Você está na página 1de 15
A natureza como. limite da economia A CoNTRIBUIGAO DE NICHOLAS GEORGESCU-ROEGEN corde nde Proper Pru Bi Sipe de Pda tora Projet Gro Imps cAcshanete Gomonte Gren ator ide | Andrei Cechin EEE eee eee eet TSB oxivarsosoe ve siorauto etior joie Grandno Kodas vecretor Franco ars Lj, HSS coon nausvensnane ne sko mato Dinars Prete Vie pride A tere ome te da come te mera inovacio retorica, & necessério atentar para o duplo aspecto da relagdo entre processo econdmico ¢ natureza:a de- plegao dos recursos naturais ea saida inevitavel de residuos. Este livro nao teria sido possivel sem a ajuda da Fundagio de Amparo a Pesquisa do Estado de Sao Paulo (Fapesp), que possibilitou minha dedicacao integral ao mestrado, tampou- orientagao de José Eli da Veiga, verdadeiro educa- percebeu e direcionou meu potencial € a importancia de fugir do hermetismo. Nao poderia deixar de agradecer a todos os amigos que acompanharam o processo ¢ leram as primeiras versdes, a meus pais José Cechin e Maria Elizabeth Domingues Cechin pelo apoio de sempre, ¢& Can- i, minha companheita de vida. 1 | Pensamento econémico 0 economista preocupa-se acima de tudo com ‘as mercadorias [...] A economia ndo pode abandonar 0 fetichismo da mercadoria, assim como « fisca nao pode renunciar ao fetickismo das particulas elementares, ¢ a quinica, das moléculas. Georgescu-Roegen, The Entropy Law Process. OPARADIGMA © conjunto de ideias econémicas que predominou duran- te século XX ainda pode ser encontrado nos mais recentes liveos-texto, largamente utilizados no ensino de economia, Qualquer pessoa que queira se iniciar nesse campo do co- hecimento precisa saber de algumas ideias bésicas constan- tes do livro-texto. Este, as vezes chamado de manual, € um 8 Anta coms ite de connie important rele constam exemplos do que seja um problema econdmico,, além de desenhos e diagramas representando o sistema eco- nomico. O aprendiz tem uma viséo do que éa economia, de instrumento de transmissio de conhecimento, ¢ quais sio seus problemas tipicos, ¢ uma ideia de como repre- senté-la visualmente. © manual demonstra como reconhecer um problema econémico como encaré-lo. Os manuais de (95 modelos utilizados para que se apren- da o fancionamento do mundo econémico. Assim como na icas de pléstico do corpo iagramas e as equagdes que medicina os professores usam rumano, na economia sto os permitem uma visio do que é considerado realmente impor- Nas palavras de Gregory Mankiw, nuais mais utilizados atualmente: Os economistas tem uma forma dinica de ver o mundo, grande parte da qual pode ser ensinada em um ou dois Imesies. Meu objetivo neste liveo & ir esta forma de pensar 20 piblico mais amplo possivel e convencor 05, leitores de que ela slumina grande parte do que ext a nossa volt Inevi wvelmente os manuais so omissos em relagZo & fronteira do conhecimento, ou seja, a0 que ha de mais avan- «ado sendo produzido na disciplina. Como poderiam trans- leo basico de ideias se todas as duividas surgidas com o avango da cigncia estivessem presentes? Assim, os ma- nuais sugerem que a economia é um corpo de cor bem articulado como a fisica. As descontinuidades e as revo- .ecimento lugdes no pensamento no costumam aparecer, o que faz a ria do pensamento econdmico parecer uma acumulago de verdades. Em alguns aspectos, contudo, os manuais representam de fato uma espécie de visio consensual da economia, Para en- tender o que seria esse consenso, € necessério primeiro com- preender qual é a visio de sistema econémico transmitida para as geragoes de estudantes e qual a origem dessa visio. A visio que os economistas tém do mundo possivelmente seja embora por motivos diferentes dos defendidos por Mankiw. Enxergam o sistema econdmico como um siste- ma isolado do ambiente, composto de matéria ¢ energia. © melhor exemplo dessa visio do sistema econdmico € 0 modelo visual que explica em termos gerais a organizacio da economia, chamado de diagrama do fluxo circular (ver figura 1), Tal