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RELATÓRIO TÉCNICO

PROJETO “AÇÃO CURVELO” - CURVELO / MG


JULHO / AGOSTO / STEMBRO
2007

INTRODUÇÃO

O Projeto Ação Curvelo é resultado da parceria entre o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento
(CPCD), a Secretaria Municipal de Saúde, a Prefeitura Municipal de Curvelo, o Conselho Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente e a Petrobras Distribuidora S/A. Desenvolve atividades em 13
comunidades da zona rural de Curvelo com as mães-cuidadoras e os agentes comunitários de
educação e, na Rua Açucena, com os jovens aprendizes. Tem como objetivo desenvolver atividades
que promovam atenção e cuidados a crianças, adolescentes e comunidades atendidas. Suas
dimensões: Acolhimento, Convivência, Aprendizagem e Oportunidade.

Neste período participaram das atividades 1.340 pessoas, entre as quais 556 crianças, 189
adolescentes e 595 adultos.

DESCRIÇÃO E ANÁLISE DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO PERÍODO, DE ACORDO COM O PLANO


DE TRABALHO E AVALIAÇÃO (PTA), OBJETIVOS, METODOLOGIA E CONTRIBUIÇÃO PARA O
DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DO PÚBLICO-ALVO

• Agentes Comunitários de Educação e Mães-cuidadoras

O desenvolvimento das mães-cuidadoras e dos agentes comunitários de educação é nítido, pois todos
demonstram, em suas atitudes, as dimensões do projeto. A comunidade busca parceria não só com o

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projeto, mas com as mães e agentes, que se sentem valorizados e se empenham para que as
atividades cumpram os objetivos do projeto.

As atividades organizadas por esses educadores almejam tornar as comunidades referência em


Acolhimento, Convivência, Aprendizagem e Oportunidade para crianças e adolescentes. No início do
projeto, as pessoas ficavam “presas” somente às atividades do PTA, mas agora ampliaram as opções
em oportunidade e idéias inovadoras que podem gerar outras dimensões do projeto.

• Bornal de Livros e Algibeiras de Leitura

Os Bornais de Livros e as Algibeiras de Leitura são colocados à disposição das comunidades. Nota-se
o interesse que as pessoas têm em pegar os livros emprestados. Em todas as comunidades, quando os
educadores levam os bornais para as rodas, há grande procura de livros por crianças, jovens e
adultos. O que mais incentiva as pessoas são as rodas de histórias, que acontecem diariamente nas
comunidades. Nessas rodas, todos são incentivados a contar histórias e nelas surgiu a idéia de
produzir livretos com as histórias contadas por pessoas das comunidades.

É importante ressaltar o cuidado que as pessoas têm com os livros. Cada exemplar fica uma semana
com as pessoas e, na hora da devolução, realiza-se um bate-papo sobre a história do livro, não com o
intuito de fiscalizar a pessoa, mas como forma de troca de idéias e de incentivá-la a pegar outro para
ler.

• Bornal de Jogos

No mês de agosto, a equipe participou da oficina do Bornal de Jogos da Paz, na qual foram discutidos
temas como a importância do lúdico no desenvolvimento das crianças, o respeito, a afetividade, a
auto-estima e a aprendizagem, assim como a valorização da sucata (vidros de perfume, garrafas PET,
palitos de picolé, tampinhas etc.), transformando-a em brinquedos. Foram confeccionados 32 jogos
para serem utilizados nas comunidades com as crianças, os jovens e os adultos.

Nas comunidades, os jogos tiveram boa aceitação das crianças,. Em Roça do Brejo, as crianças se
reúnem três vezes por semana para brincar com os jogos. Nessa comunidade, a agressividade entre as
crianças era o que mais preocupava a mãe-cuidadora Alessandra. Com o uso dos jogos e das rodas
de avaliação, entretanto, o comportamento dessas crianças melhorou, incorporando conceitos de
afetividade e respeito.

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Em Tomaz Gonzaga, as mães-cuidadoras Queli e Rosiane confeccionaram 36 jogos e os utilizaram
com as crianças, que não se contentaram em brincar apenas no projeto. Todas têm oportunidade de
levar os jogos para casa para brincar com irmãos, pai, mãe ou outros parentes. Nessa comunidade, é
feito o acompanhamento das crianças que mostram alguma dificuldade com leitura, escrita e de
relacionamento com os professores na escola. Para essas crianças são emprestados jogos e as mães-
cuidadoras se disponibilizam para acompanhá-las na hora de fazer a tarefa escolar. A partir desse
acompanhamento, pode-se perceber o aumento de interesse da criança pelas coisas da escola.

Quando acontece algum “problema” envolvendo as crianças nas brincadeiras, principalmente a


queimada, a atividade é interrompida e todo o grupo vai para a roda resolver o “problema”. No
início, essa atitude era vista pelas crianças como algo “de outro mundo”. Agora, tudo é discutido na
roda, não com o caráter de punição, mas com o intuito de estimular a convivência entre diferentes,
conciliar e promover a paz.

• Oficinas Comunitárias

As oficinas comunitárias estão presentes em todas as 13 comunidades atendidas pelo projeto “AÇÃO-
Curvelo”. Há uma média de 20 encontros por mês, com participação de 9 pessoas por encontro. Já
foram confeccionados, nesses encontros, produtos diversos, como salgados, bolos, fatias, biscoitos,
crochê, pinturas, receitas de alimentação alternativa, chás, doces, queijos, produtos de limpeza,
brinquedos, tinta de terra, hortas e bonecas. Todas essas receitas são das pessoas das comunidades,
que se revezam na coordenação dos grupos. Em São José das Pedras, Cana Brava e Bananal, há
pessoas que se disponibilizaram a ensinar crochê aos grupos locais, que se reúnem duas vezes por
semana.

Durante a confecção desses produtos, é estimulada a convivência entre as pessoas, há divisões de


tarefas e incentivo ao protagonismo. Nesses grupos, todos se revezam na função de educadores e de
educandos, promovendo uma aprendizagem diversificada, não só de receitas e modos de fazer, mas
de afeto, carinho, diálogo e convivência.

Pensando na frase “tudo pode ser feito, desde que preserve a vida e a natureza, respeite a ética e
promova a dignidade humana”, alguns grupos se dispõem a se organizar para formar fabriquetas. Na
zona rural, é difícil conseguir emprego com carteira assinada, renda mínima e outros benefícios para
todos, daí o desejo de montar as fabriquetas. As mães-cuidadoras ajudam na organização das idéias:
já foram feitos, por exemplo, cursos em parceria como SENAR, para detectar o que realmente interessa
a cada comunidade. Nas rodas realizadas nos encontros das oficinas comunitárias, esse é um assunto

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da pauta. Em Mascarenhas, a comunidade escreveu um projeto para montar três fabriquetas. Em
Bananal, a comunidade quer aprender pintura em tecido. Já foi solicitado ao SENAR que promova,
assim que possível, o curso de pintura.

• Clube do Vídeo e Dia de Estudos

Para promover a aprendizagem e ampliar as oportunidades, o grupo de jovens aprendizes realiza às


sextas-feiras, alternadamente, um dia de estudos, momento em que podem fazer trabalhos escolares,
pesquisas ou ler livro, e sessões de filmes que possam contribuir com o conteúdo escolar estudado. Os
filmes assistidos podem ser os existentes na sala de vídeo do Telecentro “Caminhos do Rosa” ou outros
filmes brasileiros.

• Atividades com a escola

Na Escola Municipal Antônio Frederico Ozanã, situada na rua Açucena, os jovens desenvolvem
diversas atividades, como oficinas de leitura e contação de histórias. Nessas oficinas, são contadas
histórias a partir dos livros das Algibeiras de Leitura e dos Bornais de Livros. Além de incentivar o gosto
pela leitura, as oficinas ajudam a desinibir e socializar adolescentes e crianças. Nas avaliações que
fazemos, não é raro o relato de adolescentes que dizem se sentir mais à vontade para falar e mais
responsáveis pelas conquistas coletivas.

