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CRISTIANE DO ROCIO KRÜGER

O DESENVOLVIMENTO DO AGRONEGÓCIO
AGRONEGÓCIO E SUAS IMPLICAÇÕES
SOCIOECONÔMICAS:
MICAS: o caso do município de Sertanópolis - PR

Trabalho apresentado para obtenção parcial do


título de MBA em Gestão Ambiental no curso
de Pós-Graduação
Graduação em MBA em Gestão
Ambiental - Departamento de Economia Rural
e Extensão, Setor de Ciências Agrárias,
Universidade Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Luciano de Almeida

Curitiba
2008
2

Dedico este trabalho a meus pais pelo apoio, e


principalmente a meu marido pela dedicação,
compreensão, e afeto dispensado, fatos que
contribuíram para efetiva realização deste
trabalho.
3

AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente ao professor Nivaldo Rizzi, pelos seus ensinamentos, os


quais foram imprescindíveis para minhas reflexões.

Ao professor Luciano de Almeida, pelas orientações.

Agradeço também aos engenheiros agrônomos da EMATER de Sertanópolis,


Edson e Wanderley.

Á minha amiga Mariza Pissinati e ao meu marido pela ajuda em relação à


formatação deste trabalho.
4

SUMÁRIO

1 . INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................. 12
2.1 A Globalização do Agronegócio .................................................................. 123
2.2 As pressões para se manter no agronegócio e suas implicações ambientais16
3. METODOLOGIA................................................................................................ 18
4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................................................... 19
4.1 O município de Sertanópolis ......................................................................... 19
4.2 Transformações em relação ao uso do solo.................................................. 21
4.2.1 Preços médios máximos praticados no núcleo regional de Londrina........ 22
4.2.2 Milho e Soja .............................................................................................. 23
4.2.3 Trigo .......................................................................................................... 26
4.2.4 Café .......................................................................................................... 27
4.2.5 Cana de Açúcar ........................................................................................ 29
4.2.6 O processo de especialização .................................................................. 29
4.3 Transformações sociais................................................................................. 32
4.3.1 Indicadores do mercado de trabalho ......................................................... 37
4.3.2 Especificidades do município de Sertanópolis. ......................................... 39
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 44
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 45

IV
5

FIGURA

Figura 1 – Localização geográfica de Sertanópolis. ................................................. 19

V
6

GRÁFICO

Gráfico 1 - Preço médio máximo .............................................................................. 22


Gráfico 2 - Da área de plantio de soja (hectare). ...................................................... 23
Gráfico 3 - Evolução da área de plantio de milho (hectare). ..................................... 24
Gráfico 4 - Evolução da área de plantio de milho safrinha (hectares). ..................... 25
Gráfico 5 - Evolução da área de plantio de trigo (hectare). ...................................... 26
Gráfico 6 - Evolução da área de plantio de café (hectare)........................................ 27
Gráfico 7 - Evolução da área de plantio de cana de açúcar (hectare). ..................... 29
Gráfico 8 - Área de cultivo de lavouras permanentes (hectares) .............................. 31
Gráfico 9 - Área de cultivo de lavouras temporárias (hectare)................................. 32
Gráfico 10 - Pessoas e membros de família ocupados na agropecuária................. 34
Gráfico 11 - Evolução demográfica........................................................................... 34
Gráfico 12 - Evolução do emprego formal, microrregião de Porecatu - 2003 - 2006 37
Gráfico 13 - Empregos formais na microrregião de Porecatu-2006 .......................... 38
Gráfico 14 - Principais culturas agrícolas % de produção agrícola de Sertanópolis. 40
Gráfico 15 - Culturas agrícolas % de produção agrícola de Sertanópolis................ 41
Gráfico 16 - Realidade de Sertanópolis 1993/1999/2007. ........................................ 42

VI
7

QUADRO

Quadro 1 - Evolução de estabelecimentos (hectare) - Sertanópolis 1996 a 2004. ... 21


Quadro 2 - População e grau de urbanização microrregião de Porecatu – 2007. .... 36

VII
8

RESUMO

Nas últimas décadas pode-se observar o acelerado processo de transformações na


agricultura, com a expansão significativa do agronegócio. Automação dos processos
produtivos, mudanças tecnológicas, especialização da produção e a globalização da
cadeia produtiva são algumas dessas mudanças. Diversas são as conseqüências
negativas desse movimento que se iniciara com o êxodo rural e hoje se destaca
pelos impactos ambientais. Neste trabalho procurou se estabelecer algumas
relações entre o agronegócio fundamentado em commodities de exportação, e a
influência deste em relação a algumas sociais. Para tanto, foi realizado um estudo
comparativo entre os municípios da microrregião geográfica de Porecatu e o
município de Sertanópolis. Como metodologia foi realizado um levantamento de
dados secundários relativos a microrregião geográfica de Porecatu, tendo como
meta, comparar as transformações destes municípios e mensurar a importância do
agronegócio e seus implicativos. Pode-se concluir que a troca de culturas
permanentes como o café e produtos de subsistência por culturas temporárias como
a soja e o milho, cujo preço é regulado pelo mercado internacional, estimulou o
êxodo rural e o decréscimo populacional nesta microrregião.

VIII
9

1 . INTRODUÇÃO

O processo de produção agrícola no Brasil sofreu muitas transformações


principalmente a partir da década de 1970, época em que ocorreu a adoção por
parte importante dos agricultores de um pacote tecnológico que incorporava a
mecanização das diferentes etapas da produção e a utilização massiva de
defensivos químicos. Esse foi um processo que se deu no âmbito da chamada
“Revolução Verde” e que também levou a especialização produtiva em grandes
extensões de terra.
No norte paranaense, paralelamente a “modernização da agricultura”, o
cultivo do café em um grande número de pequenas propriedades foi rapidamente
substituído por culturas temporárias como a soja, milho e trigo em extensões cada
vez maiores de terra. A formação de grandes complexos agroindustriais ligados a
essas culturas levou a verticalização da agricultura e a mecanismos diferenciados de
acesso ao mercado pelos agricultores. Cabe lembrar ainda a intensa exploração dos
recursos florestais da região onde a vegetação primária foi praticamente eliminada.
Do ponto de vista ambiental, a expansão do agronegócio tem levado
inegavelmente a degradação dos recursos naturais. Eliminação de florestas e outros
ecossistemas, monocultivo, uso abusivo de insumos químicos, entre outros, tem
assim acelerado a redução e contaminação dos recursos hídricos, degradação dos
solos e perda de biodiversidade.
Ao mesmo tempo, essas mudanças tiveram no êxodo rural uma das suas
maiores implicações, com o rápido e crescente aumento populacional dos centros
urbanos, seja da região ou do país como um todo. Seja pela substituição dos
homens pelas máquinas ou implementos, seja pela concentração da terra, milhares
de pequenos agricultores e trabalhadores rurais perderam suas terras e suas
ocupações e migraram para a periferia das cidades. Atualmente, quando se observa
o cotidiano das cidades, é fácil constatar, que uma parte daquela população que
outrora pertencia ao meio rural, não apresenta condições de se inserir de forma
digna na sociedade. Além das condições sócio-econômicas difíceis em que vivem as
mudanças culturais para aqueles que chegam são grandes. O cotidiano acelerado
da cidade e a individualização se contrapõem as rodas de conversa ou a forma de
criar os filhos.
10

