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Alan Wallace
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tradutor.
A Essência Vajra
Da Matriz de Aparências Puras
e Consciência Primordial,
um Tantra sobre a Natureza
Auto-Originada da Existência
por
Düdjom Lingpa
Editado por
Elissa Mannheimer
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© Gyatrul Rinpoche & B. Alan Wallace
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© Gyatrul Rinpoche & B. Alan Wallace
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Com a sílaba A, o mundo animado e inanimado dos três reinos se dissolve nesse campo
búdico, tornando-se indivisível dele. Pronunciando 'A', reconheça isso e traga à sua
mente. Pronunciando 'A', imagine que você atinge uma grande confiança.
A leste, imagine o vasto e amplo campo búdico de Abhirati, preenchendo todo o céu sem
deixar qualquer espaço, branco e luminoso como a lua cheia, da cor de uma concha. Ao
sul, imagine o vasto e amplo campo búdico de Śrīmat, resplandescendo por todo o céu,
toda a terra e tudo o mais, como a cor do ouro. A oeste, imagine o vasto e amplo campo
búdico de Sukhāvatī, vermelho como a cor do rubi. Ao norte, imagine o campo búdico de
Karmaprapūraṇa, da cor da esmeralda, com dimensões iguais às do espaço absoluto dos
fenômenos.
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descanso, como cães de rua raivosos. Aqui está uma forma de reconhecer essa situação e
gerar um sentimento de desilusão e repulsa.
Neste momento, você é como alguém que sofre de fome e de sede, e que ao encontrar
comida e a bebida avança sobre elas insaciavelmente, até não poder mais. Da mesma
forma, as pessoas de faculdades superiores, medianas e inferiores podem ser comparadas
a um bezerro que primeiro se alimenta de leite, quando cresce um pouco vive de grama e
leite e, finalmente abandona o leite e vive apenas de grama. Em uma progressão
semelhante, primeiro você cessa e subjuga os pensamentos discursivos estimulados pela
sua energia-mente e, em seguida, libera os pensamentos e permite que se manifestem. A
fase de concentrar-se e soltar alternadamente é como o período em que o bezerro se
alimenta de leite. Se permanecesse nessa fase e não encontrasse grama, ele certamente
morreria de desnutrição. Da mesma forma, se você não encontrar o caminho manifesto,
não transcenderá os estados inferiores da existência mundana e continuará vagueando por
eles.
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Por essa razão, você deve ter em mente a extrema importância de praticar com
entusiasmo e grande coragem até que o estado de liberação e onisciência se manifestem.
Tanto o viver quanto a meditação são chamados de processos de transição, pois ambos
tomam estados de transição da consciência como base.
Em termos de causas e condições, tanto das aparências da vigília quanto das aparências
do sonho, o que serve como causa é a consciência subliminar que compreende
erroneamente os eventos destituídos de identidade, dependentemente relacionados, como
se possuíssem identidades próprias. Aquilo que tem a capacidade de produzir objetos
claros e límpidos serve como condição auxiliar. A partir da confluência dessas causas e
condições, uma conexão contínua e não dual gera aparências delusórias que na verdade
não existem.
Com esta compreensão como base, treine em considerar todas as aparências como sonho;
em seguida, identifique as próprias aparências do sonho. Ao fazer isso, se adquirir
confiança familiarizando-se com a consciência prístina sustentada, as aparências do
estado intermediário serão eliminadas e você conquistará o poder sobre a grande
abundância da realidade absoluta.
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zumbido nos ouvidos desapareceu. Em seguida, dedique-se a práticas rituais e assim por
diante, para que possa acumular méritos.
Se isso não ajudar, vá com um bom amigo que não tenha quebrado seus samayas para um
lugar deserto, livre de outras pessoas e de influências perturbadoras. Em seu coração
visualize uma grande sílaba A branca, e sobre ela vinte e uma sílabas A brancas, uma
sobre a outra. Recite 'A' vinte e uma vezes, e ao fazê-lo, imagine-as se unindo, de baixo
para cima até que, com o som de 'PHAṬ', o A branco que estava no topo se une com a
grande bem-aventurança de Akaniṣṭha, o espaço do Buda Samantabhadra da base
original. Como resultado do repouso nesse estado que tudo permeia, poderá surgir um
vapor da sua abertura de Brahmā ou a respiração pode parar; ambos são sinais de ter
atingido a liberação no espaço.
