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Recomendação de adubação da
cana-de-açúcar pela estimativa de produtividade
Mauro Sampaio Benedini
1. Introdução - A definição de doses de fertilizantes para a cana-de-
Claudimir Pedro Penatti
açúcar pela estimativa de produtividade (t de cana/ha) é uma prática que
não deve ser adotada isoladamente por não ter embasamento técnico da
pesquisa. Interpretações e recomendações distorcidas podem ocorrer se sivelmente de alta expectativa de
for utilizado apenas este parâmetro, podendo resultar em doses insufi- produtividade, pois seus teores de
cientes, em alguns casos de falta de nutrientes no solo, ou em doses anti- nutrientes são naturalmente altos,
econômicas, com adubação em excesso, em situações de fertilidade natu- dispensam a adubação potássica. O
ral elevada. coeficiente de correlação (r = 0,95)
A recomendação da adubação deve se basear fundamentalmente nas significa que a curva obtida explica
análises químicas dos solos. Existem “curvas de respostas” para os prin- 95% das respostas que ocorreram
cipais nutrientes (fósforo, potássio e cálcio + magnésio), e níveis críticos nos solos estudados.
para a maioria dos macro e micronutrientes, obtidos em trabalhos desen- Portanto, solos com baixos teo-
volvidos no CTC em experimentação no campo. res de nutrientes tendem a menores
expectativas de produções, porém
2. Curva de Calibração - A curva de calibração de um determinado apresentam maiores respostas aos
nutriente (Figura 1) resulta da resposta em produtividade da cana a doses fertilizantes aplicados se não hou-
crescentes do nutriente, com conhecimento prévio do seu teor inicial no ver outro impedimento qualquer
solo, através da análise química. Cada “ponto” da Figura 1 representa a pro- (compactação, disponibilidade de
dução relativa da testemunha (ausência do nutriente estudado) em relação água, pragas, ervas daninhas, etc.).
à produção máxima obtida no experimento com a presença do nutriente. Por outro lado, ensaios do CTC
Quanto menor o teor do nutriente no solo (esquerda do eixo X), em solos naturalmente férteis (am-
maior é a respos- biente A) em cana-planta, onde va-
ta esperada em riaram-se as doses de N-P2O5-K2O
produtividade. So- de 12-62-62 (T2) a até 50-250-250
los com teores de (T5), mostraram não haver diferen-
potássio abaixo de ça significativa entre as produtivi-
0,6 mmolc/cm3 (< dades nos diferentes tratamentos
40 ppm) deverão (Tabela 1). Se fosse utilizada a esti-
responder com mativa de produtividade (média de
aumentos de pro- 180 t/ha nos ensaios), haveria ne-
dutividade de até cessidade de se aplicar 180 kg de N/
30% com a aplica- ha e 270 kg de K2O/ha baseando-se
ção de fertilizan- em recomendação de domínio pú-
te potássico . Por blico, que aplica a relação de 1 kg de
outro lado, solos nitrogênio e 1,5 kg de K20 para cada
com teores aci- tonelada de cana esperada.
ma de 4,2 mmolc/
Figura 1 – Curva de resposta para potássio em cana-soca cm3 de potássio
(Chalita, 1991)
(>160 ppm), pos-
20 - Revista Coplana - Janeiro 2008
Mauro Sampaio Benedini e Claudimir Pedro Penatti são
CTC membros do CTC - Centro de Tecnologia Canavieira
Revista Coplana - 21