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Saúde Reprodutiva
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Este termo diz respeito à mortalidade, enfermidades e problemas em decorrência da gravidez.
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Para um trabalho coletivo, peça que não se coloque o nome das pessoas. O grupo poderá
discutir quais as categorias que estão mais próximas e com maior intensidade de
comunicação e de vínculo, e conversar sobre o porquê disto.
• o que ajuda e o que dificulta a comunicação? Com quem é mais fácil se comunicar?
Com quem é mais difícil se comunicar? Qual a relação entre comunicação e saúde?
• como será que este quadro estará daqui a alguns anos?
• e em que lugar eu estaria no quadro de outras pessoas?
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Ver capítulo sobre Adolescência.
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Corpo da menina
Em geral, a puberdade para a menina costuma acontecer um ou dois anos antes do que
para o menino, e pode se estender por três a quatro anos. O marco para as meninas
costuma ser a menstruação, que geralmente ocorre entre os 10 e 16 anos (média 13 anos).
Os seios da menina começam a se desenvolver normalmente 3 a 4 anos antes da
menstruação, e são perceptíveis 2 a 3 anos antes. Os pêlos ao redor dos genitais
costumam aparecer 2 anos antes da menstruação e, das axilas, 6 meses antes. Os pêlos
aparecem devido à produção do hormônio masculino testosterona.
Corpo do menino
A puberdade para o menino costuma ocorrer mais tarde e se estender por mais tempo,
sendo o marco principal a ejaculação, que ocorre entre os 11 e os 15 anos (média 13
anos). Porém, é importante notar que, muito freqüentemente, no corpo já ocorreram
modificações bem definidas, como o crescimento repentino, o aparecimento das mamas,
dos pêlos, etc., antes destes marcos. A primeira mudança nos genitais aparece com o
crescimento dos testículos e da bolsa escrotal. Um ano depois disto, ocorre o crescimento
do pênis. A ejaculação acontece geralmente um ano após o crescimento do pênis. Um dos
sinais que antecipa a ejaculação é o aparecimento dos pêlos púbicos e, depois, os das
axilas. A voz costuma mudar alguns meses depois da primeira ejaculação. É importante
lembrar que, mesmo antes da ejaculação, o garoto pode se masturbar e ter orgasmos.
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Qual seria a idade ideal para levar o adolescente a sua primeira consulta
médica?
Não existe uma idade ideal. O cuidado com o corpo e com a saúde deve ser
cultivado desde os primeiros anos de vida. E os serviços de saúde não precisam ser
procurados apenas para a resolução e o tratamento de doenças. Ele é também um espaço
de promoção de saúde.
Muitas meninas, quando começam a menstruar, são levadas a um ginecologista. Já
os meninos não têm esse hábito, nem são encorajados a buscar um especialista neste
período. O atendimento médico especializado no início da puberdade não é essencial.
Poderia ter sido feito antes, em caso de desejo da menina ou menino, ou quando há
alguma queixa relacionada aos órgãos genitais. No caso das meninas, essa procura não
precisa ser imediatamente após a menstruação.
O contato com um médico, especialista em saúde do adolescente, um
ginecologista (no caso das meninas) ou um urologista ou andrologista (no caso dos
meninos), pode ser bom para que a menina e o menino, aos poucos, aprendam a cuidar do
seu corpo com autonomia. Porém, é necessário verificar se eles se sentem à vontade com
a idéia de uma consulta médica, o que sabem sobre o atendimento, quais são suas
expectativas, dúvidas e se eles desejam acompanhante para ir à consulta ou à sala de
exame. Se o menino ou a menina não querem ir sozinhos, eles devem definir com quem
desejam ir, e decidir se querem que este ou esta acompanhante assista à consulta ou não.
A consulta (ginecológica, urológica ou andrológica) deve ser um espaço de falar da
intimidade, de confiança. Portanto, só deve ser realizada se e quando eles se sentirem
confortáveis nessa situação, devendo ser assegurada a eles que a sua conversa com o
profissional está protegida pela obrigação que os médicos têm de guardar segredo, sigilo
médico. Caso este sigilo não ocorra é passível de denúncia. Isso serve tanto para a
menina como para o menino, que muitas vezes se sentem mais à vontade para discutir as
dúvidas em relação ao seu corpo, e as mudanças pelas quais ele está passando, com um
profissional do que com seus pais, amigos ou professores.
