Você está na página 1de 24

Estranho

Opúsculo

O’ecus
De Adriano Kurumu
Cabe ao leitor saber que esta é uma Síntese de uma futura Obra ainda
em andamento.

O Autor
Adriano Kurumu é um dos nomes usados para definir este escritor provavelmente natural do
Rio de Janeiro, supostamente batizado como Adriano Pereira de Araujo e segundo alguns,
nascido no ano de 1989.
Segundo pesquisas, Adriano Kurumu teve seu primeiro contato com a literatura quando com a
idade de quinze anos leu seu primeiro livro, A “Divina Comédia” de Dante, autor que teria
mudado toda sua visão de mundo desde então, sendo sua porta para assuntos como:
Filosofia, Literatura, Antropologia Religiosa e Ocultismo.
Introdução:
Este é um fragmento do meu Universo Estranho, do meu Estranho Universo.
Sem que entre no seu Universo Estranho, não poderá nunca entrar no meu Universo Estranho,
no meu Estranho Universo.
A chave é romper todos os limites inexistentes, mergulhar na fonte de onde surge todo Caos
e toda Ordem...

-Adriano Kurumu, Outono de 2010, Cidade Cinza.


Urbano
Andando. Andando.
Aço.
Aço.
Testando. Testando.
Concreto, Fio;
Edifícios Frios.

Olhos Perdidos.
Cinza.
-"Quem dera ter vida.
Quem dera ter vida."

Calor. Asfalto.
Tudo, Trevas;
Amor, Aço.

Prego. Som. Distorção.


Girando, Cravando, Transformando.
O corpo esvazia,
curva para o chão.
O tiro. A lágrima.
Corrosão.
Corrosão.
Luzes e Sombra.

Imagens
O que há dentro do tudo?!
Vapor!
Vapor!

A ave olha para a


serpente multicolorida.
Pede vida, come morte.
Morte. Vida. Sorte.

E é o padre quem a missa reza, para as


bruxas em sangue vertidas.
Vestidos em imagens escorridas!

Ah!
O galho. O poço da merda.
O poço. A merda. O galho!
O ga-lho!
Imagens-imagens-imagens.
I-ma-gens!
Mas-turbação!
Sexo, drogas...
Cons-tru-ção!
A mer-da,
O po-ço...
O Ra- to!

O corpo perdido.
Vazio.

Chorando.
Caído.
Sozinho.
Dor! Dooorrr!

Trovadorismo Urbano

-Para Sylvia Serafim - Nascida em 1901 -1936*

(*Na madrugada de 27 de abril de 1936,Sylvia Serafim suicida-se ao lado do filho de três anos
que estava dormindo)

Um dia fui cantando


a querendo encontrar,
mas só os carros e a
fumaça encontrava.
Meus olhos que com
esperança brilhavam,
opacos como o dia se tornaram.
- “Sylvia! “- eu gritava.

Minha figura da dela


precisava,
mas onde estaria?
Onde estava?!
Eu sabia... Ah... Eu sabia!
Mas de que vale um corpo
sem alma?!
- “Sylvia!”- eu continuava.

Desta persistência
minha mente, corpo e alma
foram recompensadas,
Sylvia Serafim, para mim
se revelou.
E na cidade, ao som das
máquinas,
dançamos como amantes,
sob uma fria chuva ácida...
ávida...
Por nossos corpos,
feitos, de, nada!

Anjo de Rua
Nas tonalidades
em azul pardo,
o menino olha num misto
de pavor e encanto,
o aparelho que chamam,
televisão.
Agora sozinho
Tudo melhorara.
Sem gritos. Sem socos
Sem dor.

Imagina seu futuro.


Os olhos tornam-se enevoados,
como o seu céu o dele se
torna nublado.
No presente, sente, que
a fome o torna inerte,
como num sentimento que
se perde.

Olha para o alto.

É o prata amanhecer,
que o assusta, que o faz
anoitecer.

E com os ratos,
corre para o buraco...

