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1 capitulo
Nota do Autor:
Para minha filha Katherine, que finalmente é maior o suficiente para ler um dos meus
livros!
Tentar algo novo é difícil! Eu queria agradecer a ajuda a as seguintes pessoas, e também
me assegurar que não era somente uma idéia louca: Jyce Sweeney (e vários membros do
seu grupo Friday), Marjetta Geerling, George Nicholson, Phoebe Yeh, Catherine Onder,
Savina Kim, e Antonia Markjet.
Obrigadas especiais á minha filha Meredith por escutar as numerosas versões de A Bela
e A Fera, muitas vezes, sem desenhos.
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DamaSilenciosa: Estou certa de que você está muito mais do que qualificado, Andy.
Capitulo 1
Eu podia sentir todo mundo olhando para mim, mas eu era acostumado com isso. Uma
coisa que meu pai me ensinou desde cedo, e com freqüência, era a agir como se nada
me afetasse. Quando você é especial, como nós, as pessoas costumam te notar.
Era o último mês antes do final da nona série. O professor substituto estava nos dando
as cédulas para a eleição da corte do baile de primavera, algo que normalmente eu
achava patético.
-Hey, Kyle, seu nome está nisso. – Meu amigo Trey Parker bateu no meu braço.
-Não, dãr. – Quando virei para Trey, a garota que estava junto a ele… Anna, ou talvez
Hannah… abaixou os olhos. Hum. Estava me olhando fixamente.
Examinei a cédula. Não só estava ali meu nome, Kyle Kingsbury, para príncipe do nono
período, mas era claro, o ganhador. Ninguém podia competir com minha beleza e o
dinheiro do meu pai.
O substituto era um novo que pode ser que ainda tivesse a falsa impressão de que
porque Tuttle era o tipo de escola que tinha um bar de saladas na lanchonete e oferecia
cursos de mandarim… quero dizer, uma escola onde as autênticas pessoas de dinheiro
de Nova York enviavam seus filhos… não nos colocariam junto com os despachos da
escola pública. Grave erro. Não era como se alguma coisa que o substituto falasse e
cairia em um exame, só tínhamos que pensar em como fazer para ler a cédula e
gabaritar nossas eleições para ocupar os 15 minutos de aula restante. A menos a maioria
dos que estavam ali. O resto estavam mandando torpedos uns para os outros. Observei
os que estavam rabiscando as cédulas ao olharem para mim. Sorri. Qualquer outro podia
ter baixado os olhos, tentar parecer tímido e modesto, como se se sentissem
envergonhados por seu nome estar ali… mas não havia sentido em negar o óbvio.
-Meu nome também está aí. – Trey bateu no meu braço outra vez.
-E está errado? – sorri mais amplamente, para chateá-lo, e lancei uma saudação como
em um desfile. A câmera do telefone de alguém clicou justo nesse momento, como um
sinal de exclamação.
-Bem,obrigado. – pensei em votar em Trey, só para ser amável. Trey era bom para
saídas cômicas, mas não tão dotado no departamento do aspecto físico. Sua família não
tinha nada de especial… seu pai era médico ou algo assim. Colocariam os votos totais
no jornal do colégio, e seria bastante embaraçoso para Trey se ficasse em último ou se
nem sequer conseguisse votos.
Por outro lado, seria legal se eu ficasse com o dobro de votos que o segundo canditado.
Além do mais, Trey me adorava. Um autêntico amigo iria querer que ganhasse o
melhor. Essa era outra coisa que meu pai sempre dizia: Não seja bobo, Kyle, não faça as
coisas por amizade ou amor. Porque no fim o único que realmente ama você é você
mesmo.
Tinha sete ou oito anos quando ele me disse isso pela primeira vez, e tinha perguntado:
-O que?
Nunca voltei a perguntá-lo se me amava. Sabia que tinha dito a verdade da primeira vez.
Dobrei minha cédula para evitar que Trey visse que eu tinha votado em mim mesmo. É
claro, eu sabia que ele tinha votado em si mesmo também, mas isso era diferente.
-Isso é nojento!
