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de Crianças e Adolescentes
Guia de Referência
para o Diálogo com a Mídia
Realização: ANDI Parceria estratégica: Childhood Brasil
Guia de Referência
para o Diálogo com a Mídia
Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
Presidente do Conselho Diretor: Oscar Vilhena Vieira SDS – Ed. Boulevard Center – Bloco A – sala 101
Secretário Executivo: Veet Vivarta CEP: 70391-900 – Brasília/DF
Secretária Executiva Adjunta: Ely Harasawa Tel: (61) 2102-6508 / Fax: (61) 2102-6550
Gerente do Núcleo de Mobilização: Carlos Ely Site: www.andi.org.br
FICHA TÉCNICA
Guia de Referência para o Diálogo com a Mídia
Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes
(ISBN: 978-85-99118-15-3)
Edição Tiragem
Adriano Guerra e Marília Mundim 5.000 exemplares
04 Apresentação
No Brasil, não por acaso, a liberdade de Ainda que possa ser freqüente a presença
imprensa foi uma importante bandeira dos de tal tratamento nos meios brasileiros, essa
movimentos contra a ditadura. Hoje, ain- está longe de ser uma regra aplicável a todos os
da que não possamos afirmar que essa é uma veículos ou profissionais. Assim como ocorre
questão superada para a sociedade brasileira em outros segmentos, é importante aqui saber
– haja vista os casos ainda registrados de co- diferenciar o bom jornalismo do mau jornalis-
erção, de agressão e até mesmo de assassinato mo. Precisamos, portanto, aprender a analisar
de profissionais da imprensa –, certamente mais detalhadamente a produção da imprensa,
contamos com um contexto político de maior identificando os vários parâmetros que podem
abertura e com melhores condições para o contribuir para uma cobertura de qualidade.
exercício de nossas liberdades. Nesse âmbito, é fundamental que as avalia-
Mesmo que ninguém duvide da relevância ções que costumamos fazer sobre o trabalho dos
de uma imprensa livre e plural, também é ver- veículos passem a levar em consideração os as-
dade que os meios noticiosos são alvo constan- pectos de ordem técnica – e não sejam pautados
te de críticas endereçadas por variados atores apenas por abordagens genéricas ou com base
sociais. Isso porque o noticiário muitas vezes no senso comum. Cabe aos grupos organizados
repercute os principais temas presentes na da sociedade o papel de monitorar o trabalho
esfera pública sem levar em conta os diferen- jornalístico, partindo de parâmetros objetivos,
tes ângulos e visões existentes na sociedade. capazes de diagnosticar, por exemplo, falhas e
Da mesma forma, são comuns críticas avanços na cobertura.
questionando a abordagem dada por alguns Estudos sobre a função do jornalismo em
veículos de imprensa a temas como violência sociedades democráticas, sistematizados em
e direitos humanos de crianças e adolescen- pesquisas recentes da ANDI, apontam para três
tes. Não é raro ouvir de representantes dos
importantes características de um tratamento
movimentos sociais comentários do tipo: “os
editorial qualificado dos temas sociais:
jornalistas distorcem tudo que eu falo quando
dou entrevistas”, “os noticiários só querem • Prover a sociedade com informação con-
mostrar sangue e crimes”, “a mídia só traz no- fiável e contextualizada – de forma a
tícias ruins”. empoderar cidadãos e cidadãs, que assim
Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 7
Mídia ou imprensa?
Entenda a diferença
É preciso ter em mente que muitas vezes se usa Já o entretenimento está relacionado ao lazer e à
os termos “meios de comunicaçäo” ou “mídia” diversão: filmes, novelas, desenhos animados, revistas
como se fossem sinônimos para o jornalismo. Na em quadrinhos e programas de humor são algumas
verdade, tais termos abarcam também outras for- das atrações que se enquadram nessa categoria.
mas de conteúdo midiático além da imprensa. De O Jornal Nacional, por exemplo, é um programa
maneira geral, podemos apontar três categorias jornalístico, ao passo que o Domingão do Faustão é
mais comuns, no que se refere a estes conteúdos: uma atração da grade de entretenimento da TV Glo-
jornalísticos, de entretenimento e publicitários. E bo. Essa diferenciação também pode ser encontrada
todos eles podem ser veiculados nos mais diver- nos veículos de mídia impressa: existem os espaços
sos tipos de mídia, como jornais, revistas, rádio, jornalísticos e os que têm como foco o divertimento
televisão ou internet. dos leitores (horóscopo, quadrinhos e palavras cru-
O jornalismo – foco de nosso interesse – con- zadas são alguns dos exemplos).
siste na divulgação de acontecimentos e informa- Já a publicidade consiste em anúncios de pro-
ções sobre a realidade. Nesse sentido, os profissio- dutos ou serviços, geralmente veiculados no intervalo
nais dessa área da comunicação atuam na coleta, dos programas, nas mídias eletrônicas (rádios e tevês)
redação, edição e publicação de informações sobre e ao lado das reportagens, nos veículos de mídia im-
eventos atuais e de interesse público. pressa (jornais e revistas).
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Impeachment na Presidência
Os meios de comunicação estiveram no centro do único processo de afastamento legal de um presidente da República
no Brasil: o impeachment de Fernando Collor de Mello, ocorrido em 1992. O escândalo que marcou a história política
brasileira começou a tomar corpo quando a revista Veja publicou entrevista com Pedro Collor de Mello, irmão do então
presidente, trazendo graves acusações sobre corrupção e tráfico de influência no governo. Com a denúncia, o Con-
gresso Nacional instaurou uma comissão de inquérito para investigar a veracidade e abrangência do crime. Durante
todo o processo, a mídia esteve engajada em levar ao público os principais desdobramentos da questão, contribuindo
na mobilização da sociedade (nesse âmbito, o movimento mais representativo foi o dos “caras pintadas”), que passou
a exigir das autoridades respostas à crise no governo. Menos de cinco meses após a denúncia veiculada pela revista,
Fernando Collor foi julgado pelo Senado Federal e condenado à perda do cargo de presidente e a uma inabilitação
política de oito anos.
12 Guia de Referência para o Diálogo com a Mídia
ções bastante claras, tanto para a comunicação a instituição pode contar com a contribuição
interna (dentro da organização) quanto para a de profissionais voluntários; desenvolver par-
externa (parceiros, público-alvo e imprensa, cerias com universidades (algumas possuem
por exemplo). Esse processo pode ser inicia- agências juniores que prestam serviço à co-
do com uma reflexão simples: “o que eu quero munidade); ou contratar jornalistas freelances
informar e para quem eu quero informar?”. O para ocasiões nas quais a demanda é maior.