diagrama ilustra a relacao fundamental entre a produ- ‘do € 0 consumo ¢ pretende mostrar como circulam produ- tos, insumos e dinheiro entre empresas ¢ familias. A msec coment mais ‘As empresas produzem bens e servigos usando virios in- . Uma das caractersticas de um sistema objeto em movimen mecinico € que ele envolve um ejay define-se uma identidade ao longo do tempo. Foi o prin- jo da conservacio de energia, correspondente & primeira lei da termodinimica, que, na metade do século XIX, unificou jo de conservagio, ou dew coeréncia aos estudos do calor, da luz ¢ da locomogio (mecanica).. ‘Tal principio estabelece que a energia total de um sistema fisico isolado é constante, Nao se cria nem se destr6i energia, cla apenas se transforma, sem perdas. B por isso que o tipo de fendmeno estudado pela mecinica é “reversivel”, Isso signi- pela posigdo do objeto ‘em questio, nao importando a trajetoria temporal do objeto. Assim, num fendmeno reversivel ndo hé distinggo entre pas- sado e futuro. Por exemplo, se 0 movimento de um péndiulo fosse gravado e depois visto em retrocesso, ndo faria a menor diferenga na ordem das coisas. 28 idem, uo entendimento mecinico do sistema econdmico. O raciocinio estava funda~ mentado na fisica da primeira metade do século XIX. Mais especificamente, 0 tipo de analogia e metéfora em que se ba- searam tem a ver com 0 principio da conservagao de energia da fisica.” As trocas entre individuos autointeressados leva- iam a economia ao equilibrio, em que todos estariam ma- idade, A ideia eri social um ponto em que todas as forcas que agetn no sistema se cancelam, ximizando sua que existe ne mundo Ao responder 0 que determina o prego do mercado, Al- fred Marshall juntou a resposta dos cléssicos com a dos mar ginalistas. Para os classicos, a énfase estava na oferta, ou seja, © preco era determinado pelo o custo objetivo de tempo de trabalho, Para os marginalistas era a demanda que determi- ava 06 precos, ou seja, a utilidade que os bens tém para os consumidores. O prego de mercado, para Marsh © ponto em que a oferta encontra a demanda. A andlise microeconé- ‘mica do comportamento da firma na determinacio da oferta edo consumidor na determinacao da demanda genhou force «e passaria a ser chamada de economia neocléssica.® Foi Lionel Robbins quem forneceu a coeréncia da nova abordagem econémica ao argumentar que 0 nticleo tebrico a ser aplicado aos problemas era, na verdade, uma teoria da escolha, Argumentou qe a economia nao se distingue por , por um aspecto especifico do comporta~ 29 idem. 40. Stanley Brus, Hsia do penserentoecondmico (S20 Pel son Leaning 2005) Area i ‘mento: alocagao de recursos escassos entre fins alternativos, que essencialmente trata de escolhas. E este passou a ser 0 problema central da economia, Depois do raciocinio dos marginalistas de que o proble- econdmico a ser reso era.o de maxi das pessoas dada uma restrigdo de recursos, os neod Escassez de melos para satisfazer da & quase uma condigio onipresente do comportamento hhumano. Aqui, entio, esté @ unidade de assunto da ciéncla ‘econdmica, as fornia assumidas pelo comportamento hu: mano na disposicio de meios escassos.* A economia neoclissica estendeu esse principio econdmico universal da alocacio de dados recursos entre usos alternatives para todas as dreas de investigacio. Essa tendéncia foi reforgada a0 longo do século XX, culminando no argumento de que ha um simples principio no coragao de todo problema econémi- co: uma fungao matemeética para maximizar sob restrigoe Na década de 1930, no contexto da pior crise econémi- ocident ca que om jd conheceu, a Grande Depressao, a para pensar a economia foi pro- porcionada por John Maynard Keynes. O pensamento ke} siano teve suas ratzes na preocupagto com a estagnagio, ow uma nova estrutura an: ‘com a taxa decrescente de crescimento econdmico. 