Além disto, outro problema a ser enfrentado se refere à falta de infra-


estruturar dos grandes centros para abrigar este contingente de migrantes que
muitas vezes habita locais precários, tais como favelas, morros, fundos de vales
entre outros locais insalubres. Do ponto de vista de toda a população urbana, os
problemas ambientais são grandes. O inchaço populacional em locais inadequados
tais como áreas de preservação permanente, proximidades de reservatórios de
mananciais e margens de rios levam a uma evidente crise no abastecimento de
água dos grandes e médios centros urbanos.
Voltando ao espaço rural, as críticas nesse sentido levaram, desde a
década de 80 do século passado, a busca de alternativas para um desenvolvimento
econômico e particularmente rural diferenciado e sustentável. Atualmente na
discussão sobre sustentabilidade, vários estudos têm enfatizado ainda mais a
fragilidade dos ambientes e os impactos da agricultura moderna. Desse ponto de
vista, freqüentemente a expansão do agronegócio revela o seu lado negativo, pouco
evidenciado pela mídia frente à importância deste na balança comercial brasileira.
Dentre as discussões sobre o modelo agrícola em curso, um fator que
têm suscitado reflexões, se refere às transformações regionais e as especificidades
dos chamados territórios enquanto espaços diferenciados a serem geridos de
acordo com potencialidades e limites próprios. Essa é uma vertente que pressupõem
que a globalização da economia e da agricultura tem impactos regionais distintos de
acordo com as cadeias produtivas locais.
No agronegócio verifica-se que as trocas comerciais realizadas entre
países têm intensificado tal processo de transformação territorial, e que algumas
corporações transnacionais têm estabelecido as regras de produção e o preço
praticado pelo mercado de commodities, sem, contudo respeitar as particularidades
locais.
Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo geral analisar as
transformações ocorridas no município de Sertanópolis – PR associadas à expansão
do agronegócio.
Este estudo de caso tem como ponto de partida a análise de alguns
indicativos sócio-econômicos do município e da microrregião onde estão inseridos, e
tendo como meta analisar o desenvolvimento e a importância do agronegócio, as
11

mudanças de uso territorial ocorridas entre a década de (1970 e 1995), a evolução


demográfica desta microrregião.
12

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 A globalização do agronegócio

No processo de globalização verifica-se a abertura dos mercados e o


maior acesso a processos de troca entre os países. Sai na frente quem é mais
especializado ou apresenta maiores vantagens comparativas. A respeito desse
processo Singer afirma que:

Há uma divisão internacional de trabalho, de acordo com a qual cada país se especializa
na produção de determinadas mercadorias para o comércio internacional. Durante algum
tempo se supôs que a base desta especialização fosse a diferente dotação de recursos
naturais - sol, clima depósitos minerais - de cada país. Mas, a divisão internacional do
trabalho, que acabou sendo produzida pela revolução industrial a partir do século XIX,
baseou se na verdade muito mais nos diferentes níveis de desenvolvimento das forças
produtivas atingidas pelos diversos países. Se determinados países se especializaram
na produção agro - mineral, não foi porque seus recursos fossem propícios, mas porque
o insuficiente desenvolvimento de suas forças produtivas os impedia de produzir artigos
industriais.(SINGER, 1977, p.51).

Em outras palavras as diferenças apresentadas pelo processo de


desenvolvimento entre os países condicionam as trocas realizadas entre estes. No
que tange o Brasil, o processo de fragmentação e especialização pode ser
observado através da espacialização das cadeias produtivas e da própria produção
da sociedade. Neste ponto é importante dar a devida atenção ao processo de
acumulação de capital e na forma especulativa como este é utilizado acentuando e
aumentando as desigualdades sociais. Pode-se concordar com Singer afirmando
que o insuficiente desenvolvimento entre as forças produtivas ou da capacidade
intelectual impõe limites e restringe o desenvolvimento.
Ao analisar o atual desenvolvimento da agricultura no Paraná, verifica-se
que este tem na base de seu processo a especialização e produção em larga
escala. Essa especialização trás consigo a redução dos postos de trabalho e o
aumento da divisão social do trabalho.
A inserção de novas tecnologias sejam elas insumos, processos ou
máquinas, proporcionam mudanças significativas no padrão produtivo.
13

Aumenta continuamente a pressão para que os agricultores se adaptem


aos pacotes tecnológicos disponíveis e consigam competir num mercado onde a
especialização gera instabilidade de preços e da demanda, ampliando os riscos.
Em relação às exportações paranaenses verificam-se reflexos negativos
provenientes dos subsídios e do protecionismo praticado por países de economia
mais avançadas, conforme atestam (Hideki e Jonas, 2003):

Uma desvantagem da pauta paranaense e brasileira de exportações é a grande


participação de commodities agrícolas e a volatilidade das cotações nos mercados
internacionais, negativamente influenciados pelos subsídios e protecionismo praticados
por países de economia desenvolvida. Os efeitos da elevada concentração da pauta das
exportações foram observados ao longo da segunda metade da década de noventa,
através da diminuição do saldo comercial paranaense. (Hideki e Jonas, 2003 p. 527)

Diante desse processo os pequenos agricultores são aqueles que


enfrentam as maiores dificuldades. No caso do Paraná, de acordo com o censo
agropecuário do ano de 2006, existem 373.238 estabelecimentos rurais envolvidos
com o cultivo de lavouras, dos quais grande parte possui menos de 50 hectares1.
Somem-se, a isso as dificuldades financeiras dos agricultores e tem-se uma
realidade onde, sobretudo o plantio de grãos, se inviabiliza nessas propriedades.
Nesse quadro vem ocorrendo o freqüente endividamento de muitos
agricultores e os constantes apelos por ajuda governamental. Esse fato que nada
têm de novo em relação à modernização da agricultura, pois conforme ressalta
Brum:

Em virtude de suas características próprias, do seu elevado grau de vulnerabilidade e


instabilidade e da crise quase crônica, permanente, a agricultura, praticamente no
mundo todo, tornou-se, em grau crescente, uma atividade subsidiaria do Estado. O
poder público precisa socorrê-la, constantemente ou freqüentemente, através de
múltiplas formas de favores, em grau maior de que qualquer outra atividade; subsídios,
garantias de preço mínimo, créditos favorecidos, moratórias, perdão de dívidas, prêmios
e incentivos diversos e cada vez maiores. (Brum,1988 p-36).

1
O secretário da Agricultura do Estado do Paraná, Valter Bianchini, lembra que a
produção paranaense de grãos e alimentos em geral está centrada na Agricultura
Familiar, sistema que está presente em quase 90% das propriedades existentes no
Estado. Das 360 mil propriedades 321 mil delas têm menos de 50 hectares.
(http://www.seab.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=3727) acesso 20/06/2008
14

De acordo com as alterações do mercado verifica-se a expansão da


produção e a renovação dos maquinários e equipamentos ou o endividamento dos
proprietários e a dependência Estatal. Esta oscilação de preços implica na
necessidade de políticas eficientes, para resguardar o equilíbrio do sistema de
produção.

Oliveira (2003) adverte que o agronegócio e o sistema econômico


brasileiro são muito frágeis. O agronegócio internacional e brasileiro impulsionado
pelo mercado mundial e até mesmo por políticas dos governos locais interfere na
formação e gestão do país e gera compartimentação e fragmentação do espaço.