-Talvez alguém tenha deixado um chiclete embaixo de sua carteira – brincou Trey.
-Nojento – repetiu a voz. Parei de falar com Trey e olhei para o lugar de onde vinha a
voz, a louca gótica sentada atrás. Era uma garota gorda, vestida com um tipo de túnica
negra longa que normalmente só se vê em bruxas e terroristas (não tínhamos uniformes
em Tuttle; aos pais lhes caberia não poder comprar em Dolce & Gabbana), e seu cabelo
era verde. Obviamente um grito de socorro. O engraçado era que nunca antes tinha
reparado nela. A maioria das pessoas daqui, eu sempre conheci!
-Está acontecendo algo com este mundo. – Ela se pôs de pé como se estivesse dando um
discurso. – Algo muito ruim, quando estamos no século XXI e esse tipo de paródia
elitista continua se perpetuando. – Segurou alto sua cédula. As pessoas riram.
-Exatamente – disse a garota. – Quem são essas pessoas? Por que deveriam ser tratados
como a realeza? Baseados em. que? As pessoas dessa cédula foram escolhidos único e
exclusivamente pela sua beleza física.
-Para mim, é um bom critério – eu disse a Trey, não muito suavemente. Me levantei.
-Isso é genial. Todos votaram, e são esses que eles escolheram. É um processo
democrático.
Ao meu redor se levantaram alguns polegares, houve alguns “Isso aê, cara”,
particularmente de Anna ou Hannah. Mas notei que as pessoas, sobretudo gente feia,
permanecia em silêncio.
-Se fossem tão prontos, averiguariam como podem ter melhor aspecto. Podia perder
peso, fazer cirurgia plástica e até mesmo conseguir que raspassem seu rosto e
branqueassem seus dentes. – Enfatizei o seu na última frase para que soubesse que me
referia a ela e não só a um grupo em geral. – Meu pai trabalha no noticiário. Disse que
as pessoas não deveriam ter que olhar para as pessoas feias.
-É isso o que você acha? – arqueou um sobrancelha escura. – Que todos deveríamos nos
transformar para ser como você quer que sejamos, Kyle Kingsbury?
Me sobressaltei ao ouvir meu nome. Estava claro que nunca antes a tinha visto. Mas é
claro que ela me conhecia. Todos me conheciam. Provavelmente sofria de alguma
estúpida paixão por mim.
Se aproximou de mim. Seus olhos eram de um verde brilhante e seu nariz era longo e
aquilino.
-Então será melhor que nunca seja feio, Kyle. Você é feio agora, por dentro, onde
realmente importa, e se algum dia você perder seu atrativo, aposto que não estará
suficientemente pronto e forte para recuperá-lo. Kyle Kingsbury, você é uma besta.
Besta. A palavra pertencia a outra época e lugar. Me fez pensar em contos de fadas, e
senti uma coceira diferente, como se poros de meus braços tivessem pegando fogo pelo
seu olhar. Esfreguei ele.
Beastly – Capítulo 2
Besta.
“Aquela garota gótica da aula de Inglês era estranha,” Eu disse para Trey quando nós
estávamos nos vestindo para a Educação Física.
“Após dez anos olhando para essa sua cara feia, nada me deixa bolado.”
“Oh, ok, então por que você só tem estado dando voltas nisso desde que saímos da aula
de Inglês?”
“Não estive.” Mas era verdade. Quando aquela garota disse aquela coisa sobre ser
melhor eu nunca ficar feio, quando ela me olhou pela última vez, era como se ela
soubesse coisas sobre mim, coisas como que costumava chorar quando minha mãe se
foi pois eu não acreditava que fosse voltar a vê-la nunca mais (o qual não tinha estado
muito longe do que ocorreu na realidade). Mas isso era estúpido.Ela não sabia nada.
“Aquilo deu medo, tudo bem,” eu concordei. “Arrepia saber que existe pessoas assim.”
“E venha para esta escola supostamente exclusiva para arruiná-la para o resto de nós.”