fundamental, porém, é que a estratégia de co- O diálogo com os profissionais e veículos
municação adotada esteja pautada nos princí- de imprensa também pode ser buscado por
pios e valores éticos da instituição, bem como meio de parcerias com os sindicatos de jorna-
na sua missão, visão e objetivos. listas (cada estado tem o seu) e com organiza-
Para isso, um passo inicial é a construção ções não-governamentais que atuem na área de
de um plano de comunicação – documento que comunicação. O importante é que instituições
define objetivos, metas e estratégias da organi- que trabalhem para promover os direitos de
zação, tendo em vista a visibilidade de seus pro- crianças e adolescentes – entre as quais estão
jetos bem como da temática sobre a qual traba- incluídas aquelas que lidam com o enfren-
lha. Para que esse plano seja eficiente, é preciso tamento da Exploração Sexual Comercial de
estruturá-lo cuidadosamente. De preferência, Crianças e Adolescentes (ESCCA) – não fiquem
ele deve estar acompanhado de uma planilha de de fora do debate público agendado pela cober-
ações a serem desenvolvidas, na qual constem tura jornalística. Com criatividade e parcerias,
informações como o responsável pela ação, o é possível superar as dificuldades financeiras e
público-alvo, o objetivo, as metas e o prazo de estruturais e desenvolver iniciativas capazes de
execução (veja modelo na página 17). dar visibilidade para a pauta da violência sexual
O ideal é que o trabalho de comunicação que tem como vítimas meninos e meninas.
fique nas mãos de um comunicador habilitado
para isso (seja jornalista, seja relações públi- A imprensa e o combate à ESCCA
cas). No entanto, nem todas as organizações Como vimos até aqui, a capacidade de informar,
possuem condições de arcar com um profis- pautar e fiscalizar as iniciativas públicas faz da
sional com dedicação exclusiva. Nesse senti- imprensa uma aliada estratégica nos processos
do, algumas alternativas podem ser pensadas: de mobilização social e de monitoramento das
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Agenda de Comunicação
Como vimos, a elaboração de uma Agenda de • Também é possível identificar, entre as enti-
Comunicação – ou de ações mobilizatórias – é dades parceiras, a programação de eventos
importante para garantir a presença de um tema organizados em cada uma delas e articular
na mídia. Nesse sentido, seguem algumas orien- uma agenda de acordo com as atividades
tações para garantir a efetividade desse instru- previstas. Exemplos: lançamentos de pes-
mento de trabalho: quisas e estudos, campanhas, atividades es-
pecíficas com a mídia (como a elaboração e
• A agenda deve incluir várias estratégias e
envio de artigos de opinião para publicação),
sua elaboração precisa ser articulada com
atividades de mobilização (panfletagem, se-
diversos setores. Umas das formas de se
minários), articulação com empresários, etc.
compor a Agenda de Comunicação é por
meio da criação de ações locais e nacionais • Uma outra possibilidade é traçar uma lista de
a partir das datas de mobilização – como o temas relevantes e, a cada mês, organizar
Dia Nacional de Combate ao Abuso e Explo- atividades no contexto do assunto estabe-
ração Sexual de Crianças e Adolescentes (18 lecido – educação, direitos, saúde, etc. Por
de maio), Dia do Aniversário do Estatuto da exemplo, se em determinado mês o tema é
Criança e do Adolescente (13 de julho) e o saúde, a discussão pode se dar em torno da
Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil vulnerabilidade de crianças e adolescentes
(12 de junho). Ou ainda aproveitar grandes vítimas de Exploração Sexual de Crianças e
eventos nos quais o tema “Direitos da Crian- Adolescentes a doenças sexualmente trans-
ça” possa ser difundido. missíveis, como a Aids (veja ao lado modelo
Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 17
impulsionam maior mobilização da imprensa cas para a área. Aqui segue uma breve lista de
para o debate sobre as causas e as políticas para formas pelas quais o trabalho da imprensa pode
a área. Por outro, em momentos assim se acen- contribuir na erradicação do problema:
tua a tendência a um enfoque mais sensacio-
nalista. O importante em tais situações é que as • Denunciar situações de Exploração Sexual
fontes de informação estejam atentas para co- Comercial sempre que estas forem identi-
laborar no sentido de que a cobertura da mídia ficadas e cobrar medidas efetivas para re-
evite adotar estes comportamentos. solver o problema.
Um outro aspecto é que, ao contrário das
• Conscientizar a população sobre a impor-
datas consagradas, situações de denúncia
tância de denunciar.
costumam surgir repentinamente e deman-
dam um posicionamento imediato das orga- • Pressionar o Legislativo para a aprovação
nizações que atuam no combate a esse tipo de leis que garantam a proteção integral de
de violência. Por isso, é fundamental que elas meninos e meninas, especialmente no que
estejam preparadas para agir em contextos de diz respeito à Exploração Sexual Comercial.
emergência. Assim, não perderão a oportuni-
dade de dar maior visibilidade ao tema, colo- • Cobrar do Executivo a elaboração e a im-
cando-o na agenda de discussões da sociedade plementação de políticas públicas de en-
de forma consistente e responsável. frentamento da questão.
Central na
um processo longo que passa pela contribuição direta de
especialistas, agentes do poder público, de representantes
Palavra de fonte res envolvidos no fato em questão devem ter direito à voz.
Desta forma, o público terá condições de fazer sua avalia-
ção e tirar as próprias conclusões sobre o acontecimento
“Um jornalista hoje sai da redação com três retratado na reportagem.
pautas para cumprir: uma sobre violência
Entretanto, a atual situação das redações – quadro re-
sexual, outra sobre uma feira de automóveis
duzido de jornalistas, profissionais sobrecarregados e com
e outra sobre problemas de saneamento da
cidade. Pode parecer um exemplo grotesco, formação acadêmica deficiente, etc. – não tem favorecido
mas não está longe da realidade. Ele não que esta prática seja comum na rotina de jornais, revistas,
tem condições de saber dos conceitos; da rádios, tevês e sites de todo o país. O que ocorre com certa
diferença entre abuso e exploração sexual; freqüência é um jornalismo superficial, baseado no depoi-
da Convenção Internacional sobre os Di- mento de uma ou duas fontes, quando muito – as quais,
reitos da Criança; de o Brasil ter um Plano não raro, corroboraram a tese previamente definida pelo
Nacional de Enfrentamento; das parcas jornalista. Por isso, é importante que as fontes de informa-
rubricas orçamentárias para esta política; ção estejam atentas às oportunidades de colaborarem na
das limitações do Direito Penal brasileiro; de produção da notícia, sugerindo ao repórter outras pessoas
que nós queremos denunciar o crime, mas
e documentos que possam contribuir para a construção de
queremos cobrar atendimento de qualidade
conteúdo mais contextualizado e abrangente.
às vítimas. As escolas profissionais formam
para o mercado e não para estes temas. É
nossa responsabilidade oferecer um reper- Princípio do contraditório
tório conceitual e existencial que aquele Conforme vimos, na cobertura jornalística é sempre
jovem profissional não teve. Oferecer-lhe importante haver pessoas que repercutam o assunto
de forma didática (mas não simplista) este sob diferentes pontos de vista. Embora a diversidade
repertório é responsabilidade pública”. de fontes seja essencial, ela deixa de ter fundamento
Renato Roseno, se todos os atores ouvidos defenderem exatamente o
advogado, é ex-coordenador do Cedeca Ceará, mesmo argumento.
da Anced e ex-conselheiro do Conanda.
