O artigo analisa as semelhanças entre o discurso jornalístico e o discurso pedagógico, onde o aluno e o repórter estão na posição de quem "não sabe" enquanto o professor e o editor estão na posição de quem "sabe". Quando os textos são direcionados a hierarquias superiores, eles são descaracterizados, levando a uma padronização. Isso faz com que repórteres e alunos não se sintam mais autores de seus trabalhos.
Descrição original:
Resenha Crítica - Artigo 'Formando Sujeitos Que Sabem'
O artigo analisa as semelhanças entre o discurso jornalístico e o discurso pedagógico, onde o aluno e o repórter estão na posição de quem "não sabe" enquanto o professor e o editor estão na posição de quem "sabe". Quando os textos são direcionados a hierarquias superiores, eles são descaracterizados, levando a uma padronização. Isso faz com que repórteres e alunos não se sintam mais autores de seus trabalhos.
O artigo analisa as semelhanças entre o discurso jornalístico e o discurso pedagógico, onde o aluno e o repórter estão na posição de quem "não sabe" enquanto o professor e o editor estão na posição de quem "sabe". Quando os textos são direcionados a hierarquias superiores, eles são descaracterizados, levando a uma padronização. Isso faz com que repórteres e alunos não se sintam mais autores de seus trabalhos.
Formando sujeitos que sabem In: FELIPPI, ngela; PICCININ,
Fabiana; SOSTER, Demtrio (org.). Edio em Jornalismo: ensino, teoria e prtica. Unisc, 2006
Resenhado por: Romildo Luiz Burguez Junior
O artigo, escrito por Thais Furtado, analisa as semelhanas entre o discurso jornalstico e o discurso pedaggico, onde o aluno est para a figura do reprter, na posio do daquele que no sabe, assim como o professor est para o editor, na posio daquele que sabe. Em ambos os casos, o produto final acaba sendo gerado apenas com o cuidado satisfazer editores e professores, e no para cumprir determinada funo ou objetivo; mostra tambm as consequncias do uso deste tipo de discurso por parte dos profissionais de jornalismo; e, por fim, apresenta um caminho para que possamos ter um profissional preparado para a uma rotina de produo e edio sem que precise estar na posio do indivduo que no sabe. Tendo seu foco voltado para um veculo de mdia impressa de periodicidade semanal, nesse caso, a revista Veja, a autora nos esclarece, atravs de o relato de um ex-diretor de redao, a forma como so produzidas suas matrias e como esse processo ainda que a primeira vista crie um efeito homogneo, esconde, na verdade, uma imensa heterogeneidade. No decorrer da matria os textos acabam sendo completamente descaracterizados pelas inmeras mudanas realizadas na medida em que eles so direcionados a algum hierarquicamente superior. Alm da alterao de sentido no contedo da reportagem, esta prtica tem ainda como consequncia um efeito de padronizao. Ao final, os reprteres da revista que fizeram as entrevistas, organizaram as informaes e elaboraram os textos, j no se sentem autores daquele escrito. Com base na leitura possvel identificar os pontos de afinidade que existem entre o discurso jornalstico e o discurso pedaggico, onde quando um aluno realiza alguma tarefa, no importa sua imagem acerca do objeto em questo, e sim qual a que o seu professor tem em relao a este. Trata-se apenas de completar os espaos previamente acordados, fazendo com que este aluno no seja efetivamente um produtor de contedo. Aplicando esta mesma linha de raciocnio ao processo de construo das matrias jornalsticas citado no pargrafo anterior, vemos que o reprter acaba por produzir todo seu material de trabalho com base naquilo que os seus superiores pensam ser o ideal para a construo daquela reportagem, j que o que vai sobressair no final aquilo que a figura dominante do editor julgar mais apropriado. Sendo assim, tanto o efeito-autor quanto o efeito-texto so de responsabilidade do editor. Thais Furtado nos mostra o quanto grave ver essa cultura onde o aluno finge que aprende e o professor finge que ensina sendo aplicada dentro do universo jornalstico, sinalizando como os prprios profissionais mais antigos da rea identificam o desinteresse da nova gerao em fazer jornalismo, caracterizando seus textos como problemticos e criticando a forma padronizada com a qual se escreve para veculos impressos atualmente.
Analisando os tipos de discursos e entendendo a necessidade de
encontrar um meio termo entre o processo de edio que seria o mais adequado a ser aplicado nas universidades e aquele praticado no dia-a-dia, visto que o aluno precisa sair do curso pronto para o mercado, Furtado encerra dando detalhes de seu projeto na UNISINOS, a revista Primeira Impresso. Um impresso semestral produzido pelos alunos, que trabalham sendo os reprteres e editores de seus prprios contedos e adquirem uma prtica mais prxima do mercado de trabalho sem que questes pertinentes ao ambiente profissional, criticadas em seu estudo, sejam deixadas de lado. Aps a leitura, fica muito claro que a partir do momento em que um reprter no consegue ser o autor do seu prprio texto, no existe motivao necessria para que este profissional saia da posio daquele que no sabe. Diante disso, a tendncia que cada vez mais tenhamos jornalistas criados apenas para completar as lacunas previamente determinadas, sem empenho no desenvolvimento das reportagens e com um texto cada vez mais desinteressante. importante ressaltar tambm que as crticas feitas pela autora vo muito alm das relaes aluno/professor e reprter/editor, visto que em muitas outras reas podemos nos deparar com um cenrio onde h aquele indivduo com uma postura dominante pr-estabelecendo a forma como os demais devem realizar suas funes, no havendo assim espao para o surgimento de uma ideia que seja proativa, inovadora ou completamente autoral. Por isso, precisamos sempre nos certificar que no estamos trabalhando ou produzindo dentro desta lgica.