A respeito destes aspectos no Brasil, Milton Santos argumenta:

O exame do caso brasileiro quanto à modernização agrícola revela a grande


vulnerabilidade das regiões agrícolas modernas face á “modernização globalizadora”.
Examinando o que significa na maior parte dos estados do sul e do sudeste e nos
estados de Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, bem como manchas isoladas de
outros estados, verifica-se que o campo modernizado se tornou praticamente mais
aberto à expansão das formas atuais do capitalismo que as cidades. Desse modo,
enquanto o urbano surge, sob muitos aspectos e com diferentes matizes, como o lugar
da resistência, as áreas agrícolas se transformam agora no lugar da vulnerabilidade.
(SANTOS, 2000, p-92).

Em tempos de globalização a pressão sobre o local se manifesta de


forma intensa, porem é necessário compreender o processo dinâmico e a interação
entre a natureza e a sociedade. Tal compreensão se torna necessária para entender
estas relações, para que se possam mensurar de forma adequada os impactos
causados pelo agronegócio, e não simplesmente auferir um custo ao produto
agrícola, sem pensar nas externalidades e nos custos difusos deste processo.
Em relação à forma como esta se desenvolvendo a agricultura Norder
(2006, p. 112) afirma que:

[...] a apropriação industrial do processo de agropecuária , a despeito de suas variações


geográficas e históricas, levou a uma crescente desconexão entre a produção
agropecuária e as condições locais, dentre as quais a natureza e a ecologia, as
particularidades locais e regionais da força de trabalho e do campesinato, a elaboração
de produtos com características culturais e regionais específicas e a organização das
formas relativamente autônomas de organização do trabalho.Há com isso uma difusão
de processos de produção com um elevado grau de mercantilização, uma acentuada
utilização de insumos de origem agroindustrial e uma forte dependência em relação a
agentes externos e relações mercantis e / ou contratuais.
15

Essa mercantilização pela qual passa a agricultura moderna causa várias


alterações através da especialização das cadeias produtivas, e devido à
diferenciação de algumas regiões e a exclusão de outras, as quais apresentam
baixo potencial de produção.
Ao mesmo tempo em que acontece essa desconexão entre a produção
agropecuária e as condições locais, aumentam os laços de dependência em relação
aos agentes externos. São deixadas de lado as características culturais.
As atividades agrícolas de maior expressão no país e na área em estudo
estão baseadas principalmente em monoculturas e commodities as quais são
vulneráveis as oscilações do mercado externo. O capital relacionado a esses
produtos é muito instável e sujeito oscilações as quais interferem na formação e
dinâmica relacionada a esta cadeia produtiva.
Quanto à forma como se realiza este processo, e quais agentes estão
envolvidos, tanto na produção como na comercialização destes produtos, Endlich
explica:

Se esta lógica ocorre em um mundo mais interativo, tais intercâmbios, longe de significar
homogeneidade, estão pautados pela desigualdade, sendo o alcance das decisões dos
agentes regional bastante limitado, uma vez que, no que se refere a agricultura moderna,
por exemplo, a pauta referente ao que, de que modo, com que qualidade produzir e,
sobretudo, a que preço, são decisões orientadas por bolsas de valores (Chicago,
Londres e Nova York).(ENDLICH, 2006, p-105).

Esse processo de desenvolvimento baseado no mercado externo acaba


ocasionando implicações à economia nacional, e o reflexo desta dinâmica acaba
interferindo na sociedade urbana. Confrontando as palavras de Endlich, com alguns
dados representativos das trocas comerciais realizadas na agricultura relatados por
Lupi e Carvalho, pode se ter uma noção um pouco mais delimitada referente a esta
dependência externa.

O comércio de bens agrícolas atinge cerca de 11% do comércio mundial de bens, em


uma cifra próxima a US$ 580 bilhões. Três quartos deste valor são representados por
produtos alimentares. Do comércio total de bens agrícolas, os países em
desenvolvimento têm participação de aproximadamente 29%. Alguns dados são
relevantes para demonstrar a importância da agricultura na economia e nas balanças de
comercio exterior de diferentes países. Em países de baixa renda, excluindo a China e
Índia, a média da participação da agricultura no produto nacional bruto (PNB) é de cerca
de 34%, enquanto para os países da organização de cooperação e desenvolvimento
econômico (OCDE), de alta renda, o mesmo indicador é de apenas 1,5%. Nos países
16

intermediários é de 8%. Em relação à força de trabalho empregado na agricultura, é de


70% nos países de baixa renda de, 30% nos países intermediários e de 4% nos países
de renda alta. (...) O Brasil é particularmente auto-suficiente em produção de alimentos e
dependente fortemente das exportações de produtos agrícolas. Aqui, a agricultura
responde por 14% do PNB, 23% da força de trabalho empregada, 30% das exportações
e 11% das importações. Os principais produtos são: cacau, café, tabaco, algodão, carne
bovina, suína e de aves, suco de laranja e produtos derivados da soja. O Brasil tem a
maior produção de cana-de-açúcar do mundo, sendo que têm também o menor custo
para produzi-lo. (LUPI; CARVALHO, 2002, p. 90).

As trocas comerciais realizadas pela atividade agrícola são importantes


para países como o Brasil, porém inúmeras são as dificuldades a serem enfrentadas
diante das implicações ambientais.

2.2 As pressões para se manter no agronegócio e suas implicações ambientais

Os sistemas produtivos rumam em prol da especialização, no contexto do


aumento da produtividade, através de produção em larga escala a baixos custos.
A respeito do processo de produção. Veiga e Ehlers, alertam:

[...] na agricultura moderna, a diversificação dos sistemas produtivos foi substituída pela
especialização. Muitos agrônomos e economistas acreditaram que a lógica de produção
em escala, que fizera sucesso no setor industrial, poderia ser facilmente aplicada na
agricultura. As monoculturas, altamente mecanizadas e baseadas no emprego intensivo
de insumos químicos e genéticos, funcionariam como verdadeiras fabricas a céu aberto,
capazes de produzir alimentos em quantidades suficientes para abastecer toda a
humanidade. Mas logo se percebeu que ao contrário da industria, a agricultura é
totalmente dependente de limites naturais, os quais não podem ser facilmente
controlados. A substituição de ecossistemas complexos e diversificados, particularmente
nas regiões tropicais, por sistemas produtivos extremamente simplificados, como são as
monoculturas, provocou uma série de impactos econômicos e ambientais. (Veiga e
Ehlers, 2003, p. 282).

