Você está na página 1de 1

CMYK A-18

Tecnologia
18 • CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, quarta-feira, 22 de julho de 2009
Editora: Ana Paula Macedo //
anapaula.df@diariosassociados.com.br
3214-1195 • 3214-1172 / fax: 3214-1155

E lá vem a 4G
Mesmo sem ter implantado totalmente a tecnologia 3G,
indústria prepara terreno para a próxima geração de
telefonia móvel — ainda mais rápida que a atual

80%
da banda larga acessada
em 2014 deve ser móvel,
segundo a Ericsson

Entenda a LTE
Os benefícios
A LTE permite o acesso à internet
banda larga (seja no celular ou em
computadores) de uma maneira
muito mais rápida que a tecnologia
atual. Além disso, o novo padrão faz
Rumo à unificação um uso mais eficiente do espectro,
aproveitando todo o espaço
Outra vantagem da LTE é disponível para a transmissão de
que ela é vista pelas principais informação (seja ela de voz ou
companhias do setor como a evo- dados).
lução natural das tecnologias de tele-
fonia móvel, algo impensável de aconte- Países mais avançados
cer há alguns anos. Basta lembrar da briga Operadoras como NTT DoCoMo (no
— nem tão distante assim — entre os padrões Japão), Telia Sonera (na Suécia),
GSM e TDMA, que colocou os usuários de celulares Teles (no Canadá), China Mobile,
» FERNANDO BRAGA ao redor do mundo em dois polos distintos, cau- Verizon Wireless (nos Estados
sando uma cansativa disputa no setor para ver qual Unidos) e T-Mobile (na Alemanha)
tecnologia 3G padrão iria se impor. Com a nova plataforma, o são apenas algumas das 28 empresas

A mal desembarcou no
Brasil (no exterior ela é usada desde
2001) e o mercado começa a trabalhar na pró-
xima geração de telefonia móvel. A nova plataforma
atende pelo nome de LTE (sigla em inglês de Long
próximo passo de ambas as tecnologias se conver-
ge para a LTE (veja o quadro). A unanimidade, nes-
se caso, faz bem para todos os envolvidos, uma vez
que a padronização serve para que as companhias
alinhem a oferta de seus produtos e serviços para
de telefonia que planejam
implementar redes LTE em mais
de 16 países já no próximo ano.

Tecnologia retroativa
Term Evolution) e traz vantagens significativas em uma única especificação, o que, em última análise, Um aspecto importante na LTE
termos de velocidade de acesso à internet móvel.
Parece que o desenvolvimento auxilia na redução dos custos, tanto para as fabri- é a questão da retroatividade.
De acordo com a Global Mobile Suppliers Associa- de conteúdo cresceu muito cantes, quanto para os usuários. “Pela primeira vez Isso significa que ela é compatível
na indústria existe um alinhamento de vários parti- com as atuais redes HSPA e suas
tion (GSA), 28 operadoras de 16 países estão plane- rapidamente e precisamos cipantes decidindo ir para um mesmo caminho, já
jando implementar redes com o novo padrão até antecessoras. Desse modo, se um
2010. No Brasil, as principais companhias do setor dar suporte para isso. O que a LTE consegue a melhor combinação de alta usuário estiver numa área que não
já começam a discutir sobre a viabilidade da sua mundo está começando a velocidade e baixa latência (no caso da telefonia, é for coberta pela LTE, ele não fica sem
instalação nos próximos anos. a diferença de tempo em que o usuário inicia uma sinal de conexão.
Assim como as redes de terceira geração, a tecnolo-
sentir a necessidade de ação e ela é executada)”, aponta Gustavo Jaramillo,
gia LTE traz como principal benefício o rápido acesso à comunicação sem fio e a diretor da Nokia Brasil, que promete para o ano A questão da banda
internet por meio de conexões sem fio. No entanto, o que vem o primeiro celular da marca compatível Para que as empresas do setor
ganho pode chegar a ser até quatro vezes superior ao
LTE é inerente a esse tipo com a tecnologia. possam dar início às suas estratégias
da atual plataforma. Para se ter uma ideia, enquanto as de tecnologia” No exterior, já há um comprometimento do em torno da LTE, é preciso que o
recém-implantadas redes HSPA (sigla para High Speed mercado em torno da plataforma, tanto que ope- Brasil defina qual será a banda
Packet Access) conseguem proporcionar taxas de trans- Roberto Pinto Martins radoras como Verizon Wireless (nos Estados Uni- destinada ao uso dessa tecnologia.
missão de dados de até 14.4Mbps, o novo padrão pro- Secretário de Telecomunicações do dos) e T-Mobile (na Alemanha) planejam lançar Os principais países do mundo têm
mete atingir velocidades que vão até 150Mbps. Ministério das Comunicações suas novas redes no ano que vem. No Brasil, po- escolhido a frequência de 2.5 GHz.
A novidade chega numa hora em que as operadoras rém, a novidade não tem data para chegar. Isso Porém, por aqui, essa faixa já é
se esforçam para diversificar um modelo de negócio porque, há apenas dois anos, a Agência Nacional utilizada por serviços de MMDS
que é, historicamente, baseado em serviços de voz, pa- de Telecomunicações (Anatel) realizou o leilão das (TV por assinatura).
ra novas ofertas de pacote de dados. Com isso, a princi- sinal”, comenta Paulo Bravuglieri, diretor regional da bandas de 1,9 GHz e 2,1 GHz, destinadas à terceira
pal estratégia das empresas para os próximos anos Qualcomm, fabricante de chipsets para celulares. geração. Porém, para que as operadoras possam
aponta claramente para a comercialização de banda O gerente de infraestrutura de inovação tecnológi- disponibilizar o sinal LTE no futuro, é preciso mais
larga móvel — atendendo a dois públicos: o usuário ca da Tim, Janilson Bezerra, concorda, e acrescenta a espectro, o que resultaria num novo leilão. No ex-
que precisa estar conectado em qualquer lugar e aque- importância que esse tipo de serviço tem tido para o terior, as empresas têm optado pela frequência de
le que não está coberto com conexões fixas (telefônica, setor. “O mercado de telecom está crescendo, e parte 2,5 GHz. Enquanto isso, a indústria aguarda um
ADSL, entre outras). Parte dessa aposta se deve à boa desse crescimento se deve à busca cada vez maior pe- posicionamento. “Em 2000, tivemos uma decisão
www.correiobraziliense.com.br
recepção que os serviços 3G tiveram na época do seu la banda larga móvel”, conta. Hoje, pelo menos 130 para que o 3G pudesse chegar em 2007. Temos que
lançamento. “Temos relatos de operadoras que decla- milhões de usuários em todo o mundo usam redes 3G tomar essa mesma decisão agora para que possa-
raram que, no início da comercialização do 3G no Bra- (HSPA) para navegar na internet e enviar e receber e- mos ter a LTE”, diz o diretor de assuntos regulató-
sil, em 2007, faltaram modems nas lojas. Isso prova que mails a partir de notebooks, de acordo com a GSA rios da Claro, Luiz Otávio Marcondes. “É uma deci- Ricardo Tavares, vice-presidente de
há uma demanda reprimida de quem deseja estar co- Association, entidade que reúne os fabricantes glo- são que vai fazer que se estabeleça toda uma in- políticas públicas da GSM Association,
nectado em qualquer lugar e com boa qualidade de bais de dispositivos móveis GSM/HSPA e LTE. dústria no país”, conclui. fala sobre a tecnologia LTE

CMYK A-18

Você também pode gostar