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“POR QUE É QUE O POSTO ANDA COMPRANDO

TANTA CANA SE O ESTOQUE DO BOTECO JÁ


ESTÁ PRÁTERMINAR” 18ª PASSEATA-
HOMENAGEM A RAUL SEIXAS

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“POR QUE É QUE O POSTO ANDA COMPRANDO
TANTA CANA SE O ESTOQUE DO BOTECO JÁ
ESTÁ PRÁ TERMINAR”
18ª PASSEATA-HOMENAGEM A RAUL
SEIXAS
Este ano é Terça-Feira!
21 de AGOSTO
16 hs – CONCENTRAÇÃO em frente ao Teatro Municipal/Praça Ramos de
Azevedo
18 hs – Saída da PASSEATA
19 hs – TRIBUTO c/ som na Praça da Sé
22 hs - Encerramento

Numa passeata no centro do Rio de Janeiro em 7 de junho de


1973, um cantor desconhecido saiu com seu violão pelas ruas
entoando uma canção-lamento para os pedestres, era o milagre
brasileiro em plena ditadura Médici. Dizia que devia estar
contente e satisfeito, mas não estava! A música brasileira
começava a conhecer aquele que viria a se tornar um de seus
maiores poetas, filósofos e mártir: Raul Seixas, o Castro Alves do
século XX. Num tempo em que a mínima aglomeração de
pessoas era vista como ato de subversão, a performance de Raul
Seixas com a sua ‘Ouro de Tolo’ desbancando a classe média foi
parar no Jornal Nacional daquela noite, os versos: "Eu devia estar
contente porque tenho um emprego, sou o dito cidadão
respeitável e ganho 4 mil cruzeiros por mês...".

Com 10 anos de estrada nas costas surgia o pai do rock tupinikin:


o rock brazuka passava a ter postura de movimento e
contestação. Com algum atraso, por causa da linha dura imposta
pelo AI-5, o brasileiro experimentava as mudanças que no resto
do mundo atingiram com o festival de Woodstock, em 1969. E
Raul foi o porta-voz do inconformismo, num momento em que
muitos ícones da MPB estavam no exílio.

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Assim participou de um Ato em defesa da Anistia, o ‘PANIS ET
CIRCENSES’, no Teatro Municipal em 72. Em 74 lança GITA e
proclama a Sociedade Alternativa, que lhe valeria a prisão,
tortura e exílio nos EUA – onde conheceria John Lennon e
discutiriam as suas propostas revolucionárias, o “Novo Aehon” e
“Nutopia”. Volta ao Brasil, depois de receber o disco de ouro por
GITA e continua a difundir suas idéias sobre a Sociedade
Alternativa em NOVO AEHON (75), HÁ 10.000 ANOS ATRÁS (77),
O DIA EM QUE A TERRA PAROU (78), MATA VIRGEM (79), POR
QUEM OS SINOS DOBRAM (80) e ABRE-TE SÉSAMO (81). A partir
daí passa por diversos problemas de saúde que terminam por
abreviar sua profícua vida. Ainda assim se mantém ativo, mesmo
marginalizado pela mídia – mas sempre com um público fiel,
ganha novo disco de ouro com COWBOY FORA DA LEI, aderindo à
campanha pelo voto nulo publicamente, uma música que "O
Raul tinha esse refrão na cabeça desde 1973, tanto que
originalmente ela se chamava Cowboy 73. Com o passar dos
anos, ele mudou para Cowboy Fora da Lei" – como testemunha
se amigo pessoal Sylvio Passos. No dia 21 de agosto de 1989 seu
corpo é encontrado em seu apartamento na rua Frei Caneca, em
São Paulo. A grande comoção que tomou conta do país
testemunhou a sua influência que se manteve perene mesmo 17
anos após sua morte física, atestando que “os homens passam,
mas as músicas ficam...”

Em São Paulo os fãs arrebataram seu, corpo se recusando a


entregá-lo se não houvesse um ritual semelhante ao feito com o
Tancredo Neves. Assim após horas de confrontação - entre os
fãs-acastelados no Palácio de Convenções do Anhembi – e a
tropa de choque da PM o caixão saiu enrolado em uma bandeira
brasileira, levado por um carro do corpo de bombeiros e seguido
pela passeata dos fãs que lá permaneceram durante a
madrugada: mais de 10.000 pessoas, segundo a PM na época.
Em Salvador uma multidão com mais de 30.000 novamente
arrebatou o caixão das mãos dos próprios familiares para

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conduzi-lo coletivamente ao túmulo cantando suas músicas sem
parar.

Desde então, sempre na data de sua morte – 21 de agosto – são


realizados em todo o país centenas de tributos lembrando Raul e
trazendo para o século XXI suas idéias e canções. De todos o que
mais se destaca é a PASSEATA-HOMENAGEM A RAUL SEIXAS, ora
em sua 18ª (décima-oitava) edição. Com a participação de
raulseixistas de outras cidades e até de outras regiões do país,
marcado por uma concentração durante a tarde em frente ao
Teatro Municipal, na praça Ramos de Azevedo, com a saída da
passeata as 18:00 hs em direção a praça da Sé, onde o Tributo
prossegue, oficialmente até as 22 hs, mas durante toda a
madrugada para milhares de pessoas, cerca de 10.000 nas
últimas edições, já no século XXI. Este ano também estamos
esperando o lançamento de um filme, em escala comercial, um
Documentário sobre a vida do Maluco Beleza – num cinema
perto de sua casa – além de DVDs com imagens de arquivo da TV
Cultura e da TV Bandeirantes, trazendo uma noval uz sobre o
trabalho de Raul para uma grande parcela, que não conhece sua
obra, atestar sua atualidade. Não atoa o lema da PASSEATA-
HOMENAGEM de 2007 é justamente “POR QUE É QUE O POSTO
ANDA COMPRANDO TANTA CANA SE O ESTOQUE DO BOTECO JÁ
ESTÁ PRÁTERMINAR” – música de Raul em 1979.

Reunidos e confraternizando em clima de completa paz e


harmonia, cantando as canções de Raul coletivamente e
discutindo suas propostas e legado, durante mais de 6 horas,
demonstramos a presença e vitalidade de Raul Seixas e da
Sociedade Alternativa, viva dentro de nós. E é com essa
mensagem de otimismo e de revolução do cotidiano que
estaremos novamente nas ruas nesse ano de 2.006

São Paulo, 19 de julho de 2007.

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