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Dica: uma das formas de acolher e ajudar o/a adolescente na primeira consulta é colocar
à sua disposição materiais educativos, cartilhas, folhetos, folders, cartazes, na linguagem
do adolescente, que auxiliem no conhecimento de como a consulta se realiza, incluindo
brincadeiras, jogos ou histórias que falam dos sentimentos dos adolescentes neste
momento. Estes materiais devem estar presentes nas escolas e, em especial, nas salas de
espera dos locais de atendimento a saúde dos adolescentes (consultório, posto de
saúde...)
Atividade: Para que os adolescentes saibam quais são os serviços de saúde e onde tem o
atendimento especializado, pode-se realizar, em grupos, uma pesquisa/ visita às unidades
de saúde, hospitais e clínicas particulares, para entrevistar as equipes de saúde e conhecer
o atendimento
O código de ética médica permite que jovens acima de doze anos, com nível de
inteligência normal, sejam atendidos sem interferência de seus familiares. Não é função
do/a profissional de saúde, ou do/a professor/a, intermediar diálogos difíceis dos jovens
com a sua família, como a revelação da gravidez, de uma DST ou início da vida sexual, e
muito menos de ir falar com a família o que o jovem lhe contou no espaço da consulta. A
obrigação do profissional, é sempre a orientação para o melhor cuidado com sua saúde e,
não julgar comportamentos ou impor valores e condutas. O profissional de saúde é um
educador, facilitador do processo de decisão e escolha dos/as adolescentes de como,
quando e para quem falar das suas experiências sexuais, afetivas ou corporais. O
adolescente deve ser respeitado como sujeito de sua saúde e sexualidade.
Os adolescentes, às vezes, precisam conversar com um adulto que não seja seu pai ou
sua mãe e, freqüentemente, para haver esta conversa, é necessário assegurar o sigilo.
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Um trabalho URGENTE:
Fazer junto com seus grupos de alunos um levantamento
de todos os serviços de saúde próximos da escola, ou localizados em seus bairro, ou
mesmo na sua cidade.
Conhecer: onde é , como funciona, o que oferece para adolescentes, como aproximar os
profissionais dos serviços de saúde e a escola, como ajudar os serviços de saúde a se
prepararem para atender adolescentes e jovens. Construir um mecanismo de
encaminhamento entre a escola e os serviços de saúde e outras possibilidades. Fazer este
levantamento de projetos é muito útil, e muito importante.
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Cada grupo deverá montar uma cena mostrando a continuidade desta conversa em cada
cenário - escola, casa, serviço de saúde e uma conversa com amigas.
Cada grupo irá apresentar sua cena e, depois, fazer uma discussão sobre a forma de apoio
que recebeu ou não.
Numa segunda etapa, os grupos poderiam construir uma cena de como seria ajudar a
adolescente nesta questão.
Questões para discussão:
• a adolescente recebeu a ajuda de que precisava ?
• qual era a ajuda de que ela precisava ?
• como as pessoas interpretam o desejo de uma adolescente iniciar sua prática sexual ?
Por quê ? O que fazem ?
• O que precisa mudar ? Como gostariam que fosse ?
• Quem são os responsáveis ?
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Tabela extraída do Manual Mulher e AIDS. Sexo e Prazer Sem Medo. MCCS-Mulher, Criança, Cidadania
e Saúde. Instituto de Saúde, Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. 2a edição, 1996.
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Mas, para você ter uma idéia do que queremos dizer, colocamos dados de uma
pesquisa que investigou o aparecimento de gravidez esperada em 100 mulheres
sexualmente ativas, durante o primeiro ano de uso de métodos anticoncepcionais
variados4; pode-se constatar:
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Informação extraída do livro Family book about sexuality, de Mary Calderone e Eric Johnson, em
adaptação do Contraceptive e technology, 1980-81, 10a ed.. revisada, de R. Hatcher et al., publicado pela
Irvington Publishers e Organização Mundial de Saúde, 1992.
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Hoje em dia, para pessoas de qualquer idade, o modo mais adequado de evitar a
gravidez é o uso da camisinha, que protege também da AIDS e de outras doenças
transmitidas pelo sexo ( DST) . Para os jovens, que não têm uma vida sexual regular, a
camisinha, além da dupla proteção, tem a vantagem de ser usada apenas durante o ato
sexual, evitando que a menina precise, por exemplo, ingerir hormônios durante os trinta
dias no mês em função, as vezes, de duas ou três relações sexuais.
