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DIREITO COMERCIAL – AULA 7 – 27/02/09

OS IMPEDIDOS (continuação)

e) ESTRANGEIRO COM VISTO PROVISÓRIO

O impedimento só se ele estiver aqui como turista, pois estará sem residência fixa.
Mas, desde que não sejam determinadas atividades (radiodifusão, empresa jornalística,
explorar potencial energético em área de fronteira – previsões na CF/88), o estrangeiro
que aqui reside e tem visto permanente pode sim exercer empresa.

f) PREPOSTOS

Art. 1.170. O preposto, salvo autorização expressa, não pode negociar por
conta própria ou de terceiro, nem participar, embora indiretamente, de
operação do mesmo gênero da que lhe foi cometida, sob pena de
responder por perdas e danos e de serem retidos pelo preponente os
lucros da operação.

O preponente é o titular da empresa – empresário ou sociedade empresária.

Preposto é qualquer pessoa que age em nome do titular da empresa; envolve: office-boy,
entregador, gerente, empacotador, etc. E se não tiver autorização expressa não pode
exercer concorrência, mesmo que indiretamente, sob pena de retenção de lucros, perdas
e danos e demissão por justa causa.

g) AGENTES AUXILIARES DE COMÉRCIO: LEILOEIROS E DESPACHANTES


ADUANEIROS.

Os leiloeiros ganham uma comissão por cada leilão que efetua; e o despachante
aduaneiro é aquela pessoa credenciada na junta comercial que desembaraça exportação
e importação mediante comissão.

OBS.:
Os deputados e senadores não são proibidos do exercício da empresa, entretanto
restringem-se o exercício da empresa quando gozar de favor decorrente de contrato com
pessoa jurídica de direito público. Também se for administrador ou controlador (quando
detém o maior número de cotas ou ações) de sociedade empresária.

Art. 54. Os Deputados e Senadores não poderão:


II - desde a posse:
a) ser proprietários, controladores ou diretores de empresa que goze de
favor decorrente de contrato com pessoa jurídica de direito público, ou
nela exercer função remunerada;

Preste atenção no erro “empresa”, na verdade é “sociedade empresária”. O legislador,


empresa é uma atividade.
OBS.2:
O grande problema é em relação dos Chefes do Executivo, Deputados Estaduais e
Vereadores. Não há nenhum dispositivo que trate a respeito, mas encontramos
doutrinadores que afirmam que o art. 37 da CF, por alguns princípios da administração
pública, também nas entrelinhas da CF, dizem que é incompatível o exercício da
atividade por parte do Presidente da República e governadores, prefeitos, deputados
estaduais e vereadores nos respectivos territórios de atuação. Ou seja, não há proibição
plena, apenas restrição para contrato com pessoa jurídica de direito público, por conta
da moralidade pública.

PEQUENO EMPRESÁRIO, MICROEMPRESÁRIO E EMPRESÁRIO DE


PEQUENO PORTE

Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e


simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à
inscrição e aos efeitos daí decorrentes.
...
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano
e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna,
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas
sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País

PEQUENO EMPRESÁRIO

Antes da Lei Complementar 123/06, discutia-se o que seria pequeno empresário. Maria
Helena Diniz dizia que pequeno empresário seria o titular de microempresa e de
empresa de pequeno porte. Mas este entendimento caiu por terra com o advento da
LC123:

Art. 68. Considera-se pequeno empresário, para efeito de aplicação do


disposto nos arts. 970 e 1.179 da Lei nº 10.406 [Código Civil], de 10 de
janeiro de 2002, o empresário individual caracterizado como microempresa
na forma desta Lei Complementar que aufira receita bruta anual de até R$
36.000,00 (trinta e seis mil reais).

Chamo atenção para a redação: “(...) caracterizado como microempresa (...)”, pois o
adequado seria “(...) caracterizado como aquele que exerce a microempresa (...)”;

“(...) empresário individual (...)” – tem que ser pessoa física;

Outro elemento é que a receita bruta anual não ultrapasse 36 mil reais.