A inserção dos agricultores nesse processo exige a rápida e contínua


intensificação da produção. Para aumentar a escala de produção e a eficiência
produtiva, a especialização em uma ou duas atividades (culturas ou animais) é
incentivada. No uso intensivo da terra, a soja, por exemplo, requer alto nível de
mecanização e necessita de pouca mão de obra. Ao mesmo tempo é uma cultura,
assim como o algodão, trigo, milho entre outras, que demanda a utilização intensiva
de fertilizante e de uma ampla gama de agrotóxicos. Acrescente-se a isso que essas
culturas e a forma convencional de produção demandam o uso de grande
quantidade de recursos naturais, tais como, água, combustíveis fosseis – diesel,
17

elementos minerais, tantos provenientes do solo, como de fontes exógenas como é


o caso dos fertilizantes, e agroquímicos.
Sobre a influência de monoculturas mais especificamente do caso do
efeito da produção de soja sobre a urbanização e a industrialização, Oliveira faz a
seguinte afirmação:

A intensiva mecanização do cultivo e colheita do produto levou à dispensa de um


número enorme de trabalhadores rurais. Mesmo aqueles que eram pequenos ou médios
proprietários enfrentavam grandes dificuldades para manter suas fazendas, se não
conseguissem operar a transição das culturas tradicionais para a nova vedete agrícola: a
soja. Ocorre que, tanto pela escala de produção quanto pelas dificuldades de acesso aos
financiamentos, a adoção do plantio de soja só podia ser uma realidade para uma
minoria de plantadores. O resultado foi a expansão do numero de desempregados na
área rural. Estes se dirigiram para as novas fronteiras agrícolas, ou se integraram ao
contingente de despossuídos que engrossavam as favelas e cortiços das cidades
paranaenses ou de outros estados. (Oliveira, 2001, p. 37).

Esses problemas remetem inevitavelmente a noção de desenvolvimento


sustentável e a necessidade de uma nova forma de fazer a agricultura.

A noção de desenvolvimento sustentável tem como uma das suas


premissas fundamentais o reconhecimento da “insustentabilidade” ou
inadequação econômica, social e ambiental do padrão de
desenvolvimento das sociedades contemporâneas. Esta noção nasce da
compreensão da finitude dos recursos naturais e das injustiças sociais
provocadas pelo modelo de desenvolvimento vigente na maioria dos
países. (ALMEIDA,1997, p.21).
18

3. METODOLOGIA

Para compreender as transformações provenientes do modelo agrícola


baseado no agronegócio e em commodities de exportação, foi realizado um recorte
temporal que compreendeu o período de (1950, 1970, 1985, 1995). Procedeu-se a
análise de culturas permanentes, pastagens e culturas temporárias e, para tanto,
foram utilizados dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA).
Foi analisado a evolução da área de plantio das culturas de soja, milho,
milho safrinha, trigo, café e cana de açúcar no período entre a safra de 1983/1984 e
2005/2006, e o preço médio praticado no período entre 1997 e 2005. Para tanto
foram utilizados dados da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento do
Paraná (SEAB).
As mudanças demográficas sociais foram analisadas a partir dos dados
do IPEA referentes à quantidade de pessoas responsáveis e membros de família
ocupados na agropecuária, no período de ( 1970,1985, 1995). E dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referente, à densidade demográfica do
período de (1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 2000, 2007).
Com o objetivo de analisar a interferência do setor agropecuário na
economia desta microrregião foram analisados alguns indicadores do mercado de
trabalho e do setor econômico, obtidos pelo Instituto Paranaense de
Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES).
Também foram realizadas 2 (duas) entrevistas com técnicos da Empresa
Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), bem como
levantamentos da realidade municipal de Sertanópolis dos anos de 1993, 1999 e
2007, com a finalidade de complementar informações.
19

4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.1 O município de Sertanópolis

De acordo com a divisão territorial do Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística (IBGE), Sertanópolis pertence à Mesorregião Norte Central Paranaense a
qual conta com 79 municípios, concentrando duas cidades principais do estado:
Londrina e Maringá – e à Microrregião de Porecatu com 08 municípios (Alvorada do
Sul, Bela vista do Paraíso, Florestópolis, Miraselva, Porecatu, Prado Ferreira,
Primeiro de Maio e Sertanópolis). Os municípios que apresentam divisão territorial
com Sertanópolis são Bela Vista do Paraíso, Cambé, Ibiporã, Londrina, Primeiro de
Maio, Rancho Alegre e Sertaneja. O acesso acontece pela PR 323 e PR 090.

Figura 1 – Localização geográfica de Sertanópolis.


20

A agricultura teve um papel muito importante em relação à ocupação e


desenvolvimento da região de Sertanópolis. A colonização deste município foi
influenciada devido à facilidade de aquisição e da abundância de terras férteis com
características similares as terras de cultivo de cafezais da região de São Paulo.
Cafezais que, por sua vez, geravam divisas provenientes de outras localidades e
serviram para desenvolver o norte paranaense. Este processo foi intensificado
devido ao “convênio de Taubaté” firmado entre os estados de São Paulo, Minas
Gerais e Rio de Janeiro que tinha como meta limitar a produção destas regiões,
como uma forma de estratégia econômica. Este convênio por sua vez, acabou por
proporcionar a expansão de novas fronteiras agrícolas, e como pode se constatar
neste caso serviu para atrair paulistas para o município de Sertanópolis.
Devido à proximidade e similaridade com o estado de São Paulo vários
imigrantes optaram por realizar o plantio de café nesta região dando começo ao
processo de colonização, o qual acabou por resultar no desmatamento de áreas
para posteriormente, proceder com o processo de plantio.
Neste município com o passar do tempo muitas outras mudanças foram
acontecendo devido a intempéries climáticas e medidas governamentais. Ocorreu
um processo de erradicação dos cafezais, ao mesmo tempo em que ocorreu, a
revolução verde, a mecanização do campo e a introdução de vastas áreas de plantio
de culturas temporárias.
A princípio, a riqueza do município foi proveniente dos cafezais e
atualmente grande parte da economia funciona impulsionada pela agricultura,
voltada a culturas temporárias principalmente soja O agronegócio interfere de forma
significativa na dinâmica de desenvolvimento deste município.
Em relação à atual estrutura fundiária de acordo com os dados fornecidos no
plano diretor pode-se observar um decréscimo do número de propriedades entre 50
e 100 hectares, e um acréscimo dos empresários rurais com mais de 100 hectares,
fato que demonstra aumento da concentração fundiária. Isto pode ser visualizado na
tabela a seguir.
21

QUADRO 1 - EVOLUÇÃO DE ESTABELECIMENTOS (HECTARE) –


SERTANÓPOLIS 1996 A 2004.
Nº de Nº de
propriedades (%) propriedades (%)
Grupos de área
(1996) (2004)
Agricultores familiares (até 50 ha) 521 68,28 564 67,95
Empresários familiares (de 50 a
100 ha) 120 15,73 26 3,13
Empresários rurais (mais de 100
ha) 122 15,99 240 28,92
Total 763 830
Fonte: IBGE - Censo Agropecuário e EMATER – Realidade Municipal.
Nota: Dados trabalhados pela DRZ Consultores Associados.

Para verificar as transformações do uso do solo desta microrregião, foi


verificada a evolução das áreas do cultivo de soja, milho, trigo, milho safrinha, café e
cana de açúcar.
Posteriormente foram avaliadas de forma agrupada as áreas utilizadas no
cultivo de lavouras permanentes, temporárias e pastagens naturais. Os dados
relativos aos preços médios praticados pelo núcleo regional de Londrina, e a
evolução demográfica, também serviram para a análise.
Finalmente, alguns indicativos sócio-econômicos da microrregião
geográfica de Porecatu são descritos e discutidos. Bem como algumas
especificidades do município de Sertanópolis.