Outro instrumento pedagógico que temcontribuido com o aprendizado das crianças da escola é o
Bornal de Jogos “Brincando Também se Ensina”. Os jogos do bornal são instrumentos que nos
permitem trabalhar as dificuldades de cada aluno, propiciando ainda a oportunidade de nos
aproximar e estabelecer uma relação de amizade com as crianças. Quem brinca junto é amigo, igual
e parceiro. Quem ensina é quem cuida, quem quer ajudar. Quem aprende é quem está receptivo ao
outro. É possível perceber que essa é uma relação mútua e recíproca entre crianças, jovens aprendizes,
equipe da Secretaria de Saúde, escola e educadores do CPCD.

Jovens Aprendizes

Os jovens aprendizes são adolescentes que têm entre14 e 17 anos e desenvolvem diversos trabalhos
comunitários sociais na rua Açucena. Entre as atividades desenvolvidas, podemos citar: oficinas de
leitura, brinquedos e brincadeiras, pintura com tinta de terra, pintura em tecidos, ruas de lazer,
embelezamento da rua, rodas de avaliação, planejamento, conversas e aulas de yoga.

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No início do ano, a primeira proposta que surgiu foi trabalhar no bairro Santa Rita, na zona urbana de
Curvelo. Mas, como foi avaliado que a rua Açucena seria um lugar mais propício à realização das
atividades, esses planos foram modificados. Para não deixar de lado um lugar onde o trabalho havia
iniciado, resolveu-se, então, que seriam confeccionados brinquedos para serem usados pelas crianças,
no posto de saúde do Bairro Santa Rita. Enquanto esperam pelo pediatra, por exemplo, eventualmente
poderão ser feitas oficinas de brinquedos com as mães das crianças, para que possam reproduzi-los
em casa. Dessa forma, pretendemos atingir não só as dimensões Acolhimento, Convivência e
Aprendizado, como também discutir a reutilização de materiais que seriam jogados no lixo e a
preservação da natureza.

Na rua Açucena, três oficinas têm mais força e são mais aceitas: pintura em tecido, pintura com tinta
de terra e crochê. A oficina de pintura em tecido começou a partir de um curso de pintura em tecidos
de algodão que foi oferecido pelo SENAR aos moradores da rua e a algumas adolescentes que fazem
parte do grupo de jovens aprendizes. Houve casos de pessoas da rua que não puderam participar do
curso por causa da exigência de carga horária. Por essa razão, algumas pessoas que participaram do
curso se propuseram a colocar em prática o que aprenderam. Movidas pela solidariedade, elas
resolveram montar uma turma para ensinar a pintar todas as quartas-feiras, de 15h às 17h, ou em
horários que sejam mais favoráveis às pessoas que trabalham até tarde. Dessa forma, esse grupo, que
se uniu tanto para aprender quanto para ensinar, está colocando em prática as quatro dimensões do
projeto de uma só vez: Acolhimento, Convivência, Aprendizagem e Oportunidade.

A oficina de crochê surgiu da necessidade de dar melhor acabamento às peças pintadas,


principalmente os panos de prato. Algumas pessoas que entraram para a oficina de pintura para
aprender a pintar se dispuseram a ensinar a fazer crochê, realizando assim uma troca de saberes.

Por razões similares às de outras periferias do mundo, a rua Açucena também sofre com preconceito e
discriminação. Essas duas palavras se fizeram tão presentes, que muitos dos moradores da rua
começaram a achar que pertenciam a uma comunidade sem beleza social e, conseqüentemente, sem
beleza física. Para alguns moradores, porém, como é o caso de Adriane, nossa parceira na Secretaria
de Saúde, é possível perceber os pontos luminosos desse lugar e contagiar os moradores com esse
novo jeito de olhar. A conquista pela estética é importante e, para o CPCD, é um indicador de
qualidade do projeto. Tudo começou com Adriane, e o CPCD abraçou a causa. Hoje, a rua Açucena é

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um dos lugares mais pintados com tinta de terra. Quando se percorre a rua, percebe-se uma beleza
peculiar.

As pessoas da rua gostam e participam das oficinas de pintura com tinta de terra. A partir dessa
atividade, muitos plantaram jardins em frente de suas casas e na Associação Comunitária da rua.
Além disso, estão rompendo velhos preconceitos, como o de que as crianças quebram plantas de
jardim ou que sujam os muros pintados recentemente. Também a auto-estima dos moradores da rua
melhorou e o lugar está conquistando o respeito da cidade, a começar pelos jovens aprendizes, que
moram, em sua maioria, em outros bairros próximos ao centro.

• MPRA – Monitoramento de Processos e Resultados de Aprendizagem

As rodas com os educadores para a troca de experiências contribuem para que o monitoramento do
projeto seja eficiente. A cada encontro, os educadores relatam seus êxitos e dificuldades. Com os
pensamentos e as atitudes expostas e avaliadas pelo grupo, as pessoas se tornam mais coerentes. A
equipe incorporou as dimensões do PTA, pois elas já fazem parte da vida das pessoas, mesmo fora do
horário de trabalho.

ENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO

Com o passar dos dias e com a execução das atividades, a credibilidade do projeto junto à
comunidade aumentou. No início, as pessoas da comunidade falavam que não adiantava ficar
brincando com os meninos, que era preciso arrumar emprego para eles. Hoje elas constatam que as
brincadeiras produziram resultados e que houve mudanças na maneira de agir das crianças. As
comunidades se envolvem com facilidade às propostas dos educadores. As atividades são coletivas, a
exemplo da roda de viola na comunidade de Estiva, que agora acontece na casa das pessoas.

Jovens Aprendizes

Na rua Açucena, a comunidade está cada vez mais participativa. Isso se evidencia nas cobranças,
propostas, aceitação e adesão às atividades do projeto. As pessoas nos procuram para pintar os muros
de suas casas, retocar as pinturas antigas, participar das oficinas propostas, dar sugestões e opiniões e
elogiar o que está sendo feito. Muitas não esperam pelo projeto para realizar melhorias na rua. Elas
próprias se sentem motivadas e então realizam o que acham necessário, como a cerca erguida em
volta do jardim plantado em uma oficina do projeto. Na oficina, só foi possível plantar o jardim, mas

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na semana seguinte, quando voltamos à rua, havia uma cerca feita de bambu em volta do jardim e
todos os dias alguém molha as plantas.

Na formação dos adolescentes, estamos contando com a parceria de outras pessoas, além dos
parceiros iniciais. Os adolescentes têm oportunidade de participar, uma vez por semana, de uma aula
de yoga ministrada pela professora Míriam, uma voluntária.

ENVOLVIMENTO COM OUTRAS ENTIDADES

O projeto AÇÃO sempre procura envolver-se com outras entidades. Juntamente com a Secretaria de
Saúde, nosso principal ponto de apoio, foram feitas parcerias com a Vigilância Sanitária, a
Manesmam e o SENAR, além das associações de moradores e escolas municipais e estaduais das
comunidades atendidas pelo projeto.

A Escola Municipal Antônio Frederico Ozanã, situada na rua Açucena, tem sido nossa grande parceira
na busca de nosso objetivo e de suas dimensões. A diretora Irany tem se mostrado uma grande
parceira nessa empreitada, apoiando e incentivando os adolescentes, bem como abrindo as portas da
escola para que possamos desenvolver o trabalho.

GERENCIAMENTO DO PROJETO

O projeto é coordenado por dois educadores do CPCD: Washington Rodrigues acompanha as


atividades que são desenvolvidas na zona rural com as mães-cuidadoras e os agentes comunitários de
educação e Dirce Rodrigues acompanha as atividades na zona urbana com os jovens aprendizes.
Contamos também com a participação de uma enfermeira e de uma auxiliar de enfermagem da
Secretaria de Saúde, que contribuem na coordenação do projeto.

DESEMPENHO DOS EDUCADORES

A equipe está ciente de sua função na comunidade e mostra-se mais madura. Todos entendem e
abraçam as causas do projeto e sabem que são agentes transformadores, provocadores de mudanças.
Isso tem feito com que essas pessoas se sintam valorizadas e procurem melhorias para suas vidas e
suas comunidades. Há educadores que precisam de um acompanhamento mais presente e mais
próximo, pois nem todos têm o mesmo ritmo.

