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GITA
DATTATREYA
2
Dattātreya
3
AVADHUTA
GITA
DATTATREYA
1ª Edição
4
Título do Original:
Avadhūta Gītā
(A Canção do Avadhūta)
Autor: Dattātreya
5
AVADHUTA
GITA
DATTATREYA
Versão integral - em sânscrito-devanagari, sânscrito e português,
com tradução e prefácio de Yuri Levy.
1ª Edição
Tradução: YURI LEVY
Campinas, SP – 2017
6
NOTA:
YURI F. LEVY
7
INDICE
PREFÁCIO..............................................................................09
CAPÍTULO I...........................................................................12
CAPÍTULO II..........................................................................55
CAPÍTULO III.........................................................................80
CAPÍTULO IV.......................................................................115
CAPÍTULO V........................................................................134
CAPÍTULO VI.......................................................................159
CAPÍTULO VII......................................................................180
CAPÍTULO VIII.....................................................................192
8
PREFACIO
9
o Dattātreya histórico apenas como um monge paradigmático,
textos como Garuda Purana, Brahma Purana e Sattvata
Samhita também o têm por Avatar, um Avatar de Vishnu (o
aspecto preservador da Realidade Absoluta, assim como foi o
Avatar Krishna).
Mas, independente de quem tenha sido essa personagem,
fica óbvio no texto que a escrita evoca uma autoria, sintetizada
na sabedoria aqui presente, além de um ego relativo. Assim,
trazendo toda a simbologia das filosofias monistas, podemos
arriscar a dizer que o verdadeiro Autor é Aquele que enxerga
através dos olhos do leitor que se debruça sobre estas páginas. É
a Consciência Pura, o Self Universal, além de qualquer eu
relativo, mas também presente em cada um.
Sobre a data histórica do texto, também pouco se precisa.
Swami Abhayananda diz: “A data de autoria do Avadhūta Gītā
é desconhecida, mas julgando pelas terminologias e estilo,
parece ter sido escrito não nos milênios anteriores à era atual,
como sugere a lenda, mas em algum momento em torno dos
séculos IX e X da nossa atual era. O que não impede,
naturalmente, a possibilidade de que o seu conteúdo tenha sido
transmitido oralmente até esse ponto”.
Avadhūta, do sânscrito, é um termo delicado e profundo.
Designa, no geral, um místico que se coloca em um estado além
da consciência do ego e da dualidade e que, por isso, vive
totalmente livre. Essa é uma das possíveis definições. Mas como
o Avadhūta, por excelência, está além de todas as definições, o
máximo que conseguimos é uma aproximação conceitual
10
bastante relativa. Gītā significa canção, como no clássico
Bhagavad Gītā (A Canção do Senhor/Mestre).
Ademais, esta não é uma tradução feita por um
inguista. Mas uma humilde aproximação do texto original ao
português feita por alguém que ainda trilha o caminho do Yoga.
Não é feita por quem perscruta a intimidade das palavras, mas
por quem busca atingir as mesmas verdades dos retratos
pintados em sânscrito – e agora em português – nesta obra.
Por isso, tentei manter, escolhendo as palavras mais
adequadas, o sentido pragmático das experiências conscienciais
descritas no texto, passando a sua vivacidade e preservando o
seu caráter empírico, em consoância com o escrito original.
Não sou fluente em sânscrito, apesar de ter certa
familiaridade com a língua, por isso este foi um extenso trabalho
de pesquisa, que incluiu o estudo da versão original traduzida
em várias línguas. Acho que, no final, consegui um resultado
satisfatório. Mas, ainda assim, disponibilizei as versões do texto
em sânscrito e sânscrito-devanagari para quem quiser se orientar
pelo estilo de base.
Aqui termino com uma sugestão:
Esses versículos, se lidos paulatinamente antes de seções
de meditação, são capazes de produzir experiências realizadoras.
Pois direcionarão a mente para o alvo correto.
Yuri Levy
Janeiro, 2017
11
CAPITULO I
12
1
Atha prathamo'dhyāyaḥ
1.1
Īśvarānugrahādeva puṁsāmadvaitavāsanā /
Mahadbhayaparitrāṇādviprāṇāmupajāyate //1//
1.2
1
O Ser Supremo.
13
Yenedaṁ pūritaṁ sarvamātmanaivāatmanātmani /
Yenedaṁ pūritaṁ sarvamātmanaivāatmanātmani /
1.3
2
O Eu Real, o aspecto imanente de Brahman (o Absoluto) em cada
ser.
14
1.4
1.5
15
1.6
1.7
Ahamevāvyayo'nantaḥ śuddhavijñānavigrahaḥ /
Sukhaṁ duḥkhaṁ na jānāmi kathaṁ kasyāpi vartate //7//
16
1.8
1.9
17
A mente, em verdade, é da forma do espaço. A mente, em
verdade, é oniabarcante.
A mente é o passado. A mente é tudo. Mas, em verdade, não há
nenhuma mente.
1.10
1.11
18
samaṁ hi sarveṣu vimṛṣṭamavyayam /
Sadodito'si tvamakhaṇḍitaḥ prabho
divā ca naktaṁ ca kathaṁ hi manyase //11//
1.12
19
1.13
1.14
20
1.15
1.16
21
1.17
1.18
22
1.19
1.20
23
Todas as Escrituras dizem que a Verdade é sem atributos, pura,
imutável, sem forma, e existente em toda parte. Conheças-Me
como sendo Isto.
1.21
1.22
24
Os sábios dizem que a Realidade é uma e sempre a mesma. E
pela renúncia ao apego, a mente, que é uma e muitas, cessa de
existir.
