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Resumo
Abstract
Shear connectors are essential for the load transfer in composite structures, once its correct use
increases the interation between steel and concrete, resulting in a better redistribution of forces in the
regions where the loads are applied and improving the system's stiffness and ductibility. In this paper, it
is presented a theoretical analysis of the load transfer by shear connectors, focusing mostly in high-
strength bolts. As references for this paper, it were selected recent scientific papers dealing with the
application of shear bolts in a variety of structures, both in infrastructure and civil constructions. It were
studied the key theoretical concepts covered, focusing on the behavior of shear connectors and numerical
studies the experimental tests' by researches, methodology adopted and their final results. At last, a
comparison of the results was performed and discussed.
Keywords: Shear connectors; high strength bolts; composite structures.
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SEMINÁRIO SOBRE ESTRUTURAS DE AÇO E MISTAS DE AÇO E CONCRETO – BH-15/12/2015
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1. INTRODUÇÃO
As estruturas mistas tiveram seu marco inicial história da construção civil no ano de
1894 nos Estados Unidos da América quando, segundo Griffis (1994) apud Nardim (1999) os
engenheiros da época decidiram utilizar vigas de aço de perfil I e revestirem com o concreto.
Na época foram construídas duas edificações: uma ponte em Iowa e uma edificação conhecida
como Methodist Building em Pittsburg. Entretanto, o apogeu na história para utilização do aço
e concreto associados em edificações civis, ocorreu a partir do início do século XX.
É sabido que para serem considerados sistemas misto aço-concreto, o aço deve trabalhar
em conjunto com o concreto simples ou armado, geralmente esta associação tem ocorrido em
maior escala com o uso de concreto armado nas edificações. Dentro desta temática de sistemas
mistos surge se então os pilares, vigas e lajes. O aço é empregado formato de perfis soldados,
laminados ou formados a frio. Na Figura 1 é ilustrado a Canton Tower, recentemente construída
na China - esta edificação possui 612m de altura, cuja solução estrutural viável foi a utilização
de pilares mistos aço-concreto.
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1.2. Objetivos
Este trabalho tem por objetivo realizar uma análise teórica do estudo de transferência
de cargas através dos conectores de cisalhamentos em estruturas mistas. Promover uma revisão
geral da literatura direcionada principalmente ao uso dos parafusos como conectores de
cisalhamento.
1.3. Justificativa
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os pilares mistos compostos por aço e concreto apresentam uma série de vantagens
construtivas e estruturais. Quando surgiram os primeiros pilares mistos, o concreto usado
possuía baixa resistência e os ganhos em rigidez provenientes da associação do aço e concreto
no pilares, ainda não eram computados nos cálculos. Griffis1 apud Figueiredo (1998) destaca
os Laboratórios de Engenharia Civil da Universidade de Columbia como os primeiros a
desenvolverem ensaios em pilares mistos em 1908, várias pesquisas desenvolvidas
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GRIFFIS, L. G. (1994). The 1994 T.R. High lecture: Composite frame construction. In: NATIONAL
STEEL CONSTRUCTION CONFERENCE, Pittsburgh, Pennsylvania, 18-20 may, 1994. Proceedings. New York,
AISC. V.01, p.1.1-1.72.
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anteriormente buscavam mostrar que um pilar de aço revestido com concreto tinha capacidade
de carga maior que a de um pilar isolado. E mesmo nos dias atuais, ainda existem uma gama
de variáveis relacionadas ao comportamento destes pilares ainda a serem estudadas e avaliadas,
dentre elas destaca se a influência dos conectores de cisalhamento, sendo um dos objetivos
específicos deste trabalho.
De modo geral, o termo pilar misto, conforme enfatizado por Caldas (2004) é referido
a qualquer membro no qual um elemento de aço atua juntamente com o concreto. Os elementos
trabalham juntos e não possuem escorregamento relativo significativo na superfície de contato.
Os pilares mistos podem ser formados por um perfil envolvido ou preenchido com o concreto,
como pode se visualizar na Figura 2.
As seções mais usuais que a ABNT NBR 8800:2008 destaca aos pilares mistos são
aqueles compostos por perfil de aço I ou H soldado ou laminado e os perfil de aço tubular
retangular ou circular para os pilares que são preenchidos com concreto. Contudo, existem
vários tipos de seções transversais sendo estudadas e avaliadas na literatura. A ABNT NBR
8800:2008 apresenta as diretrizes para o dimensionamento de pilares mistos de seções
transversais total ou parcialmente revestidas com concreto, quando submetidos à compressão
axial ou à flexo-compressão.
