação interpessoal era possível, em que o homem tem no seu corpo o único meio
de se expressar através do gesto e da palavra. Esta fase teve início com o Homo Sapiens,
no momento em que aprendeu a exteriorizar as suas ideias, desejos e necessidades,
graças ao gesto que começou a associar à articulação de sons, formando palavras e
tendo como referente praticamente o momento em que são produzidas. No entanto ele
pode reproduzir essa mensagem podendo dizer-se que a duração temporal estava
reduzida ao período da sua vida. Para prolongar esse espaço temporal o homem
confiava a sua comunicação a outros homens, transmitindo-se assim de geração em
geração. Nasce deste modo a primeira cultura oral, em que o principal registo se baseia
na memória. Ainda neste período nasce a actividade iconográfica cujos registos
chegaram aos nossos dias, através das gravuras e pinturas rupestres; estas novas
competências, irão evoluir (muito mais tarde) para a escrita. Nesta os ensinamentos
processam-se de pai para filho, do mais velho par ao mais novo, do patriarca para outros
elementos do clã, desempenhando a função enciclopédias, assumindo a função de
“memória do tempo”, como os bardos das tribos celtas e os trovadores da idade média.

Druidas celtas; Trovadores da idade média


Bardos Celtas
MONUMENTO MÍTICO

É um ensino acumulativo, que evolui e torna-se complexo de acordo com as descobertas


das novas técnicas, surgidas do manuseamento diário dos materiais.
A segunda fase circunscreve-se às “linguagens de transposição”, constituída por uma
comunicação de elite.
É nesta fase que surgem as grandes revoluções do homem primitivo, a invenção da
roda e a utilização da escrita fonética, que origina a linguagem scriptovisual, uma
mistura da escrita com muita informação visual. A parece pela primeira vez um
medium, que é um suporte móvel, dado que permite vencer o espaço e o tempo, começa
por ser um pedaço de argila, (Segundo historiadores na Suméria, actual Iraque), mais
tarde o manuscrito, A que se seguiu um longo percurso até chegar ao papel. Esta nova
comunicação surgiu em civilizações sedentárias e urbanizadas (vivendo em cidades) e
com uma economia desenvolvida, principalmente no comércio, com necessidade de
expansão marítima e técnicas de navegar evoluídas. Os povos sentem o imperativo de
comunicar que seja móvel que vença o espaço e o tempo, (as mensagens são registadas
em papiro ou pergaminho e mais tarde em papel), é neste altura que se desenvolvem
vários sistemas de comunicação gráfica conhecimento especializado que não é acessível
a todos mas apenas a alguns privilegiados que sabem dominar tais técnicas, (escribas) e
que vão subindo na vida social, dominando-a e hierarquizando suas estruturas daí
designar-se esta fase da comunicação como” comunicação de elite”; e Parafraseando
Macluhan “a pena do pato pôs fim à palavra; suprimiu o mistério, criou a arquitectura
as cidades, fés as estradas os exércitos, a burocracia”.
A invenção da escrita deu inicio à história; tornou-se possível armazenar
conhecimentos numa escala muitas vezes superior àquela até então existente. A escrita
passou a actuar passou a actuar com o instrumento de aproximação cultural e social. O
domínio crescente sobre a natureza era acompanhado pele utilização de meios que
difundiam essas realizações. Num desenvolvimento cada vês mais rápido e inevitável
que durou séculos, o acumular de conhecimentos levou ao aparecimento do livro.
A forma de transmitir informações, congelava a cultura, porque o objectivo do copista
na prática, era executar um trabalho artístico, e o livro constituía um fim em si mesmo;
uma obra-prima de artesanato, ou um testemunho religioso dos monges copistas dos
mosteiros da Idade Média.

Trabalho artístico: página de Máquina de impressão de


Monges copistas
um livro Idade Média livros

Com o advento da indústria, o livro tornou-se objecto de consumo, produzido em


larga escala e acessível a todas as camadas da população. Nos nossos dias, considerando
o volume de informações, dificilmente o homem consegue assimilar a quantidade de
conhecimentos que lhe estão acessíveis; seleccionando a informação através dos
modernos meios de comunicação de massas. Com o nascimento dos mass media, passa
a existir, designada por, Cloutier a comunicação de massa, que não é obra de um
inventor isolado, mas de uma civilização inteira, representa o terceiro momento da
comunicação.

Embora a imprensa tenha nascido na china no século


II, é Gutemberg no século xv que dá inicio a este
período dominado pelos mass media que se desenvolve com o iluminismo e a revolução
Francesa e um conjunto de invenções que tiveram lugar no século XVIII e XIX (telégrafo,
telefone, cinema , rádio, televisão…).

