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DATTRATREYA:
A CANÇÃO DO AVADHUTA
1ª Edição – 2015
Créditos
© 2015 – Fernando Sartori Virgulin.
“Copyright © 1992, 2000, 2007, 2009, 2012 by Swami Abhayananda (tradutor do original)”
Edição em português impressa e editada por Fernando Sartori Virgulin.
Todos os direitos reservados.
Original English language edition published by Swami Abhayananda, United States of America,
1992. Copyright © 2012 by Swami Abhayananda. Portuguese language reprint edition published
by Mr. Fernando Sartori Virgulin. All rights reserved.
Capa
Jônatas Rabello
Produção do eBook
YOYO ateliê gráfico | www.yoyoatelie.com.br
Contato
www.advaita.com.br | contato@satsangeditora.com.br
Sumário
Introdução
A Canção do Avadhuta
Do autor
Da tradução em inglês
Da tradução em português
A Canção do Avadhuta
Capítulo I – Prathamodhyayah
Capítulo II – Dvitiyodhyayah
Capítulo III – Tritiyodhyayah
Capítulo IV – Chaturthodhyayah
Capítulo V – Panchamodhyayah
Capítulo VI – Sastodhyayah
Capítulo VII – Saptamo adhyayah
Sobre Swami Abhayananda
Glossário
Notas
INTRODUÇÃO
A Canção do Avadhuta
O homem inteligente pensa: “Eu sou uma alma individual unida ao corpo.”
- Sri Shankaracharya
Vivekachudamani
A CANÇÃO DO AVADHUTA
Capítulo 1
PRATHAMODHYAYAH
1.
ishvaranugrahad-eva
pumsam advaita vasana
mahadbhaya paritranat
vipranam upajayate
2.
panchabhutatmakam vishvam
marichi-jala sannibham
kasyapyaho namas-kuryam
aham eko niranjanah
4.
vedanta-sara-sarvasvam
jnanam vijnanam eva cha
aham atma nirakarah
sarvavyapi swabhavatah
6.
8.
10.
12.
14.
sa bahyabhyantarosi twam
shivah sarvatra sarvada
itas tatah katham bhrantah
pradhavasi pishachavat
16.
shabdadi panchakasyasya
naivasi twam na te punah
twam eva paramam tattvam
atah kim paritapyase
18.
20.
22.
24.
tattvamasyadi vakyena
swatma hi pratipaditah
neti neti shrutir bruyat
anritam pancha-bhautikam
26.
atmanyevatmana sarvam
twaya purnam nirantaram
dhyata dhyanam na te chittam
nirlajjah dhyayate katham
28.
30.
32.
na ghato na ghatakasho
no jivo jiva-vigrahah
kevalam brahma samviddhi
vedya-vedaka-varjitam
34.
vyapya-vyapaka-nirmuktam
twam ekah saphalam yadi
pratyaksham chaparoksam cha
atmanam manyase katham
36.
shvetadi-varna-rahitam
shabdadi-guna-varjitam
kathayanti katham tattvam
manovacham agocharam
38.
40.
42.
44.
adi-madhyanta-muktoham
na boddhoham kadachana
swabhava-nirmalas shuddhah
iti me nischita matih
46.
48.
na hi panchatmako bhedo
videho vartate na hi
atmaiva kevalam sarvam
turiyam cha trayam katham
50.
52.
54.
vishuddhosya shariro si
na te chittam parat param
aham chatma param tattvam
iti vaktum na lajjase
56.
58.
60.
Se Deus é onipresente,
Imutável, inteiro, sem partes separadas,
Então não há nenhuma divisão n’Ele.
Como, então, pode Ele ser visto como “dentro” ou “fora”?
61.
62.
64.
Ó mente, não há nem o dia (da manifestação) nem a noite (da dissolução);
Minha Luz contínua não surge nem desaparece.
Como pode um homem sensato acreditar honestamente
Que a Existência sem forma é influenciada pelas formas?
65.
66.
na me ragadiko dosho
duhkham dehadikam na me
atmanam viddhi mam ekam
vishalam gaganopamam
68.