4.2 Transformações em relação ao uso do solo.

As trocas de cultivo, e as especializações produtivas estão


intrinsecamente relacionadas ao preço das culturas. A seguir seguem dados
referente ao preço praticado no núcleo regional de Londrina, bem como gráficos de
evolução da área de plantio dos principais cultivos agrícolas da microrregião de
Porecatu, os quais refletem a inter-relação entre o preço dos produtos e a expansão
ou retração das áreas de cultivo.
22

4.2.1 Preços médios máximos praticados no núcleo regional de Londrina

GRÁFICO 1 - PREÇO MÉDIO MÁXIMO

Fonte: SEAB.
Org. Krüger

O preço de mercado dos produtos agrícolas interfere na quantidade de


área territorial destinada a cada produto agrícola.
agrícola. Conforme a flutuação dos preços é
possível verificar alterações nas áreas
á de plantio, as culturas predominantes em
relação à área cultivada são soja e milho
De uma forma geral os preços médios máximos praticados
pr no núcleo
regional de Londrina
ondrina para as culturas de milho, e trigo apresentaram ascensão de
preço no período compreendido entre os anos de 1997 e 2003, a cultura da soja
apresentou alta no ano de 2004, já a cultura do café apresentou um padrão
diferenciado de comportamento em relação às demais.
O processo produtivo da cultura de milho é muito similar ao da cultura de
soja e o produtor pode facilmente optar entre o plantio de uma ou outra cultura, o
mesmo não ocorre com o cultivo de cana de açúcar que acaba por se desenvolver
aonde existem usinas instaladas como é o caso de Porecatu através da usina
central do Paraná e de Coopercatu,
Coo , ou da cultura de café que apresenta um ciclo de
produção mais longo e demanda por muitos tratos culturais diferenciados.
23

4.2.2 Milho e Soja

Verificou-se uma correlação entre a evolução das áreas de cultivo


agrícola destas culturas entre as safras de 83/84 e 05/06 e os preços praticados pelo
mercado.
Através da análise do gráfico n.° 2 pode-se
se observar que de forma geral
ocorreu na área em estudo o aumento do cultivo de soja no
no período compreendido
entre 1983 a 2004, apresentando recuo de área
área plantada no período de (1986/1987-
(1986/1987
1991/1992 e 2004-2005).
2005).

GRÁFICO 2 - DA ÁREA DE PLANTIO DE SOJA (HECTARE).

Fonte: SEAB.
Org. Krüger

Os períodos de queda do plantio de soja se refletem nos períodos de


expansão de área do milho.
No município de Sertanópolis
Sertanópolis é verificada a maior extensão de área de
cultivo de soja como indica o gráfico n.° 2 e gráfico n.°3.
24

GRÁFICO 3 EVOLUÇÃO DA ÁREA DE PLANTIO DE MILHO (HECTARE).

Fonte: SEAB.
Org. Krüger

se a troca da cultura de soja pela cultura de milho nas safras


Evidência-se
1986/1987 e 1991/1992, pode se observar que a cultura do milho sofre mais
oscilações do que o cultivo de soja e que os agricultores respondem rapidamente as
alterações
es dos preços praticados no
n mercado.
Apesar da rotação de cultura ser uma prática recomendada, para um
manejo tecnicamente eficiente. Verifica-se que o planejamento a respeito das áreas
de cultivo é influenciado em decorrência dos preços praticados no mercado
internacional.
A técnica é direcionada para o aumento dos rendimentos econômicos, a
incorporação de avanços tecnológicos,
tecnológicos os quais proporcionem ganhos ambientais
ambienta e
sociais, fica em um segundo plano. Desta forma a rotação de culturas, cede espaço
para a introdução do plantio de milho safrinha,
safrinha, na região em estudo.
estudo
Sendo assim ocorreram mudanças em relação à antiga forma de cultivo, e
já não é verificado o padrão anterior de produção, no qual se tinha a rotação entre
os cultivos de safra e até mesmo áreas destinadas à adubação verde, ou ao pousio.
25

Anteriormente através da rotação dos cultivos,, ocorriam quebras dos ciclos de


pragas e doenças, à redução de infestações e da necessidade de utilização de
agroquímicos.
lém do mais a forma de cultivo anterior trazia consigo outras vantagens,
Além
tais como melhoria da estrutura do solo.
solo Atualmente se verifica a intensificação,
intensificação do
uso do solo e acréscimo do plantio de milho safrinha conforme o gráfico n.°4

GRÁFICO 4- EVOLUÇÃO DA ÁREA DE PLANTIO DE MILHO SAFRINHA


(HECTARES).

Fonte: SEAB.
Org. Krüger

Em função da adoção de novas tecnologias e como resposta aos preços


dos cultivos agrícolas, alterações
alterações foram realizadas na forma de cultivo desta
microrregião a partir da safra de 1991/1992, começou a se adotar o cultivo de plantio
do milho safrinha nesta microrregião fato este que foi relato pelos técnicos da
EMATER, e pode ser
er visualizado no gráfico n.°4.
A partir da safra de 1991/1992, observou-se
observou se um recuo em relação ao
cultivo de milho. Isto
sto aconteceu em função do inicio da prática
ica do cultivo de milho
safrinha. A tendência observada foi de especialização do processo produtivo,
produt
visando aumentar a margem de lucratividade.
26

Porém esta pratica também foi disseminada em função da própria


característica climática da região, a qual também corroborou para
p essa alteração,
pois em função de períodos
ríodos de veranico a produção de grãos de milho por vezes
tinha sua produtividade reduzida no período de verão.
Por outro lado,
lado a cultura de soja apresenta maior resistência a veranicos e
responde melhor em termos de produção,
rodução, sendo assim apresenta menores riscos de
frustração de safra e de perdas de rendimentos.
Essa mudança de produção proporcionou o acréscimo do plantio da
cultura de soja e de milho safrinha, no decorrer do mesmo ano.
Esses arranjos produtivos vão sofrer alterações em relação à
rentabilidade dos produtos.
produtos Sendo
endo assim por ora, será realizado o plantio de soja e
milho safrinha, com redução da área de cultivo de milho e trigo e em outras poderá
ocorrer um acréscimo a área de plantio de milho e de trigo. Esses arranjos estão
estreitamente correlacionados
cionados aos preços de comercialização destas commodities.

4.2.3 Trigo

GRÁFICO 5 - EVOLUÇÃO DA ÁREA DE PLANTIO DE TRIGO (HECTARE).

Fonte: SEAB.
Org. Krüger
27

A área destinada ao cultivo de trigo é visualizada através do gráfico n.°5,


o qual demonstra que o cultivo desta cultura foi reduzido sobre tudo a partir da safra
de 1991/1992 devido ao alto custo de produção e baixa rentabilidade cedeu espaço
para outras culturas mais atrativas economicamente.
Um dos fatores que colaborou para a queda dos preços do trigo se deve a
importação de trigo argentino, evidenciando a pressão exercida pelos mercados
externos, a necessidade de especialização da produção e da melhoria das políticas
agrícolas.
ral, toda a microrregião apresentou o mesmo comportamento
De forma geral,
em relação a esta cultura, por outro lado a partir da safra de 2002/2003,
gradativamente pode-se
se observar um pequeno acréscimo da área plantada com
trigo.

4.2.4 Café

Através do gráfico n.° 6, observa-se


se que as áreas de cultivo de café
reduzem continuamente, o que se acentua a partir das safras de 93/94 e 94/95.