Com o objetivo de que evitar filhos, o uso da camisinha não é uma tarefa só das
mulheres, porque o filho é feito pelos dois. Os meninos devem aprender a sentir-se
responsáveis pelos seus milhões de espermatozóides, tanto quanto as meninas devem
cuidar do seu único óvulo mensal.
Proposta: aqui ter uma ilustração com os meninos cuidando dos milhões de
espermatozóides e as meninas cuidando do óvulo.
Como quem usa a camisinha são os meninos, e às vezes os casais têm vergonha de
falar deste assunto, existem médicos que recomendam que as meninas usem pílulas, pois
garante a proteção contra a gravidez em caso do parceiro não querer usar a camisinha, ou
de esta estourar. O risco do uso da pílula nas jovens é que os hormônios podem interferir
no crescimento e desenvolvimento físico. Por isso, a consulta médica é importante. Além
disso, se a garota já está protegida da gravidez, ela mais facilmente se descuida da
proteção contra as DST. Se a jovem opta por usar a pílula, deve ser lembrada da
necessidade do uso da camisinha junto com a pílula. Para usar a pílula, deve-se esperar
dois anos de menstruações regulares, e não tomar antes dos 16 anospois os ovários não
completaram seu pleno desenvolvimento.
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VANTAGENS DESVANTAGENS
Previne a AIDS Queixas com relação ao tamanho
Previne das DST Precisa aprender a colocá-la
Não precisa consultar médico Faz barulho, devido ao deslocamento na
relação
Não interfere no ciclo menstrual Reclamações quanto ao visual
Responsabilidade e autonomia da mulher na
contracepção e prevenção de doenças
Mais agradável para os homens e maior
liberdade no pós-coito, porque não precisa
retirar o pênis ainda ereto após a relação
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Parece complicado, mas é mais simples do que esta orientação. Tanto como
os homens devem praticar como colocar a camisinha masculina, as mulheres também
devem aprender a colocar a camisinha feminina antes de utilizá-la para evitar a AIDS e a
gravidez.
Como a camisinha feminina é mais nova do que os demais métodos colocar uma
ilustração, e inserir também desenho da camisinha masculina.
São seguros e podem ser feitos em casa. A mulher deve misturar sua primeira
urina diária com uma solução química. Após o período indicado nas instruções de como
utilizar, se aparecer uma determinada cor na solução, a mulher está grávida. Ao comprar
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essa solução, deve-se verificar com atenção se está dentro do prazo de validade.
Para maior segurança, recomenda-se que este teste seja repetido pelo menos uma vez.
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Para meninas muito jovens a gravidez não é aconselhável, porque pode interferir
no crescimento e desenvolvimento físico das meninas. É mais difícil ter um parto normal.
Mesmo assim, muitas meninas têm engravidado. No Brasil, em 1997, foram realizados
cerca de 33.500 partos em meninas entre 10 e 14 anos.
Entre as cinco primeiras causas de morte entre adolescentes estão o parto e aborto.
Os riscos relacionados a idade ocorrem principalmente até os 15 anos, quando a gravidez
ocorre antes do desenvolvimento biológico completo. De qualquer maneira, a maior
incidência de certas complicações (como toxemia, anemia, infecções e morte no parto)
poderia ser evitada se as adolescentes não demorassem tanto a procurar o pré-natal, e
tivessem uma boa assistência médica. Adiar ao máximo a ida ao médico é
comportamento muito comum, em função da vergonha, do medo, da tentativa de
esconder ao máximo a gravidez, em função do tratamento repressivo recebido.
Além dos riscos para a mãe, há os riscos para a vida do bebê, principalmente se a
mãe tem menos de 15 anos.
Em São Paulo, de cada 1000 crianças que nascem filhos destas adolescentes, 70
morrem antes de completar um mês de idade. Estão mais sujeitas à desnutrição e à
desidratação, aliados à inexperiência das jovens mães que lidam com a situação para a
qual não estão preparadas.
No caso de aborto, a maioria é realizada em condições inadequadas, trazendo
sérias conseqüências como infecções, hemorragias, anemia, ruptura do colo uterino,
tétano, esterilidade e morte "
Não existe um único motivo para a gravidez na adolescência, assim como não
existe um único motivo para qualquer gravidez. Às vezes, a jovem pode engravidar por
livre e espontânea vontade e com o apoio dos pais; pode também engravidar por falta de
informação sobre como fazer sexo protegido. De fato, a maior parte das garotas que já
são mães, em nosso país, são aquelas que não freqüentam a escola, mesmo antes da
gravidez acontecer. A gravidez pode também acontecer por abuso ou violência sexual.