Como alternativa, seu companheiro poderá dizer três vezes em voz alta: "Ó amigo, no
espaço, um cúbito acima do topo de sua cabeça, está sentado o Bhagavān, a base original
do dharmakāya, Samantabhadra - o Buda que não habita nos extremos da existência
mundana e da liberação - cujo corpo é da cor índigo, nu e adornado com os sinais e
símbolos da iluminação. Una sua consciência com a consciência primordial não
conceitual da mente do Buda." A cada vez que isso for dito, seu companheiro deve
pronunciar três vezes o som 'HI KA'. Ao fazer isso, se os seus olhos se virarem para
cima, isto indicará o sucesso.
Se com isso você não morrer, quando expirar e as aparências dos objetos externos
desaparecerem, seu companheiro deverá colocar um bambu oco ou um tubo de papel em
seu ouvido e dizer três vezes: "Ó amigo, quando as fases branca e vermelha da dissolução
surgirem para você, lembre-se de que esta é a reversão do samsara. Funda-se com o
espaço absoluto da base, livre de elaboração conceitual, a base primordial originalmente
pura, e realize a transferência!" Ele também deve pronunciar três vezes o som 'PHAṬ'.
Se a sua respiração também não cessar desta forma, seu companheiro deverá dizer:
”Amigo, dissolva a sua consciência em uma sílaba branca A e, como uma flecha lançada
por um poderoso arqueiro, transfira-a de sua abertura de Brahmā para o reino do espaço
prístino." Este conselho trará maior clareza ao processo do morrer, pois é como uma
mensagem enviada por um rei.
Se não obtiver nenhum benefício por esses caminhos, por meio da Transferência
realizada por seu próprio poder ou com a ajuda de outra pessoa, o sinal de evasão do
vento que tudo permeia é a deterioração da compleição e da radiância do seu corpo. O
sinal de evasão do vento acompanhado pelo fogo é a perda de todo o calor corporal nos
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membros e assim por diante, até que se torne frio como uma pedra. O sinal de evasão do
vento descendente é o escoamento de todas as essências vitais do corpo. Os sinais de
evasão do vento ascendente são a expulsão do ar, e da comida e bebida que tenham sido
ingeridas pela boca, que saem pelo nariz, junto com saliva e muco.
Devido à interferência entre as energias vitais dos canais e elementos e o sangue, surgem
várias aparências delusivas. Ao final, o sangue converge no canal de força vital, as
energias vitais são expulsas, e a consciência se recolhe no centro do coração. Aí então
você chegou ao que é chamado de separação da energia-mente.
Para aqueles que tomaram o Atravessar como caminho, sem terem conhecido a Travessia
Direta ou sem obter sucesso nessa prática, esta ocasião é um momento crítico, como fazer
uma cirurgia cardíaca4. Após terem reconhecido a consciência prístina, se puderem
estabelecer a confiança, isto é chamado de liberação na clara luz do dharmakāya durante
o processo do morrer. É como sobreviver por meio da remoção de fluido do coração. Se
não reconhecerem a consciência prístina ou estabelecerem a confiança, vaguearão
indefinidamente pela delusão do samsara, que é como perfurar o coração com um tubo de
ouro, situação em que a morte é certa. O número de dias durante os quais se permanece
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Quando chega a este ponto, ocorre a convergência da clara luz filha que você praticou
anteriormente com a luminosidade mãe que surge em seguida. Como resultado, assim
como uma criança que, sem hesitação, engatinha até o colo de sua mãe, quando sua
consciência entrar na clara luz você atingirá a liberação no grande êxtase da união.
Se não conseguir reconhecer a clara luz nesse momento e, portanto, não atingir a
liberação, todas as aparências se transformarão na exibição da luz vermelha. Em meio a
essa luz, a deidade principal Amitābha e sua consorte, cercados por quatro bodisatvas
masculinos e femininos, surgem no interior de um bindu que se estende da terra ao céu.