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A partir das rodas de conversa e avaliação, os jovens aprendizes têm se mostrado a cada dia mais
maduros e aptos a tomar decisões. Na coordenação de atividades, estão mais críticos e mais
desinibidos; buscam alternativas diferentes para problemas diferentes, de acordo com a necessidade
de cada momento. Entre si também estão mais críticos e sinceros, sem deixar que a amizade exerça
uma influência forte entre eles.

AVANÇOS OBTIDOS NO DESENVOLVIMENTO DOS OBJETIVOS DO PROJETO

INDICADORES DE ÊXITO

• Índices qualitativos

- Diminuição da agressividade entre as crianças.


- Elevação da auto-estima das comunidades.
- Crianças e adultos mais afetuosos.
- Incentivo à paz e ao respeito.
- Criação e adaptação de jogos.
- Melhora no desempenho das crianças nas escolas.
- Maior número de empréstimos de livros.
- Produção de peças de teatro.
- Pesquisas sobre as histórias locais.
- Interesse pela leitura.
- Interesse pelas tarefas escolares.
- Criação de histórias.
- Produção de livretos.
- Cuidado com os livros.
- Participação efetiva nas oficinas propostas.
- Maior responsabilidade e compromisso por parte dos adolescentes envolvidos, tanto das
comunidades quanto dos jovens aprendizes.
- Busca da estética como indicador de saúde.
- Aceitação do projeto pelas comunidades trabalhadas.
- Parceria com outras entidades.

• Índices quantitativos

- 13 comunidades atendidas

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- 22 educadores atuantes
- 25 jovens aprendizes
- 32 oficinas comunitárias realizadas
- 4 Dias da Beleza
- 130 livros emprestados
- 122 jogos reproduzidos
- 18 rodas de viola
- 3 cavalgadas
- 5 piqueniques
- 130 livros emprestados
- 556 crianças atendidas

DIFICULDADES ENCONTRADAS NO DESENVOLVIMENTO DOS OBJETIVOS DO PROJETO

• Indicadores de dificuldades

Na rua Açucena, a única dificuldade encontrada é convencer o presidente da associação da rua de


que não estamos lá para disputar poder com ele e sim para somar forças e trazer benefícios pessoais e
sociais para todos os moradores da rua.

BREVE SÍNTESE DAS REFLEXÕES SISTEMATIZADAS A PARTIR DOS RESULTADOS. MENCIONAR TAMBÉM
AVANÇOS TEÓRICOS OCORRIDOS A PARTIR DESSAS REFLEXÕES.

“A vida é mutirão de todos.”


Guimarães Rosa

Com as a atividades desenvolvidas pelo projeto Ação Curvelo, houve grande mobilização na zona
rural, o que contribuiu para que as pessoas passassem a olhar suas comunidades de um outro jeito.
Agora não é mais um lugar esquecido por todos e sim um lugar onde há várias oportunidades
geradas pela convivência entre as pessoas. Isso é mais forte de se perceber nos educadores, que
mudaram suas posturas, passando a falar e praticar carinho, respeito, confiança e atenção,
valorizando os pontos luminosos das pessoas e dos lugares. Com isso, as comunidades passaram a
acompanhá-los.
Washington Rodrigues
Educador - CPCD

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Ensinar às pessoas a enxergar os pontos de luz existentes em si e na rua onde moram tem sido a nossa
maior conquista. Acolher, conviver, aprender e ensinar e dar oportunidades para que as pessoas
mostrem também para a cidade essa constelação que ainda não tinha sido descoberta é ao mesmo
tempo desafiador e gratificante. Bem-estar, auto-estima, gentileza e, principalmente, felicidade são
sinais de saúde que, aos poucos, vêm se apresentando para nós e para as pessoas da rua.

Maria Dirce Rodrigues


Educadora - CPCD

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ANEXOS

• Quadro da equipe envolvida no Projeto Ação Curvelo

Núcleo São Geraldo do Jataí


Comunidades: Santa Rita do Cedro, São Geraldo do Jataí e Saco Novo

Mães-
Nomes cuidadoras ACE Comunidade Carga horária
1 Mércia C.de Oliveira X Santa Rita do Cedro

2 Márcia Dias de Oliveira X Santa Rita do Cedro

3 Janaína Ferreira X São Geraldo do Jataí 20 h/semana


4 Viviane Cristina Teixeira X São Geraldo do Jataí

5 Maria dos Reis X Saco Novo

6 F
Raquel dLiboreiro X Saco Novo

Núcleo São José das Pedras


Comunidades: Mascarenhas, Bananal, São José das Pedras e Canabrava

Mães-
Nomes cuidadoras ACE Comunidade Carga horária

7 Maria Lúcia G. Ribeiro X Mascarenhas

8 Agda Geralda M. Gomes X Mascarenhas

9 Luciana Oliveira de Souza X Bananal


20 h/semana
10 Fernanda Oliveira de X Bananal

11 S
Telma Tatiane S. Maciel X São José das Pedras

12 Rosana Mendes X Canabrava

13 Marbelle Pinto Souza X Canabrava

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Núcleo Estiva
Comunidades: Várzea de Cima, Poções, Estiva, Tomaz Gonzaga e Roça do Brejo

Mães-
Nomes cuidadoras ACE Pai-cuidador Comunidade Carga horária

Maria Aparecida Várzea de


14 X - -
Cima

15 Wesley José Chaves X - Pedras

16 Alessandra Rosalina Torres X - - Roça do Brejo


20 h/semana
Rosiane Pereira Macedo - - Tomaz
17 X
Gonzaga
18 Queli Cristina M. de Matos X - - -

19 Eunice Barbosa Mendes X - - Estiva

20 Cleonice Barbosa Saraiva X - - -

21 Leila Pereira da Silva Pinto X - - -

22 Cláudia de Melo Silva X - - Poções

Zona Urbana

Nomes Idade Carga Horária


1 Alexandra Winnie C. Fernandes Borges 16

2 Bruna Leite da Silva 16

3 Camila Mendes Soares 15

4 Carla Mariane Rodrigues 15

5 Diogo Vitor Gomes 15

6 João Paulo da Silva 15 20h

7 Jimmy Billy Cunha 15

8 Laís de Oliveira Santos 17

9 Mara Souza Cruz 15

10 Adrielle da Silva 17

11 Sandy Nara Vieira 16

12 Simone de Paula 16
13 Wilton Fernandes dos Santos 16

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• Cronograma de Atividades do Cinema

Comunidade Data Horário


Tomaz Gonzaga 06/07/07 19:00 h
Tomaz Gonzaga 07/07/07 19:00 h
Roça do Brejo 08/07/07 19:00 h
Bananal 13/07/07 19:00 h
Cana Brava 15/07/07 19:00 h
Paiol 20/07/07 19:00 h
Pedras 22/07/07 19:00 h
Várzea de Cima 25/07/07 19:00 h
Estiva 26/07/07 19:00 h
Poções 27/07/07 19:00 h
São Geraldo do Jataí 28/07/07 19:00 h
Saco Novo 29/07/07 19:00 h
Mascarenhas 04/08/07 19:00 h

Poções

Atividades N º. Pessoas Data


Roda com as crianças {jogos} 6 01/08
Roda com as crianças {buscar terra} 5 02/08
Roda com as crianças limpeza e brincadeiras 7 03/08
Roda com crianças e jovens {clube vídeo} 9 04/08
Roda de crianças {casinha} 5 07/08
Roda de aprendizagem {xarope} 5 08/08
Roda de aprendizagem {porta-retrato} 4 09/08
Roda de crianças e jovens {organização} 4 10/08
Convite e limpeza {crianças} 8 11/08
Roda com crianças e jovens {decoração} 6 13/08
Roda comemorativa do Dia dos Pais {roda de viola} 36 14/08
Roda crianças e jovens {pintura de terra} 10 15/08
Roda de crianças e jovens {pintura e limpeza} 7 16/08
Reunião em Estiva 6 17/08