Atualmente assessora organizações e Em uma matéria sobre orçamento da educação, por
movimentos de direitos humanos. exemplo, espera-se encontrar tanto leituras críticas a res-
peito dos recursos destinados para a área quanto as razões
dos gestores governamentais. O importante é que sejam
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Sendo assim, não faz sentido tentar em- • O tempo de fechamento dos conteúdos
placar nos meios jornalísticos uma pauta de- jornalísticos é escasso. Não faz sentido
satualizada, desgastada ou que desperta pouco querer ser perfeccionista ao extremo e
interesse no público daquele veículo ou local. É demorar para dar o retorno ao repórter.
preciso que organizações e fontes de informa- Por isso, procurar saber o prazo que ele
ção repensem suas estratégias comunicacionais tem para concluir a matéria deve ser uma
com freqüência, buscando aprimorar a forma preocupação constante da fonte. Nos casos
de apresentar os fatos aos órgãos de imprensa em que não for possível disponibilizar as
– de tal maneira que aumentem a possibilidade informações em tempo hábil, é indispen-
de serem considerados “notícia”. sável fazer um primeiro atendimento e ex-
As organizações devem sempre ter em plicar a situação ao jornalista.
foco que o diálogo com a imprensa, mais do • Deixar de dar retorno a uma consulta da
que garantir espaço para suas agendas ins- redação é uma situação ainda mais deli-
titucionais, é uma oportunidade para a pro- cada se foi sua organização que mobilizou
moção de um debate mais amplo sobre a te- a imprensa. Nesse caso, é essencial ga-
mática. Por isso, é fundamental que estejam rantir espaço na agenda para responder
preparadas para aportar informações qua- às demandas.
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• Deve-se evitar o excesso de releases (su- ângulo ou o enfoque que considerem mais
gestões de pautas) encaminhados à im- apropriados para a reportagem, com o ob-
prensa. Trata-se de um recurso a ser jetivo de facilitar o trabalho jornalístico.
utilizado somente em situações que justi- Entretanto, a palavra final é sempre do re-
fiquem a mobilização dos meios de comu- pórter ou do editor.
nicação. Encher as caixas de e-mail dos
jornalistas com sugestões de pautas sobre • Pedir para ver o texto ou a reportagem an-
assuntos de pouca importância geralmen- tes de ser publicada ou ir ao ar demonstra
te provoca resistência dos profissionais que a fonte não confia naquele profissio-
em relação àquela instituição/fonte (veja nal que a entrevistou. Além disso, o ato
mais sobre releases no Capítulo 4). pode ser visto pelo repórter como forma
de intimidá-lo ou de interferir no seu
• Objetividade é fundamental no relacio- trabalho. A melhor maneira de evitar
namento com a imprensa. É importante essas situações é certificar-se de que o
que as fontes de informação busquem jornalista compreendeu bem o conteúdo
responder ao que lhes foi perguntado. repassado durante a conversa.
Ser prolixo, além de não facilitar o traba-
lho do jornalista, pode abrir espaço para • Ao constatar ter feito repasse de dados in-
interpretações amplas e distorcidas da corretos, é dever da fonte informar o jorna-
mensagem que realmente se deseja pas- lista o mais rápido possível. Além de evitar
sar. Mas atenção: isso não significa que a publicação de uma informação inverídica,
a fonte não possa contribuir para a am- esta atitude revela o comprometimento e a
pliação e o enriquecimento da cobertura, preocupação da fonte com a qualidade da
contextualizando, por exemplo, dados e reportagem, gerando, inclusive, mais con-
estatísticas sobre o problema. fiança por parte do repórter.
• Não cabe à fonte interferir na edição da • Fazer insinuações sobre aspectos que não
matéria, dizendo ao repórter o que deve se deseja ou não se possa mencionar aber-
e o que não deve constar no texto. O que tamente abre espaço para que o jornalista
fontes qualificadas podem fazer é sugerir o possa fazer interpretações equivocadas.
28 Guia de Referência para o Diálogo com a Mídia
Gerenciamento de crises
A relação com a imprensa não é uma via de mão • Ignorar a demanda gerada pela imprensa não
única. Da mesma forma que as organizações é a melhor estratégia nunca. Atenda a todas as
da sociedade civil buscam acessar os meios de solicitações de explicação/informação e, se ne-
comunicação, estes também demandam delas cessário, convoque uma coletiva de imprensa.
informações e posicionamentos. No entanto,
• Não responda no susto. É importante sempre
nem sempre este é um diálogo amistoso. Podem
avaliar o melhor momento para dar as expli-
também ocorrer situações de conflito, nas quais a cações e somente oferecê-las quando todos
demanda gerada por um lado não corresponde à os posicionamentos institucionais estiverem
resposta oferecida pelo outro. E, geralmente, em bem definidos.
momentos assim as bases desse relacionamento
ficam estremecidas. • Por outro lado, o tempo da imprensa é curto;
Ter habilidade para gerenciar crises – como não faz sentido estender em demasia o prazo
denúncias de maus-tratos em instituições de in- para apresentar respostas eficazes.
ternação, ou de mau uso de recursos públicos, • É importante saber o quê e para quem falar,
por exemplo – revela maturidade e clareza quanto atendendo às especificidades de cada tipo de
à atuação pública exigida de instituições sérias e mídia (rádio, tevê, impresso, internet).
comprometidas com a qualidade e a transparência
• Busque fazer uso de linguagem clara e de
das suas ações.
fácil compreensão.
O que vem a seguir são algumas dicas de como
as organizações devem agir diante de fatos e acon- • Manter o equilíbrio emocional é fator essen-
tecimentos inesperados: cial nessas situações.
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O uso de jargões ou de expressões técni- a imprensa. São cursos de curta duração, que
cas, por exemplo, não facilita em nada a com- repassam dicas e orientações sobre como dia-
preensão da mensagem que se quer passar. logar melhor com os meios de comunicação,
Pelo contrário, além de dificultar o entendi- como se sair bem em entrevistas para os dife-
mento, pode gerar um distanciamento entre rentes tipos de mídia e como agir em situações
fonte e repórter – capaz de comprometer não de crise ou comoção.
só a qualidade do material, mas a inclusão No entanto, além de não serem, na
daquela abordagem no texto a ser publicado. maioria das vezes, elaborados para insti-
Ter paciência e explicar o assunto quan- tuições da sociedade civil, respeitando suas
tas vezes forem necessárias é outro indi- singularidades, esses cursos – chamados de
cativo de uma boa fonte de informação. media training – costumam apresentar um
Dificilmente um jornalista coloca um dado custo alto. Para capacitar cinco pessoas, por
equivocado na matéria de propósito. Qua- exemplo, certas empresas chegam a cobrar
se sempre o erro é resultado da pressa, que até R$ 20 mil, quantia fora do orçamento
leva à má compreensão durante o processo da maior parte das organizações brasileiras
de captação das informações. Por isso, é com foco social.
importante certificar-se de que o conteúdo Uma forma de superar essa dificuldade é
repassado foi compreendido em toda a sua buscar parcerias com organizações não-go-
amplitude, sem espaço para interpretações vernamentais que atuam com foco na inter-
dúbias ou equivocadas. Não se furtar a repe- face mídia–direitos humanos. Algumas de-
tir uma informação sempre que for preciso las não só oferecem material de orientação
pode ser o fator determinante para uma re- sobre como dialogar de forma mais eficien-
portagem de melhor ou pior qualidade. te com a imprensa, como também realizam
cursos de capacitação para atores sociais a
Capacitação para o relacionamento preços bem mais acessíveis. De resto, se-
com a mídia guir algumas dicas simples, ter bom senso e
Atualmente, existem diversas empresas espe- buscar dominar amplamente o assunto a ser
cializadas em oferecer treinamento com o ob- abordado são fatores que tendem a facilitar
jetivo de preparar para o relacionamento com muito essa relação.