Gráfico 6 - EVOLUÇÃO DA ÁREA DE PLANTIO DE CAFÉ (HECTARE).

Fonte: SEAB.
Org. Krüger
28

A indicação da ausência de plantio de café nas safras de 94/95 e 2000/01


deve-se a problemas de coleta de dados.
A cultura de café que a principio ocupava boa parte do território foi
cedendo espaço para as lavouras temporárias. A geada de 1975 e os problemas
econômicos enfrentados em relação à cultura desestimularão os produtores.
Em decorrência dos incentivos governamentais e devido à facilidade de
condução de lavouras como a soja, se processou a troca de cultivos permanentes
pelos cultivos temporários, os quais apresentam uma menor vulnerabilidade em
relação às variações climáticas e ao mesmo tempo requerem a utilização de poucos
empregados devido à intensiva mecanização.
Os preços obtidos com estas lavouras temporárias, tais como soja, milho
e trigo tiveram papel importante, para que esta mudança ocorresse. Esta mudança
produtiva levou à expansão da mecanização, ao aumento da concentração fundiária
e diminuição dos empregados agropecuários.
29

4.2.5 Cana de Açúcar

7 demonstra que os municípios que apresentam as maiores


O gráfico n.°7
áreas de cultivo de cana de açúcar são: Porecatu, Florestópolis e Alvorada do Sul.

Gráfico 7- EVOLUÇÃO DA ÁREA DE PLANTIO DE CANA DE AÇÚCAR


(HECTARE).

Fonte: SEAB.
Org. Krüger

Em Porecatu esta instalada a usina central do Paraná, desde a década de


1970, e também fica sediada neste município a Coopercatu.
A redução da área de cultivo de cana de açúcar, provavelmente foi
ocasionada pelo aumento das áreas de pastagens. Porém seriam necessários
outros estudos para consolidar esta afirmação.
Sertanópolis, Primeiro de Maio e Bela Vista do Paraíso, não apresentam
área de cultivo de cana de açúcar.

4.2.6 O processo de especialização

Através da análise dos gráficos anteriores referentes à microrregião


geografica de Porecatu, foi possível verificar que houve um acréscimo da área de
30

cultivo de soja e de milho safrinha. Por outro lado, as culturas de trigo e de café
apresentaram redução da área de plantio. Desta forma podemos verificar a
especialização da cadeia produtiva, em função de poucos produtos os quais
propiciam maiores rendimentos econômicos.
Nesta microrregião observou-se um padrão de produção diferenciado nos
municípios de Porecatu, Florestópolis e Alvorada do Sul. Esse padrão ocorre em
função do cultivo de cana-de-açúcar.
Na microrregião o plantio de soja e de milho, é tido como prioritário pois,
os rendimentos obtidos com essas culturas se demonstraram mais atrativo no
período em questão, e por mais que o trigo seja uma cultura de inverno e não
concorra com a soja e o milho a redução de sua área de plantio é justificada pela
baixa rentabilidade deste produto e pela adoção de plantio de milho safrinha.
A introdução de novas tecnologias, como o plantio de milho safrinha,
também propiciou está alteração do processo produtivo.
Como foi relatado anteriormente, foram verificadas trocas em relação aos
cultivos agrícolas, ou seja, a queda das lavouras de cultivo permanente de café e o
acréscimo do plantio das lavouras temporárias.
Este fato apresenta implicações e mudanças tanto nas paisagens rurais
como em relação aos aspectos sociais, pois com a expansão das lavouras
temporárias conforme demonstra o gráfico n.° 8, igualmente ocorreu à expansão da
mecanização e substituição do trabalho braçal pelos tratores, como conseqüência
ocorreu o êxodo do campo para a sede dos municípios, e para cidade médias.
31

GRÁFICO 8– ÁREA DE CULTIVO DE LAVOURAS PERMANENTES (HECTARES).

Fonte: IPEA
Org. Krüger

Através da análise do gráfico n.°8, verificam-se


se as transformações
ocorridas nos municípios e se observa o decréscimo das áreas de cultivos
permanentes que se estabelece da década de 1950 para a década de 1995.
Somado a esse fato ocorreu diminuição de plantio de alimentos de
subsistência, pois os colonos que cuidavam dos
do cafezais cultivavam roças
intercalares de culturas de subsistência, a diversidade e quantidade de culturas
existente eram amplas.
Essa troca dos plantios permanentes de café pelas
pelas lavouras temporárias
teve outros agravantes
ntes alem da mecanização,
mecanização e do êxodo rural, como o incremento
da dependência do comércio
comérci da cidade. A alimentação passou a ser adquirida em
feiras e supermercados.
Atualmente nesta microrregião, a maior parte do território é cultivada com
lavouras temporárias.
Essa alteração do padrão de produção pode ser verificada comparando
se o gráfico n.° 8 e gráfico n.° 9.
32

Gráfico 9 - ÁREA DE CULTIVO DE LAVOURAS TEMPORÁRIAS (HECTARE).

Fonte: IPEA
Org. Krüger

Pode-se
se observar uma tendência entre todos os municípios no acréscimo
de cultivo de lavouras temporárias no período de 1970, e 1985, e posteriormente um
recuo nas áreas de cultivo, entre o período de 1985 e 1995. Apresentado como
exceção, o município
ípio de Sertanópolis, no qual foi verificado acréscimo constante de
cultivos temporários entre o período de 1985 a 1995.
Os gráficos anteriores
anteriores apontaram Sertanópolis como detentora das
maiores áreas de plantio de soja e milho safrinha da microrregião de Porecatu.
Já os municípios de Porecatu, Alvorada do Sul, Prado Ferreira e
Miraselva demonstraram influência do cultivo de cana de açúcar.
açúcar
Essas
as alterações no sistema de produção geraram reflexos que
repercutiram sobre a sociedade, acarretado inúmeras transformações sociais.

4.3 Transformações sociais

Os municípios da região sofreram significativos impactos sociais


decorrentes da concentração da terra, da especialização da produção e das
mudanças tecnológicas.
33

Essas transformações em sua grande parte ocorreram em função da


“modernização agrícola”, ou melhor, da “modernização tecnológica”, voltada à
tecnologia, esta tem proporcionado um aumento da especialização do sistema
produtivo, aumentando a divisão social do trabalho.
Essa forma de produção agrícola voltada a grandes culturas, ou seja, esta
produção de escala, altamente mecanizada, desponta homogeneizando os
territórios, e gerando exclusões e desigualdades.
São criados novos postos de trabalhos, cada vez mais específicos, para
empregados qualificados, e os trabalhadores menos habilitados, são excluídos deste
sistema produtivo, acabam procurando ocupações nas cidades médias e grandes,
ou retornam ao campo no papel de bóias frias ou de assentados.
Em relação aos postos de trabalho, o setor agropecuário voltado à
produção de grãos, apresenta no período de safra a concentração das vagas de
emprego, seja nas revendas, nas cooperativas, ou em função da terceirização dos
serviços e da movimentação do comercio. Esta oferta de emprego e temporária e
instável.
A conjugação de todos esses fatos favorece para que a população rural
efetivamente concretize o êxodo rural.
Ao mesmo tempo em que ocorreu o acréscimo da mecanização e do
cultivo das culturas temporárias tais com a soja, é possível de ser verificado o
declínio das pessoas responsáveis e membros de família ocupados com a atividade
agropecuária, como pode ser visualizado no gráfico n.°10.
34

GRÁFICO 10 - PESSOAS RESPONSÁVEIS E MEMBROS DE FAMÍLIA


OCUPADOS NA AGROPECUÁRIA.