Eu realmente acreditei naquilo. Tinha tentado agir como se não fosse grande coisa, ser
eleito príncipe e tudo isso,mas de certa forma era. Deveria ter sido um bom dia para
mim, mas aquela Bruxa o arruinou.
Era assim que eu pensava dela: Uma Bruxa. Normalmente, teria utilizado uma palavra
diferente, uma palavra que rimasse com bruta. Mas alguma coisa sobre essa garota, o
jeito que ela me olhou com aqueles olhos assustadores, de uma cor verde que eu nunca
tinha visto antes, me fez pensar em Bruxa. Bruxa descreve ela por completo.
Mais tarde, na Educação Física, eu vi a bruxa outra vez. Nós estávamos correndo na
pista coberta, mas ela não. Não tinha se trocado, ainda estava com suas roupas pretas
folgadas de antes. Estava sentada em um banco abaixo das janelas da cobertura. Acima
dela, o céu estava escuro. Estava prestes a chover.
“Alguém deveria fazer algo em relação á ela.” Eu pensei em suas palavras: Você é feio
agora, feio por dentro, onde realmente importa… você é uma besta. Muita estupidez.
“Ela não é diferente de qualquer um. Se pudesse entrar em nosso grupo… entraria.
Qualquer um entraria.”
“Kingsbury!” Berrou o treinador. “Se já acabou, você pode tirar as bolas de basquete do
cesto.”
Eu disse, “Tudo bem, treinador.” Eu comecei a andar, como se realmente fosse fazer,
então, eu manquei. “Oh, tenho uma contração que devo aliviar. Posso descansar? Será
melhor que na me machuque.
Mandei meu olhar de respeito.
“Oh, vá em frente.” O treinador riu. “Você está quilômetros adiantado mesmo.”
Ele riu.
Manquei até dar a volta, depois me aproximei do banco onde a bruxa estava sentada.
Comecei a me estirar.
“Eu sou excelente nisso.” Eu sorri para ela. “Hey.” Eu vi um objeto em seu colo. Era
um espelho, daqueles bem antigos, com uma borda para segurar , tipo ao da Branca de
Neve. Quando ela me viu olhando para ele, ela rapidamente escorregou ele para sua
mochila.
“Para que o espelho?” Eu perguntei, achando estranho uma garota feia carregando um
espelho gigante por aí. Estranho para qualquer um, na verdade.
“O que?” Parei na metade de uma estirada. “Oh, está bem, por enquanto. Bem. Eu só
vim aqui realmente para falar com você.”
Ela ergueu uma de suas sobrancelhas marrom. “Para quê mereço esta honra ?”
“Eu estava pensando sobre oquê você disse na aula. E eu conclui que você está certa.”
“Verdade?” Ela piscou algumas vezes, como um rato saindo de seu buraco negro.
“É, verdade. Nós julgamos as pessoas pela aparência por aqui. Alguém como eu…
vamos combinar, tenho uma aparência muito melhor que muitos aqui, e o tenho mais
fácil que…”
“Eu?”
Me encolhi. “Não ia ser tão específico. Meu pai trabalha no noticiário, aí eu sei como
funciona as coisas. Em seu trabalho, se perder a beleza, perde o emprego.”
“Eu nunca pensei sobre isso, sabia? Quer dizer, você não pode evitar suas raízes.”
“É justo.” Ela olhou para seu relógio, como se ela tivesse que ir para algum lugar, como
se não estivéssemos todos presos como ratos na Educação Física. “Então, foi para isso
que você veio falar comigo?”
Bruxa.
“Não, exatamente. Eu estava pensando sobre o que você disse, E eu pensei em talvez …
expandir meus horizontes, pelo menos um pouco.” Essa era uma frase do meu pai. Ele
sempre dizia que eu deveria expandir meus horizontes, o que significava mais trabalho.
“Você sabe, conhecer outros tipos de pessoas.”
“Pessoas feias?”
“Como eu?”
Ela me encarou, e a parte verde dos seus olhos pareciam brilhar e estava ao ponto de
suas narinas ferverem e suspirarem com seu nariz ossudo. Impossível. Aí, ela sorriu. Era
um tipo de sorriso estranho, um sorriso secreto.
