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Ligações Mistas com Chapa de Extremidade com Diferentes Graus de

Resistência e Rigidez

Composite Connections with End Plate with Different Degrees of


Strength and Stiffness
1 2
Gilson Queiroz ; Andressa A. Paiva
1
Professor do Departamento de Engenharia de Estruturas da Universidade Federal de Minas Gerais;
gilson@dees.ufmg.br
2
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Estruturas da Universidade Federal de Minas Gerais;
andressa.paiva@gmail.com

Resumo
Quando uma ligação metálica trabalha em conjunto com a armadura longitudinal presente nas lajes de concreto, a
resistência e a rigidez aumentam e, consequentemente, o custo das ligações se reduz. Este artigo discute a região
metálica da ligação mista, com ênfase em ligações mistas com chapa de extremidade. O objetivo é definir e analisar
as principais propriedades dessas ligações, através da análise teórica e numérica. A análise numérica será realizada
via elementos finitos, com a utilização do programa comercial Ansys e os resultados obtidos serão comparados com
valores disponíveis, utilizando como referência a NBR8800:2008. Após a validação do modelo proposto serão
realizadas análises paramétricas, relacionando os três componentes principais da ligação mista com chapa de
extremidade: a laje de concreto, os conectores de cisalhamento e a ligação metálica. A análise tem por objetivo
discutir acerca das três respostas relevantes desse tipo de ligação: resistência, rigidez e capacidade de rotação.
Palavras-chave: Ligações Mistas. Ligações com Chapas de Extremidade. Propriedades Principais das Ligações
Mistas.

Abstract
When a connecting metallic works with the longitudinal reinforcement present in concrete slabs, strength and
stiffness increase and, consequently, the cost of connections is reduced. This article discusses the mixed metal region,
with emphasis on composite connections with end-plate. The article aims to define and analyze the main properties of
these connections, through theoretical and numerical analysis. The numerical analysis will be performed via finite
elements, using the commercial program Ansys and the results will be compared with values available, using as
reference the NBR8800:2008. After validation of the proposed model parametric analyzes will be performed, relating
the three main components of mixed connection with end-plate: the concrete slab, the shear connectors and metallic
bonding. This analysis aims to discuss about the three relevant answers of this type of connection: strength, stiffness
and rotation capacity.
Key words: Composite Connections. Connections with End Plates. Main Properties of Composite Connections.

- Ligações Rígidas – o ângulo original entre os eixos


da viga suportada e do elemento suporte permanece
1 Introdução praticamente inalterado, até que a ligação atinja seu
Segundo a NBR8800:2008, ligações mistas são aquelas momento resistente de cálculo;
nas quais a laje de concreto participa da transmissão de - Ligações semi-rígidas – existe uma
momento fletor de uma viga mista para um pilar ou para interdependência entre o momento na ligação (M) e a
outra viga mista no vão adjacente. Essas ligações têm três variação (rotação relativa - ΔѲ) do ângulo original entre
componentes principais: laje de concreto, conectores de os eixos da viga suportada e do elemento suporte;
cisalhamento e a ligação metálica. - Ligações totalmente resistentes – o momento
Com esse tipo de ligação pode-se reduzir o peso das resistente de cálculo da ligação é igual ou superior ao da
vigas com um pequeno aumento de custo das ligações em viga suportada.
si, devido à maior quantidade de materiais nelas utilizados. - Ligações parcialmente resistentes – o momento
As ligações mistas podem ser classificadas, segundo a resistente de cálculo da ligação é inferior ao da viga
rigidez ou ligações rígidas e semi-rígidas, e, também em suportada.
função da resistência, em ligações totalmente resistentes e
parcialmente resistentes. Queiroz e Vilela (2012) definem Essas características podem ser visualizadas na figura 1
essas características: a seguir. A numeração indicada corresponde a:
1 – ligação rígida, totalmente resistente;
2 – ligação rígida, parcialmente resistente;

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Mostra PROPEEs UFMG, 29 e 30 de Abril de 2013
Ligações Mistas com Chapas de Extremidade com Diferentes Graus de Resistência e Rigidez

3 – ligação semi-rígida, totalmente resistente;


4 – ligação semi-rígida, parcialmente resistente;
5 – ligação flexível (não abordada nesse estudo).

(a)

Figura1: Rigidez e resistência de ligações (Queiroz, G.;


Vilela, P. M. L. – 2012).
Uma característica importante a ser observada é a
capacidade de rotação da ligação que tem influência direta
na resistência última da viga mista. Os componentes
principais citados anteriormente afetam a capacidade de
rotação.
Alguns tipos de ligações mistas são encontrados com
mais frequência na literatura, dentre elas, as ligações rígidas
e semi-rígidas com chapa de extremidade (figura 2) e as (b)
ligações semi-rígidas com cantoneira inferior (figura 3).