1.23
3
Estado de supraconsciência, experiência de êxtase existencial além-
do-ego.
25
1.24
1.25
4
Em sânscrito: “Tat Tvam Asi”. É considerado um Mahāvākya, ou
seja, uma grande verdade aforística essencial à filosofia monista do
Vedānta.
26
1.26
1.27
27
Se eu não conheço o Absoluto, como posso falar Dele? Se eu
não conheço o Absoluto, como posso adorá-Lo? Se eu sou o
próprio Absoluto, que é a verdade mais alta, que é existência
vasta como o espaço, então como posso falar ‘Dele’ ou O
adorar?
1.28
1.29
28
Anantarūpaṁ na hi vastu kiṁci-
ttattvasvarūpaṁ na hi vastu kiṁcit /
Ātmaikarūpaṁ paramārthatattvaṁ
na hiṁsako vāpi na cāpyahiṁsā //29//
1.30
29
1.31
1.32
30
1.33
1.34
31
caminho das trevas, nem da luz. Há apenas a Verdade Absoluta,
unicamente Brahman.
1.35
1.36
32
Alguns buscam pela não-dualidade, outros pela dualidade. Mas
eles não conhecem a Verdade, que é a mesma em todas as
épocas e lugares, que está além dos meros conceitos de
dualidade e de não-dualidade.
1.37
Śvetādivarṇarahitaṁ śabdādiguṇavarjitam /
Kathayanti kathaṁ tattvaṁ manovācāmagocaram //37//
1.38
33
Quando tudo isso aparecer diante de ti como ilusório, quando o
corpo e tudo mais aparecer vasto como o espaço, aí então
conhecerás Brahman verdadeiramente, e assim acabarão as
concepções duais.
1.39
1.40
34
Etatsarvaṁ na me kiṁcidviśuddho'hamajo'vyayaḥ //40//
1.41
35
1.42
1.43
36
1.44
1.45
37
1.46
1.47
38
1.48
Este Eu Real não precisa de qualquer prática yogī para ser puro
em si. Ele não precisa da destruição da mente para ser puro da
forma como Ele já é. Ele não se torna puro por meio das
instruções de um professor. Ele é, por ele mesmo, a Verdade.
Ele é, por ele mesmo, O Iluminado e A Iluminação.
1.49
39
Não há nem encarnados [com o corpo físico composto pelos
cinco elementos] nem desencarnados [a dualidade entre ambos].
Tudo é apenas o Eu Absoluto. Como podem existir os três
estados e o quarto?
1.50
1.51
40
Da mesma forma que não há distinção quando a água é
derramada na água, para mim não há distinções entre Prakṛtiṁ
(Natureza, realidade manifesta, Cosmos) e Puruṣaṁ
(Consciência, alma).
1.52
1.53
41
Jānāmi te paraṁ rūpaṁ pratyakśaṁ gaganopamam /
Yathā paraṁ hi rūpaṁ yanmarīcijalasannibham //53//
1.54
1.55
42
Ahaṁ cātmā paraṁ tattvamiti vaktuṁ na lajjase //55//
1.56
1.57
43
Não há nem conhecimento, nem ignorância. Nem conhecimento
errôneo. Aqueles que têm um conhecimento são esse próprio
conhecimento (ou seja, o conhecimento não é uma posse do ser
ou do intelecto, mas o próprio ser se expressando no nível
cognitivo). Não há outra maneira.
1.58
44
1.59
1.60
45
1.61
Sphuratyeva jagatkṛtsnamakhaṇḍitanirantaram /
Aho māyāmahāmoho dvaitādvaitavikalpanā //61//
1.62
“Isto não, isto não” tanto para forma quanto para sem-forma.
Apenas o Absoluto existe (não há algo para se ter forma ou para
não se ter, apenas o Absoluta há) transcendendo diferença e não-
diferença”.
46
1.63
Tu não possuis nem mãe, nem pai, nem esposa, nem filhos,
parentes ou amigos.
Tu não tens quem te aproves ou te desaproves. Por que há essa
angústia em tua mente?
1.64
47
Oh mente, para ti não há nem dia nem noite, ascensão ou
acomodação. Como pode o sábio imaginar uma forma para
aquilo que não a tem?
1.65
1.66
48
Não sou aquele que faz ou aquele que desfruta. Não há um
trabalho para mim, como nunca houve. Não tenho corpo nem a
ausência de um. Como posso ter um senso de “meu” ou como
posso não o ter?
1.67
1.68
49
sakhe manaḥ sarvamidaṁ vitarkyam /
Yatsārabhūtaṁ kathitaṁ mayā te
tvameva tattvaṁ gaganopamo'si //68//
Amiga mente, mas para quê tanta conversa vã? Amiga mente,
isto tudo é apenas intelectualização. Eu já disse aquilo que é
essencial: Tu és, em realidade, a Verdade, vasta como o céu.
1.69
1.70
50
Samakāle tanuṁ muktaḥ kaivalyavyāpako bhavet //70//
1.71
Dharmārthakāmamokśāṁśca dvipadādicarācaram /
Manyante yoginaḥ sarvaṁ marīcijalasannibham //71//
1.72
51
Esta é a minha clara percepção: Eu nem realizo nem desfruto
das ações passadas, futuras ou presentes.