Dos corações desses kāyas é emanada uma luz vermelha, penetrando a sua garganta, na
qual bindus se empilham como tigelas de rubi vazias. Simultaneamente, surge um
caminho vermelho pálido, desprovido de qualquer brilho, que leva ao reino dos pretas.
Neste momento, para aqueles que reconhecem suas aparências, tudo isso se funde e se
transforma em kāyas e luz brilhante, e se tiverem confiança, sem se distrair com outras
coisas, atingirão a liberação.
Se você não for capaz de reconhecê-los e, portanto, não atingir a liberação, todas as
aparências se tornarão completamente encobertas e permeadas por uma luz azul escuro,
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em meio à qual surge a deidade principal Akṣobhya e sua consorte, cercadas por quatro
bodisatvas masculinos e femininos. Elas estão adornadas com os sinais e símbolos da
iluminação e com as vestes do saṃbhogakāya. De seus corações emana uma luz azul
escuro, brilhante demais para se olhar, penetrando o seu coração, no qual bindus são
empilhados como tigelas de lápis-lazúli vazias. Ao mesmo tempo, abaixo destes surge um
caminho de luz negra, desprovido de qualquer brilho, que leva ao reino dos seres dos
infernos. Da mesma forma, se neste momento a sua consciência se fundir com o espaço
absoluto dos kāyas e se você se sustentar com confiança, atingirá a liberação no campo
búdico de Abhirati.
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Se você reconhecer todas elas como aparências diretas das maṇḍalas pacíficas e iradas
emanadas da cidadela vajra de seus agregados5, e tiver o poder de unir-se com elas de
maneira não dual, atingirá a liberação no terreno de cremação vulcânico de Akaniṣṭha.
Para aqueles que tiveram sucesso na prática e se familiarizaram com o caminho da grande
travessia direta de clara luz, todas essas aparências pacíficas e iradas de luzes e bindus
surgirão durante um período de sete semanas de dias de meditação. Tais pessoas terão
tempo para obter o reconhecimento e a liberação pelo poder da sustentação dessa
experiência. Para aqueles que não viram a entrada para o caminho da Grande Perfeição
de clara luz, ou para aqueles que viram, mas não praticaram ou não obtiveram sucesso na
prática devido à falta de confiança no reconhecimento, ou devido a indolência espiritual,
distração e divertimentos, aquelas luzes e bindus não surgirão por um tempo maior do
que a duração de um eclipse. Assim, é desnecessáio dizer que eles não terão tempo para
reconhecê-los ou atingir a liberação.
Quando todas essas aparências pacíficas e iradas desaparecerem no espaço absoluto, você
se lembrará de todos os tipos de Darma que ouviu no passado, mas irá esquecê-los tão
logo se lembre deles. Além disso, durante esta fase surgem inúmeros tipos de Darma que
você nunca ouviu ou entendeu, e tão logo surgem são esquecidos. A maior parte das
pessoas experimenta a visão da clara luz por um curto período, e permanece nesse estado
por pouco tempo. Para aqueles que têm fé, reverência e grande adoração por seus gurus,
tão logo tais discípulos se lembrem deles, seus mestres automanifestos podem surgir com
a aparência de seus gurus e mostrar-lhes o caminho para a liberação; e eles podem de fato
alcançar a liberação.
Aqueles que quebraram seus samayas em relação ao seu guru vajra ou os que cometeram
ações de retribuição imediata caem em um abismo inconcebível. Após a cessação da
respiração externa e antes de a respiração interna cessar, sem demarcação entre a vida e a
morte, eles caem no Inferno Vajra sem estado intermediário. Aqueles que não quebraram
seus samayas em relação ao seu guru ou família vajra e que tiveram sucesso na prática do
Atravessar e da Travessia Direta elevam-se a uma inconcebível expansão. Após a
cessação da respiração exterior e antes da respiração interna cessar, sem demarcação
entre a vida e a morte, eles são naturalmente liberados sem estado intermediário. Assim
como o espaço dissolvendo-se no espaço, eles se tornam iluminados na base original do
dharmakāya.