Os pilares mistos possuem aplicações vantajosas tanto em estruturas de pequeno porte,
quanto em edifícios multiandares. É sabido que a utilização deste elemento estrutural eleva a
rigidez dos pilares e aumenta a resistência a flambagem, além de proporcionar vantagens
econômicas frente ao uso das estruturas convencionais de concreto armado, decorrente da
racionalização da construção civil e da redução do desperdício de materiais. Outras principais
vantagens podem ser citadas: dispensa de fôrmas de escoramento, redução do peso próprio.
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Figura 3 - Disposição das tensões em PMPC em diferentes estágios de carregamento: (a) ʋa ≥ ʋc; (b) ʋa ≤ ʋc; -
Adaptado de Johansson & Gylltoft (2002)
Oliveira (2008) destaca em sua tese que existem dois tipos de confinamento: o
confinamento ativo e o confinamento passivo. O confinamento ativo é definido como um estado
de tensões que é aplicado lateralmente e controlado externamente. Neste caso, pressões são
aplicadas nas laterais de um cilindro de concreto e são mantidas constantes durante a aplicação
da força axial. O confinamento passivo é quando aplica-se um carregamento axial no material
e o mesmo é impedido de se expandir lateralmente.
A despeito do comportamento estrutural, Johansson & Gylltoft (2002) e De Nardin
(1999) relatam que o confinamento do concreto nos primeiros estágios de carregamento está
relacionado aos diferentes coeficientes de Poisson que os materiais possuem. No estágio inicial
de carregamento, o coeficiente de Poisson do concreto é menor que o do aço (Figura 3a) e por
isso o perfil de aço apresenta uma maior deformação na direção radial. Nesta fase, o aço está
submetido a tensões de compressão e o concreto em fase de expansão e, devido as tensões de
aderência existentes na superfície entre o aço e o concreto, aparecem tensões transversais de
compressão no tubo de aço e no núcleo de concreto tensões de tração na direção radial. Assim,
com a elevação da carga aplicada, o processo de microfissuração é intensificado e a expansão
do material confinado é maior que o tubo de aço, ou seja, o coeficiente de Poisson do concreto
torna-se maior que o do tubo de aço, que por sua vez começa a restringir a expansão do concreto,
surgindo elevadas tensões de confinamento. Oliveira (2008) destaca que o valor da capacidade
resistente do pilar preenchido é superior à soma dos valores das parcelas de resistência
correspondentes ao tubo de aço (ASfy) e ao núcleo de concreto (Acfy) e que a tensão gerada pelo
confinamento é responsável pelo acréscimo na capacidade resistente à comrpessão uniaxial do
pilar preenchido. A Figura 3, representa o comportamento estrutural do concreto confinado no
tubo de aço, é possível verificar que o concreto está submetido a um estado triaxial de tensões
e o tubo de aço a um estado biaxial de tensões.
Veríssimo (2007) ainda ressalta que o modo de falha do conector flexível não é
propriamente ideal em algumas situações, porque o mesmo possui baixo desempenho à fadiga
e pode se deformar sob cargas de serviço, enquanto que o conector rígido, por outro lado, tende
a não sofre problemas de fadiga.
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espaçamento dos conectores foi incluído o modelo HASAA 30BS1 semelhante ao HASAA
citado anteriormente, porém com os conectores instalados perto dos apoios das vigas mistas,
onde o diagrama do momento é próximo a zero nas extremidades.
Figura 8 - Modelos de conectores de cisalhamento utilizados por Kwon (2011): (a) parafuso com dupla porca embutida
(DBLNB); (b) parafuso de alta resistência de aderência por atrito (HSFGB) e (c) haste de parafuso com adesivo estrutural
(HASAA)
cisalhamento posteriormente instalados elevaram sua rigidez e resistência na ordem entre 40-
50% quando comparado ao modelo sem o conector, ainda que este aumento substancial foi
devido a instalação de um pequeno número de conectores.
Outra importante conclusão é que os conectores situados pertos das extremidades das
vigas realmente fornecem uma maior ductilidade ao sistema de vigas mistas, os testes realizados
com o modelo HASAA que possuíam os conectores situados perto das extremidades da viga
confirmam essa observação quando comparado com os modelo HASAA com conectores
distribuídos uniformemente ao longo do comprimento da viga.