1.73
Śūnyāgāre samarasapūta-
stiṣṭhannekaḥ sukhamavadhūtaḥ /
Carati hi nagnastyaktvā garvaṁ
vindati kevalamātmani sarvam //73//
1.74
52
Tritayaturīyaṁ nahi nahi yatra
vindati kevalamātmani tatra /
Dharmādharmau nahi nahi yatra
baddho muktaḥ kathamiha tatra //74//
1.75
53
O Avadhūta não precisa saber nenhum mantra védico, nenhum
verso tântrico. Essa é a expressão suprema do Avadhūta,
purificado pela meditação e imerso na unidade com o Ser
Infinito.
1.76
54
CAPITULO II
55
2
Atha prathamo'dhyāyaḥ
2.1
56
2.2
2.3
57
Aquele que é perene, que sem nenhum esforço possui tudo
aquilo que é móvel e imóvel, é Consciência, naturalmente
calma, como o céu.
2.4
2.5
58
Eu Sou o Ser Supremo, porque Sou o Absoluto. Mais essencial
do que toda essência, dado que Sou livre do nascimento e da
morte; Sou calmo e inalterado.
2.6
2.7
59
bolhas em um rio. (Um sábio realizado, apesar de atuar no nível
da mente e saber que é da natureza da mente ter tais
modificações, não se identifica com elas e está sempre além
delas).
2.8
2.9
60
Assim como a frieza e a maciez não diferem da água, Prakṛti
(realidade manifesta, universo, natureza) não difere de Puruṣa
(Consciência) – assim estou certo.
2.10
2.11
61
2.12
2.13
62
2.14
2.15
Sūkśmatvāttadadṛśyatvānnirguṇatvācca yogibhiḥ /
Ālambanādi yatproktaṁ kramādālambanaṁ bhavet //15//
63
2.16
2.17
64
2.18
Aquilo que tem forma é visível aos olhos, enquanto que aquilo
que não tem forma é percebido pela mente. O Eu Real, estando
além de todos os padrões, também está além dessas formas de
percepção.
2.19
65
2.20
2.21
66
2.22
2.23
67
2.24
2.25
68
2.26
2.27
5
União com o Supremo.
69
2.28
2.29
70
2.30
2.31
6
Apesar de agir, não tem a consciência de que realiza algo exterior a
si. Simplesmente as suas ações fluem espontâneas, em consconância
com a Realidade Causal.
71
Nirāmayaṁ niṣpratimaṁ nirākṛtiṁ
nirāśrayaṁ nirvapuṣaṁ nirāśiṣam /
Nirdvandvanirmohamaluptaśaktikaṁ
tamīśamātmānamupaiti śāśvatam //31//
2.32
72
Ele atinge o Supremo, o eterno Eu Causal, que está além de toda
Escritura, iniciação, tonsura, professores, discípulos, perfeição
simbólica de imagens, gestos de mãos (mudrās) ou qualquer
coisa assim.
2.33
Na śāmbhavaṁ śāktikamānavaṁ na vā
piṇḍaṁ ca rūpaṁ ca padādikaṁ na vā /
Ārambhaniṣpattighaṭādikaṁ ca no
tamīśamātmānamupaiti śāśvatam //33//
7
As iniciações (dīkṣās) podem ocorrer de diversas formas, segundo as
Escrituras e as tradições yogīs. Nas formas aqui mencionadas,
destaca-se tais características: Na iniciação Ānavi, uma das
características principais é o guru murmurar um mantra secreto no
ouvido do discípulo. Já a iniciação Śāmbhavi acontece com o mero
encontro com o guru, ou seja, a mera presença física/energética do
mestre já é suficiente para mudar totalmente a vida do aspirante. Às
73
Nem a esfera, nem a imagem, nem os pés, nem nada mais; nem
início, nem final, nem jarro.
2.34
74
2.35
Nāsānirodho na ca dṛṣṭirāsanaṁ
bodho'pyabodho'pi na yatra bhāsate /
Nāḍīpracāro'pi na yatra kiñci-
ttamīśamātmānamupaiti śāśvatam //35//
2.36
75
Nānātvamekatvamubhatvamanyatā
aṇutvadīrghatvamahattvaśūnyatā /
Mānatvameyatvasamatvavarjitaṁ
tamīśamātmānamupaiti śāśvatam //36//
2.37
76
Ele atinge o Supremo, o eterno Self, quer tenha ou não atingido
autocontrole, quer tenha controlado bem ou não os seus
sentidos, quer esteja além da atividade ou não.
2.38
77
2.39
2.40
78
nūnaṁ kathaṁ tatra gurūpadeśatā /
Imāṁ kathāmuktavato gurosta-
dyuktasya tattvaṁ hi samaṁ prakāśate //40//
79
CAPITULO III
80
3
Atha tṛtīyo'dhyāyaḥ
3.1
81
3.2
82
3.3
Nirmūlamūlarahito hi sadodito'haṁ
nirdhūmadhūmarahito hi sadodito'ham /
Nirdīpadīparahito hi sadodito'haṁ
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //3//
3.4
83
niḥsaṅgasaṅgamiha nāma kathaṁ vadāmi /
Niḥsārasārarahitaṁ ca kathaṁ vadāmi
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //4//
3.5
84
o néctar do verdadeiro Conhecimento, existência inalterável,
como o céu.
3.6
Ele não é nem grosseiro, nem sutil. Não tem ida nem vinda. É
sem princípio, meio e final. Não é nem alto, nem baixo. Eu
estou verdadeiramente declarando a mais alta Realidade – Eu
Sou o néctar do verdadeiro Conhecimento, existência
inalterável, como o céu.