(c)
Figura3: Ligação com cantoneira inferior (Mata 2005)
Figura2: Ligação com chapa de extremidade viga-alma de
pilar As ligações mistas possuem algumas particularidades
construtivas, como a necessidade das vigas opostas
possuírem a mesma altura de perfil para possibilitar a
transmissão do momento fletor de maneira adequada. Alem
disso, se a ligação é do tipo viga-viga, a viga suporte
precisa ter uma altura grande o suficiente para receber as
chapas e cantoneiras das vigas suportadas. No caso de
ligação viga-pilar, se a viga chega na mesa do pilar é

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Mostra PROPEEs UFMG, v. 1, n. 1, abril 2013
Paiva, A. A.; Queiroz, G.

preciso avaliar a necessidade de enrijecedores na alma do 3 Objetivos


pilar para transmitir o momento fletor para a viga oposta.
O estudo será focado em ligações mistas com chapa de Existem vários estudos sobre ligações mistas com chapa
extremidade, tanto em ligações viga-viga (figura4) quanto de extremidade que abrangem ligações semi-rígidas ou
em ligações viga-pilar (figura 2 e figura 5) variando-se os ligações rígidas. Porém poucos estudos abordam uma
parâmetros principais dentro dos limites usuais. ligação que possa trabalhar com diversos graus de rigidez.
O objetivo desse trabalho é estudar o comportamento de
um modelo de ligação mista com chapa de extremidade em
ligações viga-viga e ligações viga-pilar que possa
desenvolver diferentes graus de rigidez e resistência.
Serão avaliados analiticamente e numericamente, por
meio de um modelo de elementos finitos, as três respostas
principais da ligação, resistência, rigidez e capacidade de
rotação, variando-se os parâmetros, inclusive comprimentos
diversos das vigas suportadas.

Figura4: Ligação Viga-Viga 4 Metodologia


O estudo da ligação mista com chapa de extremidade será
realizado analiticamente e numericamente. Para realizar
esse estudo, inicialmente é necessário definir um modelo
analítico e um modelo numérico e os componentes que
serão avaliados.
O modelo analítico será desenvolvido após uma pesquisa
bibliográfica. Será definida qual a melhor forma de análise
para considerar todos os elementos das ligações e conseguir
determinar as três respostas principais.
O modelo numérico será desenvolvido com a
discretização dos elementos estruturais das duas ligações
estudadas, pilares e vigas mistas, chapas de extremidade,
armaduras e parafusos. Esse modelo será analisado via
Figura5: Ligação com chapa de extremidade viga-mesa de programa comercial de elementos finitos.
pilar O modelo numérico será parametrizado para poder definir
a capacidade de rotação necessária em diversos contextos,
ou seja, poderão ser avaliadas estruturas com diversos vãos,
2 Justificativa e alturas de vigas.
A motivação deste estudo partiu de observações relativas Por fim, será realizada uma comparação entre os modelos
ao dimensionamento de edifícios de andares múltiplos em analítico e numérico, para aferição dos mesmos.
aço. Em um mesmo edifício existem diversos tipos de
ligações diferentes para se obter as características desejadas
em cada nó. Essa grande variedade dificulta a fabricação e a 5 Revisão Bibliográfica
montagem das peças, podendo tornar esses processos mais
lentos e onerosos.
5.1 Generalidades sobre construções
A razão da escolha desse tema foi a possibilidade de se mistas
obter uma ligação que possa desenvolver desde um Alva e Malite (2005), afirmam que a história da
comportamento quase flexível até uma ligação rígida com construção mista está intimamente ligada ao
resistência total, de forma contínua. Com o uso desse desenvolvimento do concreto armado e das estruturas em
estudo pretende-se reduzir o número de ligações para aço. O concreto inicialmente foi usado como material de
somente dois tipos, viga-viga e viga-pilar e, assim, fazer revestimento, protegendo os perfis de aço contra o fogo e a
com que os processos citados se tornem mais simples e corrosão. Embora o concreto tivesse uma participação em
rápidos. termos estruturais, sua contribuição na resistência era
ignorada nos cálculos.
Nardini (1999) afirma que o início dos estudos dos
elementos estruturais mistos data de 1914 na Inglaterra. Em
meados de 1930 alguns métodos de dimensionamento para