34 Guia de Referência para o Diálogo com a Mídia
“Estamos falando de uma violência com que o autor da matéria seja capaz de, sem ser
conseqüências muito complexas. Uma reda- piegas ou sensacionalista, descrever que há
ção fria e desprovida de sensibilidade não al- elementos muito profundos da subjetividade
cança a magnitude do problema. Redigir sobre humana envolvidos. Reconhecer esta subje-
violência sexual não é a mesma coisa que redi- tividade é chave, inclusive, para compreender
gir sobre outras formas de violência como, por porque é melhor não forçar um depoimento”,
exemplo, um assalto a banco ou mesmo sobre sintetiza Renato Roseno, assessor de organi-
um problema no sistema de transportes. Exige zações e movimentos de direitos humanos.
Diante de crimes bárbaros – como os de violência sexual contra crianças e adolescentes – é comum que o desejo de
responsabilização e justiça imediata tome corpo na sociedade. Via de regra, essa ânsia punitiva – que também se reflete na
imprensa – se mostra de duas diferentes formas: a responsabilização da vítima ou o julgamento precipitado do agressor.
Como sabemos, não são raras as reportagens sobre ESCCA que estampam vítimas – especialmente meninas
– sob ângulos que tendem a reforçar uma imagem de sedução e consentimento. Esse é um equívoco perigoso e
diante do qual as fontes de informação devem sempre estar atentas. É importante esclarecer aos profissionais da
notícia que crianças e adolescentes são suscetíveis a serem manipulados, induzidos ou pressionados a consentir
relacionamentos, atividades e contratos e que, acima de tudo, meninos e meninas são indivíduos em processo de
desenvolvimento, donde precisam ter seus direitos fundamentais garantidos.
Outro deslize ao qual as fontes de informação devem estar alertas diz respeito a prejulgamentos do agressor.
Por vezes, a cobertura da imprensa tende a ganhar um caráter policialesco, reforçando julgamentos precipitados e
de apelo punitivo – que em nada contribuem para o debate acerca da solução para o problema em seu aspecto mais
amplo. Uma contribuição que as fontes podem oferecer para tornar essa cobertura mais equilibrada é ressaltar junto
ao jornalista a importância de uma abordagem esclarecedora e educativa, e que também assegure ao agressor o
direito de receber o tratamento judicial legalmente determinado pelas instâncias competentes.
Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 37
Como visto, os profissionais da imprensa estão sujeitos a incorrer em equívocos na cobertura jornalística cotidiana, espe-
cialmente quando abordam temáticas mais complexas – como é o caso da violência sexual contra meninos e meninas.
Nesses casos, uma atitude proativa das fontes de informação é buscar um diálogo franco com o jornalista, esclarecendo
as especificidades da questão e os caminhos para uma cobertura mais qualificada. Esse, inclusive, pode ser um caminho
importante para a construção de uma relação profícua com aquele repórter.
Nem sempre, no entanto, esse diálogo propositivo alcança o resultado esperado. Como em todas as áreas, o jor-
nalismo também está sujeito a profissionais pouco éticos e que, deliberadamente, utilizam o espaço midiático como
palco para desrespeitos de direitos. Para esses casos, é importante saber que a sociedade dispõe de instrumentos
legais para coibir abusos por parte dos meios de comunicação.
Em novembro de 2005, por exemplo, uma decisão judicial inédita tirou do ar por 60 dias o programa Tarde Quen-
te, exibido pela Rede TV! e que tinha à frente o apresentador João Kléber. A suspensão foi determinada pelo Poder
Judiciário, que atendeu a denúncias sobre a constante violação de direitos humanos cometida pela atração Durante
mais de um mês, a Rede TV! foi obrigada a exibir, no horário antes ocupado por João Kleber, o Direitos de Respos-
ta – série de 30 programas produzidos em conjunto por seis entidades da sociedade civil organizada, entre elas o
Intervozes, que abordava temas como direitos humanos, diversidade sexual e direitos da infância e adolescência.
Por Dentro C onhecer bem os processos de trabalho por trás da
produção da notícia constitui estratégia central para
da Redação aqueles que pretendem dialogar mais sistematica-
mente com os meios de comunicação. Além de saber
discernir os diferentes papéis que cabem à imprensa
e às fontes de informação nas dinâmicas que viabili-
zam a inserção de uma determinada temática no de-
bate público, é também necessário entender quais os
recursos adequados para alcançar os diferentes meios
existentes. Os procedimentos podem variar não so-
mente de acordo com o tipo de mídia: jornal, revista,
rádio, tevê ou internet. Cada veículo de comunicação
possui lógica própria de trabalho, o que demanda das
fontes uma abordagem que leve em conta tanto suas
características positivas quanto suas limitações.
40 Guia de Referência para o Diálogo com a Mídia
Não se deve esquecer, tampouco, do cui- (especialistas, ONGs, etc.) que possam apro-
dado com aspectos básicos, como o momento fundar a discussão da temática.
adequado para envio de sugestões de pauta, o
• Trazer dados que ajudem a contextualizar a
tipo/formato de entrevista a ser concedida e o
questão em foco.
prazo para fechamento das reportagens – todos
eles indicativos de uma relação qualificada en- • Apresentar o assunto de forma atraente e
tre fonte de informação e jornalistas. Em sínte- consistente.
se, a construção de um diálogo produtivo com
Outra dica interessante é buscar oferecer
as redações depende de fatores que a princípio
no release uma abordagem original. No caso
podem parecer simples, mas que fazem toda a
da Exploração Sexual Comercial de Crianças
diferença no dia-a-dia da cobertura.
e Adolescentes, por exemplo, apresentar aos
meios de comunicação novos olhares ou as-
A construção da pauta
pectos pouco conhecidos da questão pode ser
Um dos instrumentos mais eficientes de contato
a chave para o aprimoramento da cobertura. O
com os jornalistas é o release, nome dado ao texto
trabalho de conscientização da população sobre
com sugestões de boas histórias que chegam dia-
a importância do assunto, bem como de redu-
riamente às redações – enviadas por especialis-
ção de preconceitos e estigmas, pode começar
tas, instituições ou assessorias especializadas. O
com uma pauta bem feita e encaminhada da
uso desse recurso, no entanto, não pode ser ex-
maneira correta aos meios informativos.
cessivo. É importante avaliar sua real necessida-
Além da preocupação com o formato, é pre-
de, evitando sobrecarregar as caixas de e-mail,
ciso que a instituição esteja atenta aos horários
telefones ou faxes dos veículos. Vale apontar al-
de fechamento das edições. As informações
gumas características de um bom release:
precisam chegar aos jornalistas de forma que
• Ser curto (sempre que possível, o texto não ele tenha prazo suficiente para avaliar sua re-
deve ultrapassar uma página). levância – afinal, o assunto proposto estará dis-
putando espaço com centenas de outros fatos. É
• Possuir linguagem clara e acessível.
sempre bom lembrar que o release é apenas uma
• Indicar contatos de fontes de informação sugestão de pauta, e não a matéria pronta para
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Corpo a corpo
Nem sempre o envio de um release garante que seu conte-
údo seja aproveitado e transformado em uma reportagem.