85
3.7
3.8
86
durlakśyalakśyagahano na bhavāmi tāta /
Āsannarūpagahano na bhavāmi tāta
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //8//
3.9
87
que está além do sofrimento. Eu Sou vazio de corpo. Eu Sou o
néctar do verdadeiro Conhecimento, existência inalterável,
como o céu.
3.10
Niṣpāpapāpadahano hi hutāśano'haṁ
nirdharmadharmadahano hi hutāśano'ham /
Nirbandhabandhadahano hi hutāśano'haṁ
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //10//
88
3.11
3.12
Nirmohamohapadavīti na me vikalpo
89
niḥśokaśokapadavīti na me vikalpaḥ /
Nirlobhalobhapadavīti na me vikalpo
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //12//
3.13
Saṁsārasantatilatā na ca me kadācit
santoṣasantatisukho na ca me kadācit /
Ajñānabandhanamidaṁ na ca me kadācit
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //13//
90
A trepadeira que cresce junto com o Saṁsāra nunca é Minha. A
alegria do contentamento prolongado não Me afeta. Essa
escravidão da ignorância nunca é Minha. Eu Sou o néctar do
verdadeiro Conhecimento, existência inalterável, como o céu.
3.14
Saṁsārasantatirajo na ca me vikāraḥ
santāpasantatitamo na ca me vikāraḥ /
Sattvaṁ svadharmajanakaṁ na ca me vikāro
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //14//
91
3.15
3.16
Niṣkampakampanidhanaṁ na vikalpakalpaṁ
92
svapnaprabodhanidhanaṁ na hitāhitaṁ hi /
Niḥsārasāranidhanaṁ na carācaraṁ hi
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //16//
3.17
No vedyavedakamidaṁ na ca hetutarkyaṁ
vācāmagocaramidaṁ na mano na buddhiḥ /
Evaṁ kathaṁ hi bhavataḥ kathayāmi tattvaṁ
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //17//
93
de todo conceito ou palavra. Não é nem mente, nem
inteligência. Como posso expressar essa verdade a ti? Eu Sou o
néctar do verdadeiro Conhecimento, existência homogênea,
como o céu.
3.18
Nirbhinnabhinnarahitaṁ paramārthatattva-
mantarbahirna hi kathaṁ paramārthatattvam /
Prāksambhavaṁ na ca rataṁ nahi vastu kiñcit
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //18//
94
3.19
3.20
95
kālatrayaṁ yadi ca neti kathaṁ diśaśca /
Śāntaṁ padaṁ hi paramaṁ paramārthatattvaṁ
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //20//
3.21
96
caracterizações como angular ou circular. Eu Sou o néctar do
verdadeiro Conhecimento, existência inalterável, como o céu.
3.22
3.23
97
Śuddhaṁ viśuddhamavicāramanantarūpaṁ
nirlepalepamavicāramanantarūpam /
Niṣkhaṇḍakhaṇḍamavicāramanantarūpaṁ
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //23//
3.24
98
Na Realidade Suprema, há apenas o imaculado Um. Como pode
haver aqui as hostes de deuses e deidades (como Brahma, etc.),
assim como a infinidades de mundos? Eu Sou o néctar do
verdadeiro Conhecimento, existência inalterável, como o céu.
3.25
Como posso Eu, o mais puro, falar “isso não” ou até mesmo a
negação do “isso não”? Como posso Eu, o mais puro, falar da
infinitude ou da não-ifinitude? Como posso Eu, o mais puro,
falar da ausência de atributos ou até mesmo da não-ausência de
atributos? Eu sou o néctar do verdadeiro Conhecimento,
existência inalterável, como o céu.
99
3.26
3.27
Māyāprapañcaracanā na ca me vikāraḥ /
100
kauṭilyadambharacanā na ca me vikāraḥ /
Satyānṛteti racanā na ca me vikāro
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //27//
3.28
Sandhyādikālarahitaṁ na ca me viyogo-
hyantaḥ prabodharahitaṁ badhiro na mūkaḥ /
Evaṁ vikalparahitaṁ na ca bhāvaśuddhaṁ
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //28//
101
ilusão. Eu não dependo da pureza de ninguém para ser o que
Sou. Eu Sou o néctar do verdadeiro Conhecimento, existência
inalterável, como o céu.
3.29
102
3.30
3.31
निर्जीवर्जीवरनितं सततं नवभानत
निर्बीर्जर्बीर्जरनितं सततं नवभानत ।
निवााणर्बन्धरनितं सततं नवभानत
ज्ञािामृतं समरसं गगिोपमोऽिम् ।। ३१।।
Nirjīvajīvarahitaṁ satataṁ vibhāti
103
nirbījabījarahitaṁ satataṁ vibhāti /
Nirvāṇabandharahitaṁ satataṁ vibhāti
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //31//
3.32
104
3.33
Ullekhamātramapi te na ca nāmarūpaṁ
nirbhinnabhinnamapi te na hi vastu kiñcit /
Nirlajjamānasa karoṣi kathaṁ viṣādaṁ
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //33//
Tu não tens nem nome, nem forma – nem mesmo num sentido
de alusão. Tu não tens substância – diferenciada ou
indiferenciada. Por que te afliges então, oh mente sem-
vergonha? Eu Sou o néctar do verdadeiro Conhecimento,
existência inalterável, como o céu.
3.34
105
Kiṁ nāma rodiṣi sakhe na jarā na mṛtyuḥ
kiṁ nāma rodiṣi sakhe na ca janma duḥkham /
Kiṁ nāma rodiṣi sakhe na ca te vikāro
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //34//
3.35
106
Por que choras, amigo? Tu não tens uma forma que te define.
