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PIRIPIRI PI
JUNHO DE 2014
Por estes motivos, Jos de Alencar foi um dos maiores escritores romnticos
brasileiros. To significativa foi a sua produo literria, que definiu um projeto de
identidade nacional, o qual sacralizou a figura do ndio.
Iracema, romance de 1865, uma de suas maiores obras primas e rene as
caractersticas mais marcantes do Romantismo Brasileiro. Este trabalho tem por
objetivo mostrar algumas delas.
As marcas mais fortes da obra que a classificam como romntica so a
sacralizao do ndio, visto como um ser nobre; a idealizao da mulher e do amor;
e a exaltao da natureza. Como se v nos trechos a seguir:
1 Conforme a classificao de Luiz Roncari (2002)
Mas nao alguma jamais vibrou o arco certeiro como a grande nao pitiguara; e
Poti o maior chefe, de quantos chefes empunharam a inbia guerreira. (cap. 29)
O moo guerreiro aprendeu na religio de sua me, onde a mulher smbolo de
ternura e amor. (cap. 2)
Iracema, a virgem dos lbios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa
da grana, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo de jati no era doce
como o seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hlito
perfumado. (cap. 2)
Conforme Luiz Roncari (2002, p. 291) a literatura da poca no guardava
iluses sobre o passado do Brasil, antes, o idealizava atravs de projees
fantasiosas de algo que j consideravam irremediavelmente perdido. Por isso, as
narrativas so marcadas pela nostalgia e melancolia. Em Iracema, este
sentimentalismo pode ser visto em toda a obra, por exemplo em:
Sofreu mais dalma que da ferida. (cap. 2)
O sentimento que ele ps nos olhos e no rosto no o sei eu. Porm a virgem lanou
de si o arco e a uiraaba, e correu para o guerreiro, sentida da mgoa que causara
(cap. 2)
Por esse sentimentalismo tambm se observa, nas obras romnticas, outra
caracterstica: a evaso. Alfredo Bosi (2013) diz que:
o eu romntico objetivamente incapaz de resolver os conflitos com a
sociedade, lana-se evaso. No tempo, recriando uma Idade Mdia gtica
e embruxada. No espao, fugindo para ermas paragens ou para o Oriente
extico (BOSI, 2013, p. 97).