42 Guia de Referência para o Diálogo com a Mídia
Pelo contrário. Muitas vezes, os jornalistas dentro das redações e quais respondem me-
não têm tempo de analisar atentamente cada lhor às mobilizações promovidas pelos mo-
uma das sugestões de pauta que chegam dia- vimentos sociais. Assim, no contexto do mai-
riamente às redações. Por isso, nos casos em ling (lista de contatos) de mídia – para o qual
que a questão é de importância fundamental, devem ser encaminhados os releases –, poderá
recomenda-se que a organização também faça haver uma subdivisão reunindo aqueles pro-
contato com os repórteres por telefone. fissionais que merecem uma ligação especial
Trata-se do chamado “corpo a corpo”, es- em situações de maior gravidade. Podem ser
tratégia que envolve um diálogo mais direto incluídos nesta lista de destaque os jornalis-
com o jornalista, com o objetivo de ressal- tas que tenham se mostrado sensíveis à te-
tar a relevância de um determinado conte- mática trabalhada pela organização (ESCCA,
údo noticioso. Nesses casos, vale lembrar educação, saúde, etc.) ou que atuem dentro
que é sempre preciso ter cuidado, para que
de uma perspectiva de promoção e defesa dos
o contato não se torne rotineiro e nem in-
direitos de crianças e adolescentes.
conveniente. Apelar para o lado sentimen-
É sempre importante lembrar que mesmo
tal (“preciso emplacar essa matéria, senão
jornalistas sensíveis à causa podem, em deter-
a causa da infância sairá derrotada”, por
exemplo) também não costuma ajudar no minados momentos, não atender à sugestão
processo de convencimento do jornalista. O de pauta proposta – em virtude da própria fal-
ideal é que o intercâmbio seja fundamentado ta de disponibilidade de tempo em sua rotina
na relevância informativa e no impacto que de trabalho. Com o diálogo franco, o jornalista
a pauta sugerida pode ocasionar. Vale ter em sinalizará sua situação e cabe à organização su-
mente, também, que não é necessário ligar gerir ou encaminhar a pauta a outro profissio-
para todos os jornalistas que tenham rece- nal que possa cobrir o tema. Por essa razão, é
bido a pauta – o trabalho de “corpo a corpo” fundamental buscar diversificar ao máximo os
consiste em uma intervenção mais focada. meios e veículos de comunicação trabalhados.
Para facilitar, sugere-se que as organiza- Afinal, não adianta fazer contato com dois re-
ções tenham conhecimento sobre quais pro- pórteres de um mesmo jornal e deixar de fora
fissionais ocupam postos mais estratégicos outro veículo de comunicação da cidade.
Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 43
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Grandes obras aumentam o risco de
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de Exe
• Especialistas alertam que a relação entre • Projeto criado antes do início das obras na
as grandes construções e o aliciamento de BR-163 tem como objetivo reduzir o pro-
crianças e adolescentes é histórica no país blema e criar uma rede de proteção
pelo projeto – são cerca de 270 mil habitantes, denadora do programa Na Mão Certa, da Childhood
de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Brasil, que trabalha com o enfrentamento à explora-
Estatística (IBGE). A coordenadora do Centro de De- ção sexual em rodovias brasileiras.
fesa da Criança e do Adolescente (Cedeca) de Belém O pesquisador da Organização Internacional do
(PA), Ana Celina Hamoy, reforça a preocupação com Trabalho (OIT) Pedro Américo de Oliveira ressalta que
o início das obras. Ela crítica a falta de recursos no o problema não acontece só no Brasil. Um caminho
Orçamento para o projeto e a ausência de ações de de solução possível, segundo ele, seria criar uma
fortalecimento dos conselhos tutelares, que concen- cláusula no contrato firmado entre governo e empre-
tram a maior parte dos atendimentos a vítimas. sas para condicionar o trabalho à mão-de-obra local.
“É uma cláusula muito simples de ser incluída”, diz.
Especialistas apontam caminhos
Primeiro se instalam os canteiros de obras. Milhares de Sugestões de abordagem:
trabalhadores, de toda parte do país, chegam logo em
seguida em busca de renda, sem família, sem qualquer • Questione o governo federal se o projeto dispõe
vínculo afetivo ou social com a comunidade local. De- de recursos previstos no Orçamento 2008, e se
pois, pouco a pouco vai se formando uma rede de ser- eles são suficientes para a execução das ações.
viços para atender à nova demanda: pequenos bares, • Quer saber quais são as grandes obras de infra-
restaurantes e boates. Uma estrutura de lazer precária estrutura do PAC em andamento no seu estado?
e temporária, geralmente distante dos grandes centros Acesse www.planalto.gov.br/pac/ e clique em
urbanos e, principalmente, da presença do Estado.
“Baixar Relatórios Estaduais”. Você encontrará
O retrato acima é desenhado por especialistas,
as obras previstas para cada estado e o está-
ao explicar como se dá o processo que deságua em
gio em que se encontrava cada obra no início do
esquemas de aliciamento de crianças e adolescentes.
ano, quando foi divulgado o balanço.
“Primeiro chega a rede do sistema ilegal. O Estado,
com seu sistema de direitos e garantias, vai chegar • A partir da relação das obras, procure os conse-
muito tempo depois”, aponta Carolina Padilha, coor- lhos tutelares próximos às cidades onde estão os
Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 45
Empresas privadas impactos dos usos de tais termos junto ao leitor e junto à
fonte (que pode em alguns casos ser a própria criança) é
fundamental na sensibilização do jornalista, para que ele
Lembre-se de que os veículos de co-
não revitimize a criança ou o adolescente que já está em
municação são de propriedade privada.
Ou seja, mesmo tendo papel social, são
situação vulnerável.
empresas – funcionam em um mercado
de muita concorrência e necessitam ob- Diferenças no universo midiático
ter lucro. Portanto, pautas que “vendem” Como já colocado anteriormente, é preciso respeitar as
(aquelas que obtêm maior repercussão especificidades de cada tipo de mídia, para que o contato
junto ao público) serão sempre prioriza- com as redações seja eficiente. Diferentes veículos colo-
das pelo repórter ou editor. De qualquer cam exigências distintas para aspectos como o tratamento
forma, é possível conseguir espaço nes- da informação, a velocidade no atendimento e o nível de
ses veículos para tratar de temas mui-
detalhamento do assunto apresentado pela fonte.
tas vezes vistos como menos “quentes”.