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vigas mistas já estavam estabelecidos, sendo que em 1944 - Eliminação ou redução de formas e escoramentos;
foram introduzidos na norma da American Association of - Redução do tempo de execução;
State Highway (AASHO), e em 1952 no American Institute - Redução do peso global da estrutura;
of Steel Construction (AISC). - Redução do volume ocupado pela estrutura.
Newmark et al. (1951) forneceram um dos primeiros Alves (2000) levantou também algumas vantagens da
estudos sobre vigas mistas com interação incompleta, por utilização de estruturas mistas em relação às estruturas de
meio de uma análise teórico-experimental. No modelo aço:
teórico, as equações básicas de equilíbrio e de - Redução do consumo de aço, com consequente
compatibilidade para um elemento de viga foram reduzidos redução do custo final;
a uma equação diferencial de segunda ordem simples. Esta - Aumento da estabilidade lateral das vigas de aço;
abordagem foi aprimorada por Yan e Chapman (1972), que
- Aumento da proteção do aço contra incêndio.
incorporaram as não-linearidades relacionadas com o
O desenvolvimento dos conectores de cisalhamento
material e os conectores de cisalhamento. Ranzi e Bradford
contribuiu significativamente para acelerar os avanços
(2007) destacaram que, embora o comportamento da
associados às vigas mistas. Hoje, vigas mistas com
interação parcial de vigas mistas tenha sido investigado ao
conectores de cisalhamento e lajes com fôrma de aço
longo dos últimos 50 anos, as análises de tais sistemas
incorporada são intensamente usadas em edifícios de
ainda são um foco para a pesquisa e continuam a ser andares múltiplos.
bastante complicadas, mesmo para avaliações lineares-
Avanços posteriores do concreto armado destinados aos
elásticas.
edifícios altos alteraram a configuração do cenário da
Atualmente, os sistemas estruturais mistos são largamente
combinação aço-concreto. O uso do concreto
empregados em estruturas de grande porte, como edifícios
desempenhando o papel de paredes resistentes à força
altos e pontes, conforme Nardini (1999). A figura 6
cortante ou o de pilares mistos foi reconhecido como sendo
apresenta um exemplo de utilização de elementos mistos no de grande eficiência estrutural para resistir às forças devidas
sistema estrutural de uma ponte localizada na China.
ao vento, aumentando a rigidez lateral da estrutura, quando
comparado ao uso da solução correspondente em estrutura
de aço.

5.2 Vigas mistas


Segundo Kirchhof e Neto (2005), as vigas mistas aço-
concreto são bastante empregadas em sistemas de pisos
constituídos por vigas de aço e lajes de concreto, como por
exemplo, em edifícios de múltiplos andares (residencial e
comercial) e pontes. A figura 7 ilustra os dois tipos de vigas
mistas mais comuns empregados nas edificações correntes,
as quais utilizam conectores de cisalhamento do tipo pino
com cabeça (stud bolt).
Figura6: Ponte Nanpu-Shangai - exemplo de estrutura mista
(Extraído do site:
omaiordomundobr.blogspot.com.br)
As vantagens dos sistemas mistos são bem conhecidas e
advêm do fato de que o aço e o concreto, nesses sistemas,
podem trabalhar à tração e à compressão, respectivamente,
situação em que se obtém o melhor desempenho de ambos,
conforme Veríssimo et al. (2006). (a)
Segundo Conceição (2011), uma das vantagens da
utilização de vigas mistas em sistemas de pisos é o
acréscimo de resistência e de rigidez propiciados pela
associação dos elementos de aço e concreto, o que
possibilita a redução da altura dos elementos estruturais e
economia de material.
Alves (2000) levantou alguns pontos importantes sobre as
vantagens da utilização de estruturas mistas em relação às
estruturas de concreto tradicionais: (b)
- Maior precisão dimensional (prumo, alinhamento e Figura7: Tipos mais comuns de seções mistas (Kirchhof e
nivelamento); Neto, 2005).

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Paiva, A. A.; Queiroz, G.

Alves (2000) descreve vigas mistas como sistemas 5.3 Lajes mistas
estruturais nos quais a viga de aço trabalha em conjunto
com uma faixa da laje de concreto. Para que ocorra a O sistema de lajes mistas resulta da combinação
interação entre a viga de aço e a faixa da laje de concreto é estrutural de dois elementos principais: a fôrma metálica
necessário, na maior parte dos casos, que estas sejam unidas (Steel Deck) e o concreto. O fundamento deste sistema
por elementos apropriados denominados conectores de consiste em seus elementos trabalharem conjuntamente,
cisalhamento. aproveitando cada um suas melhores características
A ligação entre a viga metálica e a laje de concreto pode mecânicas. A fôrma metálica, durante a etapa de
atingir vários graus de interação segundo Pires (2003): construção, deve resistir às cargas relativas ao peso do
· Ausência de interação: concreto fresco, operários, equipamentos e demais
Não ocorre nenhum tipo de ligação a cisalhamento entre sobrecargas. A sua resistência deve ser verificada pelos
o perfil metálico e o concreto, assim como nenhum atrito ou procedimentos aplicáveis aos perfis de chapas finas
aderência. Nesse caso, a laje e a viga trabalham dobradas a frio. Após a cura do concreto, conforme mostra
separadamente, com deslizamento na superfície de contato. a figura 9, a fôrma deve servir, total ou parcialmente, como
Existem duas linhas neutras, uma da laje e outra da viga. armadura de tração da laje. Para isto, é imprescindível
· Interação total: alcançar uma aderência mecânica entre o aço da fôrma e o
A ligação entre o perfil de aço e o concreto é concreto, superior ao esforço de cisalhamento longitudinal
infinitamente rígida. Laje e viga trabalham em conjunto, na interface dos dois elementos, caracterizando assim, um
sem nenhum deslizamento. A linha neutra é única. comportamento estrutural misto (Campos, 2001).
Nas regiões de momento negativo deve ser utilizado esse
tipo de interação, com os conectores posicionados, de
preferência, dentro da região de momento negativo. A
interação total, nesse caso, é necessária para compensar
algumas simplificações, como desprezar o concreto
tracionado, desprezar o encruamento da armadura, não
diferenciar concreto tracionado ou comprimido no cálculo
da resistência do conector.
· Interação parcial:
Laje e viga trabalham com alguma ação mista. Existem
duas linhas neutras, sendo uma na laje de concreto e a outra
na viga metálica.