70.
tirthe chantyaja-hehe va
nashta-smurtir api tyajan
sama-kale tanum muktah
kaivalya-vyapako bhavet
dharmartha-karma-mokshams cha
dvipadadi-characharam
manyante yoginah sarvam
marichi-jala-sannibham
72.
atitanagatam karma
vartamanam tathaiva cha
na karomi na bhunjami
iti me nishchala matih
Não há ação,
Presente, futura, ou passada,
Que tenha sido realizada ou desfrutada por mim.
Isto eu sei, sem qualquer dúvida.
73.
shunyagare samarasa-putah
tishthanekah sukham avadhutah
charati hi nagnah tyaktva garvam
vindati kevalam atmani sarvam
74.
Onde nem terceiro estado (sono profundo) nem quarto estado (samadhi)
existem[17],
Onde tudo é experimentado apenas como o Ser,
Onde nem justiça nem injustiça existem,
Poderia ali haver escravidão ou libertação?
75.
76.
2.
4.
6.
sarvavayava-nirmuktam
tathaham tridasharchitam
sampurnatvan na grinhami
vibhagam tridashadikam
parmadena na sandehah
kim karisyami vrittivan
utpadyante viliyante
budbudas cha yatha jale
8.
mahadadini bhutani
samapyaivam sadaiva hi
murdudravyeshu tikshneshu
gudeshu katukeshu cha
10.
12.
Permanece inalterado,
Embora tome a forma da terra, ar, água e fogo.
Embora tome todas estas formas,
Permanece sempre o mesmo.
14.
16.
satatabhyasa-yuktas tu
niralambo yada bhavet
tal-layat-liyate nantar
gunadosha-vivarjitah
visha-vishvasya raudrasya
moha-murcha-pradasya cha
ekam eva vinashaya
hyamogham sahajamritam
18.
bhava-gamyam nirakaram
sakaram drishti-gocharam
bhavabhava-vinirmuktam
antaralam tad uchyate
20.
22.
anenaiva prakarena
buddhi-bhedo na sarvagah
data cha dhiratam eti
giyate nama-kotibhih
guru-prajna-prasadena
murkho va yadi panditah
yastu sambudhyate tattvam
virakto bhava-sagarat
24.
ragadvesha-vinirmuktah
sarvabhuta-hite ratah
dridha-bodhas cha
dhiras cha sa gacchet paramam padam
26.
ukteyam karma-yuktanam
matir yantepi sa gatih
na chokta yoga-yuktanam
matir yantepi sa gatih
ya gatih karma-yuktanam
sa cha vagindriyad vadet
yoginam ya gatih kvapi
hyakathya bhavatorjita
28.
30.
32.
Sua realização não são os Vedas, nem iniciação, nem uma cabeça raspada;
Não é um Guru, discípulos, ou tesouros abundantes,
Ou prática de posturas, ou o uso de cinzas;[20]
É o Senhor, o Ser, o Eterno, que ele realiza.
33.
na shambhavam shaktika-manavam na va
pindam cha rupam cho padadikam na va
arambha-nispatti ghatadikam cha no
tam isam atmanam upaiti shashvatam
Ele não visiona a forma do grande Shiva, ou Shakti, ou qualquer outro deus;
Ele não vê a kundalini, ou formas de luz, ou os pés de Deus;
Nem percebe sua própria alma, como um jarro com o seu conteúdo;
É o Senhor, o Ser, o Eterno, que ele realiza.
34.
36.
38.
40.
2.
Shiva não é branco nem amarelo; Ele não tem qualquer cor.
Esse Shiva supremo é simultaneamente a causa e o efeito.
Verdadeiramente, estou além do processo do pensamento; eu sou Shiva.
Diga-me, amigo, como posso eu prostrar o Ser ao Ser?
3.
nirmula-mula-rahito hi sadoditoham
nirdhuma-dhuma-rahito hi sadoditoham
nirdipa-dipa-rahito hi sadoditoham
jnanamritam samarasam gaganopamoham
Não sou sem-começo nem com começo; eu sou um Sol que nunca se põe.
Não estou coberto nem descoberto; eu sou um Sol que nunca se põe.
Não sou iluminado nem não-iluminado; eu sou um Sol que nunca se põe.
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte,
como o espaço.
4.
Sou indiviso, contudo sou cada forma separada; o que dizer disso?
Sou dividido, contudo estou em tudo; o que dizer disso?