Nesse caso é permitida, por lei, a interrupção da gravidez em hospitais públicos do país.
Porém, é necessário que a menina tenha apoio suficiente, após o abuso, para tomar as
providências a tempo, pois a interrupção da gravidez deve ser feita até doze semanas de
gestação, ou seja, se possível nos dois primeiros meses de falta da menstruação.
É comum tanto as meninas como os meninos terem dúvidas sobre o
desenvolvimento de seus corpos. Assim, há também aquelas adolescentes que
engravidam por desinformação ou para testar se são férteis, se seus corpos estão
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funcionando como deveriam. Não podemos esquecer que há uma grande parte das
garotas que deseja engravidar. Ou porque se sentem sós e imaginam que um filho possa
preencher a sua vida, ou como uma forma de inserção social, pelo fato de acreditarem
que a gravidez mantém a relação com o namorado.
Diante de uma sociedade na qual o poder do homem era e ainda é central, as
mulheres tê conquistado seus direitos sexuais e reprodutivos. Entretanto, ainda hoje,
vivemos uma contradição: ao mesmo tempo em que a sexualidade feminina é reprimida,
a maternidade é muito valorizada. E, muitas vezes, a identidade feminina se afirma
através da maternidade, como se ser mulher fosse sinônimo de ser mãe.
Os motivos são vários, e devem ser ouvidos e discutidos, a partir de uma postura
de respeito. Os adultos responsáveis estarão auxiliando aquela (e) jovem a crescer, sem
promover atitudes repressivas e preconceituosas, mas acreditando no diálogo e na
aprendizagem mútua.
“Vários fatores contribuem para as elevadas porcentagens de gravidez não planejadas, e
exigem respostas diversificadas em termos de políticas. Entre esses fatores:
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3o. momento: propor alternativas de prevenção tanto para a gravidez como para a
prevenção da AIDS
Como sugestão para esta atividade comparar as idéias do grupo com a pesquisa
publicada na Folha
Foram publicados na Folha de São Paulo dados de uma pesquisa realizada pela CPM
Marketing Research em 1999 com 143 homens e mulheres de 15 a 39 anos - indagando
sobre as causas da gravidez na adolescência
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fique com a moça ou mesmo a apoie no caso de interrupção da gravidez, pois essas
coisas são ligadas a sentimentos, e sentimentos não brotam pelo uso da força ou da
coerção. Muitas vezes, os garotos sofrem e se preocupam quando recebem a notícia da
gravidez, embora nem sempre o demonstrem. A conversa, o apoio, o respeito ao limite
emocional da moça e do rapaz, são o melhor meio de ajudar ambos a superar, da maneira
mais adequada para cada um, os obstáculos sociais que podem ser gerados pela gravidez
nessa fase da vida.
Estudos5 e também nossa experiência com jovens vêm mostrando que os
estereótipos sobre o adolescente e a gravidez na adolescência, entre outros, não podem
ser generalizados indiscriminadamente. Há pais adolescentes que se envolvem e se
comprometem, tanto com suas crianças, como com as mães dessas crianças. É importante
lembrar também que nem todo parceiro da mãe adolescente é também um adolescente;
muitos são jovens ou adultos.
O principal problema dos garotos quanto à paternidade, é, muitas vezes, a falta de
apoio econômico e social para levar adiante a responsabilidade de educar e cuidar de seus
bebês, tarefa insistentemente exigida socialmente, mas pouco apoiada. Outro problema
também é a idéia de que homem não pode exercer com competência as atribuições do
cuidado infantil. Como se diz por aí: “homem nessas horas só atrapalha!”. É importante,
porém, ter claro que nem todo pai adolescente é relapso, e que nem toda experiência de
paternidade é negativa para os jovens, como somos ensinados a pensar e a esperar. O
mesmo se aplica às mães adolescentes. Para esses pais e mães adolescentes, é de
fundamental importânci, fortalecer redes de apoio na comunidade.
Dentro desta perspectiva, por exemplo, o programa para gravidez na adolescência
do Departamento de Pediatria do Centro Médico da Universidade de Utah (EUA) tem
fornecido informações sobre a gravidez para o casal, pai e mãe adolescentes,
incentivando o pai em todos os aspectos do cuidado para com a criança e do cuidado
consigo mesmo. Também há ações para assistência aos pais no tocante à orientação
vocacional, oportunidades de emprego e moradia. A experiência tem mostrado que os
pais adolescentes acabaram se envolvendo mais na gravidez de suas companheiras, no
cuidado para com os filhos e no enfrentamento dos problemas em decorrência dessa
escolha, como: financeiros, profissional, educacional, amizades, perda de oportunidades
etc.