Parte da eficiência do comportamento das vigas mistas na


interface aço-concreto, ou seja, o tipo de interação existente
(nula, completa ou parcial), está diretamente relacionada
Figura9: Laje de concreto com forma de aço incorporada
com o trabalho em conjunto de ambos os materiais,
(Campos, 2001).
conforme ilustra a figura 8 (Kirchhof e Neto, 2005).
5.4 Pilares mistos
De maneira geral, um pilar misto aço-concreto é um
elemento estrutural sujeito a forças predominantemente de
compressão, no qual aparecem um ou mais perfis em aço
estrutural. Em função da posição que o concreto ocupa na
seção mista, os pilares mistos podem ser classificados como
revestidos ou preenchidos, embora existam outras formas
de associação, dentre as quais os pilares parcialmente
revestidos, Nardini (1999).
Segundo Alves (2000), a associação do concreto ao aço é
utilizada para aumentar a área resistente e diminuir a
esbeltez efetiva do pilar, obtendo-se, desta forma, um
aumento em sua resistência ao carregamento axial. A
resistência ao momento fletor é também proporcionada pelo
sistema misto aço/concreto.
Figura8: Interação aço-concreto no comportamento da viga
mista (Kirchhof e Neto, 2005).

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Ligações Mistas com Chapas de Extremidade com Diferentes Graus de Resistência e Rigidez

5.5 Ligações mistas


A resistência de cálculo M-Rd é dada por:
Em cálculo estrutural, é comum representar as vigas e
pilares como barras, considerando-se os eixos longitudinais Ǵ Ǵ( + )
desses elementos para se representar a estrutura. As d=
1,15
interseções destes eixos formam os “nós” da estrutura, que
são utilizados normalmente em modelos analíticos. A - A força resistente de cálculo da ligação inferior é
“região nodal” compreende o “nó” e os comprimentos dos baseada na resistência ao esmagamento da mesa
eixos dos elementos afetados localmente pelas ligações. O inferior e deve ser igual ou superior à da armadura.
“nó real”, que possui dimensões finitas, compreende as Logo:
ligações, que são os componentes (meios e elementos de
ligação) promovendo a conexão mecânica entre o elemento ώĖ, d= 1,25 d Ė≥ ώǴ,
suporte e o elemento suportado, e a região afetada desses
elementos, Conceição (2011).
com Afi igual a área da mesa inferior do perfil de
Segundo Lima (2010), em um comportamento idealizado,
aço. Existem outras resistências não detalhadas
as ligações rígidas não sofrem nenhuma rotação entre os
aqui.
membros conectados quando transferem momento fletor,
- A capacidade de rotação θu é função dos
força cortante e força normal. Por outro lado, as ligações
deslocamentos máximos que os componentes
flexíveis são caracterizadas pela liberdade de rotação entre
podem sofrer, quando sujeitos à força horizontal
os membros conectados e impedem a transmissão de
mencionada anteriormente, sem perda de
momento fletor.
resistência da ligação:
Lima (2010) ressalta também que a grande maioria das
ligações não possui nenhum dos dois comportamentos ( )
anteriores e transfere algum momento fletor com um nível ∆ Ǵ+ + ∆ Ė
=
de rotação associado. Essas ligações são chamadas semi- ( + )
rígidas e seu dimensionamento deve ser executado de
acordo com o comportamento estrutural real. onde:
Segundo Queiroz, Pimenta e Martins (2010), as Δui é a capacidade de deslocamento da ligação
propriedades fundamentais das ligações mistas são rigidez inferior igual a zero nas ligações com chapa de
inicial (ou de serviço), a resistência de cálculo e a extremidade.
capacidade de rotação (sem queda do momento resistente).
A rigidez inicial considera uma relação linear C entre o Li et al. (1994), discutiram sobre a capacidade de rotação
momento e a rotação da ligação mista, válida para tensões das ligações: na construção mista a situação é mais
de serviço inferiores às tensões de escoamento dos aços do complicada porque a capacidade de curvatura a momento
perfil e da armadura, respectivamente, na região da ligação. positivo da seção transversal é, geralmente,
Conforme NBR8800: 2008, nos casos em que as ligações significativamente maior do que a capacidade de curvatura
metálicas da alma e da mesa superior da viga são a momento negativo. A Figura 10 mostra uma viga
desprezadas: contínua de 4 tramos, dividida em 4 vigas bi-apoiadas
- O valor de C é função das rigidezes dos equivalentes. Supondo que a compatibilidade de rotação e o
componentes da ligação sujeitos à força horizontal equilíbrio são mantidos e que todas as rotações plásticas são
igual ao momento na ligação dividido pelo braço concentradas nas seções adjacentes aos apoios, as rotações
de alavanca (d+y). necessárias podem ser obtidas fazendo a soma algébrica das
rotações necessárias de cada viga bi-apoiada. No caso de
( + ) comportamento elástico, θ1=-θ2, θ3=-θ4 e θ5=-θ6. Após a
–=
1 1 1 fase elástica, as rotações relativas necessárias nos apoios
+ + podem ser obtidas como θ0, θ1+θ2, θ3+θ4, θ5+θ6 e θ7.
Ǵ ɿǴ Ė

onde:
Ki é a rigidez inicial da ligação inferior. Em
ligações com chapa de extremidade, que é a
abordada nesse estudo,

