DOCUMENTRIO, HISTRIA E (AUTO)BIOGRAFIAS DO PS-DITADURA:
MEMRIAS, TRAUMAS E IMAGENS DA TORTURA
Luiz Guilherme dos Santos Jnior (PUCRS)
lguilherme1973@gmail.com
Resumo: O Grupo Kinepoliticom (CNPq), a partir do projeto de pesquisa Os filmes
biogrficos sobre a Ditadura Militar Brasileira: o realismo como estratgia esttica, tem como proposta analisar as produes cinematogrficas (ficcionais e documentais) que envolvem, sobretudo, estudos sobre o tema da tortura e de seus mtodos, testemunhos de militares e de militantes que atuaram, direta e indiretamente no contexto de regimes totalitrios. Com base no realismo esttico e na subjetividade, a pesquisa dialoga ainda com vertentes da histria, das cincias sociais e da filosofia, propondo discusses sobre a dimenso poltica e esttica dos filmes biogrficos ps-ditaduras. Partindo desse vis esttico e poltico, o presente trabalho objetiva analisar os relatos de tortura nos seguintes documentrios: A Doutrina do Choque (2009), A Guerra contra a Democracia (2007) e Do Horror memria (2006), com base nos estudos de Huyssen (2000) e Halbwachs (2006) no tocante memria; Seligmann-Silva (2003) e Agamben (2008) sobre o conceito de testemunho; Bauer (2012) e Joffily (2013) no que concerne tortura e mtodos de interrogatrio. Os documentrios apresentam testemunhos de ex- prisioneiros(as) torturados nas prises da Argentina e do Chile, e de que forma os torturadores agiam no processo de obteno de nomes de pessoas supostamente envolvidas com movimentos de resistncia e guerrilha. A metodologia segue as proposies analticas de Deleuze (1983), Aumont e Marie (2009) e Didi-Huberman (2012), que permite entender os agenciamentos visuais e discursivos presentes no mbito da montagem flmica, e que convergem para o entendimento esttico-ideolgico proposto pelos documentaristas. A presente abordagem demonstra que o cinema, como leitura histrica de uma poca, possibilita registrar e ao mesmo tempo abrir espaos para testemunhos de eventos que marcaram determinadas pocas e pessoas que foram vitimadas por regimes polticos ditatoriais.