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Roda de crianças {limpeza e brincadeiras} 18/08
Reunião da saúde 25 21/08
Trabalho escolar {roda com as crianças} 4 22/08/
Trabalho escolar {roda com as crianças} 4 23/08
Roda com as crianças {jogos} 6 24/08
Roda com os jovens {canteiro de adubo} 5 25/08
Roda com as crianças {juntar folhas e cuidar dos canteiros} 6 28/08
Roda com crianças e jovens {passeio ecológico} 9 29/08
Roda com crianças e jovens {pintura de terra} 5 30/08
Roda crianças e jovens {limpeza da gameleira} 6 31/08
Roda com as crianças {cuidar do canteiro e brincadeiras} 6 04/09
Roda com as crianças {limpeza da escola} 4 05/09
Roda com as crianças {limpeza e planejar teatro} 5 06/09
Roda comunitária comemorativa de aniversário {serenata} 30 09/09

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• Depoimentos

“Para mim, as coisas melhoraram muito: a saúde tem mais assistência e o projeto trouxe mais
alegria.”
Aguimar de Freitas Pinto - 72 anos
Poções

“O projeto Ação trouxe alegria e união entre as pessoas. E assim a saúde só aumentou.”
Natalino da Silva Ferreira - 81 anos
Poções

“A cada dia, há uma coisa nova para ser ensinada. Acho isso bom, porque são as pessoas daqui que
estão ensinando.”
Angélica de Oliveira Souza - 52 anos
Bananal

“Quando participo de uma oficina comunitária, sempre aprendo mais e as pessoas estão ficando mais
unidas.”
Luciene Souza Teixeira - 23 anos
Bananal

“Eu gosto mais das brincadeiras porque, além de nos divertirmos, aprendemos a fazer conta, o
alfabeto, fazemos amizades e outras coisas.”
Patrícia Aparecida Ribeiro - 9 anos
Tomaz Gonzaga

“Eu achei hoje muito bom, porque pude contar a minha história e porque brincamos com os jogos e
aprendemos palavras novas.”
Ramon Ribeiro de Araújo - 14 anos
Tomaz Gonzaga

“Gosto mais do jogo Batalha da Amizade, porque nós ficamos mais unidos e ele é muito divertido.”
Jaqueline Rafaela R. dos Santos - 10 anos
Tomaz Gonzaga

“Eu gostei de fazer a espiral de ervas, porque adoro cuidar de plantas.”


Ursina da Conceição
Roça do Brejo

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“No arraial onde eu moro, não tem nenhuma novidade. Com os ensaios para a quadrilha, as pessoas
se distraíram e conversaram mais.”
Carla Alessandra dos Reis - 28 anos
Alegre

“O que faltava para Poções eram atividades iguais às do projeto. Antes parecia que a comunidade
estava morta.”
Fortunato Aleluia - Poções

“No ano que vem, eu quero e vou dançar quadrilha com o meu marido.”
Beatriz Matos - Poções

“O Ação, para mim, está sendo muito bom, pois mudei muito e para melhor. O passeio para BH foi
ótimo! O espetáculo foi mesmo um espetáculo.”
Bruna Leite da Silva - 16 anos
Jovem Aprendiz

“As conversas com a Adriana são boas, pois esclarecem muitas dúvidas da gente. Coisas que temos
vergonha de perguntar para os outros ela nos dá liberdade e segurança para perguntar. As aulas de
yoga ensinam a termos concentração e que tudo que queremos podemos.”
Bruna Leite da Silva - 16 anos
Jovem Aprendiz

“Eu tinha muita vontade de aprender a pintar em tecido. No projeto, tive a oportunidade de aprender.
Foi um pouco difícil, mas aprendi. Agora eu estou podendo ensinar. Outra coisa que eu aprendi e
estou gostando muito de fazer é a tinta de terra. Nunca imaginei que poderia fazer tinta e nós estamos
pintando várias casas e a escola da rua Assucena.”
Adrielle da Silva Oliveira -16 anos
Jovem Aprendiz

“Com as atividades desenvolvidas na rua Assucena, eu pude amadurecer e mudar minha opinião em
relação à comunidade. Também não tinha muita paciência com criança e hoje até brinco com elas.”
Alexandra Winnie - 17 anos
Jovem Aprendiz

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“O trabalho que estamos desenvolvendo está sendo construtivo e produtivo, não apenas para nós,
mas também para as pessoas com as quais trabalhamos. As pessoas estão mais respeitosas.”
Camila M. Soares - 17 anos
Jovem Aprendiz

“Eu gostei muito da Roda de Viola. Todos nós estávamos ansiosos, fizemos biscoitos, chás. Os violeiros
tocaram bem, apesar de não saberem músicas de hoje. Mas todos estavam felizes com a festa.”
Eduardo Orlando Lopes - 16 anos
Jovem Aprendiz

“O projeto mudou minha vida, logicamente que para melhor. Hoje sou menos agitado e menos
ignorante. Tudo graças à oportunidade de me expressar, sem que me repreendam ou me xinguem.
Aqui posso colocar meus pensamentos através das atividades. Com o Açucena, estamos
desenvolvendo um trabalho bastante interessante e produtivo. Através da pintura com tinta de terra,
estamos fazendo com que as crianças tenham uma convivência melhor. A yoga, juntamente com as
rodas de conversa com a Adriane, está me ajudando a esclarecer várias dúvidas sobre sexualidade e
estou mais tranqüilo para enfrentar meus problemas do dia-a-dia.”
Diogo - 16 anos
Jovem Aprendiz

“O projeto Ação está sendo o melhor possível, contando, é claro, com as aventuras que tivemos na
viagem para Belo Horizonte. Foi uma viajem alucinante, porque foi a minha primeira viagem à capital.
É por isso que eu achei bacana o espetáculo dos Meninos de Araçuaí. Participei de sessões de
filmagem, curso de pintura junto ao projeto AÇÃO que teve na rua Açucena. Durante a semana, os
pintores mostraram que com a terra podemos fazer várias coisas. Temos também curso de yoga.“
Mara Souza da Cruz - Jovem Aprendiz

“Trabalhar no grupo ação é uma experiência muito legal. Além de ver a vida com outros olhos, pude
perceber que muitas pessoas precisam de ajuda e para isso o grupo Ação existe. Se cada um ajudar
um pouco, já podemos mudar o futuro de muitos jovens sem oportunidade na vida.

Quando mudei para o grupo, comecei a ver a vida por outro lado, um lado que necessita de
solidariedade ou apenas de um empurrãozinho para melhorar. Muitos jovens estão entrando para o
mundo do crime e, se encontrarem algo mais interessante para fazer, quem sabe eles mudam? O
grupo Ação ajuda esses jovens e adultos a mudarem e os encaminha para um futuro melhor.

Gosto muito das rodas da segunda-feira. Nela podemos dividir todos os nossos sentimentos, sejam
eles alegres ou não. Ir para o bairro é uma prova de socialização que se percebe na entrada: casas

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pintadas e atualmente um pequeno jardim na frente da associação. Nós não desistimos e
conseguimos.

Fazer brinquedos é algo tão agradável e tão recompensador no final, pois sabemos que depois de
prontos os brinquedos vão parar nas mãos de crianças que nem tinham idéia do que era um
brinquedo reciclado.

A yoga é uma aula tão especial para mim! Estou sabendo usá-la nos momentos de ansiedade e
nervosismo. Isso me faz bem!”
Caroline - 16 anos
Voluntária no Grupo de Jovens Aprendizes

• Receitas

Sabonete líquido

- 2 jarras de água
- 3 barras de sabão de coco
- Babosa
- Erva-cidreira

Modo de preparo

Colocar água para ferver. Ralar o sabão de coco e colocar dentro da água fervente. Depois pegar as
ervas e colocar dentro da água. Deixar ferver por 5 minutos.

Biscoito 5 pratos

- 3 pratos de polvilho
- 1 prato de açúcar
- 1 prato de óleo
- 1 colher de sopa não muito cheia de Pó Royal
- Sal a gosto
- Erva-doce
- Ovos até o ponto de enrolar

Ação Curvelo - Curvelo/MG 18


Modo de preparo

Coloque em uma bacia o açúcar, o óleo, o sal e a erva-doce e bata bastante. Acrescente então o
polvilho, o Pó Royal e os ovos e amasse até ficar uma massa bem macia. Enrole e asse em fogo
médio.