ʛƅ = ∞

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Figura10: Divisão de rotações necessárias para vigas


contínuas: a) viga contínua com quatro tramos;
b) vigas bi-apoiadas equivalentes (Li et al. 1994).
De acordo com Gontijo (2008), o comportamento não- Figura12: Cálculo rigidez rotacional de uma ligação com
linear da ligação pode ser representado por uma curva chapa de extremidade sujeita a flexão (Simões,
momento-rotação (M-θ), cujas características podem ser 2009)
determinadas por ensaios experimentais ou por modelos de
,Ė Ė
elementos finitos e modelos analíticos validados por =
resultados experimentais. A rotação da ligação, identificada
pelo ângulo θ, expressa a rotação relativa entre o eixo da
viga e o eixo do pilar, após a atuação do carregamento Ƽ
,Ė Ė= =
(figura 11). ∅ 1

Ė

onde ki é o coeficiente de rigidez de cada componente


básico da ligação, e µ é a taxa de rigidez que pode ser
determinada da seguinte maneira:

= 1 , se d≤ 2⁄3 d;

.
= ( ) , se 2⁄3 d≤ d≤ d;

o coeficiente Ψ é igual a 2,7 para a ligação de extremidade


com chapa de extremidade parafusada. Para a situação
simétrica onde a chapa de extremidade encontra-se ligada à
Figura11: Rotação relativa da ligação (Gontijo, 2008) alma de uma viga ou pilar, os componentes da ligação são a
chapa de extremidade e os parafusos tracionados. Para a
Segundo Conceição (2011), a ABNT NBR8800:2008 não situação onde a chapa de extremidade encontra-se ligada à
apresenta procedimentos para a determinação da rigidez e mesa de um pilar metálico devem ser considerados, além
da resistência para as ligações com chapa de extremidade, e dos componentes citados anteriormente, a mesa e a alma do
comenta os procedimentos estabelecidos pela EN 1993-1-8 pilar na região tracionada da ligação, supondo que haja
(2005). enrijecedor na região comprimida.
Gontijo (2008), afirma que a rigidez de uma ligação afeta
A rigidez rotacional de uma ligação com chapa de o comportamento final da estrutura, o que equivale a dizer
extremidade sujeita a flexão pode ser vista na figura 12 e que o grau de rigidez de cada ligação deve ser considerado.
segundo Simões (2009) é dada por: A Figura 13 apresenta os tipos de rigidez de uma ligação:

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- Rigidez inicial (Ki): Dada pela inclinação inicial da O cálculo da largura efetiva de vigas semicontínuas pode
curva M-θ; ser feito utilizando a norma NBR8800: 2008, que define
- Rigidez de serviço (Kser): É a rigidez secante da distâncias simplificadas entre pontos de momento nulo,
ligação, baseada em um momento de serviço conforme figura 15.
esperado (Kser = Μser/θser), geralmente da ordem de
0,6 a 0,7 do momento último;
- Rigidez tangente (Ktan): Rigidez real da ligação em
um dado ponto (Ktan = ΔM/Δθ).

Figura15: Pontos de momento nulo (NBR8800:2008)


Segundo Qureshi, Lam e Ye (2011), o comportamento
tensão-deformação do concreto simples é definido em
ensaio de compressão uniaxial. O diagrama esquemático da
relação tensão-deformação para a análise estrutural não
linear do concreto é mostrado na figura 16.

Figura13: Definição de rigidez (Gontijo, 2008).

5.6 Lajes de Concreto


Na região próxima a ligação, a colocação de barras de
armadura na laje de concreto é utilizada para dar
continuidade à viga, e pode aumentar substancialmente a
rigidez e a resistência da ligação. A laje também pode
ajudar a ligação a absorver os esforços solicitantes devidos
ao vento atuante na estrutura, com pouco trabalho adicional
(Leon e Zandonini,1992).
Esse efeito é observado somente dentro da largura efetiva
da laje, que está relacionada com a distribuição de tensões
axiais na laje. Quando a largura é muito grande, a partir de Figura16: Representação esquemática da relação tensão-
certa distância do eixo da alma da viga, trechos da laje não deformação para a análise estrutural do material
trabalham inteiramente ao momento fletor, conforme ilustra concreto. (Qureshi, Lam e Ye, 2011)
a figura 14 (Alva e Malite, 2005).
O comportamento das barras de armadura da laje é
discutido pela NBR8800: 2008 e pode ser visto na figura
17:

Figura14: Largura efetiva da laje (Alva e Malite, 2005)