Beastly – Capítulo 3
Eu nem estava em casa, e em dois minutos a Sloane Hange, típica garota de músculos
bem tonificados, agarrada ao Black-Berry, firme defensora da Evian, loira bem falsa
com um piercing no umbigo, filha de um Diretor Executivo e minha verdadeira
acompanhante para o baile, ligou para meu celular.
“Alguma Gótica louca está dizendo por aí que é sua acompanhante para o baile!” ela
gritou.
“Eu não posso controlar o que qualquer louca diz sobre mim.”
Ela riu.
“Isso que eu pensava. Vou avisar o pessoal que ela está inventando tudo.”
“Não, não.”
“Bom, isso é meio engraçado, não? Uma fracassada dizendo para todo mundo que vai
para o baile com o seu par?”
“Então, imagine só. Ela diz para todo mundo que sou o acompanhante dela. Talvez ela
até acredite nessa mentira e compre um vestido fantástico. Aí eu apareço no baile com
você. Um clássico.”
“Gênio do mal, você quis dizer.” Ri de uma maneira selvagem, como um vilão de um
desenho. “E aí, o que acha?”
“Exatamente. Você só tem que fazer uma coisa para isso acontecer—ficar com a boca
calada.”
“Que?”
“É melhor você não tentar fazer algo parecido comigo. Eu não seria lerdo o bastante
para cair nessa.”
Eu não tinha certeza sobre isso, ma seu disse, “Nunca, Sloane,” Obediente como um
labrador.
“E Kyle?”
“Sim, oque?”
“E é. Então eu queria uma orquídea para usar com ele. Uma roxa.”
“Claro.” Eu disse, pensando que essa era a melhor parte de Sloane. Com o tanto de
pesos que conheço, atualmente. Se eles conseguissem tirar de você o que queriam, eles
poderiam te devolver o que você queria em troca.
Porém, quando proucurei no anuário na letra H, não tinha nenhuma Kendra Hilferty.
Então eu passei por cada nome, de A á Z, e repassei denovo, e continuei sem achar
nenhuma Kendra. Eu tentei me lembrar se ela estava no colégio, no começo do ano, ma
seu desisti. Uma garota como ela não estaria em meu Radar.
Lá pelas nove, eu estava assistindo ao jogo dos Yankees, mas aí eu ouvi o barulho do
meu pai destrancando a porta. Isso era estranho.
Na maioria das noites, meu pai não estava em casa quando eu ía para a cama. Eu
poderia ir assistir no meu quarto, mas a TV de Plasma estava na sala. Além disso, eu
queria contar ao meu pai sobre o baile. Não era grande coisa. Mas era o tipo de coisa
que ele reparava, ao menos um pouco.
“O que? Me desculpe, Aaron. Eu não te ouvi. Alguém estava tentando falar comigo.”
Ele levantou a palma aberta para mim, tipo dizendo para ficar quieto e ainda me
mandou um olhar de “Cala a boca!”.
Ele estava usando o Bluetooth. Eu sempre achei que as pessoas pareciam estúpidas
usando aquilo, como se estivessem falando sozinhos.
Ele foi para a cozinha e continuou falando. Eu pensei em aumentar o volume, mas eu
sabia que ele iria pirar. Ele dizia que era pobreza ficar com a TV ligada enquanto está
no telefone. O problema era: ele sempre estava no telefone.
Finalmente ele desligou. Eu ouvi ele abrir o Sub-Zero (era assim que ele chamava o
refrigerador), proucurando pelo jantar que a empregada fez para ele.
Eu ouvi o microondas abrir e depois fechar. Eu sabia que ele estava vindo, pois agora
ele tinha exatamente 3 minutos para disperdiçar comigo.
Mas é claro.
Foi engralado. Trey e eu corremos por todos os lodos para podermos detonar bombas na
escola manhã. Nós só temos que descobrir em como entrar sem que ninguém perceba
que estamos com metralhadoras. Seria fácil, já que você nunca está por perto. Eu estorei
o limite do seu cartão de crédito ontem. Pensei que você não iria ligar. Ou notar.