Inspirado em experiências positivas como essa, no Brasil, foi fundado, em janeiro
de 1997, o primeiro programa voltado diretamente ao pai adolescente. É o Programa
Papai6, que, entre outras coisas, promove atendimentos individuais e atividades em grupo
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ROBINSON, Bryan E. Teenage fathers. Lexington, MA: Lexington Books, 1987; ROBINSON, Bryan E.
Teenage pregnancy from the father’s perspective. American journal of orthopsychiatry, v. 58, n.1, p. 46-
51, jan. 1988; EARLS, F., SIEGEL, B. Precocius father. American Journal of Orthopsychiatry, nº 50, p.
469-80, 1980. LYRA, Jorge (1997) - Paternidade adolescente: uma proposta de intervenção. Dissertação
de mestrado em Psicologia Social. São Paulo: PUC, 1997; MEDRADO, Benedito; LYRA, Jorge. A
adolescência “desprevenida” e a paternidade na adolescência: uma abordagem geracional e de gênero. In:
SCHOR, Néia; MOTA, Maria do Socorro F. T.; CASTELO BRANCO, Viviane (orgs.). Cadernos
Juventude, saúde e desenvolvimento. Brasília: Ministério da Saúde, Secretária de Políticas de Saúde. 1999.
p. 230-248.
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Em linhas gerais, o Programa Papai define como princípios éticos o respeito às jovens gerações e direitos
iguais para entre homens e mulheres tanto no trabalho, na rua, na escola, como no espaço doméstico.
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Paternidade na adolescência
Pais adolescentes? Pais adolescentes... [risos] É uma complicação ser pai adolescente, meu irmão.
É a coisa mais maluca do mundo!
O encontro
Olha, antes a gente se prevenia. Eu usava camisinha ou ela tomava anticoncepcional e, daí, dessa
vez, dançou. E olha que eu namoro com Paula [nome fictício] há sete anos, né, velho. Sete anos e
demos um vacilo desse. A gente tinha acabado. Eu tinha ido pra João Pessoa. Teve um
campeonato. A gente se encontrou. Aí o método anticonceptivo foi pro espaço [risos]. Ela
descobriu que tava grávida... O que a gente podia fazer?
notícia
A gravidez, maternidade e paternidade na
Q adolescência podem não ser a melhor
u opção para a vida de um adolescente.
a Contudo, é necessário entender que ações
n repressivas e excludentes face à vida
d sexual e reprodutiva dos(as) adolescentes
o geram discursos e práticas anti-éticas e
discriminatórias, inviabilizando a construção
de alternativas que permitam superar
e possíveis obstáculos sociais.
u
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não tenho plano de saúde, mas Bruna e Paula tem. Sabe, assim, é aquela coisa... Tinha que
ter toda guarita [proteção] possível. Ela fez um bom pré-natal. Acho que não faltou nada prá
ela não.
A parte do pai Por um lado, devemos investir em reflexões,
A discussões e ações em saúde sexual e reprodutiva,
m promovendo medidas preventivas em saúde. Por outro,
a é necessário o apoio aos adolescentes que se tornam
m pais, possibilitando que a paternidade na adolescência
e não se torne um silêncio, uma ausência. O que nós
(adultos/profissionais) podemos fazer quando os
n adolescentes já são pais e mães ou estão “grávidos”?
t Uma abordagem com um caráter menos coercitivo
a possibilitaria, a nosso ver, formular programas mais
r adequados às necessidades enfrentadas pelos
adolescentes, sem pré-conceituar a paternidade e a
é maternidade nessa fase como pura e simplesmente
negativa, provocada, sempre e inexoravelmente, por
irresponsabilidade dos jovens (Medrado e Lyra, 1999).
i
m
possível. Mas eu limpo, eu dou
banho, procuro fazer... Tem que
ajudar, tem que ajudar também.
Paula amamenta desde que nasceu
e deve continuar o máximo.
Enquanto tiver leite, dá pra ela. A
base da refeição da guria é leite
mesmo. Mas eu tô pertinho, tô
pertinho de tudo.
Que sono!!
