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O que nao é motivacao Tem sido facil e simples, 140 6 explicar, como entender, aquilo que se chama de Motivacao. Enquanto no campo das especulag6es intelectuais esse fenémeno humano nao parece apresentar maiores dificuldades, no campo concreto do seu verdadeiro conhecimento a desorientagao gera! instafou-se hé muito, ndo permitindo avangos mais dignos de nota por parte dos que se véem premidos diante da imperiosa necessidade de assumir medidas mais efetivas. A primeira origem dessa desorganizacao de conhecimento foi, nfo hé davida, a mistura de fendmenos heterogéneos. Confunde-se, ainda hoje, aquilo que se chama de “puro condicionamento” com o que deve ser conhecido como “motivagdo auténtica”. artigo tem como objetivo basico delimitar éreas mostrando, em especial, no que residem as formas de comportamento que sfo entendidas pela Psicologia como 0 resultado da agao de varidveis extrinsecas ao individuo e que, pelo simples fato de sugerirem ages por parte dele, tém sido configuradas erroneamente como Motivagio, Cecilia Withaker Bergamini Prof. Dr. Dept? de Administragto; Consultora de Empresas INTRODUGAO A diversidade de interesses percebida entre as pessoas permite aceitar como razoivel a crenca de que elas nfo fa- gam as mesmas coisas pelas mesmas raz6es. E nessa diversi dade que reside a grande fonte de entendimento de um fe- némeno que apresenta aspectos aparentemente peradoxais que € 0 da motivacdo humana. Assim sendo, parece cada ‘ez mais inviével que uma simples regra geral possa conter a explicagZo mais precisa sobre 0 assunto, ‘Como as pessoas s£0 realmente diferentes uma das outras, no apenas porque j& nasceram assim ao trazerem uma bagagem inate propria (carga genética, vivéncia in- ‘tauterina e experitncias do parto) como também por acumularem dentro de si experiéncias vividas que lhe si0 ineditamente pessoas, ocoridas ao longo das diferentes eta- pas do seu amadurecimento (inféncia, adolescéncia, maturi- dade e velhice), fazse necessiio, desde logo, revisar certos Principios muito difundidos pela sabedoria popular. Quan- 0 se fala de motivago parece indispensive, logo de inicio, mudar 0 provérbio: “faja aos outros aquilo que queres que Ihe seja feito” por um outro: “faga a0s outros aquilo que cles esperam que thes sea feito” © mundo das pessoas ¢ rico em exempios que iustram © quanto elas esperam coisas diferentes umas das outras e, Por conseguinte, como cada uma delas estévoltada a busca de difetentes norteadores dos seus prOprios comportamen- tos motivacionais. Os quase incontives objetivos motivacio- nais e a8 diferentes formas de buscélos esclarecem, e pers0- nificam mesmo, a5 multvariadas faces que 0 fendmeno da ‘motivagto humana possui. 0 compreender o outro e valorizar adequadamente suas intengoes e motivos nfo € tio fécil. Quando alguém se mostra mais constantemente entusiasmado pelo desafio oferecido por oportunidades de agir pronta e rapidamente face aos problemas que enfrenta, facilmente seré levado acreditar que todos se movimentam no mesmo ritmo o que ppoderé causar aos tipos cautelosos com as quais convive ‘uma incdmods sensaglo de que se trata de alguém temer’- tio € até mesmo irresponsével. Hi pessoas que, guiadss pela vyéntade de tavestiem o melhor de si mesmas para fazerem us as responsabilidades que lhes sfo atribuidas, muito facil ‘mente se desiludem ao reconhecerem que nem todos so as- sim e poderdo, de forma pessimista, acreditar que o mundo esta cheio de pessoas que nfo levam nada a sério, Muitos de queles que regem suas vidas por um sistema logico ¢ objet- vo de decisdes, 20 enftentarem problemas, aborrecem aos ‘mais intuitivos e superficiais quando solicitam informagbes consistentes e dados concretos sobre os quais possam racio cinar. Por outro lado, muitos sfo os que valorizam a opinigo ‘dos demais sobre si mesmos, 0 que os leva a procurar uma convivéncia socislmente harménica. Adotam uma tétice que Ihes permite retroceder com freqdéncia em seus pontos de vista. Geralmente, iso € tomado como fraqueza de opinit0 perda de tempo com “conversa mole” por pessoas que 20 pensam assim. (Os pressupastos bésicos das ieorias que procuraram cexplicar a motivagio do ser humano, em sua grande maio- ria, conseguiram tfo somente fomecer um conjunto abstra- to de conceitos sob os quais te pensava poder compreender toda uma populaeSo de pessoas, a partir de um enfoque es- tatistico, mas que, na realidade, nfo explicava nenhum des- ses seres na sua maneira particular de existir e motivarse. Sob o ponto de vista de compreensfo intelectual, tais con- ceites poderiam ser bem conhecidos ¢ sua légica, na grande ‘aioria das vezes, mostravase racionalmente irrefutivel A tentativa te6rico-racional de explicar « motivagZo das pessoas fez com que o niimero de pontos de vista dife- Tentes sobre o assunto frutifcasse em curto espaco de tem- BO. 0 resultado do surgimento de tantos ¢ tao diferentes en- foques sobre 0 assunto foi 0 mediato aparecimento de um grande volume de simples opinives ou arraigadas erencas [Pessoais que turvaram a limpidez necesséria 20 real conheci- ‘mento sobre esse fendmeno tio tipicamente humano. Em meio a tantas possiveis explicagdes sobre 0 card ter especifico da motiva; 0 marchousse, a pasos decididos, Para a construgdo de uma espécie de “nova torre de Babel”. Nesse aff, todos ansiavam pelo épice do verdadeiro conhe- cimento, mas cada qual se utilizava de um linguajar proprio € Sem sentido aos demais. Sem nenhuma surpresa, esse fato acabou por tomar invidvel qualquer tipo de conciliagdo en- te pontos de vista tio profundamente dispares. © clima de confusfo generalizada, 0 aparecimento de ctengas to diferentes ¢ 0s verdadeiros mitosassumidos co- mo verdades acabaram por cindir os grupos de estudiosos do comportamento humano. A alguns deles parecia que munca seria possivel desvendar esse verdadeiro mistério que chamavam de motivaggo humana; para eles a melhor safda seria esquecer o assunto. A outros a confusfo instaurada re- presentou um grande desafio que s6poderia ser sobrepujado pela concentragdo de esforeos ¢ por drduas investigacces que 05 fara descer até o dmago da questto. Parece, entdo, nfo apenas necessério como oportuno ‘que se volte a falar em motivarSo, mas dentro de uma pers- pectiva que reexamine, de forma bastante critica, grande pparte daquilo que se conhece 2tualmente a esse tespeito, Talver esta seja a hoca de se tentar, novamente, colocar o “Ovo de Colambo"em pé. CONFUSAO ENTRE MOVIMENTO-E MOTIVACAO Como pode facilmente set peresbido, 0 termo motiva- Ho passou a ser utilizado com os mais diferentes significa dos e nisso ver residindo o primeito e mais decsivo paso para o estabelecimento de uma grande confusdo sobre 0 seu real conteddo. Ha os que dizem que é necessirio aprender2 rmotivar as pessoas e existe também aqueles que acreditam que ninguém possui 0 condi de motivar ninguém. Essas

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