... Onde crescerá


( no espírito e no torso),
como o exemplo perfeito,
do anjo misantropo!
Sentimento
É um sentir
quadrilátero
que desliza para
uma reta circular,
como um triângulo
de formas,
num tecnológico, jardim
de rosas.

Estas formas -formas-formas- formas- formas...


Formas...
Formas!...
... Deixam-me perplexo,
como quando vejo a árvore
em fogo,
quando sinto a perfuração
no torso,
quando ouço os mudos
gritos de socorro!

E ainda dizem
que sou "seco",
e em certo ponto concordo
com estes tolos,
pois no momento
me vejo "seco”

Em esperança,
em sonhos...
Talvez já esteja até morto!
Morto, um morto que pensa
viver, mas isso é ser tolo,
cabe-me melhor o rótulo
de morto!
Balada XXI
Soa o som
da distorção.
O som da cidade.
O som dos arames,
rasgando a humanidade.

Soa o som da dor,


como flores que pulsam
no gelo deste vapor,
sem forma, sem cor.

Quanto tempo calada?


Quanto tempo oprimida
na sua solidão?

Perdida por entre


essas cores, frias e mortas,
ela chora.
Pois nela soa o som da
distorção. Soa o som da
visão.
Mas o som da distorção
num momento é coberto.
- É o grito da menina.
Rasgante! Supremo!

E rasga o tecido
e pinta com sangue!
Muito tempo
ficara presa,
mas agora está
liberta do arame!

Mas mesmo liberta


não consegue sorrir.
Ainda vê,
ouve,
sente...

Ainda vê!... E...


ouve... Sente!
Canção da Cidade
Canção da cidade:

Artificial.
Artificial.

Prédios, correntes
e vazio...

...

Corre! Corre!

...

Tarde... Morto, morto,


morto...
Foi tiro ou foi carro?!
Suicídio ou estupro?!
Doença, talvez...

...

A fumaça cobriu
o sol daquela manhã
de outono,
onde todos andavam
tontos sem querer
se olhar.
Onde eu jazia morto,
envolto num silêncio
dadaísta.

silêncio...
Ira!

O Lobo
Corre o lobo no asfalto,
respira doença.
pula carros...
Sem ser notado,
Sem ser notado.
Seus olhos cor de chumbo
ficam ao fundo,
como num retrato
de absurdo-surdo- surdo...
Surdo!

Um dia cai o lobo


e uiva com dor,
Encontrando-me como um grito!
Um pedido de socorro, um
pedido de abrigo...
Mas sou humano.

Me preocupo comigo.

Abrigo... Abrigo... Abrigo!

Fugere Urbem
Ao vento do luar
as estrelas brilham
e as árvores dançam.
Crianças, de estranha esperança.

E nessas águas
nas quais mergulhei
na floresta perdido
me encontrei.
Fechando os olhos...
Despertei!

E das flores e folhas


uma loba se formara.
Com seus olhos me contava:
histórias de sonhos,
histórias de fada.

Minha carne então rompi...


e como um lobo, cresci...

Para o mundo fora


disseram que morri,
embora vivesse, como
nunca antes vivi...
Carpe diem, carpe diem!

Humanos XXI
Com olhos vazios
sua boca é voraz,
seu corpo deseja o infinito;
o pensamento foge do capaz.

O arame já não permite movimento,


na sua carne lhe falta o intenso.

Seu único objetivo é se popularizar, já não lhe importa nada.


Nada!
Nada!
"Os mortos que andam
são os únicos que sobem as escadas!”

Assim falou a lei da máquina!


Pensamento Opaco
Ando como um boneco
perfurado pelos parafusos
de um mundo feito de pregos.

Me movo carregado
pelas férreas
do sem sentido.

Percorro o quadro
do existencial em óleo embriagante!

Meus membros se contorcem


no movimento solitário do pensar,
mas pensar significa nada
quando se é preso e não se acredita mais em fadas.

Malditos os humanos
que progridem pelo nada!
Cresça e dance
Sinta a música...
Revele-se,
rebele-se,
exprima,
seja,
sinta!