Por que essas lágrimas, amigo? Tu não tens deformidades. Por
que tu choras, amigo? Tu não envelheces. Eu Sou o néctar do
verdadeiro Conhecimento, existência homogênea, como o céu.
3.36
Por que choras, amigo? Tu não tens idade. Por que tu choras,
amigo? Tu estás além da mente. Por que tu choras, amigo? Tu
estás além dos sentidos. Eu Sou o néctar do verdadeiro
Conhecimento, existência inalterável, como o céu.
107
3.37
3.38
108
aiśvaryamicchasi kathaṁ na ca te hi patnī /
Aiśvaryamicchasi kathaṁ na ca te mameti
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //38//
3.39
Liṅgaprapañcajanuṣī na ca te na me ca
nirlajjamānasamidaṁ ca vibhāti bhinnam /
Nirbhedabhedarahitaṁ na ca te na me ca
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //39//
109
Meu. Eu Sou o néctar do verdadeiro Conhecimento, existência
inalterável, como o céu.
3.40
No vāṇumātramapi te hi virāgarūpaṁ
no vāṇumātramapi te hi sarāgarūpam /
No vāṇumātramapi te hi sakāmarūpaṁ
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //40//
3.41
110
Dhyātā na te hi hṛdaye na ca te samādhi-
rdhyānaṁ na te hi hṛdaye na bahiḥ pradeśaḥ /
Dhyeyaṁ na ceti hṛdaye na hi vastu kālo
jñānāmṛtaṁ samarasaṁ gaganopamo'ham //41//
3.42
111
Eu te disse tudo aquilo que é essencial. Tu não és algo à parte,
diferenciado, para Mim. Não há professor, não há discípulo. A
Realidade Suprema é natural e existe a seu modo. Eu Sou o
néctar do verdadeiro Conhecimento, existência inalterável,
como o céu.
3.43
112
3.44
3.45
113
Na śūnyarūpaṁ na viśūnyarūpaṁ
na śuddharūpaṁ na viśuddharūpam /
Rūpaṁ virūpaṁ na bhavāmi kiñcit
svarūparūpaṁ paramārthatattvam //45//
3.46
114
CAPITULO IV
115
4
Atha caturtho'dhyāyaḥ //
4.1
116
4.2
Na kevalaṁ bandhavibandhamukto
na kevalaṁ śuddhaviśuddhamuktaḥ /
Na kevalaṁ yogaviyogamuktaḥ
sa vai vimukto gaganopamo'ham //2//
4.3
117
Sañjāyate sarvamidaṁ hi tathyaṁ
sañjāyate sarvamidaṁ vitathyam /
Evaṁ vikalpo mama naiva jātaḥ
svarūpanirvāṇamanāmayo'ham //3//
4.4
118
4.5
4.6
Na dharmayukto na ca pāpayukto
119
na bandhayukto na ca mokśayuktaḥ /
Yuktaṁ tvayuktaṁ na ca me vibhāti
svarūpanirvāṇamanāmayo'ham //6//
O Self não parece para Mim nem virtuoso, nem pecador, nem
escravo, nem liberto, nem unido, nem separado. Eu Sou livre de
todos os males, porque a Minha forma está além deles.
4.7
Parāparaṁ vā na ca me kadācit
madhyasthabhāvo hi na cārimitram /
Hitāhitaṁ cāpi kathaṁ vadāmi
svarūpanirvāṇamanāmayo'ham //7//
120
4.8
Nopāsako naivamupāsyarūpaṁ
na copadeśo na ca me kriyā ca /
Saṁvitsvarūpaṁ ca kathaṁ vadāmi
svarūpanirvāṇamanāmayo'ham //8//
4.9
121
No vyāpakaṁ vyāpyamihāsti kiñcit
na cālayaṁ vāpi nirālayaṁ vā /
Aśūnyaśūnyaṁ ca kathaṁ vadāmi
svarūpanirvāṇamanāmayo'ham //9//
4.10
122
4.11
4.12
123
buddirmano me na hi cendriyāṇi /
Rāgo virāgaśca kathaṁ vadāmi
svarūpanirvāṇamanāmayo'ham //12//
4.13
Ullekhamātraṁ na hi bhinnamuccai-
rullekhamātraṁ na tirohitaṁ vai /
Samāsamaṁ mitra kathaṁ vadāmi
svarūpanirvāṇamanāmayo'ham //13//
124
de todos os males, porque a Minha natureza está além de todos
eles.
4.14
Jitendriyo'haṁ tvajitendriyo vā
na saṁyamo me niyamo na jātaḥ /
Jayājayau mitra kathaṁ vadāmi
svarūpanirvāṇamanāmayo'ham //14//
4.15
125
Amūrtamūrtirna ca me kadāci-
dādyantamadhyaṁ na ca me kadācit /
Balābalaṁ mitra kathaṁ vadāmi
svarūpanirvāṇamanāmayo'ham //15//
4.16
126
Nunca tive morte, nem ao menos imortalidade. Nunca fui
envenenado e nem ao menos pude não o ser. Como posso falar
do puro e do impuro? Eu Sou livre de todos os males, porque a
Minha natureza está além deles.
4.17
127
4.18
4.19
128
saṁviddhi māṁ lakśyavilakśyamuktam /
Yogaṁ viyogaṁ ca kathaṁ vadāmi
svarūpanirvāṇamanāmayo'ham //19//
4.20
129
4.21
4.22
130
Astaṁ gato naiva sadodito'haṁ
tejovitejo na ca me kadācit /
Sandhyādikaṁ karma kathaṁ vadāmi
svarūpanirvāṇamanāmayo'ham //22//
4.23
131
Eu Sou livre de todos os males, porque a Minha natureza está
além deles.