Na hora que Bruna chora, quem levanta é Paula mesmo. Ela levanta, porque eu tenho o sono
pesado. Ela levanta, mas quando ela tá vendo que Bruna não tá querendo dormir mesmo, aí:
“Acorda aí! Ela tá acordada ainda! Tá na hora de tu tá acordado também!”. No começo isso foi
horrível. No começo, ela era novinha. Mas depois, ficar acordado não foi mais problema não. Já
tinha me acostumado com isso. Foram quase quatro meses, dormindo mal toda noite. Se não me
acostumasse, pronto, desistia de ser pai.
Estudo-trabalho-cuidado
Parei de estudar, esse ano. Paula também parou. Ela tentou, foi lá e não tinha tempo.
Simplesmente não tinha tempo. Vai investir ano que vem. Bruna vai estar com um ano. Eu tava
fazendo eletrotécnica. Eu desisti também. Seria tão bom se a gente pudesse combinar a escola, o
trabalho e criação de Bruna.
Filho de peixe...
Eu acho que a minha filha não vai ter esses problemas de educação sexual não. Eu acho que
minha mãe não me preparou muito bem pra vida. Acho que a geração de minha mãe não
conversava muito não. Pelo menos comigo aconteceu assim. Parece que tinha uma barreira, coisa
que não tem nada a ver. Faltou um pai nessa história. Meus irmãos me davam uns toques, mas o
que eu aprendi mesmo foi na rua. Mas faltou meu pai. Meu pai fez grande falta. Eu acho que eu
não vou morrer agora. Eu quero ser o melhor pai do mundo pra Bruna; ser um amigo também,
coisa que eu não tive. Pai como um amigo.
Amor de pai: o lado bom da história
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Só sabe o que é ter um filho quem tem, porque eu não tinha e não sabia. Eu ficava ansioso
com isso. Eu nunca peguei num bebê; só quando ele tava durinho, com cara de bebê. Porque
quando ele nasce ele não nasce com cara de bebê. E eu: “Tá louco que eu nunca vou pegar em
Bruna quando ela tiver nascida!” Mas quando ela nasceu, eu que peguei ela no braço. Paula tava
deitada, operada. Olhe! desde a primeira vez que ela riu pra mim.. Ela riu pra mim, paga tudo,
sabe como é que é?! Não sei como explicar isso não. É a minha filha! Esse é o lado bom da
história. Pô, minha filha é tudo! Tudo de bom, ela paga tudo. Paga as noites que eu passo sem
dormir, paga o não sair mais... Você tá morrendo de sono, ela olha pra tu, dá uma risadinha,
pagou, sabe. É uma barra, mas é bem pago! É um pedacinho de mim. Ela é o motivo para eu tá
fazendo tudo isso [risos].
PING-PONG
projeto de vida uma praia
realização criar todos os meus filhos
maternidade filho
mulher cama
família amor
passado passado é passado
casamento aconteceu
homem homem
paternidade pai e filho
futuro só o futuro vai dizer isso
trabalho tô encarando!
autoridade autoridade não existe não
filho minha preocupação e minha realização
http://www.ufpe.br/papai
ABORTO
Este é um tema que envolve questões ligadas a ética, religião, direitos, valores ... Enfim
um tema polêmico e que está presente em todas os debates sobre sexualidade, saúde
sexual e direitos reprodutivos.
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Na maioria das vezes, as discussões são realizadas de forma polarizada, com visões
extremadas, sem levar em conta as intermediações necessárias para o melhor
entendimento e compreensão desta questão.
É papel dos/as educadores/as ampliar ao máximo esta discussão, trazer a pluralidade de
opiniões e de situações, para que o tema não seja abordado de forma a reduzir a
discussão no julgamento ou na posição de "contra" ou "a favor". Esta é uma armadilha
que devemos evitar. Nesse sentido, expomos aqui diversas informações e sugerimos
algumas atividades que possam contribuir no planejamento dos debates sobre esse tema,
que é freqüentemente solicitado pelos adolescentes.
Atividades:
1) proponha que seus alunos, divididos em grupo, pesquisem a legislação dos diferentes
países sobre o tema, a posição das igrejas e religiões brasileiras e apresentem em
forma de painéis para o conjunto da classe.
A partir das informações, propor que os alunos realizem o confronto de
idéias. Cada grupo vai defender uma das posições apresentadas no
seminário. Após esta atividade, realizar uma conversa sobre como cada um
se sentiu defendendo as posições, quais as dificuldades, se foi mais fácil
defender uma ou outra posição, porque.....
O que é o aborto?
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Estas conquistas asseguram a função reprodutiva como um direito e não como função
obrigatória ou mesmo como "destino" para as mulheres.