A música se espalha,
não há como fugir,
seus olhos já não abrem,
seu corpo se move epilético.

Êxtase!

Batida, batida.

Dance!
Esqueça a repressão,
as paixões solitárias,
o absurdo das máscaras!
Dane-se!

Mande todos se fuderem!


Grite, chore...
Rebole.

Permita-se... Crescer e dançar.

Grito Suave
Eletricidade e gritos,
Choro pelo eterno e morto.
Ande e perceba
A noite, o trem que vai como um demônio
Pelos trilhos dos túneis cobertos pela
Sua sujeira.
Você não me ouve!
Estas máquinas o impedem,
Estes humanos o impedem!
Eu sabia!

São como janelas no espaço vazio de sua mente,


Esta alienação feita de microfonia.
E você acredita que pode chegar a lua
Sem destruir alguém?!
Sem destruir alguéeeeemmmmmmmm!!!...
Só resta chorar-chorar-chorar-chorar
Chorar...
Não há mais nada além deste corpo,
O deus que você acredita foi vendido
E você ganhou para isso!!!

Não tampe os ouvidos!


Escute-me
Preciso disso!

DINHEIRO-DINHEIRO-DINHEIRO
DINHEIRODINHEIRODINHEIRO!

Eternidade...

O prédio cai,
As armas perfuram.
- Tudo normal.
As flores morrem,
O corpo destrói.
- Tudo normal!
Petróleo sagaz, ouro de Satanás...
- Tudo normal. Tudo normal!
Tudo normallllllllllllllllllllll

E você que se diz cristão com ferramentas do inferno?

Branco no branco
Preto no preto.
Garota morta, tola!
Morte, chumbo,
Mídia!
Mídia.

Canção EdadeicoS - ou Canção ao Absurdo.


-Ao Cantor do Absurdo Albert Camus.

Quero comer mais do que preciso,


Quero trepar mais do que consigo,
Quero mais do que necessito.
Tenho milhares de conhecidos
que seguem leis para andar comigo .
Amigos?
...(Ahahaha!)...

Vazioooooooooooooooo.
Sub'eco
Correndo sobre o Asfalto quente que me permeia,
Correndo vendo as luzes que me rodeiam,
Correndo como uma Estranha Figura meio Parda,
Correndo em meio às casas...

Dizem que não é nada,


mas Eu digo que quando for capaz de Correr na Madrugada,
sentirá que o Mundo é pura imagem vaga e que nós somos tudo dentro do Nada.
Caxias Urbanus
Passar-Passar-Passar-Passar...

Olhos focando o caminho reto sem nada focar.


O Universo parece não estar lá.
O sofrimento alheio não afeta, pois seu corpo é feito do mais resistente Vazio Abissal.
Parecem bonecos para lá e para cá sem nada notar.

Algumas mãos estendidas e olhos fundos me fazem pensar:


Egocentrismo Social!

E você está o que a pensar?

Ande, ande e ande, encha seus pulmões de carnificina e depois vá dos seus paradoxos se
alimentar, se isso faltar procure deus ou volte para as ruas de Caxias.
Divagações Sub-Urbanus
Vontade de gritar .
Minha boca está calada.
Vontade correr.
Minhas pernas estão amarradas.

Vontade.

Olho para a Lua.


Mentira é a Luz do poste.

Ser o outro é importante.


Não me conheço e julgo conhecer quem me é externo.
Amor não cultivo, porém o quero como algo que me vem do Eterno.

As ruas vão e vêm, os carros também.


Atravessar a rua agora é o mais importante.
O Pensamento fica ou será tudo isso bobagem?

Estou andando pelas ruas lotadas e vazias.


Encolho-me no meu casaco.
Dou uma esmola e me acho um santo vestido de palhaço.

Cânticus Butecus
A fumaça do cigarro lhe traz a tosse,
Prostituta experiente que ama a fonte.
Na viela o homem cantando no canto mija.

A mulher dança bêbada na calçada.


Fumaça!
Fumaça!
Fumaça!

