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Pelo Blog:

MISTICISMO NATURAL
http://misticismonaturalmn.blogspot.com/

KAIVALYA UPANISHAD
TRADUZIDO PARA O INGLÊS POR RORY
MACKAY
FONTE DO UPANISHAD
KAIVALYA UPANISHAD
ENGLISH TRANSLATION BY RORY MACKAY:
https://www.unbrokenself.com/kaivalya-upanishad/

INTRODUÇÃO
O Kaivalya Upanishad é uma escritura breve, porém sublime, com
pouco mais de vinte e quatro versos. Classificado como um
"Upanishad menor", ele está anexado ao Artharva Veda e ao Yajur
Veda.
A palavra Kaivalya pode ser traduzida como desapego e libertação
das tristezas e da escravidão mundanas; ou seja, a libertação
espiritual ou Moksha. Isso só pode ser alcançado pela plena
realização da nossa verdadeira natureza como Brahman, o Eu
(Ser). A Eterna Existência - Consciência - Bem-aventurança.
Esta é a mensagem central deste Upanishad, que assume a forma
de um diálogo entre o antigo sábio Ashvalayana e Brahma, o Deus
Criador. No verso inicial, Ashvalayana pede a Brahma que
compartilhe com ele o segredo de Brahma-Vidya, ou o
Autoconhecimento, o mais antigo e acalentado Conhecimento pelo
qual uma alma pode atingir a libertação.
Embora o mestre principal seja Brahma, o Kaivalya Upanishad é
considerado um Shaiva Upanishad. O termo Shiva, usado do
começo ao fim, não se refere apenas a Shiva, a divindade - parte
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do Trimurti, ou trindade divina (que também inclui Brahma e
Vishnu) - mas também é sinónimo do Eu. A palavra Shiva significa
literalmente "Aquilo que é auspicioso em todos os momentos e em
todos os lugares" e é derivada das raízes '"Shi", que significa
"Aquilo no qual todas as coisas estão impregnadas", e 'va' , que
significa "A personificação da graça divina."
Os versos seis e sete são particularmente interessantes. Brahma
primeiro aconselha-nos a meditar sobre o Eu como o substrato
sem forma que a tudo permeia; Aquilo que, segundo ele próprio
admite, "É inalcançável pelo pensamento."
Aquilo refere-se a Nirguna Brahman; o Eu sem qualquer forma ou
atributo; a raiz eterna e imanifestada, e a essência de todas as
coisas.
A contemplação do Eu como o Eterno sem forma e que a tudo
permeia, obviamente requer um intelecto extremamente subtil e
sattvico. Talvez seja por isso que o versículo a seguir sugere-nos
meditar sobre o Eu na forma do Senhor Shiva.
A maioria das pessoas acha mais fácil meditar sobre o Eu na
forma de um símbolo; assim, a adoração de Saguna Brahman (o
Eu com forma) geralmente precede a adoração de Nirguna
Brahman (o Eu sem forma, Imanifesto).
As divindades Purânicas da Índia são representadas com uma
grande quantidade de simbolismo. Por exemplo, os três olhos e o
pescoço azul de Shiva representam o Eu como a Testemunha
Eterna, cuja visão divina remove o "veneno" da tristeza mundana.
Talvez ansioso para evitar o sectarismo, uma das tendências mais
baixas da mente humana, os próximos versos deixam claro que
este Eu divino não é apenas Shiva, mas também Vishnu, Indra e
todos os deuses e todas as formas e elementos da existência.
Na verdade, "Ao reconhecer-se o próprio Eu em todos os seres e
todos os seres no Eu, atinge-se a Mais Elevada Libertação e não
por qualquer outro meio."
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O restante do Upanishad fornece-nos uma reflexão mais
aprofundada sobre a natureza do Eu, a natureza do Jiva
(indivíduo) e, lembrando-nos do magnificente, Mandukya
Upanishad, uma breve análise dos três estados de consciência,
aqui chamados "As três cidades", experimentados por todos os
seres: a condição do estado de vigília, do estado de sonho e do
estado de sono profundo. Todos os três estados são permeados
pelo Eu; a Consciência Pura - Aquilo no qual todas as formas e
experiências surgem e eventualmente se dissolvem.
Após o texto principal estão dois versos adicionais, considerados
por alguns como um adendo menor ao Upanishad. Esses
versículos sugerem-nos estudar e recitar uma passagem
específica do Yajur Veda, chamada Sata Rudriya. Pode parecer
uma interjeição estranha, mas a mensagem parece ser: que viver a
vida de acordo com as escrituras e reflexão cuidadosa sobre o
conhecimento antigo levará com o devido tempo à libertação.
Minha gratidão e agradecimento a Swami Chinmayananda, cuja
tradução e comentários ajudaram muito neste trabalho.
SHANTI PATHA
(Oração pela Paz)
Ó Senhor, que possamos ouvir com os nossos ouvidos aquilo que
é sempre auspicioso, que possamos ver com os nossos olhos
aquilo que é sempre auspicioso. Que possamos viver a nossa
expetativa de vida com saúde e vigor, oferecendo os nossos
louvores a Ti. Possa Indra, o antigo e famoso; Pushan, o Sol
omnisciente; Vayu, o Senhor do Ar; e Brihaspati, o guardião da
nossa riqueza espiritual, salvar-nos do mal e abençoar-nos (com
uma mente capaz de compreender os ensinamentos e um coração
ousado o suficiente para vivê-los).
Om Shanti, Shanti, Shanti (Om Paz, Paz, Paz)!

