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A "Longa Duração" e A Abordagem Geossistémica Na Análise Da Paisagem Cultural em Territórios Rurais de Montanha: A Serra de Arga Como Caso de Estudo
A "Longa Duração" e A Abordagem Geossistémica Na Análise Da Paisagem Cultural em Territórios Rurais de Montanha: A Serra de Arga Como Caso de Estudo
Universidade do Minho
Guimares
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Entre Minho e
Lima
Hipsometria (m)
Hipsometria (m)
Tempo Social
Histria
conjuntural
Tempo Individual
Histria dos
eventos
Anlise de
consequncias /
resultados sobre a
organizao do
mosaico
paisagstico
Interpretao das
estruturas de
longa-durao
Objetivos:
Identificar as heranas paisagsticas de processos ambientais e
socioeconmicos do passado;
Compreender os elementos que permanecem e se tornam
estruturantes no quadro da evoluo das paisagens culturais
Questes
Alteraes no
coberto vegetal
Alteraes nos
modelos de
povoamento
Alteraes nos
sistemas
produtivos de
base primria
Factores
Resultados
Processos
ambientais
Processos
polticoadministrativos
Processos
socioeconmicos
Identificao de
momentos
histricos
determinantes na
evoluo da
paisagem
Identificao de
diferentes ritmos
e nveis de
alterao da
paisagem
Identificao de
continuidades e
rupturas na
organizao da
paisagem
I. O quadro geomorfolgico
Vertentes declivosas em
altitude
Solos esquelticos
Vegetao sub-arbustiva
esclerfita
Substrato xistento
Rechs tectnicas
Manchas de sobreiro
Acumulao de
sedimentos provenientes
da meteorizao do
granito a montante
Depresses
Solo arvel
Villa Romana
Via Romana
Per Loca Maritima
Cultura Castreja
sistemas agro-pastoris de montanha
A distribuio dos povoados castrejos expressa uma preocupao de defesa dos cursos de
gua como significativas vias de penetrao - os vales dos rios Minho e Lima - bem como
de toda a faixa costeira, aproveitando-se, neste ltimo caso, o rebordo de altitudes mdias
que precede directamente as zonas mais baixas. (Andrade, 1994, pp. 44 45)
O padro de distribuio dos povoados castrejos tradicionais nesta regio evidencia que
estes no se implementam preferencialmente nas altitudes mais elevadas, mas sim em
locais com boas condies naturais de defesa e bem posicionados no que se refere ao
controlo das acessibilidades naturais, estando quase sempre na dependncia directa de
uma linha de gua. Entre os factores que parecem presidir sua localizao destaca-se a
proximidade a espaos favorveis agro-pastorcia, designadamente solos frteis e
pastagens naturais, bem como a existncia de outros recursos, nomeadamente os
pisccolas, as salinas e as jazidas minerais.
Cultura Castreja
Tradicionais
Tipologias de
Castros
Ex: Castro de
S. Silvestre
Mineiros
Ex: Cividade de
Vila Mou
Agrcolas
Ex: Cividade de
Lanheses
em zonas de vale []
nasceram novos povoados,
de diminuta expresso,
dispersos pelo ager e que
devido s suas especiais
caractersticas tipolgicas,
temos vindo a apelidar de
castros agrcolas
(Almeida, 1990, pp. 257 e segs.)
X. Desflorestao Medieval
todos os espaos de Entre Douro e Minho passaram a ficar domesticados,
definidos, nomeados: so ager, ou saltus ou mons; campo, souto e monte,
cada qual com a sua funo especfica na economia rural.
os sculos XII e XIII foram tempos de grandes arroteamentos em toda a Europa. Em
Portugal tambm, primeiro conduzidos por particulares e depois, asseguradas as fronteiras
definitivas, incentivados pelos monarcas como tarefa nacional.
Constroem-se vilas novas, secam-se paus, fundam-se casais, edificam-se mosteiros e
alarga-se a rea de explorao perifrica de cidades e povoaes. As searas, as vinhas e os
olivais expandem-se para novos espaos; os rebanhos aumentam e linhares desatam
conquista dos lameiros permanentes.
que sem po, vinho, azeite, burel, linho e estopa no se concebia viver. Ora, tudo isso
implicou uma investida contra as matas e florestas. A expanso do ager redundou em
contraco do mons e reorganizao do saltus. (Mattoso, Jos, 1994, pp. 322-323)
O leitor, em Julho, v ao Minho. A Ponte de Lima, se quiser. Ver oliveiras, laranjais, campos e campos
de milho, batatais, ramadas de vinho verde, camlias e buganvlias, eucaliptos, pinheiros. Pinheiros
sobretudo. Imensos pinheiros-bravos nos baixos incultos, nas encostas e corcovas dos outeiros, pelas
montanhas acima. Se, estando a, o leitor fosse transportado de repente 600 anos atrs, nada disso
havia de contemplar. Rigorosamente nada. Ver-se-ia, com certeza, num Minho muito verde. Mas tudo
era diferente: outra vegetao-clmax, outros campos, outras vinhas, outros verdes, outra luz. E outra
fauna tambm. S a linha dos horizontes, perfil das serras, havia de ser reconhecida. Mas sem rvores,
essa linha. No. Tambm no estaria a ver uma paisagem atlntica pura, soutos, carvalhais e o resto que
atrs se imaginou. Porque os homens j andavam a h milnios. Fazendo civilizao.
Mattoso, Jos (Direco de), Histria de Portugal, Lisboa, Crculo de Leitores, vol. II, 1994, p. 320.
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