Bolo de fubá

- 1 k de fubá
- 200g de trigo
- 1 colher de sopa de bicarbonato
- Canela e erva-doce
- 200g de açúcar
- ½ litro de leite
- 2 colheres de manteiga
- 3 colheres de gordura de porco
- 2 ovos
- Sal a gosto

Modo de preparo

Coloque em uma panela o leite, o açúcar, a manteiga, a canela, a erva-doce, o sal e deixe ferver. Em
uma bacia, coloque o fubá, o trigo, o bicarbonato e misture bem. Despeje a mistura da panela, mexa
bem e deixe esfriar. Bata os ovos e misture bem, enrole a massa na folha de bananeira e asse em
forno bem quente.
Bom apetite!

Sequilho

- 1 kg de polvilho azedo
- 4 ovos
- 2 copos de leite (300ml)
- 1 copo de óleo (300ml)
- 1 copo de água
- Erva-doce
- Sal a gosto

Ação Curvelo - Curvelo/MG 19


Modo de preparo

Escalde o polvilho com o óleo e um copo de leite. Misture bem. Acrescente o outro copo de leite frio e
misture bem. Coloque os ovos e o sal. Misture e termine de dar o ponto com a água. Corte um
saquinho de arroz fazendo um triângulo, usando uma das pontas que não está aberta. Faça um furo
no canto, na espessura de um dedo, coloque a massa dentro e esprema, puxando do meio da forma
para o seu lado, em forma de dedo. O ponto da massa é mole.

Sabão

Oficina Comunitária Saco Novo

- 2 Litros de sebo derretido e morno


- 1 litro de óleo ou gordura
- ½ kg de soda
- 1 ½ litro de água
- ½ litro de álcool

Derreta a soda na água, depois acrescente o sebo e a gordura e mexa até ficar homogêneo.
Acrescente o álcool, mas muito cuidado nessa hora, porque a temperatura da massa aumentará. Em
seguida, despeje em uma bacia e espere esfriar para cortar.

Receita de Sabão

Oficina Comunitária Várzea de Cima

- 1 litro de soda líquida


- 5 litros de óleo
- 1 litro de água
- 1 copo de cloro

Modo de fazer

coloque tudo frio e bata durante 40 minutos

Ação Curvelo - Curvelo/MG 20


Pão de queijo

- 1 kg de polvilho
- 6 ovos
- 1 copo de óleo
- 2 copos de leite
- 1 colher de sal
- 1 prato de queijo
- 1 colher de manteiga

Modo de preparo

Escalde o polvilho com leite, óleo, sal e manteiga. Amasse com ovos e um pouco de água gelada.
Enrole e coloque para assar.
(Denise de Oliveira Almeida - 38 anos - Tatu)

Fatia de cenoura e abóbora

Oficina Comunitária Saco Novo

- 50g de fermento
- 1 colher de sopa de açúcar
- 1 colher de sopa de trigo
- 1 copo de leite morno
- (Fazer um mingau com esses ingredientes e deixar esfriar)
- 1 copo de leite
- 1 copo de açúcar
- 1 colherinha de sal
- 4 colheres de sopa de margarina
- 5 ovos
- 150 g de cenoura ou abóbora cozida
- 1 kg e meio de trigo

Modo de preparo

Acrescente os ingredientes ao mingau (respeitando a ordem deles na receita). Vá adicionando trigo,


até a massa ficar soltando das mãos. Esse é o ponto. Deixe a massa descansar até ela crescer. Depois,
enrole em forma de pãezinhos, pincele com gema de ovo e coloque para assar em forno quente.

Ação Curvelo - Curvelo/MG 21


• Histórias

Dois colegas iam ver suas namoradas em outra comunidade e para isso tinham que atravessar a linha
do trem. Quando voltaram, era mais de meia-noite e época da Quaresma. Eles viram uma vela acesa
que estava mexendo. Ficaram muito assustados e começaram a rezar e a fazer promessas. Depois de
dois rosários, é que observaram que era um rato correndo e roendo uma vela acessa.
Oscar Gomes - Comunidade Poções

O Sr. João estava indo embora para a sua casa, quando apareceu um cão muito bravo, que não
parava de latir. Então, ele tirou toda a roupa e o cão, quando viu aquilo, parou de latir e começou a
choramingar e saiu correndo.
Oscar Gomes - Comunidade Poções

Era uma vez um fazendeiro que não deixava os peões comerem com ele dentro da casa. Certo dia, a
casa estava cheia de visitas e um peão disse aos outros:
- É hoje que vou comer sentado do lado dele.
Os outros duvidaram:
- Você está doido!
Então, ele foi chegando e entrando e disse ao patrão:
- O senhor sabe quanto vale um diamante bem grande?
O fazendeiro logo o mandou sentar bem perto dele e o serviu com tudo o que tinha à mesa. Quando
o almoço acabou, o peão estava bem cheio e então o patrão o chamou em um canto e perguntou:
- Onde está o tal diamante?
O peão respondeu:
- Ah, eu estava pensando quanto é que o patrão me daria se eu achasse um diamante bem grande.
Aguimar de Freitas Pinto - Comunidade Poções

Era uma vez um casal que vivia muito bem. Até que, em um dia 13 de agosto, uma sexta-feira,
apareceu um gato preto em sua casa. O homem ficou com ele. Certo dia, ele viajou a serviço e disse à
mulher:
- Eu vou sair e você faça o favor de cuidar bem do gato. Se eu chegar e ele estiver magro, você me
paga!
O homem foi embora. Em casa, a mulher fazia de tudo para o gato comer: dava leite, o colocava no
colo e nada do gato comer.
Quando o homem chegou, brigou com a mulher e tornou a avisar:
- Agora, se ele não comer, eu vou te matar!

Ação Curvelo - Curvelo/MG 22


Então a mulher ficou rezando para que o gato comesse. Em certa parte do caminho, o homem
resolveu parar um pouco para descansar. Foi quando ele ouviu dois pássaros conversando e um
perguntou para o outro:
- O que você tem feito?
E o outro respondeu:
- Tomei a forma de um gato e estou fazendo de tudo para separar um casal.
Foi quando o homem descobriu tudo e disse:
- Então aquele gato é coisa do diabo. Mas ele me paga!
Chegando à sua casa, a mulher já foi encontrá-lo tremendo de medo. E ele disse que ela não
precisava ficar assustada. Então, ele pegou um pau, matou o gato e pediu perdão à sua mulher.
Júlia Ferreira e Almeida - Comunidade Poções

Um moço adoeceu e foi levado ao médico. Chegando lá, o médico perguntou:


- Como o senhor está? E a sua pressão, está boa?
E ele respondeu:
- Ah, eu ganhei uma do meu irmão, mas faz muito tempo e já acabou.
Raimunda - Comunidade Poções

O moço estava capinando o seu quintal sozinho, quando, de repente, alguém começou a capinar
junto. Ele parava e o outro também parava, ele recomeçava e o outro também recomeçava. Ele
olhava, mas não via ninguém, até que ele desistiu e disse:
- Você fica aí sozinho que eu já estou indo embora.
Raimunda - Comunidade Poções

O Seu João e sua família tinham que passar em certa estrada, quando apareceu uma luz que descia
até o chão e não deixava que eles seguissem seu caminho. Então, a solução foi voltar e dormir na casa
do compadre.
Natalino da Silva Ferreira - Comunidade Poções

Eu estava em uma fazenda que se chamava Ribeirão. Eu só tinha 6 anos, a casa era de assoalho e
estava dormindo lá sozinho, quando começou a fazer barulho nas vasilhas, arrastar os móveis, descia
telhas e abria portas. Mas eu olhava e não via nada e as coisas estavam todas em seus lugares. Foi
essa confusão a noite toda. A única coisa que fiz foi rezar a oração da luz.
Geraldo Bispo da Cruz - 60 anos
Comunidade Poções