“Ótimo. Eles anunciaram os finalistas para o Rei e Rainha do baile, e eu sou um deles.
As pessoas estão dizendo que provavelmente eu vou ganhar.”
“Isso é ótimo, Kyle.” Ele olhou para baixo, para o seu celular.
Fiquei me perguntando se ele diria, “Isso é ótimo, Kyle.” se eu tivesse dito o que pensei.
Eu tentei uma coisa que sempre conseguia respostas dele. “Ouviu algo sobre a mamãe
ultimamente?”
Mamãe partiu quando eu tinha 11 anos porque “tinha que fazer algo a mais, lá fora.” Ela
acabou se casando com um cirugião plastico e se mudou para Miami, assim, ela podia
torrar no sol, sem se preucupar em envelhecer. Ou me ligar.
Ele olhou para a cozinha, como se ele estivesse alertando o microondas para ir mais
rápido.
Jessica era sua co-apresentadora, assim a conversa ficaria em torno de seu assunto
favorito: ele mesmo.
Ele ainda assim continuou. “…mas entre nós, se ela tivesse perdido os 10 quilos depois
de ter o bebe— ou melhor, se ela não tivesse tido o bebe—ela ainda estaria
trabalhando.”
Isso me fez pensar no que Kendra disse. Mas porque? As pessoas preferiam assitir
alguém bonito ao invés de alguém feio. Isso era a natureza humana. O que havia de
errado?
“Ela é totalmente estupida,” Eu concordei.
Papai estava olhando para a cozinha outra vez, então eu disse, “Os Yankees estão
arrasando.”
Aí o microondas apitou.
Então, ele pegou seu prato e foi para seu quarto e fechou a porta.
Beastly – Capítulo 4
Ok, talvez Sloane não falou para Kendra que ela era minha acompanhante para o baile.
Quando eu cheguei na escola, duas garotas que aparentemente haviam sonhado que eu
iria convida-lás ao baile, me ignoraram, e Trey já estava ao meu lado antes mesmo de
passar pela porta.
“Sloane Hagen.” Ele levantou a mão para que eu batesse. “Bom trabalho.”
“Muito bom.”
Eu achei que Kendra tinha descoberto mas seu me surpreendi quando ela veio falar
comigo no corredor.
“Hey.”
Tentei não tirar meu braço dela, ou não olhar para ver se alguém estava vendo essa
coisa grudada em mim.
“Eu não estou no anuário. Eu … hum, sou nova este ano. Eu fui transferida.”
“Desculpa.”
Eu estava prestes a contar uma mentira para ela, a parte em que teríamos que nos
encontrar no baile, pois meu pai estaria no noticiário das seis, quando ela disse:
“Ah. É estranho, mas minha mãe não ficaria muito emocionada em eu ir ao baile com
um garoto.”
Eu também comecei, ma seu lembrei sobre o que Sloane disse sobre o ramalhete.
Resolvi perguntar para Kendra também, para fazer parecer mais real ainda.
“Kendra, qual a cor do vestido que você vai usar? Meu pai disse que é melhor eu te dar
um ramalhete.”
“Oh, eu não decide isso ainda. Alguma coisa preta—é a minha cor. Uma única rosa
branca vai com tudo, não é, e simboliza a pureza.”
Ela era inacreditavelmente tão feia, que eu imaginei por um segundo como seria se eu
fosse realmente leva – lá para o baile, me inclinar até ela, olhar para seus dentes sujos e
nariz afinado, e esses olhos verdes e estranhos, e prender o ramalhete nela enquanto
todos os meu amigos ficariam rindo da minha cara.
Por um segundo, eu realmente achei que ela fosse uma bruxa. Impossível. Bruxas não
existiam.
Uma coisa boa em ter um pai que nunca está por perto, é que ele te compra vários
presentes, pois é bem melhor do que uma discussão.
Os pais de Trey, por exemplo, são totalmente mão-fechada—eles fizeram ele escolher
entre uma X-Box e um Wii. Estão com medo de prejudicar ele, ou alguma coisa. Meu
pai me comprou os dois.