Mesmo que os compromisso assinado pelos países presentes na Conferência Mundial da
Mulher, inclusive o Brasil, ainda permaneçam mais no papel do que na prática, eles
servem como parâmetros para decisões dos governos na área de saúde sexual e
reprodutiva e, sem dúvida, representam a luta do movimento de mulheres e do
movimento feminista, que sempre pautou a questão dos direitos reprodutivos, da
autonomia das mulheres sobre seu corpo e da importância de políticas públicas voltadas
para as mulheres na área da saúde, educação e demais setores.
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apesar de regulamentado, a
associação dos médicos do
país aprovou novo Conselho
de Ética proibindo
Polônia 1, 2, 3, 5 interrupção da gravidez, a
não ser em caso de risco para
a mãe, A autorização é
exigida para menores de 17
anos.
O pedido de aborto é
submetido a uma comissão,
que decide sua aprovação ou
Canadá 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 não. Não é gratuito e não é
necessária a autorização para
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menores de 16 anos
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Desde 1940, o Brasil, através do Código Penal, autoriza a interrupção da gravidez quando
a mulher corre risco de vida, e em casos de estupro e violência sexual. Mas, mesmo
nestes casos, ainda é insuficiente o atendimento. Nos setores públicos de saúde, são raros
os hospitais que oferecem serviços para realizar o aborto legal. Para sanar esta deficiência
no atendimento, o Ministério da Saúde, em 1999, assume uma postura mais ofensiva, e
divulga uma portaria indicando que todos os hospitais públicos realizem esse
atendimento.
No Congresso Nacional, atualmente, existem 8 projetos de lei que tratam deste tema, indo
desde a possibilidade da mulher decidir pela interrupção da gravidez como uma escolha
sua até o caso de interrupção devido a mal formação do feto.
Um dos argumentos mais aceitos a favor da legalização do aborto no Brasil é que se trata
de uma questão de saúde pública e um direito da mulher. A legalização do aborto não
obriga a pessoa a realizá-lo, se isso contraria seus valores morais ou religiosos. As
religiões existentes no Brasil assumem posições que vão desde a proibição terminante do
aborto à sua aceitação.
Aborto não é um método contraceptivo. Por isso, sempre que se fala em atendimento à
saúde da mulher e direitos reprodutivos, fala-se do atendimento na rede pública que
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Atividade: Para discutir este tema com os adolescentes, os educadores poderão organizar
debates trazendo depoimentos a favor e contra a legalização do aborto; solicitar que os
alunos tragam recortes de jornal com notícias sobre o tema; ou mesmo montar uma
situação para ser discutida com o grupo.
O que é o Citotec?
Muitas mulheres buscam interromper a gravidez por conta própria. Neste caso, o
meio mais usado, atualmente, é o uso do CITOTEC, um remédio feito originalmente para
tratamento de úlcera de estômago, e que, hoje em dia é utilizado em hospitais para a
indução do parto. O CITOTEC provoca uma forte cólica, seguido de hemorragia, que em
geral faz com que o aborto ocorra.
O Citotec é o método usado por 45,4% das mulheres hospitalizadas por
complicações surgidas após o aborto induzido. Por ser o remédio mais utilizado no Brasil
para provocar aborto, o Ministério da Saúde controlou sua comercialização.
Se a jovem provoca um aborto com CITOTEC, ou por qualquer outro meio, deve
ser encaminhada a um hospital ou maternidade imediatamente, pois a hemorragia, nestes
casos, pode ser intensa, e também porque pode haver risco de infeção. Sempre que uma
garota provocar um aborto, deve receber apoio e aconselhamento para o uso de
contraceptivos, pois é uma experiência traumática e arriscada, que não deve ser repetida.
O que fazer quando uma jovem nos procura querendo abortar e querendo
referências de lugares onde fazem abortos?
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O abuso sexual pode ser prevenido ou impedido. Ocorre abuso sexual quando uma pessoa
utiliza-se de outra – através da violência, do poder, da autoridade ou da diferença de
idade – para obter prazer sexual.
Muitos jovens, meninos e meninas, sofrem abusos sexuais. Na maioria das vezes,
os abusadores são familiares ou pessoas muito próximas, o que dificulta a revelação.
Frente a uma suspeita, ou caso confirmado de abuso sexual, a primeira providência é
tranqüilizar e dar todo o suporte emocional à pessoa que foi abusada, até poder definir a
melhor estratégia para impedir a continuidade do abuso, punir o abusador e proteger a
vítima. O abuso sexual é crime previsto por lei!!!