Ação Curvelo - Curvelo/MG 23


Era uma vez duas crianças chamadas João e Maria. Elas viviam sozinhas e estavam passando fome.
Então, resolveram sair pela floresta procurando o que comer, quando avistaram uma luzinha lá no
meio da escuridão. Chegaram até uma casinha e foram recebidos por uma velhinha, que disse:
- Entrem, meus netinhos! A vovó vai lhes dar o que comer.
Mas os pobrezinhos não sabiam que ele era uma bruxa muito má, que no fundo só queria engordá-los
para comer. A velhinha, muito falsa, disse a eles que se sentassem e esperassem, pois ela iria fazer um
biscoito para eles. Enquanto ela enrolava a massa, eles pegavam biscoitos escondido e ela dizia:
- Xisp, xisp, meus netinhos! Esperem até eles ficarem bem assadinhos.
Assim, o tempo foi passando e as crianças foram engordando. A bruxa os prendeu em um quarto
escuro, que tinha um buraquinho na porta onde só cabia um dedo. O tempo passou e as crianças
perceberam que, na verdade, ela só queria engordá-los para comer. Todos os dias, a bruxa lhes pedia
que mostrassem os dedinhos, mas as crianças não eram bobas: colocavam um pedaço de pau bem
fino e assim elas conseguiam enganar a velhinha. Até que um dia ela descobriu tudo e, quando abriu
a porta, teve uma bela surpresa: as crianças estavam no ponto.
Foi então que ela começou a preparar tudo para o banquete. Pediu a João e Maria que buscassem
lenha para a fogueira e acendessem o fogo. Depois de tudo pronto, pediu para eles dançarem ao
redor do fogo. Mas as crianças disseram a ela:
- Vovó, não sabemos dançar, nos ensine!
Então ela começou a dançar e as crianças a empurraram para dentro do fogo. Ela começou a gritar:
- Água fria, meus netinhos!
As crianças responderam:
- Azeite quente, minha avó!
Júlia Ferreira e Almeida - 74 anos - Comunidade Poções

Era uma vez um velhinho que saiu a caçar na floresta, quando de repente escureceu e começou a
fazer frio. Então, ela ascendeu um fogo para clarear e se esquentar e sentou-se perto do fogo. Foi
quando chegou um pinto, todo pelado, que ficava rodeando o fogo. O velho sentiu um arrepio e
notou que aquele pinto não era um ser do bem, que ele era o popular demônio, capeta. O velho
começou a rezar e o pinto a rodear a fogueira dizendo:
- Fogo todo tempo é bom!
E o velho começou a rezar. Se a oração era branda, o pinto sumia, mas tornava a voltar. Até que o
velho fez o ‘nome do pai’ e rezou uma oração bem forte (o credo), e o pinto ficou apavorado e saiu
dizendo:
- Aqui não é lugar para mim!
Então, o velho só ouviu um estouro muito alto. Era o pinto explodindo.
Júlia Ferreira e Almeida - 74 anos
Comunidade Poções

Ação Curvelo - Curvelo/MG 24


• MPRA - Monitoramento de Processos e Resultados de Aprendizagem

- 13 comunidades rurais, divididas em 3 núcleos e zona urbana de Curvelo nos


bairros Santa Rita e rua Açucena.
- Participam 7 agentes comunitários de educação, 15 mães-cuidadoras e 25
1- Quantos iniciaram a
jovens aprendizes.
atividade e/ou o projeto?
- 1 mãe, 1 ACE, 1 pai-cuidador e 5 jovens aprendizes deixaram de fazer parte
Quantos concluíram?
da equipe de educadores e foram substituídos.
- A região atendida (zona rural e urbana) reúne cerca 6.100 pessoas.
- O projeto conseguiu atingir 2.440 pessoas (40% deste total).
2 – Quanto tempo gastamos Cada comunidade criou um ritmo de trabalho e, com o acompanhamento feito
ou necessitamos para realizar por meio das visitas dos educadores do CPCD e dos encontros pedagógicos,
a atividade? Foi suficiente? ele é avaliado e, se necessário, é acelerado.
3 – Quantos produtos e/ou
- Livretos, receitas das oficinas comunitárias (sabão, biscoito, xarope,
materiais de apoio e/ou de
requeijão), cavalgadas, jogos, brinquedos, jardins, oficinas de beleza, oficinas
instrução foram feitos? Eles
de pintura, clubes do vídeo. Atendem aos objetivos do projeto.
atendem aos objetivos
propostos?

4 – O que foi feito que evidencia ou garante que atingimos os objetivos propostos?

Várzea de Cima

- Rodas de brinquedos, brincadeiras e histórias - acontecem semanalmente.


- Participam cerca de 15 crianças em Várzea de Cima e 10 em Pedras. Nessas comunidades, essa atividade
tem contribuído para que as crianças criem o hábito de brincar juntas, dividir materiais e espaços comuns e
despertar para a conservação do ambiente, principalmente o Rio das Velhas, que passa bem próximo à
comunidade.
- As pinturas com tinta de terra contribuem para mobilizar a comunidade.
- 4 pinturas de casas e uma mercearia. Robson é o dono da mercearia que, depois da pintura, promoveu a
inauguração e chamou todas as crianças para uma festa com brincadeiras e lanche. Sempre que uma casa é
pintada, o dona da casa passa a fazer parte do grupo que vai pintar outra casa. Assim, o mutirão de
embelezamento ganha mais participantes.
- Uma vez por semana, a mãe-cuidadora vai no mesmo ônibus que leva as crianças de Estiva (Escola) para
Pedras (casa dos meninos). O percurso é de 6 km. Durante a viagem, Cida vai contando histórias ou distribui
livros e algumas frutas que recolhe com os moradores da comunidade.

Ação Curvelo - Curvelo/MG 25


- Foram realizadas 13 visitas, com uma média de 9 pessoas em cada uma. Quando o grupo chega na casa a
ser visitada, é feita uma roda de histórias, de brincadeiras, de versos ou charadas. Também é servido um
cafezinho ou suco. Essa atividade proporciona a oportunidade de conhecer melhor os vizinhos, saber que
todos são diferentes e por isso precisam ser respeitadas. Essas visitas proporcionam momentos alegres e de
confraternização e as pessoas ficam mais próximas umas das outras.

Poções

- A comunidade situa-se a 2 km da Estiva e nela moram 90 pessoas.


- As rodas acontecem diariamente e delas participam crianças, adolescentes e adultos.
- Nessas rodas, são feitas diversas atividades: brinquedos, brincadeiras, rodas de histórias, empréstimos de
livros, entre outras coisas. Foram também confeccionados enfeites para a festa em homenagem às mães.
- O grupo mobilizou-se para criar os enfeites da barraquinha onde aconteceu a festa da comunidade e
limpou a área da escola que está desativada, para ser um ponto de encontro. Nesse ponto de encontro, o
grupo realiza, juntamente com a comunidade, as festas comunitárias de aniversário mensais.

Estiva

- As atividades intercalam rodas de histórias, brinquedos e brincadeiras.


- Participam dessas atividades cerca de 25 crianças/dia.
- Durante um dia da semana, as atividades são realizadas com as crianças da creche. Nos demais dias, o
grupo se reúne com as crianças maiores em espaços da comunidade, geralmente debaixo de uma árvore ou
na barraquinha.
- Confecção de tamboretes de garrafas PET para as crianças ficarem mais acomodadas durante as atividades.
- Transformação das crianças que tinham comportamento agressivo. É o caso de Gustavo, que não tinha
oportunidade de participar de nenhum evento na comunidade, por causa de sua fama de ser “atentado”.
Agora, participando das atividades sem ser rotulado, ele está mostrando o seu lado luminoso.
- Com os adolescentes, foi formado um Clube de Vídeo, com o objetivo de reunir a moçada para conversar
sobre amizade, respeito, solidariedade, acolhimento, convivência, oportunidade e outros temas.
- O grupo se reúne todos os sábados na escola ou na casa de algum dos participantes. A partir dessa
atividade, o grupo se mobilizou para fazer um jardim na escola, que ainda falta ser concluído. O motivo do
atraso é que houve eleição para a nova diretoria da escola. Mas os participantes do grupo ajudam na
organização das atividades com as crianças e fazem pinturas.
- Roda de viola que contou com 3 violões, 1 padeiro, 1 timba, 1 triângulo e muita gente com habilidade e
disposição para tocar. Houve um público de 160 pessoas e foi servida uma canjica.

Ação Curvelo - Curvelo/MG 26


- Cinema, com um público de 200 pessoas.
Nessa comunidade, vários casais vivem juntos e não são casados. É vontade dessas pessoas se casarem, mas
alegam não terem condições. Diante disso, Eunice e Cleonice (educadoras do Projeto AÇÂO) estão fazendo
um levantamento para ver na região quantas pessoas gostariam de se casar. A intenção é organizar um
casamento comunitário.

