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Panorama da extinção dos atos administrativos1

Os atos administrativos são criados para produzir efeitos no mundo jurídico, no


entanto não são eternos.

Após o seu cumprimento o ato exauriu a função a que foi criado, o que vale dizer
extingue-se.

As vezes “fatos ou atos posteriores interferem de maneira a suspender ou eliminar


definitivamente” os efeitos previstos no ato fazendo com que o ato seja extinto.
Em algumas ocasiões o ato sequer chega a desencadear seus efeitos típicos.

1 - As causas de extinção de um ato eficaz

I – cumprimento de seus efeitos, o que pode suceder pelas seguintes razões:

A – esgotamento do conteúdo jurídico. É o que se sucede com a fluência de


seus efeitos ao longo do prazo previsto para ocorrerem. Ex: o gozo de férias de um
funcionário.
B – execução material. Quando o ato é cumprido. Ex: ordem para demolir
uma casa é cumprida;
C – implemento de condição resolutiva ou termo final. Condição é evento
futuro e incerto. Termo é evento futuro e certo. Exemplo de condição resolutiva:
conceder permissão a um administrado para derivar água de um rio, se este não
baixar aquém de certa cota (Oswaldo Aranha Bandeira de Mello).

II – desaparecimento do sujeito ou objeto da relação jurídica constituída pelo


ato. Exemplo de desaparecimento do sujeito: a morte de um funcionário extingue
os efeitos da nomeação. Exemplo de desaparecimento do objeto: tomada pelo mar
de um terreno de marinha dado em aforamento.
III – retirada do ato. É quando o poder público emite um ato concreto com efeito
extintivo sobre o anterior.

Hipóteses:

A – retirada por razões de conveniência e oportunidade. É a revogação. Ex:


retirada de permissão para estabelecimento de banca de jornais;

B – retirada porque o ato fora praticado em desconformidade com a ordem


jurídica. É a invalidação. Ex: retirada de uma autorização para porte de arma
porque, contra a lei, fora deferida a um menor de idade;
C – retirada porque o destinatário do ato descumpriu condições que
deveriam permanecer atendidas a fim de por continuar desfrutando da situação
jurídica. É a cassação. Ex: retirada da licença para funcionamento de um hotel por
haver se convertido em casa de tolerância;
D – retirada porque sobreveio norma jurídica que tornou inadmissível a
situação dantes permitida pelo direito e outorgada pelo ato precedente. É a
caducidade. Ex: retirada de permissão para explorar parque de diversões em local
que, em face da nova lei de zoneamento, tornou-se incompatível com aquele tipo
de uso.
E – retirada porque foi emitido ato, com fundamento em competência
diversa da que gerou o ato anterior, mas cujos efeitos são contrapostos aos
daquele. É a contraposição ou derrubada. Ex: exoneração de um funcionário, que
aniquila os efeitos de nomeação.

IV – renúncia. Consiste na extinção dos efeitos do ato ante a rejeição pelo


beneficiário de uma situação jurídica favorável de que desfrutava em conseqüência
daquele ato. Ex: a renúncia a um cargo de secretário de Estado.

1 - As causas de extinção de um ato não eficaz


A – pela retirada dele, chamada por alguns de mera retirada, mas que preferimos
englobar no conceito genérico de revogação, quando efetuada por razões de
mérito, e no de invalidação, quando efetuada por razões de legitimidade;

B – pela inutilização do ato ante a recusa do beneficiário, cuja aquiescência era


necessária para produção de seus efeitos;

1
Extraído do livro Curso de Direito Administrativo, Celso Antônio Bandeira de Mello, 23ª edição,
2007.

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