31 Seefano Zamégni & EmestoSerepanti, An Outline of he History of Beano Though ‘he Nature and Significance of Bconomle Science Era uma visio macroecondmica, pois a preocupagio era com os determinantes das quantias totais de consumo, pou- panga, renda, producao e emprego. Nao estava, portanto, in- ‘eressada em como uma empresa individual decide sobre 0 nivel de emprego que maximiza seu Iuero. As empresas pro- duzem coletivamente um ntvel de produgao que esperam ven- der. Mas as vezes os gastos totais de consumo e investimentos so insuficientes para comprar toda a produglo, ocasionan- do demissées ¢ redugio da produgdo nas empresas. Keynes ofereceu uma explicacéo para as flutuagdes econdmicas e um programa para minimizé-las. Com ele, houve uma volta da teoria sobre 0 crescimento econdmico, contudo de maneira muito diferente da preocupagio dos cléssicos. 1m papel foi dado a terra, ea questio de seo crescimento deveria even tualmente cessar nem sequer foi mencionada, Pelo contrétio, 2 prosperidade ininterrupta era possivel se as politicas fiscais € monetatias apropriadas fossem seguidas pelo governo. Aeconomia de boa parte do século XX foi uma combina- «0 da microeconomia neocléssica com a macroeconomi prada no keynesianismo. Essa jungo foi chamada de sintese neoclissicae tem Paul Anthony Samuelson como importante atticulador. Samuelson, o primeiro economista americano ¢ ‘ganhar o Prémio Nobel em economia em 1970, publicou seu rexto Economics em 1948, Milhdes de estudan- tes em todo 0 mundo aprenderam os principios de economia com seu livro-texto, que, em 1998, estava enn sua 16% edigdo. (esforgo de Samuelson foi fundamental no estabelecimento do sistema te6rico neoclés inte 24 Stanley Brue, Histre do pontamento scons ct Depois da Segunda Guerra Mundial, a sintese neocléssi- «a tornou-se praticamente um consenso entre os economis- tas ¢ 08 formuladores de politicas econdmicas. Desde que a economia crescesse e produziss 10 emprego, 0 fruto do crescimento anual do produto disponibilizaria recursos a cionais para atender as necessidades de todos. O crescim econdmico passou a ser visto como a chave do sucesso, mes- ‘mo porque a sintese neocléssica aceitava o status quo no que diz respeito a estrutura da economia, Assim, tal sistema te6- rico se ajustava bem ao clitna de debate que prevaleceu nas décadas subsequentes & Segunda Guerra." Faltava, contudo, scimento que fosse compativel com a ideia O crescimento econémico tinha sido a maior preocupasio dos icos. Para alguns, ele seria retardado pouco a pouco até se chegar a uma economia estacionéria, Para outros, ele levaria 20 colapso do c smo. Na era da sintese neoclassi- a, Robert M. Solow ajudou a reconciliar o crescimento com equilibrio com a i podem ser s ia de que os fatores capital e trabalho itufdas um pelo outro no processo, Avangos tecnolégicos proporcionam uma maior produtividade do ca- Pi ‘per capita, além de mudar a estrutura da economia de acordo com 0 novo uso dos fatores. jumentando a taxa de crescimento econdmico ea renda Peament nde No que diz respeito a pesquisa teotica, a década de 1960 representou o auge da pesquisa em torno da ideia de eq brio na economia. A teoria do equilibrio geral de Walras, que tinha ficado adormecida entre as guerras mundiais, despertou no periodo da Guerra Fria e foi estudada por pés-graduandos da maioria dos departamentos de economia do mundo. Com base em poucas suposigdes irrealistas, a teoria prova que existe um sistema de precos em que todos os consumidores satisfazem ao méximo suas preferéncias ¢ 0s produtores ma- ximizam seus lucros, itervenco do gover- no. Assumia-se que, se perturbada ago, os sistemas isados sempre retornariam a suas posicdes origina.” A ma mectnico analogia do processo econdmico como um s reversivel ndo 96 perdurou como ainda constitui a abordagem dominante da economia, ‘VISAO IRREAL A economia que predominou durante o século XX teve corigem em analogias e metaforas da mecinica clissica, da imeira metade do século XIX. A analogia com @ mec m aver com a utilizagdo da linguagem da fisi com metéforas que representam a idefa de que nas