Figura 10 - Malha sólida de elementos axissimétricos com 4 e 8 nós, adotadas por Starossek e Falah (2008): (a) elemento CAX4I;
(b) elemento C3D8
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Figura 11 - Curva tensão x deformação dos parafusos idealizada por Starossek e Falah (2008)
Figura 12 - Tensões no concreto no momento da falha obtidas por Starossek e Falah (2008a): (a) tensão normal; (b) tensão
cisalhante
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De acordo Starossek e Falah (2008a) os pilares mistos preenchidos com concreto que
foram submetidos ao carregamento do tipo A (aplicado em ambos, aço e concreto) tiveram seu
comportamento estrutural consideravelmente afetados pelos diferentes valores do coeficiente
de Poisson do tubo de aço e núcleo de concreto, uma vez que esta conclusão foi baseada pelos
os autores com as aferições das deformações laterais do aço e concreto durante o carregamento.
Os resultados dos estudos numéricos obtidos por Starossek e Falah (2008)
demonstram que a força transferida pelos conectores de cisalhamento aumentam conforme o
aumento do diâmetro dos parafusos e, as falhas nos parafusos ocorrem principalmente naqueles
que possuem menor diâmetro. No entanto, para os parafusos que possuem diâmetros maiores,
os tubos de aço atingem o limite de escoamento antes que ocorra as falhas dos parafusos. Os
autores também concluíram que o aumento na resistência do concreto não melhora a capacidade
dos conectores para transferirem forças de cisalhamento entre o tubo de aço e o núcleo de
concreto. Conforme os resultados obtidos por Starossek e Falah (2008), a eficiência dos
conectores de cisalhamento é comprovada pelos bons resultados quanto a transferência de carga
pelos parafusos de alta resistência nos pilares mistos preenchidos com concreto,
proporcionando uma melhor redistribuição dos esforços em zonas elevadas de tensões.
Bolts, com diâmetro nominal de 9,5mm e comprimento de 134,3mm, os furos nos tubos para
colocação dos parafusos foram previamente alargados para colocação e soldagem dos mesmos.
A partir dos resultados experimentais, os autores concluíram que o uso dos conectores
elevam a capacidade resistente axial dos PMPCs, isso foi explicado pelo fato de que o
carregamento transferido ao tubo de aço é diretamente proporcional ao aumento da quantidade
de parafusos, foi evidente esse aumento quando as colunas foram carregadas no núcleo de
concreto com os conectores espaçados na ordem de seis e nove vezes o diâmetro dos parafusos,
onde foi possível elevar a capacidade resistente axial das colunas há uma taxa de 13% e 15%,
respectivamente.
Os conectores com espaçamento mais largos entre si conduziram a menores elevações
das tensões circunferenciais, enquanto que os conectores espaçados mais próximos conseguem
elevar o carregamento transferido do núcleo do concreto e, consequentemente aumentar a
tensão circunferencial que age no tubo pelo confinamento do concreto. Quando o modelo foi
carregado somente através do núcleo de concreto, pelo efeito exercido no confinamento do
mesmo, a resistência à compressão do concreto pode ser elevada em 40%.
E por fim, os conectores situados nas extremidades do tubos de aço permitiram uma
deformação maior do sistema misto, quando comparados com os conectores situados nos meios
da altura do tubo, conforme explica Younes et al. (2015) que as forças transmitidas são maiores
quando os conectores estão nas extremidades do tubos. As conclusões supracitadas na pesquisa
de Younes et al. (2015) confirmam a eficiência do uso de conectores de cisalhamento em
sistemas mistos, resultando nos bons ganhos na capacidade resistente axial das colunas e a
melhora na distribuição do carregamento na interface aço-concreto. No entanto, os autores não
realizaram um estudo numérico em sua pesquisa, afim de observar melhores detalhamentos que
possam complementar e efetivar os resultados dos estudos experimentais.
A pesquisa de Liu et al. (2014) aborda o comportamento das vigas mistas constituídas
por vigas de aço e sobrepostas com lajes pré-moldada de concreto geopolimérico. Foram
instalados nas vigas conectores mecânicos de cisalhamento de alta resistência por atrito e uma
das motivações dos autores foi avaliar a influência destes conectores para prever a sua
resistência última e as relações carga x deslizamento nas vigas.
