Nem os arbicos fios os mais fermosos Que os vossos cabelos luminosos, Nem gema de topzio to fulgente.
Eram ligados de prazenteiro verdor
E flor de jasmim, que os ornava; E a sua perfeita beleza mostrava, Da estrela do oriente o esplendor
Louve-o a lingua, embora indigna.
Aquele bom ponto em que logo vi Da vossa imagem sua forma divina
Tal qual a prola e claro rubi
E vossa vista trsica e benigna A merc e esguardo me permiti.
Longe de vs e cerca do cuidado,
Pobre de gozo e rico de tristeza, Mui falho de repouso e abastado De mortal pena, angustia e braveza;
Desnudo de esperana e abrigado
Da imensa coita que em aspereza via, Foge-me a vida, pra meu malgrado E persegue-me a morte sem perguia. Nem so bastos para satisfazer A sede ardente de meu grande anseio O Tejo agora, nem de me socorrer
O enfermo Guadiana no o creio:
S o Gudalquivir tem o poder De me curar, e a esse s anseio.
No est em ns o limitar o ano
O ms, nem a semana, nem o dia A hora, o ponto! Seja tal engano longe de ns e fuja toda via.
Quanto menor temor de nossos danos
O grande bailar da nossa bailia Corta a tela dos humanos panos: No soam trompas, nada desafia.
Pois no sirvamos a quem no devemos
Nem servida com mil servidores A Natura, ainda que o entendemos,
De pouco farta, nem procura honores:
Sirva-se Jove e a Ceres deixemos; No pense algum servir dois senhores.