Para auxiliar nessa tarefa, envolva toda
A diversificação da abordagem incide também na
sua equipe no processo: peça opiniões e escolha da mídia mais apropriada para se atingir o pú-
idéias aos colegas da organização e pro- blico-alvo no que se refere a determinada atividade ou
fissionais da mídia, de forma a identificar temática. Assim como há notícias mais adequadas para
informações que podem se transformar uma cobertura dos jornais e que não renderiam boas
em uma notícia “vendável” e, ao mesmo reportagens nos veículos eletrônicos, também existem
tempo, de impacto social. aquelas que podem ser mais bem trabalhadas – e ter
Fonte: Boas Práticas em Comunicação: um guia mais impacto –, se veiculadas em rádios ou tevês.
para fontes de informação (Agência de Notícias
dos Direitos da Infância – ANDI; Organização
A seguir, um breve panorama das especificidades
Internacional do Trabalho – OIT). de cada tipo de mídia:
Jornal
• Na maioria das vezes, o repórter recebe a pauta as-
sim que chega à redação e precisa apresentar a ma-
téria pronta no final do dia, antes do fechamento
Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 47
da edição. Por isso, o retorno das fontes • Apesar de chegar a um número limitado
de informação à solicitação de entrevista de leitores, os jornais diários estão entre
precisa ser rápido, quase instantâneo. A os segmentos de maior credibilidade da
exceção fica para as matérias especiais imprensa. Além disso, eles têm um grande
(geralmente publicadas nos finais de poder de influência sobre os formadores
semana), quando o jornalista tem mais de opinião e gestores públicos.
tempo para apurar e redigir o texto da
reportagem. Mas mesmo nesses casos é Revista
importante estar atento ao prazo para o
• Por serem, geralmente, semanais ou men-
fechamento do texto.
sais, as revistas tendem a ter um pouco mais
• O processo de apuração de uma notícia de tempo para a apuração das matérias. No
algumas vezes permite que o jornalista entanto, é importante também estar atento
realize longas entrevistas com as fontes aos prazos estabelecidos pelo repórter.
de informação. No entanto, isso não sig-
• Assim como ocorre nos jornais diários, as
nifica que o especialista terá um espaço
entrevistas para revistas podem ser um pou-
de destaque na matéria finalizada. O re-
co mais longas. Contudo, a duração da con-
pórter pode priorizar outras questões ou
versa também não tem relação com o espaço
os fatos podem ser sobrepostos por ou-
final dedicado à fala do especialista. Durante
tros mais urgentes ou atuais, tendo em
a edição, o jornalista pode pinçar uma ou
vista que a notícia às vezes passa por um
duas frases de tudo o que foi discutido.
longo caminho de edição até chegar à sua
versão final.
Rádio
• Embora o foco do jornal seja o texto, as
• É uma mídia de ampliado alcance, com al-
imagens (fotos, gráficos e ilustrações)
guns veículos cobrindo, inclusive, pratica-
apresentadas ao longo da reportagem
mente todo o território nacional.
funcionam como importantes aliados no
processo de atrair o leitor para o que está • Trabalha com o tempo contado em segun-
sendo veiculado. dos. Por isso, é importante que, ao dar uma
48 Guia de Referência para o Diálogo com a Mídia
entrevista, a fonte utilize frases curtas e ob- vale a regra de frases curtas e objetivas. Em-
jetivas. Assim como ocorre nos meios de co- bora as falas possam ser editadas, na tevê o
municação impressos, as falas também po- resultado final não fica bom se vários cortes
dem ser editadas. No entanto, o efeito final precisarem ser feitos. Daí a importância de
não fica bom se vários cortes precisarem ser se buscar passar a mensagem já na forma
feitos para se chegar ao resultado desejado. como ela deve ir ao ar, ou seja, sintética.
• As palavras devem ser pronunciadas de • O cuidado com a postura e com a aparência é
forma clara e correta. Evite termos difíceis importante, ao dar entrevista para emissoras
ou análises longas. Busque facilitar a com- de tevê. Se possível, evite usar roupas com
preensão do ouvinte (neste tipo de mídia cores muito chamativas ou estampadas.
não há recursos visuais disponíveis). • O horário nobre do jornalismo na tevê é à
• A entonação e a naturalidade são impor- noite, a partir das 19h.
tantes recursos atrativos no rádio.
Internet
• Os horários mais nobres do jornalismo no
rádio são das 7h às 9h e das 17h30 às 19h, • O jornalismo on-line caracteriza-se por atuar
de segunda a sexta-feira. em tempo real. Por isso, respostas rápidas a
esses veículos são fundamentais.
Televisão • Embora o espaço não seja um problema para
• Meio que atinge o maior número de pes- a produção de grandes reportagens, a prática
soas no Brasil. Segundo a Pesquisa Na- do jornalismo investigativo nos veículos de
cional por Amostra de Domicílios 2005- internet não é comum no Brasil.
2006, do IBGE, 91,4% dos lares brasilei- • A principal característica é o uso de notícias
ros têm pelo menos uma televisão entre curtas e pouco aprofundadas. São flashes
seus bens duráveis. dos fatos que ocorrem ao longo do dia.
• Assim como no rádio, o tempo na televisão • Em caso de erro, é possível que a fonte en-
é contado em segundos. Por isso, também tre em contato com o repórter, para que a
Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 49
correção seja feita imediatamente. Não é dação, ainda, a tarefa de funcionar como o elo
preciso esperar o dia seguinte ou o próxi- entre a administração da empresa e a redação.
mo noticiário para fazer a correção.
Chefe de redação – decide quais matérias serão
• Os critérios para entrevistas são os mes- veiculadas. Também tem a função de coordenar
mos observados nos veículos impressos. e supervisionar todo o trabalho desenvolvido
nas diferentes editorias (política, economia,
Quem é quem esportes, cidade, cultura etc.) e de selecionar
O processo de produção de uma reportagem os destaques da edição do noticiário.
nos veículos de comunicação conta com ato-
Secretaria de redação – é o órgão responsá-
res bem definidos, responsáveis por dife-
vel pela coordenação dos trabalhos jorna-
rentes etapas da construção da notícia e do
lísticos. Normalmente cuida, também, do
gerenciamento das informações. Cabe res-
fluxo de fechamento da edição.
saltar, contudo, que nem todos atores estão
presentes em todas as redações. As especi- Editor – é o responsável por uma editoria
ficidades de cada veículo, assim como sua (seção) do veículo. Cabe a ele coordenar a
abrangência e capilaridade, são aspectos que equipe na produção da notícia, de forma a
interferem na constituição dos membros garantir que a linha editorial seja respeita-
da sua redação. Em alguns casos, uma única da. Geralmente é quem define o jornalista
pessoa pode acumular duas ou mais funções. responsável pela apuração de uma certa ma-
Confira a seguir as principais funções: téria. Cabe a ele, também, revisar as repor-
tagens e definir os títulos ou chamadas, no
Direção de redação – responsável por defi-
caso da mídia televisiva.
nir e orientar a execução do projeto editorial
do veículo de comunicação. No caso da mídia Redator – é o jornalista responsável pela ver-
impressa, é ela que responde legalmente em são final do texto. Atualmente esta função não
processos decorrentes de matérias não assi- é muito comum, mas nos veículos onde está
nadas – é co-responsabilizada pelo material presente, ele geralmente é também o respon-
veiculado na tevê e no rádio, mesmo que o au- sável pela elaboração dos títulos, das legendas
tor esteja identificado. Cabe à direção de re- das fotos e dos textos de apoio.