PESSOA FÍSICA
PEQUENO EMPRESÁRIO
RECEITA BRUTA ANUAL ATÉ 36 MIL
MICROEMPRESÁRIO

Art. 3o Para os efeitos desta Lei Complementar, consideram-se microempresas ou


empresas de pequeno porte a sociedade empresária, a sociedade simples e o
empresário a que se refere o art. 966 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002,
devidamente registrados no Registro de Empresas Mercantis ou no Registro Civil
de Pessoas Jurídicas, conforme o caso, desde que:

Correção: “microempresas ou empresas de pequeno porte” para “microempresário e


empresário de pequeno porte”

A sociedade simples – a de atividade intelectual... – também poderá se enquadrar como


microempresário ou como empresário de pequeno porte, mas não como empresário, em
decorrência do disposto no art. 966, §1°, CC; então veja a salada feita pelo legislador!

I – no caso das microempresas, o empresário, a pessoa jurídica, ou a ela


equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a
R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais);

Ou seja, considera-se microempresário aquele que exerce a microempresa, cuja receita


bruta anual não ultrapassa 240 mil reais.

PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA (SOCIEDADE EMPRESÁRIA OU


MICROEMPRESÁRIO SOCIEDADE SIMPLES)
RECEITA BRUTA ANUAL ATÉ 240 MIL

EMPRESÁRIO DE PEQUENO PORTE

II – no caso das empresas de pequeno porte, o empresário, a pessoa


jurídica, ou a ela equiparada, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta
superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a
R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais).

Empresário de pequeno porte é quem exerce a empresa de pequeno porte.

PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA (SOCIEDADE EMPRESÁRIA OU


EMPRESÁRIO DE SOCIEDADE SIMPLES)

PREQUENO PORTE RECEITA BRUTA ANUAL ACIMA DE 240 MIL E


ATÉ 2,4 MILHÕES
§ 1o Considera-se receita bruta, para fins do disposto no caput deste artigo,
o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o
preço dos serviços prestados e o resultado nas operações em conta alheia,
não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais
concedidos.

Ou seja, é o que efetivamente você operou, o que efetivamente você movimentou e é


seu mesmo, dentro daquele ano.

Tanto o microempresário quanto o empresário de pequeno porte devem acrescentar no


seu nome empresarial – firma empresarial, firmal social – a expressão “ME” ou “EPP”,
conforme o caso; o pequeno empresário se se enquadrar como microempresário pode
colocar “ME”. (Ex.: J. H. Santos –> J. H. Santos ME):

Art. 72. As microempresas e as empresas de pequeno porte, nos termos da


legislação civil, acrescentarão à sua firma ou denominação as expressões
“Microempresa” ou “Empresa de Pequeno Porte”, ou suas respectivas
abreviações, “ME” ou “EPP”, conforme o caso, sendo facultativa a inclusão
do objeto da sociedade.

Agente vai estudar isso mais oportunamente quando virmos “NOME


EMPRESARIAL”.

PERDA DA CONDIÇÃO DE EMPRESÁRIO

a) Morte

Quando a pessoa falece, automaticamente se perde a condição de empresário. Não


se mantém o registro de quem está morto. Tem-se que promover a sucessão e dizer
quem está na frente da empresa e fazer a alteração.

b) Desistência voluntária ou abandono de profissão

A desistência voluntaria é quando se vai a junta comercial e se cancela o registro;


faz-se o requerimento e tem de juntar a prova de quitação de todos os tributos.

O abandono é quando se para de exercer a atividade e não comunica este fato a


ninguém. É um risco, não é considerado fazer isso.

c) Revogação da autorização

É quando o incapaz está exercendo a empresa mediante autorização judicial e o juiz


a revoga.

d) Falência

Como falado na aula passada: o falido não pode exercer empresa. É um dos efeitos
da falência: a perda do status de empresário.
[Eu estou tentando adiantar porque tivemos uma aula a menos.] – prof.

COLABORADORES DA EMPRESA

AUXILIAR

O empresário conjuga os fatores de produção trabalho e capital. Trabalho: ele esta


locando mão-de-obra, locando serviço de terceiros. Assim, ele conta com serviço de
auxiliares, que podem ser dependentes ou independentes.

a) Auxiliar Dependente

É aquele contratado mediante as regras da CLT. É subordinado ao empresário,


tendo carga horária definida etc. Este, por sua vez, divide-se em:

a.1) Auxiliar Interno: é aquele que trabalha no âmbito do estabelecimento.

a.2) Auxiliar Externo: é aquele que trabalha fora do estabelecimento. Ex.: office
boy, motorista etc.

b) Auxiliar Independente

Trabalha mediante contrato [de prestação de serviço]; não estão abarcados pelo
regime da CLT. Ex.: leiloeiro – ganha uma comissão pelo leilão, mas não tem
relação de subordinação, não tem de cumprir carga horária; tradutor público – que
receber por página traduzida; o interprete – que recebe por hora de trabalho;
despachante; corretor de bolsas etc.