PARTE
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Assim, aconteceu que Ashvalayana aproximou-se do Senhor
Brahma e disse:
1. Ó Bhagavan, ensine-me Brahma Vidya; o mais Elevado
Conhecimento da Realidade. Eu busco a sagrada sabedoria
nutrida pelos puros de mente e coração; o maior dos segredos; a
Verdade pela qual o sábio, libertando todo o Karma, atinge o Eu.
Para ele, o Grande Pai da Criação disse:
2. Você saberá disso por meio da fé, da devoção e da
contemplação.
3. A Imortalidade não pode ser obtida pelo trabalho, nem pela
progénie, nem pela riqueza, mas pela renúncia ao apego dos
objetos mundanos. Mais elevado do que o céu e assente
na caverna mais íntima do coração, brilha; atingível apenas por
buscadores qualificados.
4. Aqueles que, claramente determinam a importância do Vedanta,
o Conhecimento Mais Elevado dos Upanishads, que têm mentes
puras e um espírito de renúncia; esses, no final, obtêm a
libertação.
5. Num lugar limpo e sem perturbações, sentado numa postura
confortável, com o pescoço, a cabeça e o corpo mantidos firmes e
retos, com uma atitude mental de renúncia e controle dos sentidos,
saudando mentalmente o próprio mestre com reverência, medite
dentro do lótus do coração em Brahman, o Eu Eterno; Aquilo que é
imaculado, puro, sempre luminoso e sempre intocado pela dor.
6. Esse Eu é inalcançável pelo pensamento; Imanifesto; o Um de
formas infinitas; o sempre auspicioso, pacífico e imortal. A origem
do próprio Criador. O Um sem começo, meio ou fim; o Um que
tudo permeia. A Sua natureza é Puro Conhecimento e Bem-
aventurança. Ele é Sem forma e o mais maravilhoso.
7. Meditando sobre o Senhor Parameshvara (Shiva) -
acompanhado pela Mãe Uma (Shakti), o Senhor Supremo, o Todo-
poderoso; que tem três olhos, o pescoço azul e permanece sempre
tranquilo -, o buscador qualificado alcança-O. Aquele que é a
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Fonte de todo o mundo manifesto; a Testemunha de tudo e que
está além de toda a escuridão e de toda a ignorância.
8. Ele é Brahma, Ele é Shiva e Ele é Indra. Ele é o Imutável,
Supremo e Autoluminoso. Somente Ele é Vishnu. Ele é o Prana, a
força vital, o Tempo e o Fogo, o Sol e a Lua.
9. Somente Ele é Tudo aquilo que foi, Tudo aquilo que é e Tudo
aquilo que será - o Eterno. Conhecendo-o, a pessoa transcende a
própria morte. Não há outra maneira de alcançar a libertação
completa.
10. Ao reconhecer o nosso próprio Eu em todos os seres e todos
os seres no Eu, atinge-se a Mais Elevada Libertação e não por
qualquer outro meio.
11. Retirando a nossa atenção do ego e fazendo de Om (Brahman,
o Eu) o nosso único foco, através da aplicação continua do
Autoconhecimento, o sábio queima todos os cordões da
escravidão mundana.
12. A Consciência iludida pelo feitiço de Maya, identifica-se com o
corpo e com o senso de autoria e, aparentemente, torna-se um
Jiva (uma alma individual). No estado de vigília, esse Jiva busca a
gratificação somente através dos objetos mundanos de prazer,
como o sexo, a comida e o álcool.
13. No estado de sonho, o Jiva experimenta um mundo imaginário
de prazer e dor criado por sua própria Maya. No sono profundo,
quando a mente e os sentidos são dominados por Tamas, eles
fundem-se no estado causal e o Jiva experimenta a bem-