transagdes de mercado ocorre uma troca de algo que pode ser definido como uma energia psiquica ou social. A estrutura analitica do paradigma dominante na economia é baseada na metéfora da fisica da conservagao de energia. A metéfora da fisica pré-entropia [37 Roger & Backhouse, Hiri da economia mundial ch 238. Phlip Miowsi,Aginst Mechanism, cit » ‘ou mecénica, transposta para a economia, nao afeta apenas © discurso, mas principalmente a estrutura e a substancie da nao se separou da fisica do século XIX, afisica moderna afsstou-se da economia ‘A proximidade formal entre a economia e a fisica mecanicista ro garantiu que o estudo do processo econbmico fosse per- meado pela atencio as relagdes biofisicas com seu entorno. Ao contr io, 0 paradigina mecinico na ect reve importante sintoma 0 nao reconhecimento dos fluxos de me- teria ¢ energia que entram e saem do processo econdmico, € ‘muito menos o reconhecimento da diferenga qulitativa entre ‘que entra ¢ 0 que sai nesse processo. Bo caso do modelo lo luxo circular apres em“O paradigm” (figura visto como em harmonia ¢ eq ido ‘em que o sistema econdmico é io. Os fisiocratas e os clis- sramn a andlise do fluxo circular do process ‘econdmico ainda se preocupavam com a origem da riqueza. ‘Todavia, a partir da Revolugdo Marginalista,a andlise do fiuxo circular passa a fazer parte de um arcabougo mecinico que rediuz todas as questdes econdmicas a questdes alocativas. diagrama do fluxo circular apresenta uma visio irreal de qualquer economia, por consideré-la como um sistema isolado no qual nada entra e nada sai, uma ver que nessa con cepcio nada existe no exterior dele mesmo. A visio que co- mumente se tem da economia éa de que cla € uma totalidade, 0 diagrama é estritamente uma representagdo da circulagio do dinheiro na economia e dos bens em sentido reverso, sem- pre dentro dele mesmo, sem absorver materiais e sem ejetar residuos, Se a economia no gera residuos ¢ néo requer novas ta de uma méquina entradas de matéria e energia, enti de moto-perpétuo, ou seja, uma maquina capaz de produzit trabalho ininterruptamente, consumindo a mesma energia € valendo-se dos mesmos materiais. Tal maquina seria um clador perfeito. Todavia, isso contradiz uma das principais leis da fsica: a segunda lei da termodinamica lei da entropia. Em uma de suas formulagées, Lord Kelvin diz que ¢ im- seja remover ossivel realizar um processo cujo dnico eft calor de um reservatorio e produzir uma quantidade equiva- lente de trabalho. Isso porque a energia em sua forma calor tende a se dissipar, tando sua utilizagao por com- pleto para gerar trabalho. O que significa que qualquer siste- ma para continuar funcionando precisa de energia entrando, no m{nimo de maneira constante. A economia nio é uma totalidade, mas, sim, um subsis ma maior, geralmente chamado de meio ico. tema de um si ambiente. Os seres vivos dependem de um fluxo metal Os bidlogos, ao estudarem os sistemas circulatérios dos orga- ido, os economistas, ao focarem no fluxo circular monetitio, igno: ico real. Ao contrario dos economistas, nismos, ndo esqueceram o que entra ¢ 0 que sai, Con raram o fluxo metal gos jamais imaginaram um ser vivo como um sistema os total, ou como maquina de moto-perpétuo.” Accomm Em épocas passadas, as consequéncias desse erro concei- tual poderiam nao ter muito si nda eram pe~ quenas as proporydes de extragdo de materiais ¢ energia € de produgio de fluxo de residuos. Atualmente, esté clato que € preciso corrigir esse equivoco e levar em conta tanto a gera~ io de lixo quanto a dilapidacéo do capital natural. & preciso entender que 0 modelo esté equivocado e que ele nao substi tuia realidade, Kerl Marx" foi um autor que considerou essa interagéo da sociedade com a natureza quando se referiu: a0 metabo- lismo social. Marx entendia por metabolismo social 0 pro- cess0 pelo externa, transformando, assim, sua natureza interna. A agdo al a sociedade humana transforma @ natureza de transformar @ natureza externa é 0 