Tomaz Gonzaga

- Participam das rodas de brincadeiras e de contação de histórias 25 crianças.


Segundo as educadoras, antes as crianças eram muito briguentas e agressivas. A partir das rodas de
brincadeiras, esse comportamento foi mudando. O ponto alto desta mudança foi a cavalgada, evento
preparado com esmero e que demorou três dias para ser organizado.
- Confecção dos cavalinhos com garrafas PET e cabos de vassoura.
- 1ª cavalgada das crianças: percorreu as ruas da comunidade até a caixa d’água. No retorno para a praça,
houve uma parada no ponto de apoio, na casa da Janete. Lá as crianças puderam descansar os
“cavalos/éguas” na sombra e comer um lanche organizado pela comunidade.
- Um mês depois, aconteceu a 2ª Cavalgada, que foi até o morro dos cristais. A partir dessa atividade, pôde-
se perceber que as crianças passaram a cuidar melhor dos brinquedos que são confeccionados e que a
relação entre elas melhorou.
- Junto com os agentes comunitários de saúde e a escola foi organizado o 1º Dia da Solidariedade de Tomaz
Gonzaga. O tema escolhido para este dia foi “Acolhimento”.
- Aconteceram oficinas de cuidado (limpeza, corte e pintura de unhas), de beleza (corte de cabelo e
penteados), de brinquedos, embelezamento de espaços com tinta de terra, construção de espiral de ervas e
flores, roda de histórias, pesagem de crianças, vacinação de idosos, medição da pressão arterial e um almoço
organizado pela comunidade. Cada morador doou um ingrediente.
- Participaram desse evento cerca de 120 pessoas.
- Há muito tempo, havia na comunidade um grupo de pastorinhas que saía todos os finais de ano, na época
do Natal. Sabendo disso, as educadoras estão começando a reorganizar esse grupo e já fizeram um
levantamento com as pessoas da comunidade para ver quem sabe os cantos, as danças e as roupas que as
pastorinhas usavam. Já apareceram duas voluntárias: Dona Zélia e Dona Aurora. Os ensaios começam neste
próximo mês.

Roça do Brejo

- Atividades com as crianças diariamente. É uma comunidade pequena.


- Participam 16 crianças com idade entre 6 e 13 anos.

Ação Curvelo - Curvelo/MG 27


- Bornal da Paz e de Aprendizagem. Com o jogo “Batalha da Amizade”, a convivência das crianças melhorou,
as brigas diminuíram e elas não jogam mais pedras na escola.
- As crianças construíram três bingos (do meio ambiente, de palavras e de contas).
- Encontro com a comunidade para fazer um sabão com decoada - 9 pessoas participaram desse evento.
- Depois desse encontro, as pessoas da comunidade passaram a juntar cinza para fazer sabão de decoada.
- O grupo também se reuniu e fez os biscoitos da festa Junina.

Santa Rita do Cedro


- Rodas de histórias, brinquedos e brincadeiras acontecem toda semana.
- Participam 10 crianças da creche e 12 da escola.
- A partir da confecção dos brinquedos de garrafa PET, começou-se a discutir com as crianças o que pode ser
feito para que não se polua o meio ambiente.
- Mutirão de limpeza.
- Próximas atividades: colocar lixeiras em todas as ruas da comunidade e combinar com a Prefeitura uma
maneira de transportar o lixo que é recolhido.
- Em parceria com o SENAR, houve em Santa Rita do Cedro o curso de Plantas Medicinais, do qual 12 pessoas
participaram.
- No curso, as pessoas aprenderam a identificar plantas medicinais do Cerrado e a fazer xaropes, tinturas e
pomadas simples.
- Após o curso, as mulheres do lugar decidiram montar uma “Farmacinha” de remédios homeopáticos que
funcione à base de troca e que, no caso de venda de produtos, o preço seja simbólico, somente para mantê-la
funcionando. O grupo se reuniu para produzir xarope, que foi dividido com a comunidade, e a tintura de
ervas, que serve como base para pomadas.
- Roda de viola na comunidade: como os tocadores não puderam comparecer no dia, um morador apareceu
na hora e tocou duas músicas. Na falta de tocadores, a roda de viola virou roda de causos. Compareceram
62 pessoas, entre crianças e adultos.
- 2 sessões de cinema, com uma média de 45 pessoas em cada uma. O cinema nessa comunidade despertou
a curiosidade das pessoas a respeito do projeto. Houve mobilização entre os moradores e uma canjica foi
servida no dia.

São Geraldo do Jataí

- Dois encontros com as crianças por semana, nos quais acontecem rodas de histórias, oficinas de brinquedos
e brincadeiras, clube do vídeo e empréstimo de livros. Esses encontros proporcionam convivência,
aprendizagem, oportunidade e acesso a livros e a filmes de qualidade.
- Oficinas de sabão: proporcionaram trocas de saberes e facilitaram para que a equipe pudesse combinar

Ação Curvelo - Curvelo/MG 28


com a comunidade novas ações.
- A primeira ação desenvolvida foi a festa junina da comunidade, que teve desfile de carro de boi, caldo de
costela e pipoca.

Saco Novo

- Dois encontros com as crianças com a oficina de brinquedos, na qual foram confeccionados: bilboquê,
petecas e bolsinhas de garrafa PET.
- Oficina de tinta de terra: o posto telefônico foi pintado. Este é o espaço onde a equipe guarda as algibeiras e
demais materiais usados no trabalho. Nessas oficinas, a convivência e o aprendizado, que são objetivos
propostos pelo projeto, acontecem de maneira simples e prazerosa.
- Com a atividade tinta de terra, aconteceu também a pintura do ponto de ônibus, que beneficiou toda a
comunidade, pois levou um pouco mais de beleza para todos que utilizam esse espaço. Para a inauguração
da pintura do ponto de ônibus, organizou-se uma roda de histórias.
- Cinema itinerante com um público de 66 pessoas, que assistiram ao filme “A Era do Gelo II”. A comunidade
já se apropriou dessa atividade e sugeriu nomes de filmes para serem exibidos nas próximas sessões.
- Três oficinas comunitárias, uma delas no dia da vacinação contra paralisia Infantil. Nessa oficina, foi
produzido xarope contra gripe e sorine de própolis. A oficina foi proveitosa e as pessoas pediram para marcar
outro dia com essa atividade.
- Oficina de sabão e requeijão. Essa oficina foi marcada pela troca de saberes entre quem sabia fazer o
sabão, quem sabia fazer o requeijão e ainda quem queria aprender a fazer os dois.
- Grupo de hipertensos – momento de descontração e acolhimento com o jogo “Batalha da Amizade”, do
Bornal da Paz. Após o jogo, que foi um festival de abraços aconchegantes, foi oferecido um lanche e um forró
de sanfona, organizado pela comunidade.

Mascarenhas

- Oficina de tinta de terra – crianças e adultos fizeram atividades juntos, sem o preconceito de que “criança
não sabe” e de que “adulto é mandão”. Foram pintadas sete casas, o ponto de ônibus e a barraquinha da
comunidade.
- Todas as terças e quintas-feiras, há encontros com as crianças para confeccionar brinquedos, contar histórias
e brincar.
- Cavalgada de cavalinhos de pau: participaram 18 crianças com idade entre 3 e 12 anos, os pais e as mães.
Os cavaleiros e as amazonas capricharam: todos estavam de chapéus, botas e calça comprida, montados em
cavalos e éguas enfeitados com tranças e flores. No término da cavalgada, houve um lanche no ponto de
apoio, na casa do Sr. Geraldo, que recebeu toda a comitiva.

Ação Curvelo - Curvelo/MG 29


- As pessoas desejam fazer uma horta comunitária e produzir picles para vender. O grupo está discutindo
qual espaço é o melhor para plantar. Na comunidade, há uma escola desativada com um espaço bem amplo
e cercado. Esse grupo fez um curso no SENAR para aprender a fazer os produtos e reuniu-se com a
extensionista da EMATER, que esclareceu algumas dúvidas das pessoas em relação aos financiamentos
oferecidos pela instituição.