“Os Média”

O terceiro momento da comunicação inicia-se com a implantação da imprensa e


culmina com o satélite (O primeiro satélite artificial foi o Sputnik, lançado pela União
Soviética em 4 de outubro de 1957. O lançamento colocou a URSS na frente da corrida
espacial e iniciou a corrida espacial, uma das competições mais acirradas da Guerra
Fria), é a comunicação de massas, Que consiste na amplificação das mensagens, dando
resposta ao desejo do homem de as ver multiplicadas.
Relativamente aos meios que desencadearam grades transformações no seio da
sociedade (imprensa, cinema, rádio e televisão), deve realçar-se este último de
comunicação social, pele sua influência na sociedade de massas, designada por Marshall
Mcluhan com a «caixa que mudou o mundo». Com a televisão o homem parece ter
fechado o círculo, dado que o seu primeiro meio de expressão era audiovisual, e a
televisão permite-lhe agora utilizá-lo em directo á distância, sendo um «continente» de
espectáculos, como o cinema, teatro, e desporto. Independentemente dos poderes que
possam exercer pressões, ou controle, directo ou indirecto sobre a televisão, o que é
certo é que este meio de comunicação emergiu como um dos mais espectaculares
símbolos da democracia e essa é sem dúvida uma das razões que foi aceite e investida
de todas as esperanças, informação difícil de igualar, segundo escreve Jean cloutier,
servindo par transmitir
Isto significa que em virtude da influência dos meios de comunicação de massas, o
mundo tende a transformar-se progressivamente numa aldeia global, onde as
populações se orientam por modelos de vida muito idênticos e onde o conhecimento e
informação se propagam de uma forma quase instantânea.
Um novo paradigma se perfila, para além da vontade de comunicar, é necessário
ter acesso aos meios, e os que a ele acedem (jornalistas, editores, escritores…), têm
acesso a um novo poder; o quarto, que se vem juntar ao deliberativo, executivo e
judicial, e a hegemonia da escola com principal fonte do poder é posta em causa. Surge
a chamada escola paralela, caracterizada por aquilo a que alguns autores chamam de
Currículo oculto, que são os conhecimentos que os alunos adquirem nas suas vivências
(escola da vida).
Paralelamente a estes grandes meios de comunicação de massas, a técnica
moderna possibilita a todos o acesso à gravação de sons e imagens, fornecendo ao
homem novas linguagens, as linguagens de registo, e novos media – os media
individuais ou Self-Média, transformando a comunicação numa comunicação
individual, prefigurando o quarto momento da História da comunicação. Cloutier
refere-se a esta fase como episódio da vida do homem enquanto emissor receptor, que
começou durante o apogeu da comunicação de massas, mas os seus primórdios
passaram despercebidos, os analistas da comunicação não deram conta que
paralelamente aos media colectivos, a técnica moderna facultava ao homem ao media
individuais, que Cloutier designou de Self – media e que têm um elo comum o facto de
se basearem na gravação. Esta noção de self – media, permite uma distinção, que pode
ser arbitrária, contudo conforme diz Cloutier, pode ser muito útil par situar novos meios
de comunicação que a recente tecnologia dá ao homem. Com efeito As diversas grafias
modernas são novos meios de expressão, que permitem transpor o tempo e o espaço
com mensagens acústicas e audiovisuais, enquanto antigamente, apenas as suas
comunicações escritas e gráficas eram permanentes e transportáveis. É devido aos self
-media, que o homem, tem agora à sua disposição, um série de meios de comunicação,
tanto par emitir como para receber. Cria-se um novo tipo de comunicação que se junta
aos outros três e que é característica do homem enquanto emissor e simultaneamente
receptor, isto é comunicação individual. Esta é por um lado a possibilidade de ter acesso
a mensagens sempre disponíveis, conservadas nas linguagens mais apropriadas, e por
outro lado a capacidade de se poder exprimir, não só através da palavra falada, ou
escrita, mas também através da imagem e som.
Novas tecnologias de comunicação

Segundo a perspectiva de Jean Cloutier, importa dizer que cada linguagem reencontra o
lugar que lhe compete, visto que cada uma é tão capaz como a outra, de transportar o
tempo e o espaço.
A sociedade está-se a estruturar de forma diferente e muito aceladamente, por sua
vez os reagrupamentos verticais, do patrão ao empregado, do pároco ao paroquiano, do
administrador escolar ao aluno, estão manifestamente postos em causa. Os
reagrupamentos horizontais estão a nascer, facilitados pelos self-media: identificam-se
os beneficiários da assistência social, formam-se as comissões de trabalhadores e os
estudantes procuram novas formas de associação. O homem é o ponto de partida e de
chegada da comunicação; já não é apenas informado, ele próprio informa, e é
informado e se informa num processo continuado. Segundo João freixo, embora os
quatros tipos de comunicação se tenham sobreposto, um após outro, eles continuam a
existir separadamente, embora com ínfimas relações sistémicas, sendo até difícil
compreender um sem perceber os outros.

BIBLIOGRAFIA

Livros:
FREIXO, M. (2006). Teorias e Modelos de Comunicação. Instituto Piaget.
Epistemologia e Sociedade: Lisboa.
Sites:
http://biblioteca.universia.net/html_bura/ficha/params/id/38074621.html
http://www.vatican.va
http://www.antoniomiranda.com.br/sobreoautor/sobre_autor_index.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Globaliza%C3%A7%C3%A3o#Hist.C3.B3ria
http://www.nosdacomunicacao.com/panorama_interna.asp?panorama=150&
www.apagina.pt/Download/PAGINA/SM_Doc/Mid.../Página_7040.

Jornais:
Jornal Brasileiro de Ciências da Comunicação
Educação na Sociedade da Informação e do Conhecimento? Jornal A Página, 13 de
Fevereiro de 2005. Disponível em: http://www.apagina.pt/?
aba=7&cat=143&doc=10722&mid=2

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