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A Casca Da Ira
A Casca Da Ira
A
TEORIAS ACUMULADAS
CASCA DA IRA
DARLAN M CUNHA
poemas
Editora VOORARA
:
2
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3
A CASCA DA IRA
Darlan M Cunha
poemas
:
4
Novembro 2009
:
5
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6
A CASA DA SOMBRA
mão da vida
há mais areal. Sapiência é estar morto, se morto estás, se morta
está a convicção, porque também o deserto reparte
a sua mobilidade, assim
ficou no areal
entre as dunas ficou
o amor, e já não se sabe,
de soslaio ou de frente,
o que é o semblante futuro
do amor, e o que é sabor
de antigas montanhas
de granito, feitas pó
13 :
O DESERTO 5 - A perda do reino
a garganta do diabo
é o deserto, folia de reis e beis,
guerreiros e pastores nômades,
devassidão solar
assopra as patas dos répteis
misturados ao silêncio, correndo
cada vez mais
de sua loucura irreversível, única,
amada e temida pelos deuses,
que o deserto é a conta
maior que se tira
em vida
14 :
O DESERTO 6 - Fila indiana de formigas
andam rápido
porque o deserto requer sabedoria
especial
no deserto (cinema
rude, mudo) só há uma moeda
e por muito mais, sinto muito que a vida tenha sido demais
para mim que, nada tendo apostado com ela, com ela deixo as
sementes
do seu próprio fruto, eu, que pelas invasões prosperava,
mas que, de verdade, o fruto-base (eu mesmo) não vingou, tornado
algo torto e feio como o olho de cima do linguado.
19 :
O DESERTO 11 - Baobá
antigo é o pólen
ciência de ir
pelo ar ou
no bico de alguma des-
conhecida vazão viaja
o pólen assando os
miolos da razão
até pousar num deserto
e florescer, nu
de qualquer eu, nu
24 :
O DESERTO 16 - A adaga fala
de sua camela,
já toda ela, assim como o seu dono, incendiada
pelo calor que sobe noturnamente das dunas onde repousam
as ancas ?”
27 :
O DESERTO 19 - A raiz da fala
o deserto é
manta
nunca treva
ó Atacama, tu me desejas
sobre a tua cama: nu
a Loucura sabe
não haver lugar no deserto
para ela, só
o rabo
e o solriso do lagarto
lhe cabem
:
31
e esquecimento, pequena
vaga na memória do Homem
:
34
do Outro.
Vivem nas contas dos dedos, e mais do que dos dedos (ó usura ),
as razões de toda captura (o Homem é preênsil, caro símio). Nada
sendo inerte, necessário é que se faça logo o que a mente e o
corpo pedem: apertar os dedos sobre a beleza, abrindo o olhar
sobre o movimento, sobre o mínimo múltiplo comum e o máximo
divisor comum, sim, acicatando o medo, rumo a um medo maior.
38 :
O DESERTO 30 - Alusões e outros truques
verve maquinal
impondo laudos e autos de devassa
nos cartórios em dia
com a própria lei do pão
*: Máximo Górki
**: Paul Simon – Art Garfunkel
***: João Cabral de Melo Neto. O rio.
43 :
A SUICIDADE 4: Digamos que se fala de ti
da luxúria
que é a idiotia, idioma de predadores,
de vítimas e algozes de si mesmos
(uccellacci e uccellini)*
Sabe-se que a tua mãe não é flor que se cheire, rameira deslavada,
maltrata-te ao diário, de inúmeras formas e intensidade são os
derrames e delírios dela, e os teus sintomas começaram cedo,
devido às anomalias que sobre ti caíram, caem e cairão; teu
padrasto é o bar, birosca ou bitaca, mafuá ou zurraparia, teu
padrasto é o bar da saideira, teu lugar de, de outros modos,
apanhares vírus de maldades e bactérias da idiotia, bem como
germens da apologia ao devaneio ou, o que é ainda pior, virtualizar
o sentimento de frustração constante (o teu, o de toda a suicidade),
dando ecos falsos de sofrimento e bons sentimentos que não tens,
nem ela, misturando as coisas para a tua platéia de meia dúzia de
ruas e avenidas do teu bairro, mondo cane, onde estilhaços de
desamor andam de mãos dadas, onde os crimes passionais são
mais comuns do que batatas à mesa da súcia que aqui vive (moro
aqui também, mais na delegacia), sim, é isso:
sei que a tua madrasta está em todo lugar neste lugar que é dela,
sei que ela é a melhor cliente dela mesma, e o teu pai, cada vez
mais hirsuto e fedorento, ares e gestos e fatos de bastardo, afunda-
se naquele tipo de dívida impagável, e assim é que ambos -
madrasta e padastro – não te largam de jeito nenhum, pois és tu o
dependente e o mandante, és quem sustenta a suicidade, ou seja,
a tua madrasta, e és tu quem sustenta o teu padastro, ou seja, o
bar, e os ecos do teu desespero chegam aqui, onde outras muitas
perversidades esperam, a não ser que uma bala perdida te beije,
ou um beijo partido te ache no meio dos delírios da tua mãe - a
suicidade -, ou no seio do teu triste pai - o bar.
46 :
A SUICIDADE 7: Cadeados & Senhas
na próxima esquina
quero uma
de anseios ?
o transeunte é cabuloso
ao travar a bufa da grua
uivando para a rua;
ela, a noite, é nebulosa,
e em cada mão dela
e na boca dela
há uma escura rosa...
o transeunte pressente
que a noite é ilesa a toques
de recolher, não é dela
ficar corada, sem beber
o transeunte é sestroso
ao parar na avenida
onde já não uiva a grua;
antes, corta os alarmes
da suicidade e entra
no pátio maior do perigo,
ferra no sono o guarda
do dia, apanha a senha
da felicidade, e se torna asas
e se fez a suicidade
com seus anexos biliosos e suas coberturas aptas a
suicidas
57 :
A SUICIDADE 17: Asfáltico
nomeia o intento
feroz rota, suspeita-se
o custo
de abrasivas lições no dorso
moderno: sabes tu
morrer ?
58 :
A SUICIDADE 18: Os díspares
noturna; vazias,
quase sismógrafos, as cadeiras advertem que não se saírem
sem carapaça, a exemplo do caracol, sempre
com a própria casa
THE CITY
So… she shares what it's like to be a bikini model
or a serial killer model
62 :
O DESERTO E A SUICIDADE: Abrasivas lições
satã diz: “os cantos dos olhos limpos como pontas de lança”.*
VÓRTICE
64 :
TEORIAS ACUMULADAS
65 :
O NADA
66 :
11nov