Eu liguei para o Trey do, meu celular (ganhei do Papai) enquanto esperava a limusine
(alugada por… Papai). Eu chequei o Sub-Zero em procura do ramalhete que Magda foi
pegar na florista. Sloane me falou mais umas 15 ou 16 vezes que o seu vestido era
“preto e bem sexy” e que eu não seria perdoado se não levasse um ramalhete de
orquídeas. É claro que foi isso que mandei Magda buscar…
“Você já pensou que Bailes de Escolas são uma forma legalizada de prostituição?” Eu
disse para Trey no telefone.
“Quer dizer que eu—na verdade, eu queria dizer Papai—gasto 500 paus em um
Smoking, limusine, entradas, e um ramalhete, e em troca, eu ganho algo. Como isso soa
para você?”
Eu fechei a porta do Sub-Zero, mas não tinha nenhum ramalhete de orquídea. A única
flor que tinha, era uma rosa branca.
“Magda!” Eu gritei. “Cadê a droga da orquídea que eu mandei você buscar? E que rosa
é essa?” Eu tinha certeza que rosas eram muito mais baratas que uma orquídea.
“Magda!”
Nada de resposta.
Ela recuou se afastando da minha mão. Todas as gargantilhas ao redor de seu pescoço
fizeram um tilintar.
”Bonito, né?”
“Bonito? É uma rosa. Eu disse uma orquídea. Or-qui-de-a. Você é tão idiota ao ponto de
não saber o que é uma orquídea?”
Ela nem sequer reagiu ao “idiota”, o que demonstrou o quão estúpida que ela era. Só
estava trabalhando há umas semanas, mas era mais imbecil que a última empregada, que
tinha jogado sua camisa vermelha barata do Wall-Mart com nossas camisas. Magda não
deixou de dobrar a gola, mas olhou fixamente para a rosa, como se estivesse drogada ou
algo.
”Eu sei o que é uma orquídea, senhor Kyle. Uma flor orgulhosa e vaidosa. Mas não
pode ver a verdadeira beleza nesta rosa?”
Eu olhei para a rosa. Era de um branco puro e quase parecia estar crescendo diante dos
meus olhos. Afastei meu olhar. Quando voltei a olhar, tudo o que pude ver foi o rosto de
Sloane quando eu aparecesse com o tipo errado de ramalhete. Não conseguiria amor
dela esta noite, e tudo por culpa de Magda. Estúpida rosa, estúpida Magda.
”Uma coisa linda é preciosa, sem importar o preço. Os que não sabem ver as coisas
preciosas da vida nunca serão felizes. Eu quero que você seja feliz, senhor Kyle.”
E as melhores coisas da vida são de graça, né? Mas o que se espera de alguém que vive
para lavar as cuecas dos outros?
”Então me dê ela.”
”Você está louca? “ arranquei de uma vez a caixa de sua mão. Ela saiu rolando no chão.
“Isso é provavelmente o que você planejava, né? Trazer o ramalhete errado para que eu
não quisesse, e desse para você. Eu não acho que a coisa vai terminar assim.”
”Sente pena de mim?” ri. “Como você pode sentir pena de mim? Você é uma
empregada”.
Ela não respondeu, então estendeu a mão até outra das camisas do papai, como se
estivesse absorvida pela gola.
Ri outra vez.
”Deveria ter medo de mim. Deveria cagar de medo. Se eu contar para papai que gastou
errado o dinheiro dele, ele vai despedir você. Provavelmente faça que você seja
deportada. Você deveria ter medo de mim.”
Ela continuou dobrando a roupa. Provavelmente nem sequer entendia inglês suficiente
para saber o que estava dizendo. Desisti. Não queria pegar o ramalhete de rosa porque
isso seria admitir que ia dar para Sloane.
Mas que escolha eu tinha? O peguei da quina que tinha caído. A caixa de plástico tinha
quebrado, e o ramalhete estava no chão, uma pétala tinha caído. Lixo barato. Enfiei a
pétala solta no bolso da calça e pus o resto do ramalhete outra vez na caixa o melhor que
pude. Comecei a sair.
”Que seja.”