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A Canção do Cuco da Presença Pura

Vairochana

Na antiga tradição xamânica do Tibete, o cuco era um pássaro mágico, o rei dos
pássaros. O primeiro canto do cuco é o prenúncio da primavera, de modo que as seis linhas
da Canção do Cuco da Presença Pura introduzem a visão do Dzogchen. Nesta transmissão
direta, Samantabhadra se define como a completamente espontânea e perfeita não-ação. Ele
incorpora o ensinamento da atividade alegre não discriminativa. Este é o texto raiz da série
Mente do Dzogchen:

Ei, Mahasattva, Magnífico Ser, ouça!

A natureza da multiplicidade é não-dual


e as coisas em si são puras e simples;
estão aqui e agora e livre de construções
e brilham de todas as formas, sempre tudo bem;
elas já são perfeitas, então o esforço é redundante
e a espontaneidade é incessante.

Toda as experiências, toda a fantasmagoria dos seis sentidos, a diversidade de


multiplicidade da existência, em realidade é não dual. Mesmo se examinarmos em partes a
essência pura da mente no laboratório da mente, tais especificidades são vistas como sendo
ilusórias e indeterminadas. Não há nada para apreender e não há nenhuma maneira de
expressá-las. A talidade das coisas, na verdade, é deixar apenas como estão, está além do
pensamento e é inconcebível, é o aqui e agora. No entanto, a diversidade é manifestamente
aparente, e que é a indiscriminada, esfera que tudo abarca do todo-bom buda,
Samantabhadra. A perfeição total tem sido sempre um fato, e nunca houve qualquer coisa a
ser feita a esta fruição imaculada. Todo o esforço é redundante. O que resta é a
espontaneidade, e que está sempre presente como a nossa condição natural.

Essas seis linhas são divididas em três pares de versos que descrevem a visão,
meditação e ação do Dzogchen respectivamente. As duas primeiras linhas expressam a visão
de que a mente luminosa é uma singularidade inefável e não pode ser analisada; as outras
duas linhas indicam a não meditação como o estado natural da Exibição de Samantabhadra; e
o terceiro par de versos mostra ação como a ação sem direção, a não-ação da lucidez
espontânea.

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