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Nas análises experimentais Liu et al. (2014) foram modelados cinco modelos push-out
tests que possuíam conectores entre as mesas dos perfis de aço e as lajes pré-moldadas. A
resistência média à compressão do concreto geopolimérico aferida pelos autores no laboratório
foi de 47MPa e os conectores de cisalhamento foram dois modelos de parafusos de alta
resistência: o parafuso M20 Bolts grau 8.8 e o parafuso M16 Bolts grau 8.8, com diâmetros de
20mm e 16mm, respectivamente. Ambos conectores foram instalados nas lajes pré-moldadas
que já possuíam furos pré-dispostos para colocação dos mesmos, resultando em uma folga entre
a superfície dos conectores e a superfície do furo da laje.
Liu et al. (2014) realizaram o estudo numérico no programa de elementos finitos
ABAQUS para simular os ensaios experimentais. Os autores aproveitaram da simetria e
modelaram somente um quarto da seção transversal. Nesta análise foram consideradas as não
linearidades material e geométricas. Para modelagem da malha de elementos finitos da viga de
aço e das lajes de concreto, foi adotado por Liu et al. (2014) a malha tridimensional de oito nós
C3D8R e para a modelagem dos conectores de cisalhamento foi adotada uma malha
tridimensional de vinte nós C3D20R, esta malha foi escolhida para os parafusos de alta
resistência ao cisalhamento devida à sua capacidade de capturar de forma mais precisa as
concentrações de tensões e as características favoráveis de modelagem geométricas.
Liu et al. (2014) adotaram na análise numérica, a curva tensão x deformação para o
concreto geopolimérico sendo a mesma curva do concreto convencional, porém com algumas
adaptações. Na Figura 15, observa-se que foram idealizadas três partes para esta curva, a
primeira parte refere se ao regime elástico que segue até a tensão de proporcionalidade. Para o
cálculo desta tensão, os autores assumiram a proposta de Kim (2009) que define a tensão de
proporcionalidade sendo 40% da resistência à compreensão característica do concreto (fck). O
módulo de elasticidade do concreto convencional (EC) adotado por Liu et al. (2014) foi o
recomendado pela norma australiana AS3600 (2009) que define EC sendo:
A terceira parte da curva é constante, sem variação da tensão após alcançar o fck. Para a viga de
aço e os conectores de cisalhamento Liu et al. (2014) adotaram uma curva tensão x deformação
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representada por uma relação bilinear, conforme exposto na Figura 14. O módulo de
Elasticidade para ambos, vigas de aço e conectores, foi dado como 200.000 MPa.
Ao final da pesquisa Liu et al. (2014) concluíram que o modelo de elementos finitos
quando comparado com os resultados dos ensaios experimentais, foi capaz prever bons
resultados de resistências últimas e boa concordância nas curvas carregamento x deslizamento
dos conectores de cisalhamento. Contudo, estas curvas apresentaram três estágios de
carregamentos diferentes. No primeiro estágio, o deslizamento não é tão significativo pelo fato
do atrito existente entre a mesa do perfil de aço e a laje de concreto funcionarem como
mecanismos inicial de transferência de carga. No segundo estágio, com uma carga maior
aplicada houve um deslizamento relativo entre o aço e o concreto, isto ocorreu pois a força
aplicada ultrapassou a resistência ao atrito que existia entre os materiais e, como havia uma
folga existente entre o furo da laje pré-moldada e o parafuso de alta resistência, este
deslizamento foi mais significativo até o momento em que o conector se encostou na superfície
da laje de concreto. A partir daí, no terceiro estágio iniciou se a solicitação efetiva do conector
de cisalhamento que foi sendo solicitado até a sua resistência última, que é obtida com a máxima
carga aplicada durante o ensaio push-out tests. Em paralelo a isso, Liu et al. (2014) verificaram
a eficiência do conector de cisalhamento HSFGB através dos estudos feitos pela modelagem
numérica, onde os autores obtiveram bons resultados para os valores de resistência última dos
conectores. Estas resistências tiveram uma variação máxima de 4,7%, quando comparados os
valores obtidos nos ensaios experimentais com os resultados numéricos. Ao final da pesquisa
Liu et al. (2014) propuseram fórmulas empíricas concernentes à força aplicada nos conectores.