Em caso de abuso sexual com penetração vaginal ou anal, deve ser procurado um
serviço de saúde para fazer a contracepção de emergência, e a prevenção das DST.
A experiência de ser abusada/o, ou violentada/o, em geral, é uma experiência
profundamente traumática. Portanto, exige especial delicadeza por parte de quem está
lidando com o jovem nesta situação, visando que a pessoa possa se recuperar do trauma,
reestruturar sua auto estima e o sentimento de humilhação e violação corporal, de modo a
poder exercer sua sexualidade com autonomia e prazer.
As pessoas têm o direito de saber onde podem obter ajuda. Devem ser orientadas
a investigar a idoneidade das instituições e das pessoas que oferecem ajuda. Educadores,
profissionais de saúde, psicologia e serviço social, entidades jurídicas e de defesa da
cidadania, dentre outras, podem oferecer ajuda. Pedir ajuda não é um processo passivo.
Problemas que envolvam diretamente a integridade física e moral de crianças e
adolescentes devem ser encaminhados com urgência às entidades e instituições que
possam assisti-los.
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DST/AIDS:
- falta de trabalho com a auto-estima do jovem
- necessidade de trabalho com a saúde física, social, mental e espiritual dos
adolescentes e jovens
- falta de incentivo a campanhas de prevenção. É preciso estar trabalhando
prevenção a partir da vivência do jovem, de sua auto-estima
- falta de preparação dos funcionários do sistema de saúde. Sensibilizar e
capacitar os profissionais de saúde para o atendimento a adolescentes e
jovens
- criar intercâmbio das iniciativas ligadas aos programas de DST/AIDS
- criar salas de aula que falem de prevenção
- inadequação das normas estipuladas nas camisinhas distribuídas pelo
Ministério da Saúde
- falta de financiamento para iniciativas que tenham nos jovens os atores
principais
- falta de informação que sensibilize
- banalização por parte da mídia
- falta de informação contextualizada ao padrão sociocultural ao qual
pertença
- ausência de participação ativa da escola, família e das igrejas
- centralizar os serviços médicos
GRAVIDEZ:
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VIOLÊNCIA:
DROGAS:
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Livros:
Gravidez na Adolescência
Carmem Barroso
Brasília: IPLAN/IPEA, 1996 (série Instrumentos para a Ação, 6)
Sexo e sexo
Roseli Sayão
São Paulo: Editora Companhia das Letras
O que é aborto?
Danda Prado
São Paulo: Editora Brasiliense
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Vídeos:
Transas do Corpo
Recife: SOS Corpo.
Distribuído pelo Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (Videoteca da Mulher)
Ventre Livre
Porto Alegre: Casa de Cinema de Porto Alegre.
Distribuído por Casa de Cinema de Porto Alegre
Em busca de saúde
Recife: SOS Corpo
Distribuído por Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (Videoteca da Mulher)
Uma vezinha só
ECOS
Uma história não contada - A história das idéias sobre o aborto na Igreja católica
Católicas pelo Direito de Decidir
e-mail: cddbr@ax. apc.orgt
Revista
- A situação da população mundial – 1998 as novas gerações
FNUAP – Fundação das Nações Unidas para a População
- Conferência Internacional sobre população e desenvolvimento
FNUAP
- Revista Perspectivas. Em Saúde e Direitos Reprodutivos
Fundação MarcArthur
- Cadernos Juventude Saúde Desenvolvimento
Ministério da Saúde. Secretaria das políticas de Saúde. Área de Saúde do adolescentes e
do jovem. Volume 1
- Seminário gravidez na adolescência
Associação Saúde da Família
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Sites na internet
http://www.pai.com.br
http://aguia.redes.ufpe.br/papai/
http://www.prossiga.br/fsp_usp/saudereprodutiva/
Estatísticas brasileiras
http://www1.saude.sp.gov/html/fr_perf.htm
geadi@seade.gov.br
http://www.seade.gov.br/cgi-bin/mulherv98/mulher.ksh
Sugestão de leitura
MEDRADO, Benedito & LYRA, Jorge (1999). A adolescência “desprevenida” e a paternidade na
adolescência: uma abordagem geracional e de gênero. In: SCHOR, Néia; MOTA, Maria do Socorro F. T.;
CASTELO BRANCO, Viviane (orgs.). Cadernos Juventude, saúde e desenvolvimento. Brasília:
Ministério da Saúde, Secretária de Políticas de Saúde. 1999. p. 230-248.
Obs.: Agradecimentos especiais a Dolores Galindo
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