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ESPACIALIDADE

Samsara e nirvana estão fixos na inextricável espacialidade.

Tudo brota no vasto ventre da espontaneidade


e a espontaneidade é a fundura do manifesto —
Sendo vazio de essência, sem se cristalizar
e eclodindo como coisa qualquer, a fundura o desfaz.
Samsara e nirvana despontam espontâneos no ventre do trikaya
sendo inextricáveis da intrínseca espacialidade —
assim são os abençoados campos do concreto.

O si da mente é um enorme e fixo molde, como o céu,


um ventre mostrando-se vário, espressão mágica do acolhimento –
Tudo é ornato da funda espacialidade, nada mais.
Pela criatividade da mente luminosa
pulsam centrifugas e centripetas as coisas —
sendo um nada, parecem míriades
exprimindo-se à maravilha, mágicas, incríveis e soberbas.
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Exterior e interior, matéria e mente,


são adorno do espaço a surgir na roda da sublime forma.
Qualquer som e vozearia, tudo o que vibra,
é adorno do espaço a eclodir num sublime tremor.
Todo explendor do pensar, todo o impensensável inconcebível,
é adorno do espaço a germinar nos ciclos da sublime mente.

Os seis tipos de seres míticos e os quatro tipos de nascimentos


não se desviam um nico da espacialidade concreta,
E os seis campos da percepção sensorial dualista do universo,
advindo na sua espacialidade, ilusões mágicas, ao certo não existem —
sem base, nítidos, no vazio do agora, supremamente amplos,
com clareza natural, irrompem nos adornos intrínsecos da espacialidade.

Seja qual for o surgir e soar no raiar da extensa espacialidade


em seu homogéneo fluxo, isso é o darmakaya da mente luminosa;
Disposto no agora, vívido, vasto, vazio, claro, tal e qual,
é consciência a irromper-se no agora — a própria realidade
sem esforço, passiva, é parte do abençoado ventre.
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O sambogakaya é a lucidez natural imutável


e manifeste-se ou não, é por natura espontaneamente presente
num inato, inalterável e penetrante estado equalitário.

Qualquer que seja o modo em que a miríade de variações se mostre,


só há emanações de si brotadas, projecções mágicas do sentido derradeiro
inseparáveis da não-ação do Numa-Boa.

Na mente luminosa isenta de falhas


a espontanea perfeição do trikaya é desforço.
Sem se mover da espacialidade, na espontaneidade livre,
a acção do buda nos campos búdicos ocorre perfeita —
ventre da espontaneidade sublime amanhecendo no agora,
variar da multiplicidade do mundo aprofeiçoada pelo já.

Este campo de imutável e insubstituível espontaneidade no agora,


é a realidade visível da espacialidade intrínseca,
saber flexível que surge qual ornamento desse espaço.
Incriado e infindo, habita fora do tempo
como o sol no céu — maravilhosa e soberba realidade.

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Aqui, no derradeiro ventre da fundura,


na espontaneidade do agora,
o samsara é Numa Boa e o nirvana é porreiro.
Neste bela vastidão osamsara e nirvana nunca existiram.
As aparências sensoriais e a vacuidade são positivas.
Neste vasto ventre numa boa no agora
a aparência e a vacuidade nunca existiram.
Vida e morte são fixes, felicidade e sofrimento também.
Nesta bela amplitude, nascimento, morte,
felicidade e sofrimento são OK.
O eu e os outros são porreiros, afirmar ou negar também.
Nesta extensão positiva, o eu, o outro
o afirmativo e o negativo não são possíveis.
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Na confusão rotulamos, confundindo o que é com o que não é.


Já que a natura das coisas é qual pintura de sonhos sem fundo
porque é que criamos atributos para o samsara e nirvana?

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Tudo é Numa Boa, explendorosa espontaneidade.


E se o iludir-desiludir não foi outrora
também não pode ser ou vir a ser.
Se viver é só um rótulo
os paradoxos do ser e do não-ser se evaporam.
Dado que ninguém foi enganado algures outrora,
ninguém se ilude agora e ninguém se iludirá depois —
eis a visão da pureza original do passado, presente e futuro.

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Sendo a ilusão inexistente, a não-ilusão não existe,


e, espontanea, no agora, a presença pura ora cá está ela! —
não tendo havido libertação, não a há agora, e nunca a haverá.
O nirvana é mero rótulo e ninguém saboreou a libertação.
Se a opressão não existe é impossível o libertar-se.
E puro como o céu, nada é restrito ou circunscrito —
eis a visão da pureza original da libertação defenitiva.

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Em resumo, na espontaneidade da vasta espacialidade uterina,


o que parecia ser samsara ou nirvana é o dispor criativo
que no princípio não é nem samsara nem nirvana.
Porém, seja qual for o sonho a urdir na criatividade do sono,
ele é, de facto, ausência, ócio feliz na presença natural,
espaçar suave na vasta e infinda igualdade!

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