Os autores chegaram em bons resultados quando compararam suas formulações com as que já
foram propostas por Kwon et al. (2010) e pela norma EN 1994-1-1:2004.
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Figura 16 - Modelo de Elementos Finitos - Pavlovic et al. (2013): (a) - Modelo robusto; (b) Modelo detalhado; (c) Parafuso
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Os parafusos e porcas, por serem de geometria mais complexa, requereram dos autores
uma modelagem mais precisa para a malha de elementos finitos. Portanto foi feito um estudo
sobre qual malha seria melhor e após isso, os autores chegaram na conclusão que a malha C3D4
que possui 4 nós com três graus de liberdade por nó, seria a melhor para a pesquisa. O módulo
de Elasticidade E = 210.000 MPa e coeficiente Poisson v = 0,3 foram adotados nas modelagens
numéricas para os materiais constituídos de aço (parafusos e perfis de aço). O gráfico da Figura
17 esboça os resultados obtidos das análises numéricas e experimentais para os parafusos e
perfis de aço ensaiados no laboratório. Percebeu-se que houve boa concordância entre as curvas
numéricas e experimentais, tanto para os parafusos de alta resistência e pinos com cabeça. O
perfil de aço também apresentou boa concordância nos resultados. Através dos resultados
obtidos na Figura 17, os autores aproveitaram dos parâmetros utilizados para a modelagem da
malha dos parafusos e aplicaram no modelo da Figura 16.
O modelo constitutivo para o concreto utilizado no ABAQUS, possuía o módulo de
Elasticidade Ec = 35.000 MPa e resistência média à compressão fcm = 40 MPa, estes valores
foram obtidos das em laboratório por ensaios realizados por Pavlovic et al. (2013). A curva
tensão x deformação que representa o comportamento do concreto submetido à compressão
adotada pelos autores obedeciam as prescrições da norma europeia EN 1992-1-1:2004,
conforme pode se observar na Figura 18. Entretanto a curva proposta pela norma europeia se
limita ao valor resistência última do concreto (fcu – ponto D) que é correspondente a deformação
específica do encurtamento de concreto na ruptura (εcu – ponto D). Este não seria um problema
em análises de estruturas de concreto armado que, em geral a resistência à compressão do
concreto não alcança o valor de fcu, todavia quanto aos conectores de cisalhamento que estão
submetidos à aplicações de cargas, é comum surgir em torno destes conectores elevadas tensões
de esmagamento no concreto que venham ultrapassar o valor da deformação εcu, que por sua
vez poderiam levar à uma superestimação da resistência do concreto ao esmagamento. Para
contornar esta situação, Pavlovic et al. (2013) propuseram uma extensão na curva do EN 1992-
1-1:2004, onde os autores elaboraram uma curva contínua senoidal que se iniciou no ponto D
e seguiu até o ponto F, conforme esboçado na Figura 18. As deformações nos pontos E e F são
definidas como εcuE = 0,03; εcuF = 0,01, respectivamente. A curva proposta pela norma chinesa
GB 50010-2002 também pode ser observada na Figura 18, foi a única referência que os autores
encontraram na literatura para fins de comparação do resultados após a deformação εcu.
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𝐹𝑢𝑙𝑡 = 𝐹𝑠 + 𝐹𝑡 + 𝐹𝑛 + 𝐹𝑐 (3)
Figura 19 - Mecanismo de transferência do carregamento e tensões de von Mises no parafuso de alta resistência - Pavlovic et
al. (2013)
1993-1-8 foram conservadores quando comparado com os resultados obtidos em sua pesquisa,
uma vez que para este caso, o uso de uma porca embutida nos parafusos favoreceu na elevação
da resistência em até 20%.
A despeito do modelos de elementos finitos os autores conseguiram boa concordância
dos resultados experimentais com os valores numéricos. Sinalizando que a malha C3D4, o
modelo constitutivo para o aço e o concreto e a utilização do ABAQUS – no modelo de cálculo
Explicit code validaram bem a convergência dos resultados. Pavlovic et al. (2013) propõe a
utilização de sua curva no modelo constitutivo do concreto para valores acima de εcu, quando o
mesmo está submetido a elevadas tensões de compressão.
3. CONCLUSÕES
Dentro do que foi proposto neste trabalho, estudar e analisar as recentes pesquisas que
abordam a utilização dos parafusos de alta resistência como conectores, foi possível sintetizar
algumas considerações a respeito de alguns conceitos teóricos abordados pelos autores.