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Alva e Malite (2005), afirmam que a característica


estrutural mais importante dos conectores de cisalhamento é
a relação existente entre a força F transmitida pelos
conectores e o escorregamento relativo na interface aço-
concreto, determinando seu comportamento “dúctil”.
Segundo Cruz et al., a capacidade de carga dos studs,
quando utilizado concreto de resistência normal, resulta de
quatro parcelas:
a) compressão do concreto junto ao colar de solda
na base do conector;
b) corte e flexão do conector na zona inferior do
fuste;
c) tração no fuste;
d) atrito na interface da conexão.
A ruptura da conexão stud-concreto pode ocorrer de duas
formas: por corte do conector ou fendilhamento e
Figura17: Diagrama dos comportamentos idealizados esmagamento da laje de concreto. Em algumas situações a
tensão-deformação da armadura isolada e da ruptura ocorre também por tração, devido a elevada força
armadura envolvida pelo concreto de alavanca resultante do movimento para o exterior,
(NBR8800:2008) sofrida pelas bases das lajes de concreto.
5.7 Conectores de Cisalhamento Na figura 19 são apresentadas três curvas obtidas em
ensaios experimentais com studs de 19, 22 e 25mm de
Os conectores realizam a ligação entre o elemento de aço diâmetro, segundo Cruz et al. Verifica-se que tanto a
e a laje de concreto. Sua função é absorver os esforços de capacidade de carga como a de deformação da ligação
cisalhamento entre a laje de concreto e a viga metálica e, aumenta com o diâmetro do conector. Os studs de menor
assim, impedir o deslocamento horizontal entre esses diâmetro, 19 e 22 mm, sofreram ruptura por cisalhamento
elementos e possibilitar que os mesmos trabalhem juntos. imediatamente acima do cordão de solda. E alguns dos
Segundo Veríssimo et al. (2006), os conectores estão corpos de prova com studs de 25 mm de diâmetro sofreram
sujeitos também a forças transversais ao plano da laje de ruptura por fendilhamento progressivo da laje de concreto.
concreto no caso de vigas mistas, que tendem a causar a
separação entre essa e o perfil metálico (efeito conhecido
como uplift).
O conector mais utilizado, devido a sua facilidade de
fabricação e por apresentar a mesma resistência em todas as
direções, é do tipo pino com cabeça ou Stud Bolt (ver
figura 18).

Figura19: Curvas carga x deslizamento para conectores


stud de diâmetro igual a 19, 22 e 25 mm (Cruz et
al.)
A locação dos conectores, em lajes de steel deck, é
importante para o cálculo da resistência do sistema stud-laje
de concreto. Segundo Qureshi, Lam e Ye (2011), uma
localização desfavorável ocorre quando a zona de concreto
em compressão na frente do stud é muito pequena em
comparação com a zona de trás. Em uma viga, conectores
Figura18: Conector tipo pino com cabeça (Veríssimo et colocados ao lado do enrijecimento central do steel deck
al. 2006) ficam em situação favorável quando são colocados no

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Ligações Mistas com Chapas de Extremidade com Diferentes Graus de Resistência e Rigidez

sentido da seção de momento máximo para o apoio,


conforme figura 20.

Figura20: Locações diferentes do stud bolt dentro de uma


nervura (Qureshi, Lam e Ye, 2011)

5.8 Região da Ligação Metálica


Algumas verificações na região das ligações metálicas Figura22: Modo 2: ruptura do parafuso com escoamento
são necessárias, como por exemplo, a resistência nominal à da chapa (Couchman e Way, 1998)
tração da linha de parafusos. De acordo com a EN 1993-1- - Modo 3 – ruptura do parafuso (figura 23)
8: 2005, a força resistente nominal à tração de uma linha de Quando a resistência da linha de parafusos é dada por
parafusos é a menor resistência obtida entre três modos esse modo, o comportamento da ligação é frágil.
possíveis de falha na ligação:
- Modo 1 – escoamento da chapa (ver figura 21)
Quando a resistência da linha de parafusos é dada por
esse modo, o comportamento da ligação é dúctil.

Figura21: Modo 1: escoamento da chapa (Couchman e Figura23: Modo 3: ruptura do parafuso (Couchman e
Way, 1998) Way, 1998)
- Modo 2 – ruptura do parafuso com escoamento Para desconsiderar a chapa de extremidade na
da chapa (figura 22). transmissão do momento fletor, é necessário comprovar a
Quando a resistência da linha de parafusos é dada por ductilidade da ligação. Ou seja, é importante que o modo 1
esse modo, sua ductilidade deve ser comprovada por meio prevaleça na determinação da resistência da linha de
de ensaios. parafusos.
Segundo Conceição (2011), é importante salientar que no
caso dos parafusos estarem sujeitos à ação de corte, deve-se
avaliar uma possível redução da resistência nominal à
tração dos mesmos. E que para o aço dos parafusos é
importante utilizar um modelo construtivo multilinear de
acordo com o critério de escoamento de Von Misses (figura
24).