Importante saber que há atividades que podem ser tanto auxiliar dependente (interno
os externo) como independente é o contador, o advogado, etc.

Uma figura de suma importância, que você pode ter ou não, é a figura do gerente. O
gerente normalmente é um auxiliar dependente interno, mas nada impede que ele
seja externo, depende de sua estrutura. SERÁ O 3º TEMA DA PARTE
SUBJETIVA DE NOSSA PROVA. Previsão no CC/02 arts. 1.172-76:

Art. 1.172. Considera-se gerente o preposto permanente no exercício da


empresa, na sede desta, ou em sucursal, filial ou agência.

Todo auxiliar é um preposto . O gerente também é um preposto. O contador também é


um preposto. {Art. 1.169. O preposto não pode, sem autorização escrita, fazer-se
substituir no desempenho da preposição, sob pena de responder pessoalmente pelos
atos do substituto e pelas obrigações por ele contraídas}. – ou seja, o preposto não
pode, sem a autorização do preponente (titular da empresa), fazer-se substituir. O
1.170 agente já viu isso ai, sobre o preposto negociar. {Art. 1.171. Considera-se perfeita
a entrega de papéis, bens ou valores ao preposto, encarregado pelo preponente, se os
recebeu sem protesto, salvo nos casos em que haja prazo para reclamação.} – Ex.:
porteiro, se for causa de juizado especial o porteiro já é suficiente p receber e o
preponente ser considerado citado, mas pode se limitar esses poderes, e o preposto
protestar e indicar o gerente ou o titular da empresa; não ser que haja prazo, como
numa citação p execução de falência, é uma citação em que ele pode perder seu
patrimônio, que não poderá ser feito diretamente pelo preposto, deverá ser pessoal.

Vou brevemente sobre o gerente e deixar os demais artigos p próxima aula.

Conceito: - art.1172 –

“Considera-se gerente o preposto”: gerente é preposto; preposto é a pessoa que está


realizando algo em nome do preponente, do titular da empresa. O maior preposto é o gerente.
E é facultativo, o empresário utiliza a figura do gerente se assim desejar.

“permanente”: é permanente porque não tem hora p chegar, não tem hora p sair e qualquer
problema que ocorrer ele vai ser chamado p resolver. Ex.: furto no final de semana, ele vai ter
q resolver etc. Ele não faz jus a hora extra e por isso possui uma gratificação diferenciada.

“no exercício da empresa”: pergunta de prova: o gerente é considerado empresário? Não,


1º é um preposto, está hierarquicamente subordinado ao titular da empresa; 2º é um cargo
facultativo, pode existir a empresa sem a figura do gerente; 3º ele age mediante remuneração,
só o titular da empresa age por sua ‘conta e risco’; 4º ele pode ser dispensado ad nutum, ou
seja, a qualquer momento. Posso pedir p vocês conceituarem empresário e gerente e também
p diferenciá-los, estudem!

Art. 1.173. Quando a lei não exigir poderes especiais, considera-se o


gerente autorizado a praticar todos os atos necessários ao exercício dos
poderes que lhe foram outorgados.

Parágrafo único - Na falta de estipulação diversa, consideram-se solidários


os poderes conferidos a dois ou mais gerentes.

Art. 1.174. As limitações contidas na outorga de poderes, para serem


opostas a terceiros, dependem do arquivamento e averbação do
instrumento no Registro Público de Empresas Mercantis, salvo se provado
serem conhecidas da pessoa que tratou com o gerente.

Parágrafo único - Para o mesmo efeito e com idêntica ressalva, deve a


modificação ou revogação do mandato ser arquivada e averbada no
Registro Público de Empresas Mercantis.

Art. 1.175. O preponente responde com o gerente pelos atos que este
pratique em seu próprio nome, mas à conta daquele.

Art. 1.176. O gerente pode estar em juízo em nome do preponente, pelas


obrigações resultantes do exercício da sua função.

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