Fonte: IPEA
Org. Krüger

Sendo assim podemos confirmar os relatos de Oliveira, 2001 em relação


ao êxodo rural, e acréscimo populacional nos centros urbanos em decorrência da
introdução intensiva da mecanização.

GRÁFICO 11– EVOLUÇÃO DEMOGRÁFICA.

Fonte: IPEA
Org.: Krüger.
35

Após análise do gráfico n.°11, pode-se observar que de forma geral no


período compreendido entre 1940 a 1950, existiam apenas os municípios de
Sertanópolis e de Bela Vista do Paraíso. No período de 1950 a 1960, estes
municípios tiveram decréscimo em sua população demográfica, porém isto se
justifica pelo desmembramento e criação de novos municípios, de acordo com
(MOURA, 2003) na década de 70, o crescimento de municípios estava associado, a
sustentação de áreas rurais, com a agropecuária em expansão, contudo a partir da
década de 1970 ocorre diminuição da densidade demográfica, o que é reflexo do
processo de produção e do período de troca de lavouras permanentes por
temporárias.
De acordo com (Moura, 2003), entre as décadas de 70 e 80, os
municípios formavam fortes áreas de esvaziamento principalmente nas regiões norte
e nordeste. Neste momento, cidades como Londrina, Maringá e Curitiba se
destacavam como pólos. Ao mesmo tempo, que ocorria o esvaziamento
populacional dos pequenos municípios, pode se verificar o crescimento urbano dos
grandes centros.
Porém, em muitos casos, este crescimento não foi acompanhado pela
infra-estrutura necessária, tal como moradias em locais adequados e saneamento
básico, agravando os problemas ambientais dos grandes centros urbanos.
Tanto a população urbana dos municípios tem decrescido como a
população rural também tem diminuído.
Nesta microrregião, foi verificado que a maioria da população reside na
área urbana do município, e que a taxa de urbanização apresentou crescimento do
ano 2000 para o ano 2007, somente no município de Bela Vista Do Paraíso foi
verificado um pequeno recuo da ordem de 0,53% na taxa de urbanização no período
em questão;
36

QUADRO 2 - POPULAÇÃO E GRAU DE URBANIZAÇÃO MICRORREGIÃO DE


PORECATU – 2007.
MUNICÍPIOS TOTAL URBANA RURAL URBANIZAÇÃO URBANIZAÇÃO
% 2000 % 2007
Alvorada Do Sul 9.014 6.916 2.098 75.8 76.72
Bela Vista Do Paraíso 14.996 13.747 1.249 92.2 91.67
Florestópolis 11.571 10.374 1.197 84.00 89.65
Miraselva 1.889 1.352 547 66.66 71.57
Porecatu 14.174 11.286 2.888 77.99 79.62
Prado Ferreira 3.344 2.862 428 75.2 85.58
Primeiro De Maio 10.753 9.762 991 90.7 90.78
Sertanópolis 15.485 13.510 1975 83.2 87.24
Fonte IBGE contagem da população 2007- IPARDES
Org. Krüger

Ao analisar a microrregião podemos observar que o município de


Sertanópolis, apresentou um comportamento diferenciado, pois teve evolução
demográfica positiva contrastando com os demais municípios entre os anos de 2000
e 2007. O fato de este município fazer parte da região metropolitana de Londrina
contribui com a retenção da população mais jovem, pois é possível continuar os
estudos em Londrina ou até mesmo possuir um emprego nesta cidade e residir em
Sertanópolis. Porém outros fatores também são decisivos para explicar tal
comportamento, tais como o setor agroindustrial, pois no município de Sertanópolis
o Moinho Globo e o moinho LCA, empregam de forma direta 280 pessoas, e de
forma indireta 500 pessoas e a nível regional indiretamente 450 pessoas, esses
valores são representativos para um município de 15000 habitantes.
Outro fator que merece destaque neste município se refere à
intensificação a divisão social do trabalho, através da prestação de serviços
especializado de colheita de grãos em outras regiões. Esse processo e responsável
pela deslocação de mais de 500 pessoas no período de safra para outras fronteiras
agrícolas. Foi verificado através de dados da EMATER, que esse município contava
com 291 Colheitadeiras em 1999/2000, passando para 650 colheitadeiras no ano de
2006/2007.
37

4.3.1 Indicadores do mercado de trabalho

O mercado de trabalho interfere de forma significativa na estrutura dos


municípios, por isso será verificado a disponibilidade de empregos na microrregião
geográfica de Porecatu.

GRÁFICO 12 - EVOLUÇÃO DO EMPREGO FORMAL, MICRORREGIÃO DE


PORECATU - 2003 - 2006

Fonte: IPEA
Org. Krüger

De acordo com a análise do gráfico n.° 12,, pode se constatar que a maior
parte dos empregos ofertados são temporários, pois verifica-se que a quantidade de
empregados admitidos
dos e semelhante a quantidades de desligamentos.
Uma prática comum realizada nestes municípios é a contratação de
empregados temporários para serviços gerais na safra de grãos, operadores de
maquinas e dos armazéns, classificadores entre outros.
Já nos municípios
unicípios que possuem áreas de cana de açúcar como Porecatu,
Alvorada do sul e Florestópolis, ocorrem contratações de bóias frias para realizar a
colheita de Cana de açúcar.
38

Florestópolis, Alvorada do sul, Bela vista do Paraíso e Sertanópolis,


despontam como
omo os municípios que ofertam a maior taxa de empregos.
No ano de 2004,
2004 Florestópolis e Alvorada do Sul tiveram saldos positivos
de contratação, porém em 2005, apesar de manter algumas contratações referentes
ao ano de 2004 os saldos de contratação foram negativos.
Todos os municípios possuem sua economia fundamentada em
atividades agropecuárias, alguns como Porecatu e Sertanópolis possuem indústria
de transformação, porém de forma geral apenas Sertanópolis, apresentou
crescimento dos empregos ofertados fato que contribui para fixar a população no
município.

GRÁFICO 13 - EMPREGOS FORMAIS NA MICRORREGIÃO DE PORECATU-2006


PORECATU

Fonte: IPEA
Org. Krüger

De uma forma geral constata-se


constata se através da interpretação do gráfico n.°
13,, que os empregos disponíveis em Sertanópolis no ano de 2006 estão distribuídos
de maneira adversa dos demais municípios da microrregião de Porecatu, o setor
set que
ofereceu mais empregos foi o setor de serviços, seguido pelo comércio e indústria
de transformação. Também pode se observar a relação entre os empregos ofertados
pela indústria de transformação através da contratação de bóias frias e a indústria
canavieira
avieira de Porecatu e Florestópolis. Os municípios que obtiveram comportamento
similar foram Alvorada do sul, Miraselva, Prado ferreira e Primeiro de maio.
39

Uma das justificativas para a diferença de comportamento de Sertanópolis


pode se dar em função do setor têxtil, pois existem 2 fabricas de camisas e uma de
jeans no município e do setor agroindustrial pois existem dois moinhos, neste
município.
Outro fator, é referente ao setor de serviços mecânicos, verificou-se neste
município a ocorrência de especialização na prestação de serviços para a
agricultura, tal como a colheita de grãos.
Em Sertanópolis também se observa certa influência devido às chácaras
de lazer que atraem pessoas de outros locais, gerando empregos e divisas e
dinamizando a economia local.