trabalho, A organiza- sao capitalista da sociedade separa de forma abso balhador de seus meios de vida. O trabalhador assalariado estd separado da terra como co depende de ve separado do préprio processo de produgao como atividade transformadora. Inicia-se, assim, uma falha metabélica que a0 tra ligdo natural de producao, der sua forga de trabalho para comer, ¢ esté 86 & compreendida tendo em mente 0 funcionamento do modo de produsao capit Como, para Marx, 0 ci $8 John Bellamy Fo Jancio: Gives B ‘considerou a entrada de recursos naturais essenciais para a reproducio do sistema mos esquemas analiticos utilizados para representar a economia. Seus esquemas de reproduco consideram que o sistema se reproduz se houver um fluxo suficiente de bens de consumo e bens de ca duzidos ¢ circulando na economia. Capital e trabalho sto os Linicos fatores de produgdo nesses esquemas, assim nio foi al sendo pro- atribuida nenhuma importancia para o papel da natureza na cexplicagdo da dinamica capitalista, nem come fonte provedo- 1a de recursos, nem como sumidouro de residuos. [Até meados da década de 1960, nenhuma escola de pen- samento econémico considerava explicitamente a entrada de recursos naturais necessérios para a produgio e a salda neces- 10s da producéo. Esse é um exemplo do sistema séria dos res econdmico entendido como um fendment wer momento, apenas al- 08 processos so revertidos a qt terando a posigio em que o dinheiro se encontra no sistema. Contudo, as mudangas reais we ocorrem na economia m diregéo no tempo, sio irreversiveis e, mesmo do pon- to de vista da fisica, ha uma mudanga qualitativa promovi- da pelo sistema econdmico. O que faz 0 sistema produtivo? ‘Transforma matéria-prima, recursos naturais, em produtos que a sociedade valoriza. Mas nao s6. Essa formagao produz necessariamente algum tipo de residuo, que nao entra de nov ja capta recur 308 de qualidade de uma fonte natural e devolve residuos sem qualidade para a economia & natuteza, entéo nao é possivel tratar a economia como um ciclo isolado, A transformasio econdmica ¢ irreversivel e qualitativa, Razdo porque nao foi compreendida em todas as suas facetas pela fisica da primeira metade do século XIX, que estabelece a rever fendmenos. ‘A utilizag2o da metifora mecanica faz com que a eco- nomia seja tratada com tema isolado, autocontido € ‘+hist6rico, ndo induzindo mudange qualitativa, nem sofien- do efeitos das mudancas qualitativas no ambiente, Muitos j& criticaram o viés anti-hist6rico da economia neocléssica, mas sem perceber a futilidade que é tentar impor a h teorias neocldssicas sem questionar a metafora fisica que a ia nas inspirou.* ‘ A desvinculagao da metéfora mecinica se d com o aban- dono da adogio da vivo eatuante, Atéo final da década de 1960, entre as diferen- tesescolas de pensamento econdmico, néo se havia questiona- do tal entendimento, Uma critica profunda ao mecanicismoe 8 concepeao do processo econdmico como circular e isolado dda natureza s6 seria feita no artigo “Process in Farming Ver- sus Process in Manufacturing: a Problem of Balanced Deve- lopment” ena introdugao da coletanea Analytical Economics, ambos de Nicholas Georgescu-Roegen.** j0 da economia isolada da natureza passando a a0 da economia como parte de um ecossistema 4 Philip Mitowsi,Agias Mechanic ; choles Georgeact-Roe 2n, Analytical Economics (Cambridge: Harvard Univesity Press. 1955). 2 | Outro paradigma Caso se estvesse é procura de uma inica pala- vra para condensar a visio de Georgescu, essa palavra seria “evolugio”. Evolugio ~ niu real ~ era, para Georgescu- Roegen,o pont cial e final para a maior parte de sua obra. AFORMAGAO DE GEORGESCU icholas Georgescu-Roegen nascetl em 1906, em Cons- tanta, na Roménia, No dia em que foi anunciada a entrada da 1a Primeira Guerra Mundial (27 de agosto de sabendo que tinha conseguido uma bolsa de iros estudos cestudos para uma escola preparatéria, Seus p s6 comegariam com o término da guerra. Em 1918 entrou

Você também pode gostar