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comparações globais com dados experimentais e numéricos


disponíveis na literatura, selecionados de acordo com os
dados fornecidos, para permitir a análise de vários aspectos:
- diferentes configurações de continuidade
(simplesmente apoiado, contínuo);
- diferentes arranjos de carga (concentrado,
distribuído uniformemente);
- diferentes tipologias de lajes (laje maciça, steel
deck);
- diferentes regiões de momento em vigas
contínuas;
- diferentes níveis de ligação ao entre perfil e laje.
Um modelo bidimensional para vigas mistas, com base na
Figura24: Relação constitutiva atribuída ao aço do
utilização do pacote comercial Ansys, foi desenvolvido e
parafuso (Conceição, 2011) validado. Apresentou bons resultados para qualquer grau de
continuidade, para interação total ou parcial e para
Além das verificações necessárias já citadas, é importante diferentes tipologias de lajes. Validação com resultados
fazer algumas análises que podem ser encontradas na experimentais e numéricos disponíveis na literatura,
NBR8800:2008: incluindo comparações de ambas as respostas, globais e
- Disposições construtivas; locais, demonstram sua precisão. Quando comparado com
- Cisalhamento dos parafusos; os atuais modelos tridimensionais de elementos finitos
- Esmagamento da chapa de extremidade; desenvolvidos para a análise de vigas mistas, esta
- Rasgamento na chapa de extremidade; alternativa bidimensional apresentou muito menos
- Cisalhamento da chapa de extremidade; problemas de convergência numérica. Além disso, se levar
- Cisalhamento na alma da viga apoiada; em consideração o tempo de processamento, provou ser
- Flexão da chapa de extremidade; muito mais eficiente do que representações tridimensionais
- Esmagamento do suporte; (Queiroz et al., 2009).
- Escoamento da seção bruta; A metodologia tridimensional de elementos finitos foi
- Verificação da solda, dentre outras. adotada por XIAO e PERNETTI (2005) para modelar viga,
pilar, chapa de extremidade e parafusos das ligações.
5.9 Desenvolvimento da modelagem de Análise não-linear pelo método dos elementos finitos foi
realizada para determinar a relação momento-rotação e a
ligações mistas resistência última das ligações metálicas. Estudos
Para desenvolver um modelo de ligação mista é paramétricos foram realizados para determinar a influência
importante estudar a melhor metodologia a ser utilizada. O da espessura da chapa de extremidade.
uso dos elementos finitos tem crescido bastante ao longo Gonzaga (2008) realizou um estudo numérico-
das ultimas décadas em conjunto com ensaios experimental de uma ligação em viga com alma senoidal. O
experimentais e métodos analíticos baseados em estudo numérico foi desenvolvido por meio de um modelo
componentes. tridimensional com a utilização do programa comercial
Mata (1998) apresentou um modelo de elementos finitos Ansys. O modelo foi validado por ensaios experimentais.
para análise não-linear das ligações simples soldadas no
pilar e parafusadas na alma da viga. Determinou-se a
relação momento-rotação das ligações por chapa simples 6 Estudos Preliminares
pelo método dos elementos finitos. Inicialmente foi realizado um estudo de ligação viga-alma
Queiroz et al. (2007) comentou que, apesar do fato de de pilar para verificar a validade do modelo proposto.
modelos tridimensionais de elementos finitos poderem Simplificadamente, é avaliada somente a ligação metálica.
cobrir muitas características, incluindo aspectos locais de A ligação utilizada para essa avaliação é a mostrada nas
comportamento (por exemplo, a deformação local da laje de figuras 25 e 26.
concreto), modelos bidimensionais podem ser uma solução
melhor para gerar resultados para os sistemas estruturais
mais complexos, devido aos aspectos da convergência
numérica e aos tempos de processamento.
Segundo Queiroz et al. (2009), várias tentativas têm sido
feitas recentemente para usar o método dos elementos
finitos para investigar o comportamento dos sistemas de
vigas contínuas. Discute a confiabilidade dos modelos por

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O modelo consiste em uma viga bi-apoiada com uma


carga P concentrada no meio do vão, onde estão localizadas
as chapas de extremidades que serão avaliadas, conforme
figura 27.

Figura25: Seção transversal da viga

Figura26: Chapa de extremidade


Figura27: Modelo estudado

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Os materiais considerados foram:


- Aço USI CIVIL 350 para o aço do perfil I e para
as chapas, cujas características são:
fy: resistência ao escoamento do aço à tensão
normal = 350 MPa;
fu: resistência à ruptura do aço à tração = 500 MPa
- Parafusos de alta resistência ASTM A325 φ ¾’’:
fy: resistência ao escoamento do aço à tensão
normal = 635 MPa;
fu: resistência à ruptura do aço à tração = 825
MPa;
- Módulo de elasticidade do aço de 20000 KN/cm²;
- Coeficiente de Poisson de 0,3.
(a) Modelo completo considerando simetria
As dimensões utilizadas podem ser vistas na tabela 1 a
seguir.