4.24
4.25
132
Vindati vindati na hi na hi yatra
chandolakśaṇaṁ na hi na hi tatra /
Samarasamagno bhāvitapūtaḥ
pralapati tattvaṁ paramavadhūtaḥ //25//
133
CAPITULO V
134
5
Atha pañcamodhyāyaḥ //
5.1
135
5.2
Iti tattvamasiprabhṛtiśrutibhiḥ
pratipāditamātmani tattvamasi /
Tvamupādhivivarjitasarvasamaṁ
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //2//
5.3
Adhaūrdhvavivarjitasarvasamaṁ
136
bahirantaravarjitasarvasamam /
Yadi caikavivarjitasarvasamaṁ
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //3//
5.4
Na hi kalpitakalpavicāra iti
na hi kāraṇakāryavicāra iti /
padasandhivivarjitasarvasamaṁ
Kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //4//
137
de todas as palavras. Por que tu, que és a Identidade em tudo, te
afliges em teu coração?
5.5
Na hi bodhavibodhasamādhiriti
na hi deśavideśasamādhiriti /
Na hi kālavikālasamādhiriti
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //5//
5.6
138
Na hi kumbhanabho na hi kumbha iti
na hi jīvavapurna hi jīva iti /
Na hi kāraṇakāryavibhāga iti
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //6//
5.7
Iha sarvanirantaramokśapadaṁ
laghudīrghavicāravihīna iti /
Na hi vartulakoṇavibhāga iti
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //7//
139
Há apenas o estado de liberdade que é totalmente não-
diferenciado, que é vazio de destinções como curto ou longo,
arredondado ou angular. Por que tu, que és a Identidade em
tudo, te afliges em teu coração?
5.8
140
5.9
Na hi bhinnavibhinnavicāra iti
bahirantarasandhivicāra iti /
Arimitravivarjitasarvasamaṁ
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //9//
5.10
Na hi śiṣyaviśiṣyasvarūpaiti
141
na carācarabhedavicāra iti /
Iha sarvanirantaramokśapadaṁ
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //10//
5.11
142
desprovido de manifestação e evolução. Por que tu, que és a
Identidade em tudo, te afliges em teu coração?
5.12
Na guṇāguṇapāśanibandha iti
mṛtajīvanakarma karomi katham /
Iti śuddhanirañjanasarvasamaṁ
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //12//
143
5.13
5.14
Iha tattvanirantaratattvamiti
144
na hi sandhivisandhivihīna iti /
Yadi sarvavivarjitasarvasamaṁ
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //14//
5.15
Aniketakuṭī parivārasamaṁ
ihasaṅgavisaṅgavihīnaparam /
Iha bodhavibodhavihīnaparaṁ
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //15//
145
ignorância. Por que tu, que és a Identidade em tudo, te afliges
em teu coração?
5.16
Avikāravikāramasatyamiti
avilakśavilakśamasatyamiti /
Yadi kevalamātmani satyamiti
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //16//
5.17
146
Iha sarvasamaṁ khalu jīva iti
iha sarvanirantarajīva iti /
Iha kevalaniścalajīva iti
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //17//
5.18
Avivekavivekamabodha iti
avikalpavikalpamabodha iti /
Yadi caikanirantarabodha iti
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //18//
147
É pura ignorância ficar vendo diferenciação Naquilo que é
indiferenciado. Colocar dúvida Naquilo que está além da dúvida
é ignorância. Se há apenas uma Consciência indivisa, por que tu,
que és a Identidade em tudo, te afliges em teu coração?
5.19
Na hi mokśapadaṁ na hi bandhapadaṁ
na hi puṇyapadaṁ na hi pāpapadam /
Na hi pūrṇapadaṁ na hi riktapadaṁ
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //19//
148
5.20
Yadi varṇavivarṇavihīnasamaṁ
yadi kāraṇakāryavihīnasamam /
Yadibhedavibhedavihīnasamaṁ
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //20//
5.21
Iha sarvanirantarasarvacite
149
iha kevalaniścalasarvacite /
Dvipadādivivarjitasarvacite
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //21//
5.22
Atisarvanirantarasarvagataṁ
atinirmalaniścalasarvagatam /
Dinarātrivivarjitasarvagataṁ
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //22//
150
dia e noite, e está em tudo. Por que tu, que és a Identidade em
tudo, te afliges em teu coração?
5.23
Na hi bandhavibandhasamāgamanaṁ
na hi yogaviyogasamāgamanam /
Na hi tarkavitarkasamāgamanaṁ
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //23//
151
5.24
Iha kālavikālanirākaraṇaṁ
aṇumātrakṛśānunirākaraṇam /
Na hi kevalasatyanirākaraṇaṁ
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //24//
5.25
152
nanu svapnasuṣuptivihīnaparam /
Abhidhānavidhānavihīnaparaṁ
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //25//
5.26
Gaganopamaśuddhaviśālasamaṁ
atisarvavivarjitasarvasamam /
Gatasāravisāravikārasamaṁ
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //26//
153
5.27
Iha dharmavidharmavirāgatara-
miha vastuvivastuvirāgataram /
Iha kāmavikāmavirāgataraṁ
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //27//
5.28
Sukhaduḥkhavivarjitasarvasama-
154
miha śokaviśokavihīnaparam /
Guruśiṣyavivarjitatattvaparaṁ
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //28//
5.29
Na kilāṅkurasāravisāra iti
na calācalasāmyavisāmyamiti /
Avicāravicāravihīnamiti
kimu rodisi maansi srvsmm || 29||
155
variedade. O Eu Real é vazio de razão e não-razão. Por que tu,
que és a Identidade em tudo, te afliges em teu coração?