50 Guia de Referência para o Diálogo com a Mídia
Repórter – apura os fatos e escreve o texto. Colunista – possui espaço fixo no jornal,
Ele pode tanto sugerir elementos gráficos com periodicidades variáveis. Alguns co-
que complementem a matéria quanto novas lunistas são diários, outros semanais, por
pautas para serem trabalhadas pela editoria. exemplo. Assim como os colaboradores, os
colunistas são pessoas especialistas em de-
Repórter-fotográfico – é o profissional que
terminado assunto.
registra as informações por meio da foto-
grafia. Ao contrário dos demais fotógrafos, o Articulista – especialista que escreve texto
repórter-fotográfico consegue captar uma no- opinativo sobre determinado assunto, ge-
tícia através das suas lentes. Trata-se de uma ralmente publicado/veiculado na seção de
linguagem fotográfica diferenciada. opinião dos veículos de comunicação.
Colaborador – geralmente especialista em al- Ombudsman – profissional cuja tarefa prin-
guma temática, que tem textos publicados nos cipal é receber reclamações, criticar o ma-
veículos de comunicação. Não possuem vín- terial veiculado e estabelecer um canal de
culo empregatício, atuando como convidados. diálogo com o público.
C
Violência omo a mídia noticiosa brasileira trata a Exploração
Sexual de Crianças e Adolescentes? Que terminologias
Olhar para os crimes sexuais necessária de dados sobre meninos e meninas ou suas
famílias. O noticiário também falha na apresentação de
O tratamento dispensado pela imprensa um panorama mais amplo do problema. De acordo com
brasileira aos crimes sexuais envolvendo os estudos feitos pela ANDI, jornais e revistas ainda não
meninos e meninas é, geralmente, mais discutem as conseqüências do fenômeno de uma maneira
qualificado do que o oferecido às outras abrangente. Muitos veículos, ainda, optam por destacar
formas de violência cometidas contra essa aspectos mais apelativos do problema – como a morte das
população. A constatação tem como base a vítimas, por exemplo.
comparação entre estudos realizados pela Mais do que simplesmente criticar essas falhas, é im-
ANDI com foco em diversas outras formas
portante que as fontes de informação identifiquem aqui
de violência contra crianças e adolescen-
uma oportunidade de colaborar para o aprimoramento do
tes (maus-tratos, roubos e homicídios, por
exemplo) e aqueles que tratam especifica- trabalho da imprensa. É a partir desse diálogo mais pró-
mente da violência sexual (reunindo abu- ximo que o problema da violência sexual contra crianças
so e exploração). Em 2002, por exemplo, e adolescentes poderá ter sua visibilidade fortalecida em
16,89% das matérias sobre Exploração e nossa sociedade – de modo que venha a se tornar em uma
Abuso Sexual discutiam soluções para as prioridade também para os decisores públicos.
questões retratadas. No tema Violência
em Geral, o índice foi bem menor: 3,99%. Mobilização factual
A discussão do problema sob a ótica legal As pesquisas realizadas pela ANDI confirmam a percep-
também é mais presente nas reportagens ção geral de que a cobertura sobre Exploração e Abuso
sobre violência sexual: 12,35%, contra
Sexual ganha força nos meses de maior relevância para
5,06%. No que se refere às políticas públi-
os movimentos sociais da infância. Tanto em 2006
cas na área, novamente a cobertura focada
nos crimes sexuais se destaca. Cerca de quanto em 2000, a maior concentração de matérias
5,25% desses textos discutiam ações im- sobre a temática esteve no mês de maio, com 16,70%
plementadas pelo poder público, enquanto e 19%, respectivamente, do total de textos publicados
as reportagens sobre Violência em Geral sobre o assunto, naqueles anos. Os outros meses de
não ultrapassam 0,45%. destaque são julho (aniversário do Estatuto da Criança
e do Adolescente), com 9% e 11%, e outubro (mês da
criança), com 12,70% e 9,50%.
Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes 55
Para além dos adjetivos bém agressores. Embora avanços tenham sido
Como sabemos, o Abuso e a Exploração Sexual registrados entre a cobertura de 2000 e 2006,
Comercial de Crianças e Adolescentes são cri- ainda é possível encontrar nas páginas de jornais
mes ainda cercados por muita desinformação e e revistas termos como “monstro”, “maníaco”
preconceito. Não raras vezes, a imprensa acaba ou “tarado” para designar agressores. A tenta-
por reforçar estereótipos, utilizando termino- tiva de atribuir à vitima a responsabilidade pela
logias inadequadas para designar vítimas e tam- violência sofrida também ocorre: “assanhada”,
“biscateira” ou “espevitada” são algumas das
Tabela 2 expressões para apontar vítimas do crime.
Oferecer um tratamento mais ético aos en-
EVOLUÇÃO MENSAL DA COBERTURA SOBRE
EXPLORAÇÃO & ABUSO SEXUAL DE volvidos em casos de violência sexual é, portan-
CRIANÇAS E ADOLESCENTES to, um desafio que segue central para boa parte
dos profissionais de imprensa e para fontes
Total de notícias sobre o tema em 2000 e 2006
de informação. Segundo Leila Paiva, assessora
Mês 2000 2006
da Subsecretaria de Promoção dos Direitos da
Janeiro 4,60% 9,40%
Criança e do Adolescente, da Secretaria Espe-
Fevereiro 7,30% 7,00% cial dos Direitos Humanos (SEDH), um cami-
Março 12,20% 7,90% nho possível para as entidades que trabalham
Abril 5,20% 5,30% com o tema seria orientar repórteres e editores
Maio 19,00% 16,70% acerca da inadequação de algumas terminolo-
Junho 6,40% 5,90% gias. “É importante produzir uma proposta de
Julho 11,00% 9,00% release diferenciada, que além de oferecer con-
Agosto 5,20% 7,50% teúdo qualificado, também oriente com relação
Setembro 6,40% 6,10% à utilização de expressões que contribuam para
Outubro 9,50% 12,70% o entendimento da questão.”
Novembro 6,40% 3,90%
Exposição da vítima
Dezembro 6,40% 8,60%
O artigo 17 do Estatuto da Criança e do Ado-
Total (N) 2.004 5.484
lescente é muito claro quando aponta: “o di-
56 Guia de Referência para o Diálogo com a Mídia
Tabela 3
Tabela 4
2000 2006
Pobreza (desemprego, tensão social) 64,29% 50,00%
Desestruturação familiar 3,57% 24,04%
Problemas de ordem psicológica 17,86% 24,04%
Abusos sexuais sofridos em outras fases da vida 0,00% 20,19%
Ausência de políticas públicas direcionadas para a solução do problema 7,14% 15,38%
Drogas 3,57% 14,42%
Falta de ação ou preocupação da sociedade com o tema 17,86% 9,62%
Fator cultural 0,00% 9,62%
Inadequação da família aos problemas enfrentados pela criança 10,71% 7,69%
Falta de política de atendimento às vítimas 0,00% 6,73%
Ineficiência das diversas autoridades ligadas ao tema 28,57% 5,77%
Corrupção policial 7,14% 3,85%
Banalização da sexualidade pela sociedade/mídia 14,29% 3,85%
Culpabilidade da vítima 17,86% 2,88%
Erotização precoce 10,71% 0,96%
Inadequação da educação – escolar/familiar 7,14% 0,96%
Outras causas gerais 53,57% 21,15%
Total (N) Tol 168 1.248
* A variável permite marcação múltipla.