Kwon et al. (2011) realizou um estudo numérico-experimental que avaliou o
comportamento de vigas de aço sobrepostas por lajes de concreto que posteriormente foram
adaptadas com conectores de cisalhamento. Os autores analisaram três tipos diferentes de
conectores de cisalhamento (DBLNB, HSFGB e o HASAA) que foram ensaiados e analisados
numericamente, com grau de interação de 30%. A pesquisa obedeceu as prescrições da
AASHTO (2007) e a norma americana AISC 2005. Os resultados finais de Kwon et al. (2011)
demonstraram que os conectores corresponderam de forma satisfatória no aumento da rigidez
do sistema misto e permitiram maiores deformações no meio dos vãos das vigas. Em relação
ao modelo de elementos finitos, Kwon et al. (2011) forneceu poucas informações de quais
variáveis foram adotadas, entretanto afirmaram que houve boa concordância nos estudos
numéricos e experimentais. A proposta do uso dos conectores de cisalhamento do trabalho de
Kwon et al. (2011) foi adotada e implementada para reforço em uma ponte existente no Texas
(EUA), onde foi possível aumentar sua taxa de carregamento na ordem de 65%, com base nos
resultados obtidos.
A pesquisa de Liu et al. (2014), avaliou os conectores HSFGB nas vigas de aço
sobrepostas com lajes de concreto geopolimérico. Diferentemente de Kwon et al. (2011) que
ensaiou vigas com 11,6m de vão livre, Liu et al. (2014) realizaram o estudo experimental com
ensaios push-out tests. O estudo analítico referente à resistência última dos conectores,
conduzido na pesquisa de Liu et al. (2014) fez uso da equações propostas por Kwon et al.
(2010), da equação da norma europeia EN 1994-1-1:2004 e dos resultados numéricos. Assim,
quando foram comparados os resultados entre as equações, tanto os valores numéricos e a
equação de Kwon et al. (2010), quanto os valores numéricos e a equação da norma EN 1994-
1-1:2004, obteve-se uma variação máxima entre os resultados na ordem de 1,1%. O estudo
numérico de Liu et al. (2014), se mostrou satisfatório para avaliar a resistência dos conectores
HSFGB, confirmado pela boa concordância entre os resultados obtidos.
Pavlovic et al. (2013) avaliou o comportamento dos conectores pinos com cabeça e
parafusos de alta resistência em lajes de concreto pré-moldadas. De forma semelhante a Liu et
al. (2014), os autores realizaram o estudo experimental por ensaios push-out tests. Nos
resultados finais, Pavlovic et al. (2013) encontraram aproximadamente resistências iguais para
os parafusos de alta resistência e os pinos com cabeça, de mesmos diâmetros, entretanto o
comportamento dos conectores foram distintos.
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4. AGRADECIMENTOS
Primeiramente, grato a Deus pela oportunidade que tive pra chegar até aqui. Aos
Amigos e Professores que depositaram em mim o incentivo e a confiança. À Universidade
Federal de Minas Gerais – Departamento de Engenharia de Estruturas e ao meu orientador Prof.
Dr. Rodrigo Barreto Caldas e ao Prof. Dr. Ricardo Hallal Fakury que me direcionaram nesta
disciplina.
5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. NBR 8800:2008 Projeto de Estruturas de
Aço e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto de Edifícios. Rio de Janeiro, 2008. 237p.
STAROSSEK, Uwe.; FALAH, Nabil. (2008). Force Transfer in Concrete-Filled Steel Tube
Columns. 5th European Conference on Steel and Composite Structures, Graz, Austria. 3-5
September 2008. University of Technology, Structural Analysis and Steel Structures Institute,
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LIU, Xiu; BRADFORD, Mark A.; LEE, Michael S.S. (2014). Behavior of High-Strength
Friction-Grip Bolted Shear Connectors in Sustanaible Composite Beams. Journal of Structural
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PAVLOVIC, M.; MARKOVIC, Z.; VELJKOVIC, M.; BUDEVAC, D. (2013). Bolted shear
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YOUNES, Sherif M.; HAZEM Ramadan M.; MOURAD, Sherif A. (2015). Stiffening of short
small-size circular composite steel-concrete columns with shear connectors. Journal of
Advanced Research. 14p. 2015.
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