Bananal

- No dia em que aconteceu a sessão de cinema, houve um mutirão para a limpeza da barraquinha. O filme
exibido foi “Dois Filhos de Francisco”, com público de 116 pessoas, que vieram de várias comunidades
vizinhas.
- Roda de viola: participaram 200 pessoas e vários violeiros e sanfoneiros.
- Produção de sabão e de biscoitos.
- Encontros às quintas-feiras, às 14h, na barraquinha, para aprender a fazer crochê. É um grupo que se
reúne há mais tempo. As pessoas querem uma atividade que possa gerar renda e estão conversando sobre o
assunto.
- Com as crianças acontecem encontros diários, nos quais elas utilizam o Bornal da Paz, confeccionam
brinquedos, fazem brincadeiras de roda e plantio de árvores.
- Nos dias em que há vacinação, pesagem de crianças, consultas médicas e visitas médicas, as educadoras
organizam oficinas comunitárias para fazer sucos naturais, remédios à base de plantas, rodas de brincadeiras
e cafés comunitários. Nesses dias, uma pessoa da comunidade fica com a responsabilidade de providenciar o
lanche.

São José das Pedras

- Oficina de tinta de terra: as pessoas passaram a se envolver nas atividades. Já foram realizados dois
mutirões de pintura na barraquinha, mas a participação da comunidade ainda é tímida.
- Encontro para troca de saberes na casa da D. Naná: participaram 10 pessoas e foram feitos dois tipos de
biscoitos, doce de abóbora e enroladinho de salsicha com cenoura. Esse pode ser um sinal de mudança. As
pessoas que não puderam ir mandaram os ingredientes que haviam combinado.
- Encontro diário com 20 crianças na barraquinha para fazer brinquedos, ler livros, contar histórias, jogar
bola, peteca, queimada, utilizar o Bornal de Jogos da Paz e fazer passeios pela comunidade.
- A partir das rodas de histórias, o grupo já confeccionou um livreto sobre as superstições da comunidade.
Para produzir o livreto, as crianças fizeram entrevistas com seus pais, avós e outros moradores da
comunidade.

Ação Curvelo - Curvelo/MG 30


Canabrava

- A comunidade é formada por diversos sítios, que ficam distantes, em média, de 4 a 6 km um do outro.
- As educadoras conseguiram reunir-se com a comunidade seis vezes, nos finais de semana.
- O trabalho com as crianças é realizado no horário da escola, pelo fato de morarem muito longe.
- São utilizados os Bornais da Paz e de Aprendizagem.
- São realizadas oficinas de brinquedos, brincadeiras e rodas de histórias.
- A diretora da escola está aberta para o trabalho no âmbito da escola. Ela propõe atividades e participa da
avaliação.
- Organização de campeonatos de futebol, vôlei, queimadas e pinturas com tinta de terra.

Zona Urbana

- Na zona urbana de Curvelo, o público-alvo são os moradores da rua Açucena, onde estão sendo
desenvolvidas oficinas com a escola e com a comunidade.
- Uma vez por semana, nos reunimos com as crianças da escola para algumas atividades de dobradura,
pintura com tinta de terra, oficinas de leitura, oficinas de contação de histórias e oficinas de brinquedos.
- Uma vez por semana, acontecem encontros com a comunidade para desenvolver trabalhos. Os principais
encontros são para as oficinas de crochê e de pintura em tecido, que foram marcadas a partir do curso
oferecido pelo SENAR.
- Nos outros dias da semana, os jovens aprendizes fazem a avaliação e o planejamento das atividades,
realizam roda de conversa a respeito de afetividade e outros temas, aulas de yoga com uma professora
voluntária, estudo e lazer. Todas essas atividades, além de procurar atingir as dimensões Acolhimento,
Convivência, Aprendizado e Oportunidade, também visam desenvolver o protagonismo juvenil.
Todas as atividades do PTA AÇÃO têm o objetivo de avaliar a felicidade, o
5 – Como as atividades foram prazer e o bem-estar dos participantes. As avaliações feitas diária e
realizadas? Foram lúdicas? semanalmente procuram colocar em evidência e corrigir ações que estejam
Foram educativas? contrárias ao bem-estar, ao prazer e à alegria da comunidade onde se
trabalha.
Tivemos êxito em fazer a cavalgada de cavalinho de garrafa PET, mas creio que
essa atividade teve sucesso somente pela mudança de postura dos educadores
6 – O que pode ser
em relação ao ato de brincar com os meninos. Quando eles passaram a
sistematizado? Já é possível
valorizar o que faz parte do mundo da criança e fazer disso um instrumento de
construir uma “teoria do
transformação, eles conquistaram os meninos.
conhecimento”?

Ação Curvelo - Curvelo/MG 31


Para isso, é necessário atividades mais específicas e dirigidas, como é o caso
dos homens, que têm pouca participação nas atividades do projeto. A área de
interesse deles está muito ligada ao seu trabalho do dia-a-dia. Se o projeto
promovesse essas atividades, seria mais fácil atingi-los. É importante pensar
7 – O que necessita ser ainda mais na geração de oportunidades para esse público.
praticado para alcançar os É necessário ainda melhorar o acompanhamento. Por ser na zona rural e
objetivos? abranger 13 comunidades, o acompanhamento junto aos educadores fica um
pouco lento. O projeto teve muito êxito porque muitos dos educadores são
dinâmicos e não ficam esperando para desenvolver as atividades. Mas nem
todos são assim. É preciso pensar em um acompanhamento mais eficaz, que
agilize mais o projeto.
Acredito que já teríamos avançado muito, mas ainda há várias coisas a serem
8 – Se o projeto se encerrasse
feitas. Necessitamos muito de ACOLHIMENTO, CONVIVÊNCIA,
hoje, ele estaria longe ou
APRENDIZAGEM E OPOTUNIDADE. Por isso, discuti-se muito com a equipe de
perto do objetivo? Por quê?
educadores como podemos melhorar a cada dia o trabalho.
A todo momento, estamos avaliando as atividades que são desenvolvidas e,
assim que são encontrados desafios ou dificuldades, a equipe busca novas
técnicas para saná-los.
Em Tomaz Gonzaga, há um menino (Pablo) que tem problema de
relacionamento com outras crianças, professores, irmãos, pai e mãe. Em
9 – Há necessidade de algumas conversas com o garoto, detectamos que ele já tem 11 anos e está na
“correções de rumo”: nas segunda série e não sabe ler nem escrever direito. Nas avaliações sobre o
atividades? Na metodologia? trabalho das mães-cuidadoras dessa comunidade, vimos que ele já é muito
marcado por todos: é o “problema”. Então, decidimos selecionar alguns jogos
do Bornal de Aprendizagem e da Paz para serem utilizados com ele, além das
tecnologias das placas e do biscoito. Combinamos com os educadores que
todos buscassem ter uma postura diferente com ele, evidenciando o seu “Lado
Luminoso”.
Participar desse projeto é muito gratificante: parece que já faz parte da minha
vida, pois me identifico muito com a zona rural. Para mim, é um lugar onde dá
10 – O nosso prazer, a
vontade de fazer uma casinha e ficar lá. E esse sentimento me faz dedicar muito
alegria e a vontade em
ao projeto, pois me sinto feliz nele.
relação ao projeto:
A equipe demonstra estar muito entusiasmada, pois pensa, a todo momento,
aumentaram? Diminuíram?
em melhorar ainda mais o projeto.
Por quê?

É possível perceber a satisfação e o quão importantes os adolescentes se

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sentem por desenvolver esse tipo de trabalho. Eles sempre trazem coisas novas
e sugestões de atividades para o grupo desenvolver na comunidade. Alguns se
mostram líderes também fora do projeto, são convidados por suas escolas a
ensinar o que aprenderam no projeto e a dar depoimentos a respeito do que
vivenciam. É possível perceber a satisfação nos olhos e a empolgação e a
alegria com que falam do projeto. Nota-se também a amizade e o carinho com
que lidam uns com os outros e com tudo o que diz respeito ao projeto. É
impossível não me contagiar com tal clima e não me sentir motivada a procurar
novas alternativas e caminhos para o sucesso desse projeto.

Washington Alves Rodrigues - Coordenador


Projeto Ação Curvelo

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