60 Guia de Referência para o Diálogo com a Mídia
recia em menos de 8% das matérias em 2000. Outro ín- Guia para jornalistas
dice que cresceu muito na comparação entre os dois anos
é o que aponta a morte do agressor como conseqüência:
79,31% em 2006, contra 16,67% em 2000. O Guia de Referên-
cia para a Cobertu-
A Tabela 5 evidencia um grave reflexo desses proble-
ra Jornalística sobre
mas: a tendência de focar casos de morte relacionados Exploração Sexual
aos crimes sexuais contribuiu para reduzir a cobertura de Crianças e Ado-
jornalística que tratava de outras conseqüências – menos lescentes tem co-
graves para as vítimas, mas de forte impacto tanto em ter- mo objetivo auxi-
mos pessoais quanto sociais. Alguns aspectos em que se liar os profissionais da imprensa na pro-
observou queda de 2000 para 2006 foram: gravidez (50% dução de bons textos sobre o fenômeno.
para 17,43%), aborto (de 26,09% para 5,50%) e proble- A publicação oferece elementos práticos
mas psicológicos (de 17,39% para 11,93%). a serem utilizados no dia-a-dia das re-
Graça Gadelha, socióloga e consultora da Partners dações, como sugestões de abordagens
of the Americas, destaca que essa “espetacularização do temáticas e um guia de fontes. Também
traça um panorama geral da legislação
crime” acaba por prejudicar a compreensão mais ampla
nacional e internacional sobre ESCCA. O
do fenômeno: “a morte física é a conseqüência extrema, Guia é o primeiro volume da série Jor-
mas há também uma série de seqüelas que geram uma nalista Amigo da Criança, uma realização
morte imperceptível: a morte psicológica, a da auto-es- da ANDI com o patrocínio da Petrobras
tima, a da representação da figura masculina. A socieda- e do governo federal e apoio do Unicef.
de precisa estar atenta a essas subjetividades, inclusive O documento está disponível para down-
cobrando políticas públicas que possam assegurar a re- load no site da ANDI (www.andi.org.br/_
construção do projeto de vida dessas vítimas”. pdfs/Guia_de_referencia_ESCCA.pdf).
Qual é a solução?
Se no debate sobre conseqüências a mídia demonstrou re-
trocesso na sua linha editorial, privilegiando casos de gra-
vidade extrema, ao focalizar o quesito soluções, encontra-
mos indicadores mais positivos. Apesar de as campanhas
62 Guia de Referência para o Diálogo com a Mídia
Gráfico 1
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
Executivo
Legislativo
Judiciário
Ministério Público
Defensoria Pública
Conselhos tutelares e
Autoridades policiais
Autoridades de saúde
Autoridades de educação
da sociedade civil
Organizações
conselhos de direitos
2006
2000
ciais deixaram de ter domínio absoluto so- Essa pluralização das fontes pode ser en-
bre o discurso jornalístico – um dos aspectos carada como uma mudança de perspectiva da
mais preocupantes identificados na análise cobertura oferecida à pauta da Exploração e do
realizada em 2000. Ao mesmo tempo, outros Abuso Sexual contra Crianças e Adolescentes.
atores ganharam espaço: Poder Executivo, As fontes que tiveram presença fortalecida, vale
Legislativo, defensorias, conselhos, autori- notar, tendem a garantir maior qualidade ao
dades de saúde e, ainda que em menor escala, texto jornalístico, pois estão mais diretamente
organizações da sociedade civil. relacionadas à formulação de políticas públicas.
64 Guia de Referência para o Diálogo com a Mídia
da fonte com os meios de comunicação, geren- tificar essa percepção nos variados segmentos
ciamento de crises, entre outros. de mídia: rádio, televisão, revistas e jornais.
tas abertas com a Imprensa”. A estratégia elas criam para a civilização ocidental – da
consiste na idéia de que jornalistas mere- invenção da prensa gráfica à internet.
cem tratamento de “clientes” dentro de uma
empresa, e que, por sua vez, precisam de um Sites
agente “facilitador” para atendê-la: a asses-
soria de imprensa. www.comunique-se.com.br
Portal voltado para profissionais de comu-
Sobre ética e imprensa nicação. Estão disponibilizadas notícias de
Autor: Eugênio Bucci bastidores do mercado jornalístico e opor-
Editora: Companhia das Letras tunidades de emprego, além de uma seção
A publicação faz uma reflexão sobre o po- com cursos e eventos sobre a temática. Con-
der da imprensa e a possibilidade de um ta ainda com uma seção na qual colunistas
jornalismo ético que atenda ao interesse discutem diversos aspectos relacionados à
de informar bem o público. A obra discorre imprensa. O portal existe desde 2001 e, para
sobre os pecados cometidos pela imprensa, acessar todos os seus conteúdos, é preciso
especialmente no que diz respeito à condu- que a pessoa seja cadastrada.
ta ética, questionando a independência dos
meios de comunicação diante dos conflitos www.direitoacomunicacao.org.br
de interesses. O Observatório do Direito à Comunicação con-
siste em um ambiente de acompanhamento/
Uma história social da mídia – De Gutemberg fiscalização e reflexão sobre as políticas públi-
à internet cas do campo da comunicação. O projeto inclui,
Autores: Asa Briggs e Peter Burke também, a criação de indicadores que serão
Editora: Jorge Zahar Editor usados para acompanhar a situação do Brasil na
O livro faz uma análise dos meios de comu- garantia e efetivação deste direito.
nicação, destacando os contextos sociais e
culturais em que emergem e se desenvolvem. www.liberdadedeimprensa.org.br
Além disso, a publicação traça a história das Partindo da premissa de que antes de ser um
diferentes mídias e das novas linguagens que direito de profissionais e de empresas liga-
70 Guia de Referência para o Diálogo com a Mídia
Mostra o competitivo mundo dos bastidores O Preço de uma Verdade (Shattered Glass, 2003)
da tevê a cabo dos EUA, habitado por jornalis- Direção: Billy Ray
tas ambiciosos e prontos para tudo. No filme, O filme conta a história do jornalista Stephen
uma produtora de tevê obcecada pelo trabalho Glass, que rapidamente passou de repórter sem
se envolve com um inexperiente e atraente lo- relevância a um dos mais respeitados e requi-
cutor de noticiário, ao mesmo tempo em que é sitados redatores de Washington. No entanto,
assediada por um competente repórter. descobriu-se mais tarde que ele inventava gran-
de parte de suas matérias.
O Informante (The Insider, 1999)
Direção: Michael Mann O Quarto Poder (Mad City, 1997)
Os atores Al Pacino e Russell Crowe mostram Direção: Costa-Gavras
a luta de um cientista recém-demitido de uma Narra a história de um repórter que, ao cobrir
fábrica de cigarros e um produtor do progra- uma matéria sobre a falta de pagamento dos fun-
ma de tevê 60 Minutes para divulgar segredos cionários de um museu, se deparou com a revol-
escandalosos da indústria do tabaco. O filme é ta de um ex-funcionário, que invadiu o local e fez
baseado em fatos reais, que levaram a indús- crianças de reféns. A obra discute o poder da mí-
tria do tabaco a pagar mais de US$ 246 trilhões dia sobre a opinião pública e mostra o comporta-
em indenizações nos Estados Unidos mento do repórter em busca de audiência.