Lá vai a anta que tu chamas de esposa.

Fumaça!
Fumaça!
Fumaça!

Lá vai o emprego com o qual sob-vive.

Latão!
Latão!
Latão!

O martelo vai à sua mão,


o sangue jorra em vão.
O olho salta para o caixão.
Saudades de Pã.
Saudades de um sentido.

Dizem que não respiro,


dizem que não sou vivo.

E eu, o que sinto?

TANIEUSOWRDPXL
- À Raposa Tânia

Esperando ela chegar,


Na fria Estação Central a cantar.
Sorriso bobo,
Ansioso para vê-la chegar.

É tão linda que me faltam palavras.


Diferente.
Única.
Palavras, do amor não expressam nada.

O tempo passa,
Ela não chega.

Sorrisos se tornam lágrimas.


Ela não chega.
Vou embora olhando para trás fingindo não ligar.
Não dá para disfarçar.

No metrô estou de cabeça baixa a imaginar...


Sua boca, seu rosto, seu olhar...

Eis aqui um daqueles bobos garotos que amam.

Canção ao Bairro da Ferrugem


Loucura controlada,
Vivendo da Noite enquanto dou uma mijada.

O cão late,
Olho-me no espelho.

Labirinto sonoro.

Correr é essencial,
Gritar é o legal.

Quebrar o ideal,
e
Morrer por tal
Cantando ao Absurdo.

Viagem imaginaria ao Fundo!


Menina Loba (Homenagem à Menina Loba)
Dançando se joga,
pula a Fogueira,
Afunda nas Sombras...

Menina Loba com Selvagem Serenismo,


de blusa rasgada no lado
Uivando nas Cidade dos Ratos...

Andando pelas ruas já tentou entender,


hoje busca somente viver.

Combustão não deixa pensar!


Carros não a deixam imaginar!

Resistência é a palavra,
Esquecer é a meta,
Vivenciar o correto...

Há muitas maneiras de se chegar num ponto distante,


seguir reto pode ser mais rápido, porém, das alternativas a mais Absurda.

A Lua.
O Uivo!
Menino Estranho - Uma poesia Real
Menino Estranho
eis a condição da Vida.

Antes era belo, hoje monstruoso como nem mesmo os Deuses imaginam.

Puro em suas brincadeiras hoje sente na pele a espada com a qual feria.
Espada do Preconceito que tanto machuca e quase faz sangrar.

Rosto antes sorridente


hoje com os lábios para frente e olhos ao fundo,
és um monstro todo feito com suas maçãs do rosto,
as duas projetadas cinco centímetros adiante no espaço vazio,
quase que caindo no pescoço.

Menino Estranho que era belo


eis a condição da Vida,
eis que tudo isso começou por ter querido comer do peixe a espinha!

Máquina
Bater no latão...

Minhas mãos doem.

As engrenagem movimentam-se em todas as direções, me fazem pirar!


Quanta loucura,
Quanto ócio disfarçado...
Meu corpo se movimenta como que por costume.

És Máquina
Fedendo a estrume!

Líquido espesso e negro jorra do esgoto,


crianças brincam como tolos...
Quanto tempo durará até que acordem desse Sonho de Máquinas?

O Objetivo é Nadar no Nada,


Absurdamente numa estrada onde todos estão a lhe pisar,
como uma Máquina que gosta de cantar:

Gritar!

Canção ao Absurdo I
Andando no Vazio outonal de minhas saudades sinto a Totalidade parcial de minha alma.

Rosas de vidro cinza,


Asfalto bruto.

Anjos modernos encurvados,


Fios de cobre cobrem seus rostos anteriormente iluminados.

Andando pelas ruas estreitas de sexta à noite,


Quem sou Eu no meio do Caos ordenado que espiritualiza essa cidade?

Massa que corrompe e desgasta,


Noite estranha e desgraçada.

O cão morto me coloca em contato direto com a Realidade.

O vento toca a superfície profunda da minha visão.

Me movimento devagar entre os fios e meus sonhos espalhados pelo chão

Você também pode gostar