Tabela 1: Dimensões utilizadas (mm):

L d bf tf tw hch bch tch e1 e2

4800 600 150 16 6,3 640 170 12,5 75 50

sendo:
L : comprimento total da viga;
bch : largura da chapa de extremidade;
bf : largura da mesa;
d : altura da alma;
hch : altura da chapa de extremidade;
tch : espessura da chapa de extremidade;
tf : espessura da mesa;
e1: espaçamento entre parafusos na direção paralela à carga
aplicada P;
e2: espaçamento entre parafusos na direção perpendicular à
carga aplicada P;
tw : espessura da alma.

6.1 Modelo de Elementos Finitos


(b) Modelo com ênfase na chapa de extremidade
Foi desenvolvido um modelo de elementos finitos,
utilizando o “software” ANSYS versão 12.0, para simular a
ligação metálica descrita anteriormente. O estudo a seguir e
as considerações utilizadas foram baseadas em Gonzaga,
2008.
O modelo de elementos finitos foi executado levando em
consideração as condições de simetria, por isso, foi
modelada somente metade da estrutura. Foi feita uma
simplificação inicial, considerando-se apenas a primeira
linha de parafusos conforme figura 28 a seguir.

(c) Detalhe da região dos parafusos


Figura28: Modelagem da estrutura estudada via Ansys

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A malha de elementos finitos do modelo pode ser vista na Critérios Adotados na Modelagem Numérica:
figura 28. A figura 29 mostra detalhadamente a malha na - As não linearidades física e geométrica são
região dos furos. previstas no software utilizado;
- Todas as chapas de ligação e os componentes do
perfil foram modelados usando-se o elemento
SHELL 181 de 4 nós;
- O fuste do parafuso e a porca foram modelados
com o elemento SHELL181, impedindo a
translação na direção x, dos nós situados no plano
de simetria;
- Coeficiente de atrito igual a zero;
- Para os nós da chapa de extremidade e da porca foi
utilizado o comando “couple” nas direções z e y
(ver figura 30);

(a)

(b)
Figura30: Detalhe do modelo na região da primeira linha
de parafusos
- No apoio da viga foram impostas condições de
contorno reais, isto é, os nós foram impedidos de
transladar na direção z e o nó localizado no centro
Figura29: Malha de elementos finitos da chapa de da junção entre a mesa inferior e a chapa de apoio,
extremidade também foi impedido na direção y (figura 31);

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o nó localizado no centro dessa junção foi também


impedido lateralmente (y). A aplicação do
deslocamento vertical foi nessa junção (figura 32);

Figura31: Condições de contorno no apoio da viga Figura32: Condições de contorno da chapa de


extremidade

- Na junção da chapa de extremidade com a mesa


superior impediu-se a translação longitudinal (x) e

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- Da segunda linha de parafusos em diante, foi


impedido o deslocamento na direção x nos nós das - Foi feita aplicação incremental de deslocamentos
bordas e dos centros dos parafusos (figura 33); verticais, diretamente nos nós da mesa superior
(comprimida), variando o valor máximo (15, 20 e
50 cm) e usando análise de grandes
deslocamentos;
- O material foi considerado elástico, perfeitamente
plástico, obedecendo ao critério de escoamento de
VON MISES, exceto para os parafusos, onde se
considerou encruamento linear com módulo
tangente de E/180;
- As imperfeições iniciais não foram consideradas
nas análises numéricas;
- A influência das tensões residuais nas mesas
superior e inferior da viga não foi considerada nas
análises numéricas;
- Foram utilizados elementos de contato
CONTACT52, com rigidez normal (Kn) igual a
10.000 kN/cm, rigidez tangente (Ks) igual a zero,
entre os nós da chapa de extremidade e da porca
(figura 30b) e, também entre os nós das duas
chapas de extremidade (no plano de simetria),
localizados na região da primeira linha de
parafusos tracionada (figuras 34 e 35). Nesse caso,
foram utilizados elementos de contato de
comprimento 10 m, fixos nos nós afastados, de
forma a se manterem praticamente normais às
chapas de extremidade após o deslocamento
vertical dessas chapas.

Figura34: Elemento CONTACT 52 na chapa de


extremidade

Figura33: Impedimento da segunda linha de parafusos


em diante

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Figura35: Elemento CONTACT 52 a 10m em relação à


chapa de extremidade

7 Resultados e conclusões preliminares


obtidos com o modelo de Elementos
Finitos proposto
A figura 36 mostra a tensão máxima pelo critério de von
Mises, Percebe-se que o ponto de tensão máxima de von (a)
Mises ocorreu nas laterais dos parafusos, variando entre
84,5 kN/cm² e 112,7kN/cm².
Portanto, verifica-se que no modelo a resistência última
do parafuso foi excedido. Assim, seria necessário reduzir a
carga externa aplicada de forma que as tensões de von
Mises não ultrapassem o limite da resistência.

(b)

Figura36: Tensão de Von Mises

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A seguir, a figura 37 mostra a deformada da chapa de


extremidade, podendo-se verificar que o maior
deslocamento horizontal (no eixo longitudinal da mesa
inferior da viga) foi de 8,49 cm.

(a) (b)
Figura37: Deformação na chapa de extremidade

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