Sou tanto eterno como efêmero; o que dizer disso?
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte
como o espaço.
6.
Não sou nem grosseiro nem sutil; eu nem venho nem vou.
Não tenho princípio, fim, ou meio; eu não sou grande nem pequeno.
Estou revelando todos os segredos da Realidade suprema:
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte
como o espaço.
7.
8.
Não tenho karma; eu sou o fogo sacrificial no qual todo karma se consome.
Não tenho mágoa; eu sou o fogo sacrificial no qual toda mágoa se consome.
Não tenho desejo; eu sou o fogo sacrificial no qual todo desejo se consome.
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte
como o espaço.
10.
nishpapa-papa-dahano hi hutashanoham
nirdharma-dharma-dahano hi hutashanoham
nirbandha-bandha-dahano hi hutashanoham
jnanamritam samarasam gaganopamoham
12.
nirmoha-moha-padavita na me vikalpah
nishoka-shoka-padaviti na me vikalpah
nirlobha-lobha-padaviti na me vikalpah
jnanamritam samarasam gaganopamoham
14.
Nem problemas, nem tristezas nem prazeres têm qualquer efeito no meu
intelecto;
Nem podem os obstáculos do yoga ter qualquer efeito na minha mente.
O que quer que aconteça que estimule o ego não tem qualquer efeito sobre
mim.
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte
como o espaço.
16.
nishkampa-kampa-nidhanam na vikalpa-kalpam
svapna-prabodha-nidhanam na hitahitam hi
nissara-sara-nidhanam na characharam hi
jnanamritam samarasam gaganopamoham
Eu não sou o conhecedor, nem algo a ser conhecido; nem sou a causa do
conhecimento.
Eu estou além do domínio da fala, da mente e do intelecto;
Como poderia a Realidade última ser descrita em palavras?
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte
como o espaço.
18.
nirbhinna-bhinna-rahitam paramartha-tattvam
antar bahir na hi katham paramartha-tattvam
prak sambhavam na cha ratam na hi vastu kimchit
jnanamritam samarasam gaganopamoham
20.
Não sendo os primeiros três estados da mente, como eu poderia ser o quarto
(samadhi)?
Não sendo nenhum dos três tipos de tempo, como eu poderei ser o quarto?[26]
Sou a raíz da serenidade, a serenidade primordial; eu sou a Realidade
absoluta.
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte
como o espaço.
21.
22.
24.
Como posso falar d’Aquele imaculado que é tanto “isto” como “não isto”?
Como posso falar d’Aquele imaculado que é o Suporte desamparado de
todos?
Como posso falar d’Aquele imaculado que não tem gênero mas tem gênero?
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte
como o espaço.
26.
28.
Estou além da diferenciação entre dia e noite; eu não posso ser dividido em
partes.
Nunca desperto dentro de mim mesmo; eu nunca estou não-desperto.
Nunca sou movido pelo pensamento; eu nunca tento ser puro.
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte
como o espaço.
29.
Não sou nem “o Senhor”, nem sou “não o Senhor”; eu sou o Ser sem forma.
Estou além da presença ou ausência da mente; eu sou o Ser sem forma.
Saiba bem que sou livre de tudo; eu sou o Ser sem forma.
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte
como o espaço.
30.
Sou uma casa que está vazia; que posso dizer disso?
Faço tudo, e contudo não faço nada; que posso dizer disso?
Estou sempre no estado inalterado; eu sou o Ser sem forma.
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte
como o espaço.
31.
Estou além de ser uma alma ou não ser uma alma; eu existo eternamente.
Estou além de ser uma causa ou não ser uma causa[27]; eu existo eternamente.
Estou além do nirvana e da prisão; eu existo eternamente.
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte
como o espaço.
32.
Embora se possa falar de você, você não tem nem nome nem forma.
Quer você seja dividido ou indiviso, não há nada aqui além de você.
Ó mente, mente impudente, mente errante! Por que te desgastas tanto?
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte
como o espaço.
34.
Por que chora e se lamenta, meu amigo? Não há velhice ou morte para você.
Por que chora e se lamenta, meu amigo? Não há a dor do parto para você.
Por que chora e se lamenta, meu amigo? Você não pode sequer ser tocado.
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte
como o espaço.
35.
Por que chora e se lamenta, meu amigo? Você não possui forma própria.