aventurança da sua própria natureza.
14. Devido ao Karma não resolvido desta e de outras vidas, esse
mesmo Jiva é então puxado do sono profundo de volta para os
estados de sonho e de vigília. Sempre viajando entre essas 'Três
cidades', das quais surgem todos os mundos de experiências
diversificadas, o Jiva não é nada mais do que o próprio Eu oculto
sob o véu de ignorância. Sendo o substrato de tudo, essa
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Consciência Infinita, a fonte de toda a Bem-aventurança, é Aquilo
de onde essas 'Três cidades' surgem e se dissolvem.
15. Dele (o Eu) nasce o Prana (o ar vital ou força vital); a mente e
todos os órgãos; o espaço, o ar, o fogo, a água e a terra que
sustenta tudo.
16. Aquilo que é o Supremo Brahman, o Eu em tudo, o Grande
Sustentador do Universo; Eterno; mais subtil do que o mais subtil e
maior do que o maior - Só Isso Tu És! Só Isso Tu És!
17. Realizando com a totalidade do seu ser que "Aquilo que
ilumina o mundo inteiro das experiências relativas nos estados de
vigília, sonho e sono profundo - Esse Ser sou Eu" - a pessoa
atinge a libertação e a liberdade de toda a escravidão.
18. Nos três estados, tudo aquilo que constitui o desfrutável, o
desfrutador e o desfrute, é facilmente distinguível de Mim; a
Testemunha, a Consciência Pura que é o Eu ou Shiva, o sempre
auspicioso.
19. Somente em Mim todas as coisas nascem. Somente em Mim
todas as coisas existem e somente em Mim todas as coisas se
dissolverão. Eu sou Aquele, o não-dual Brahman, o Eu Eterno
presente em tudo.
20. Menor do que o menor átomo, porém maior que a maior
galáxia, Eu permeio todos os universos. Eu sou O antigo; a
Consciência Eterna; o Supremo Governante de tudo, Sou por
natureza Autorrefulgente e sempre auspicioso.
21. Embora sem mãos e pernas, Eu tenho um poder
incompreensível. Eu vejo sem olhos e ouço sem ouvidos.
Desprovido de toda forma, Eu sou o Conhecedor de tudo, mas
ninguém Me conhece. A Minha natureza é Conhecimento Puro.
22. Somente Eu sou Aquilo que é ensinado nos diferentes Vedas;
Eu sou o revelador do Vedanta; Eu sou o verdadeiro Conhecedor
do Conhecimento sagrado. Para Mim, não existe Karma bom ou
mau. Eu sou imune à destruição. Eu não tenho nascimento nem
corpo, nem órgãos dos sentidos, nem mente ou intelecto.
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23-24. Para Mim, não há terra, nem água, nem fogo, nem ar ou
espaço. Assim, realizando a natureza do Eu Supremo, que habita
nos corações de todos os seres, indiviso e não-dual; a
Testemunha de tudo, além da existência e da não existência, a
pessoa atinge a própria natureza do Eu.
EPÍLOGO
1. Aqueles que estudam e recitam o Sata Rudriya (As escrituras)
tornam-se purificados de todas as más ações,. O puro de mente e
coração encontra refúgio n'Aquele que sempre habita como
Verdade-Consciência: Shiva, o Eu Supremo. Aqueles que
permanecem como o Altíssimo devem sempre repetir isto pelo
menos uma vez por dia.
2. Então, a pessoa obtém o Conhecimento que destrói o Samsara
(A tristeza mundana). Desta forma, os frutos da libertação são
desfrutados por aquele que atinge Kaivalyam (A liberdade).
Aqui termina o Kaivalya Upanishad pertencente ao Atharva Veda.
Om Tat Sat

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