4.3.2 Especificidades do município de Sertanópolis.

Para verificar as especificidades do município de Sertanópolis, foi


realizada uma analise da realidade municipal deste município, por meio de
levantamentos da EMATER (Perfil da realidade municipal), O intuito foi de verificar o
processo de especialização produtiva em relação à cultura da soja, e apurar o
comportamento das outras espécies cultivadas neste município.
Por meio dos gráficos n.° 14 e gráfico n.° 15 verificaram-se quais produtos
agrícolas foram cultivados no município, bem como a porcentagem de área ocupada
por estes produtos.
40

GRÁFICO 14 - PRINCIPAIS CULTURAS AGRÍCOLAS % DE PRODUÇÃO


AGRÍCOLA DO MUNICÍPIO DE SERTANÓPOLIS.
60.00%

50.00%

40.00%

30.00%

20.00%

10.00%

0.00%
AREA 9495 AREA 9596 AREA 9697 AREA9798 AREA9899 AREA0001 AREA0102 AREA0203 AREA0304 AREA0405

ARROZ IRRIGADO ARROZ SEQUEIRO AVEIA BRANCA


CAFE CANA-DE-ACUCAR FEIJAO SAFRA DA SECA
FEIJAO SAFRA DAS AGUAS FEIJAO SAFRA DE INVERNO MILHO SAFRA NORMAL
MILHO SAFRINHA SOJA SAFRA NORMAL SOJA SAFRINHA
TRIGO TRIGUILHO TRITICALE
Fonte: SEAB
Org. Krüger

O gráfico n.° 14 demonstra que o município de Sertanópolis cultiva a


maior parte de sua área territorial, com monoculturas.
As culturas de subsistência tiveram decréscimo de suas áreas de
produção em função do acréscimo de área de cultivo das commodities de
exportação.
Em relação ao cultivo de grãos foi verificada a expansão do cultivo de
soja, bem como o declínio de produção de feijão e de milho.
41

GRÁFICO 15 - CULTURAS AGRÍCOLAS % DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA DO


MUNICÍPIO DE SERTANÓPOLIS.
0.45%
0.40%
0.35%
0.30%
0.25%
0.20%
0.15%
0.10%
0.05%
0.00%
AREA 9495 AREA 9596 AREA 9697 AREA9798 AREA9899 AREA0001 AREA0102 AREA0203 AREA0304 AREA0405

ABACATE ABOBRINHA VERDE ACEROLA


AGRIAO AQUATICO ALFACE ALGODAO
ALMEIRAO BANANA BATATA DOCE
BERINJELA BETERRABA CAQUI
CENOURA CHUCHU FEIJAO-VAGEM
LARANJA MAMAO MANDIOCA CONSUMO
MANGA MARACUJA MEL
MELANCIA MELAO MILHO VERDE DOCE
MILHO-PIPOCA MORANGO PEPINO
PIMENTAO QUIABO REPOLHO

FONTE: SEAB
Org. Krüger

Em relação ao restante das culturas cultivadas no município de


Sertanópolis por meio do gráfico n.° 15, é observado que estas não chegam nem a
1% das áreas cultivadas.
O cultivo de laranja, têm apresentado acrescimo na região, esse fato esta
relacionado com a área de atuação da Corol Cooperativa Agroindustrial, a qual
realiza a industrialização desta fruta, garantido a compra de toda a produção e desta
forma atua incentivando a produção desta cultura.
O munuicípio de Sertanópolis têm sua produção agrícola pautada no
cultivo de grãos, principalmente da soja e do milho.
Em relação a produção de hortifrutigranjeiros, este município é
dependente de outros centros produtores, parte da produção é proveniente do ceasa
de Londrina, outros produtos são provenientes de outros munícipios tais como Warta
e Campo Largo.
42

GRÁFICO 16 - REALIDADE DE SERTANÓPOLIS 1993/1999/2007.

* Perfil da realidade municipal: anos 93/99/07.


** outras áreas (área represa + zona urbana).
Fonte: EMATER – Sertanópolis
Org. Krüger

Por meio dos levantamentos da EMATER, constata-se


constata se que o plantio de
lavouras anuais corresponde a mais de 68,87% da área do município no ano de
2007,, a área destinada ao cultivo de pastagens cultivadas representa 18,90% do
município, obtendo se um total de ocupação de 87,77 da área do município.
E o somatório das áreas com reflorestamento e matas
matas naturais é somente de
1472 hectares, ou seja,, 3,21%, fato que é evidenciado através da paisagem do
município.
O código florestal
floresta brasileiro de 1965 definiu que existissem áreas de
preservação permanente e de reserva legal. No estado do Paraná de acordo com a
legislação,
islação, é necessário manter 20%
20% da superfície das propriedades com a
vegetação nativa a título de área de reserva legal, além do que a legislação também
ta
exige que a reserva permanente seja mantida.
Em relação ao município de Sertanópolis e de acordo com os dados, dos
relatórios municipais da EMATER,
EMATER, a legislação ambiental não está sendo cumprida
no município.
43

Além do que este município tem apresentado acréscimo de cultivo de


lavouras temporárias e redução das áreas de pastagens.
44

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As transformações ocorridas na microrregião geográfica de Porecatu


demonstram a fragilidade da agricultura moderna globalizada, confirma que as
decisões e o controle de produção são predominantemente realizados pela dinâmica
do mercado, deixando pouca margem de influência dos políticos locais e
agricultores. Por outro lado, a expansão do agronegócio altera profundamente
propriedades rurais, comunidades, municípios e regiões.
O uso da tecnologia está voltado principalmente em função do acréscimo
da rentabilidade econômica. Porém tais mudanças do sistema produtivo podem
acarretar no acréscimo da utilização de agroquímicos e do custo de produção. Bem
como na diminuição de cultivos de subsistência.
A tecnologia e a mecanização estão intensificando os problemas sociais
no campo elevando a concentração fundiária.
No município de Sertanópolis, foi verificado o processo de especialização
produtivo baseado no cultivo da soja, esta cultura apresentou crescimento de área
de cultivo, ocupando os antigos territórios de cultivo de feijão e de pastagens.
Os postos de empregos proporcionados pelo setor agropecuário no
estudo em questão apresentam como característica a sazonalidade.
Por meio deste trabalho foi possível, verificar que nesta microrregião está
diminuindo a população do campo, elevando a urbanização dos municípios, bem
como ao mesmo tempo ocorrendo o processo migratório dos pequenos municípios
para as cidades médias e grandes.
Outro fator que foi constado se refere ao descumprimento do código
Brasileiro Florestal e da legislação ambiental no município de Sertanópolis.
45

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Dinizar. F (org). Desenvolvimento Sustentável: Necessidade e/ou possibilidade.
Santa Cruz do Sul: Edunisc, 1997.

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ENDLICH, Maria Ângela. Pensando os papéis e significados das pequenas


cidades do noroeste do Paraná. 2006. Tese (Doutoramento em Geografia) –
Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual Paulista, Presidente
Prudente.

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Ecopar. Maringá.

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