Por que chora e se lamenta, meu amigo? Você não pode ser deformado.
Por que chora e se lamenta, meu amigo? Você nunca envelhecerá.
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte
como o espaço.
36.
Por que chora e se lamenta, meu amigo? Você nunca pode perder sua
juventude.
Por que chora e se lamenta, meu amigo? Você nunca pode perder sua mente.
Por que chora e se lamenta, meu amigo? Você não tem órgãos dos sentidos.
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte
como o espaço.
37.
Por que chora e se lamenta, meu amigo? Você não pode ser tocado pela
luxúria.
Por que chora e se lamenta, meu amigo? Você não pode ser tocado pela
ganância.
Por que chora e se lamenta, meu amigo? Você não pode ser tocado pelo
capricho.
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte
como o espaço.
38.
Como pode ansiar pela riqueza? Você não tem propriedade para sustentar.
Como pode ansiar pela riqueza? Você não tem esposa para alimentar.
Como pode ansiar pela riqueza? Nada pode lhe pertencer.
Eu sou conhecimento nectarino, felicidade inalterável; estou em toda a parte
como o espaço.
39.
40.
42.
44.
na shunya-rupam na vishunya-rupam
na shuddha-rupam na vishuddha-rupam
rupam-virupam na bhavami kimchit
swarupa-rupam paramartha tattvam
46.
2.
na kevalam bandha-vibandha-mukto
na kevalam shuddha-vishuddha-muktah
na kevalam yoga-viyoga-muktah
sa vai vimukto gaganopamoham
4.
6.
8.
10.
12.
14.
jitendriyoham tvajitendriyo va
na samyamo me niyamo na jatah
jayajayam mitra katham vadami
swarupa-nirvanam anamayoham
16.
18.
20.
22.
24.
2.
atha urdhva-vivarjita-sarva-samam
bahirantara-varjita-sarva-samam
yadichaikavivarjita sarva-samam
kim u rodishi manasi sarva-samam
4.
6.
iha sarva-nirantara-moksha-padam
laghy-dirgha-vichara-vihina iti
na hi vartula-kona-vibhaga iti
kim u rodishi manasi sarva-samam
8.
10.
12.
14.
aniketa-kuti parivara-samam
iha sanga-visanga vihina-param
iha bodha-vibodha vihina-param
kim u rodishi manasi sarva-samam
16.
18.
20.
22.
na hi bandha-vibandha samagamanam
na hi yoga-viyoga samagamanam
na hi tarka-vitarka samagamanam
kim u rodishi manasi sarva-samam
24.
26.
gaganopama-shuddha vishala-samam
api sarva-vivarjita sarva-samam
gata-sara-visara vikara-samam
kim u rodishi manasi sarva-samam
Aqui, não sou atraído nem pela virtude nem pelo vício;
Aqui, não sou atraído nem pela forma nem pela não forma.
Aqui, não sou atraído nem pelo desapaixonamento nem pelo desejo.
Por que o lamento então, Ó mente? Eu sou o mesmo Ser em todos.
28.
Além do prazer e da dor, eu sou o mesmo Ser em todos; Aqui, nem tristeza
nem alegria existem.
Na Realidade suprema, não há nem Guru nem discípulo;
Por que o lamento então, Ó mente? Eu sou o mesmo Ser em todos.
29.
na kilankura-sara-visara iti
na chalachala samya-visamyam iti
avichara-vichara vihinam iti
kim u rodishi manasi sarva-samam
30.
32.
2.
avibhakti-vibhakti vihina-param
nanu karya-vikarya vihina-param
yadi chaika-nirantara sarva-shivam
yajanam cha katham tapanam cha katham
4.
6.
8.
10.
maranamaranam hi nirakaranam
karanakaranam hi nirakaranam
yadi chaika-nirantara sarva-shivam
gamanagamanam hi katham vadati
12.
14.
16.
18.
20.
22.
24.
26.
2.
4.
6.
8.
10.
12.
14.
Bhogi - Uma pessoa que dedica seu tempo à busca de prazeres do corpo e
luxúria. A antítese de um yogi.
Vedas - Quatro coleções de escrituras datando de 2.000 a 500 a.C., e que são
a fonte última de autoridade no Hinduísmo.