5.30
Iha sārasamuccayasāramiti /
kathitaṁ nijabhāvavibheda iti /
Viṣaye karaṇatvamasatyamiti
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //30//
5.31
156
Bahudhā śrutayaḥ pravadanti yato
viyadādiridaṁ mṛgatoyasamam /
Yadi caikanirantarasarvasamaṁ
kimu rodiṣi mānasi sarvasamam //31//
5.32
157
Aquele que paira além das definições lógicas, submerso na
experiência da Unidade, é supremamente livre – puro de
pensamentos, absorto na Consciência do Ser Supremo e
murmura a Verdade.
158
CAPITULO VI
159
6
Atha ṣaṣṭhamo'dhyāyaḥ //
6.1
160
6.2
Avibhaktivibhaktivihīnaparaṁ
nanu kāryavikāryavihīnaparam /
Yadi caikanirantarasarvaśivaṁ
yajanaṁ ca kathaṁ tapanaṁ ca katham //2//
6.3
161
Mana eva nirantarasarvagataṁ
hyaviśālaviśālavihīnaparam /
Mana eva nirantarasarvaśivaṁ
manasāpi kathaṁ vacasā ca katham //3//
6.4
Dinarātrivibhedanirākaraṇa-
muditānuditasya nirākaraṇam /
Yadi caikanirantarasarvaśivaṁ
ravicandramasau jvalanaśca katham //4//
162
6.5
Gatakāmavikāmavibheda iti
gataceṣṭaviceṣṭavibheda iti /
Yadi caikanirantarasarvaśivaṁ
bahirantarabhinnamatiśca katham //5//
6.6
163
Yadi sāravisāravihīna iti
yadi śūnyaviśūnyavihīna iti /
Yadi caikanirantarasarvaśivaṁ
prathamaṁ ca kathaṁ caramaṁ ca katham //6//
6.7
Yadibhedavibhedanirākaraṇaṁ
yadi vedakavedyanirākaraṇam /
Yadi caikanirantarasarvaśivaṁ
tṛtīyaṁ ca kathaṁ turīyaṁ ca katham //7//
164
Absoluto, indivisível e oniabarcante, como pode haver um
terceiro ou, ainda, um quarto?
6.8
Gaditāviditaṁ na hi satyamiti
viditāviditaṁ nahi satyamiti /
Yadi caikanirantarasarvaśivaṁ
viṣayendriyabuddhimanāṁsi katham //8//
Aquilo que é falado, e até mesmo aquilo que não é falado, não
são a Verdade. O conhecido, e até mesmo o desconhecido, não
são a Verdade. Se existe apenas Um Absoluto, indivisível,
oniabarcante, como pode haver objetos, sentidos, mente e
intelecto?
165
6.9
6.10
Yadi kalpitalokanirākaraṇaṁ
yadi kalpitadevanirākaraṇam /
166
Yadi caikanirantarasarvaśivaṁ
guṇadoṣavicāramatiśca katham //10//
6.11
Maraṇāmaraṇaṁ hi nirākaraṇaṁ
karaṇākaraṇaṁ hi nirākaraṇam /
Yadi caikanirantarasarvaśivaṁ
yadi caikanirantarasarvaśivaṁ
167
6.12
6.13
Tṛtīyaṁ na hi duḥkhasamāgamanaṁ
na guṇāddvitīyasya samāgamanam /
168
Yadi caikanirantarasarvaśivaṁ
yadi caikanirantarasarvaśivaṁ
6.14
Nanu āśramavarṇavihīnaparaṁ
nanu kāraṇakartṛvihīnaparam /
Yadi caikanirantarasarvaśiva-
mavinaṣṭavinaṣṭamatiśca katham //14//
169
6.15
Grasitāgrasitaṁ ca vitathyamiti
janitājanitaṁ ca vitathyamiti /
Yadi caikanirantarasarvaśiva-
mavināśi vināśi kathaṁ hi bhavet //15//
6.16
170
Puruṣāpuruṣasya vinaṣṭamiti
vanitāvanitasya vinaṣṭamiti /
Yadi caikanirantarasarvaśiva-
mavinodavinodamatiśca katham //16//
6.17
Yadi mohaviṣādavihīnaparo
yadi saṁśayaśokavihīnaparaḥ /
Yadi caikanirantarasarvaśiva-
mahameti mameti kathaṁ ca punaḥ //17//
171
Se a Realidade Absoluta é livre de ilusão e sofrimento, da
dúvida e da aflição, se existe apenas Um Absoluto, indivisível,
oniabarcante, como pode haver o ‘eu’ e o ‘meu’?
6.18
6.19
172
Na hi yājñikayajñavibhāga iti
na hutāśanavastuvibhāga iti /
Yadi caikanirantarasarvaśivaṁ
vada karmaphalāni bhavanti katham //19//
6.20
173
nanu rāgavirāgamatiśca katham //20//
6.21
Na hi mohavimohavikāra iti
na hi lobhavilobhavikāra iti /
Yadi caikanirantarasarvaśivaṁ
hyavivekavivekamatiśca katham //21//
174
6.22
6.23
Guruśiṣyavicāraviśīrṇa iti
175
upadeśavicāraviśīrṇa iti /
Ahameva śivaḥ paramārtha iti
abhivādanamatra karomi katham //23//
6.24
Na hi kalpitadehavibhāga iti
na hi kalpitalokavibhāga iti /
Ahameva śivaḥ paramārtha iti
abhivādanamatra karomi katham //24//
176
6.25
6.26
Na hi dehavidehavikalpa iti
177
anṛtaṁ caritaṁ na hi satyamiti /
Ahameva śivaḥ paramārtha iti
abhivādanamatra karomi katham //26//
6.27
178
Iti ṣaṣṭhamo'dhyāyaḥ //6//
Isto encerra o capítulo 6.
179
CAPITULO VII
180
7
Atha saptamo'dhyāyaḥ //
7.1
Rathyākarpaṭaviracitakanthaḥ
puṇyāpuṇyavivarjitapanthaḥ /
Śūnyāgāre tiṣṭhati nagno
śuddhanirañjanasamarasamagnaḥ //1//
181
7.2
Lakśyālakśyavivarjitalakśyo
yuktāyuktavivarjitadakśaḥ /
Kevalatattvanirañjanapūto
vādavivādaḥ kathamavadhūtaḥ //2//
O iluminado mira para aquilo que está além de todo rótulo e até
mesmo da ausência de rótulos. Ele é hábil, e paira além do certo
e do errado. Ele é a verdade absoluta, imaculado e puro. Como
pode um liberto participar de discussão ou disputa?
7.3
182
Āśāpāśavibandhanamuktāḥ
śaucācāravivarjitayuktāḥ /
Evaṁ sarvavivarjitaśānta-
tattvaṁ śuddhanirañjanavantaḥ //3//
7.4
Kathamiha dehavidehavicāraḥ
kathamiha rāgavirāgavicāraḥ /
Nirmalaniścalagaganākāraṁ
svayamiha tattvaṁ sahajākāram //4//
183
verdade em sua forma naturalmente espontânea – que é pura e
imutável como o céu.
7.5
7.6
184
Gaganākāranirantarahaṁsa-
stattvaviśuddhanirañjanahaṁsaḥ /
Evaṁ kathamiha bhinnavibhinnaṁ
bandhavibandhavikāravibhinnam //6//
7.7
Kevalatattvanirantarasarvaṁ
yogaviyogau kathamiha garvam /
Evaṁ paramanirantarasarva-
mevaṁ kathamiha sāravisāram //7//
185
Aqui há apenas a Verdade Absoluta indivisível e o Todo. Como
pode haver aqui união, desunião ou vaidade? Se aqui há
somente o Supremo – Indivisível e Totalidade -, como pode
haver aqui qualquer substância ou ausência de substância?
7.8
Kevalatattvanirañjanasarva
gaganākāranirantaraśuddham /
Evaṁ kathamiha saṅgavisaṅgaṁ
satyaṁ kathamiha raṅgaviraṅgam //8//
186
7.9
7.10
187
dvaitādvaitaiḥ kathamiha muktaḥ /
Sahajo virajaḥ kathamiha yogī
śuddhanirañjanasamarasabhogī //10//
7.11
Bhagnābhagnavivarjitabhagno
lagnālagnavivarjitalagnaḥ /
Evaṁ kathamiha sāravisāraḥ
samarasatattvaṁ gaganākāraḥ //11//
188
desfavorável. Assim, como pode haver aqui substância ou
ausência de substância? A Verdade que é imutável é da forma
do céu.
7.12
Satataṁ sarvavivarjitayuktaḥ
sarvaṁ tattvavivarjitamuktaḥ /
Evaṁ kathamiha jīvitamaraṇaṁ
dhyānādhyānaiḥ kathamiha karaṇam //12//
189
7.13
7.14
7.15
190
Vindati vindati na hi na hi yatra
chandolakśaṇaṁ na hi na hi tatra /
Samarasamagno bhāvitapūtaḥ
pralapati tattvaṁ paramavadhūtaḥ //15//
191
CAPITULO VIII
192
8
Atha aṣṭamo'dhyāyaḥ //
8.1
193
tentei cantar sobre Ti em meus cânticos de louvor. Perdoa-me
sempre estes três pecados.
8.2
8.3
194
O sábio é vigilante e resoluto – cultiva uma mente profunda e
conquistou as cinco dependências; não é orgulhoso, mas dá
honras aos outros; Ele é forte e amigo de todos aqueles que são
compassivos e sábios.
8.4
Kṛpālurakṛtadrohastitikśuḥ sarvadehinām /
Satyasāro'navadyātmā samaḥ sarvopakārakaḥ //4//
8.5
195
Um Avadhūta é reconhecido pelos abençoados, por aqueles que
sabem a importância por trás das letras dos Vedas e por aqueles
que ensinam Vedanta [e as doutrinas da não-dualidade].
8.6
Āśāpāśavinirmukta ādimadhyāntanirmalaḥ /
Āśāpāśavinirmukta ādimadhyāntanirmalaḥ /
8.7
196
A sílaba “VA” é um indicativo daquele que renunciou a todos os
desejos, cujo discurso é saudável e que habita sempre o
momento presente.
8.8
8.9
197
A sílaba “TA” é indicativa daquele que mantém estável em sua
mente o pensamento da Verdade, destituído de todos os ruídos
mentais e esforços, e que está livre da ignorância do egoísmo.
8.10
Dattātreyāvadhūtena nirmitānandarūpiṇā /
Ye paṭhanti ca śṛṇvanti teṣāṁ naiva punarbhavaḥ //10//
198
Iti avadhūtagītā samāptā //
199
SOBRE O TRADUTOR
200