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Às vezes, quando você está na presença de seres humanos, ouve suas conversas, mas as
pessoas não podem ouvir e nem responder às suas perguntas. Você pode ficar perturbado,
pensando que todos estão com raiva de você. Mesmo quando está com o seu cônjuge, ele
ou ela não lhe oferece nenhum alimento. Notando que você não produz sombra à luz do
sol, sua imagem não se reflete em nenhum espelho e que não deixa pegadas na areia, na
terra macia, ou lamacenta e assim por diante, você se sente desorientado e fica evidente
que morreu. Isso lhe traz imenso medo e angústia.
Quando você vê aqueles que buscaram refúgio no guru fazendo orações, pode notar que
estão realizando os rituais de maneira imprópria, que não têm prática no Estágio da
Geração ou no Estágio da Completitude, e que têm muitas outras falhas como a quebra de
seus samayas e de seus votos. Pensando que você foi enganado por essas pessoas e que
será lançado em um estado infeliz de existência, podem surgir visões falsas. Desejando
com ardor adquirir um corpo rapidamente, você vagueia em todas as direções, à procura
de uma entrada para um útero. Mas até que o estado intermediário tenha completado seu
curso, você não verá ou encontrará nenhuma entrada para um ventre.
A cada período de sete dias surgirão novamente as aparências das condições anteriores
para a sua morte, produzindo enorme sofrimento. Você ouve quatro sons aterrorizantes: o
som de mil montanhas desmoronando em pedaços, o som de um mar furioso, o som de
uma fogueira flamejante e o som estrondoso do vento. Surgem abismos negros,
vermelhos e brancos, que são as formas naturais dos três venenos, e você experimenta o
horror insuportável de despencar neles. Surgem aparências delusivas e horrendas como
ser perseguido por soldados e assassinos, ou uma grande montanha desmoronando e uma
violenta tempestade caindo sobre você. Às vezes você assume a forma de seu corpo
anterior, às vezes assume a forma de seu próximo corpo.
Um sinal de que renascerá como um deva ou um ser humano é sua cabeça virar para
cima. Um sinal de que renascerá como um asura ou um animal é você olhar para a frente,
e um sinal de que renascerá como um ser dos infernos ou preta é olhar para baixo. Um
sinal de que renascerá nos infernos é o aparecimento de um pequeno pilar de luz negra;
do renascimento como um preta é uma aparência semelhante a uma lã preta suspensa; do
renascimento como animal é uma aparência semelhante a um oceano de sangue; do
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renascimento como humano é uma aparência de luz branca; do renascimento como asura
é uma aparência de luz verde; e do renascimento como um deva é uma luz branca de uma
braça de comprimento.
Em termos de seu fluxo de consciência, para renascer no reino da não forma você tem
grande deleite com a vacuidade; para renascer no reino da forma você anseia pela
luminosidade; para o renascimento como um deva do reino do desejo você anseia pela
alegria; para o renascimento humano você anseia por objetos; para o renascimento como
um asura você deseja neve e chuva; para renascer como um animal você anseia por luz
negra; para renascer como um preta você é atraído por luz vermelha pálida; e para o
renascimento nos infernos você é atraído por línguas de fogo. Todos esses objetos
aparecem para você como sendo bonitos e atraentes, e você sente uma atração irresistível
por eles.
Se você se familiarizar com esses pontos, começando desde já, e tomá-los com toda a
profundidade, poderá reconhecer estes sinais no presente, experienciar o dharmakāya - a
consciência prístina que está presente como a base - e estabelecer confiança nisso. E
então, a clara luz da base, o dharmakāya originalmente puro, surgirá novamente. Isso é
semelhante a reparar um canal de irrigação danificado, e assim você alcançará a
libertação.
Se preferir, você pode trazer à mente o campo búdico, o palácio, e a deidade pessoal nos
quais meditou no passado; e se puder sustentar-se desta forma, suas aparências serão
transferidas para lá e você será liberado. Além disso, se você tiver manifestado um campo
búdico prístino, o que traz um enorme alívio, e tiver estabelecido tendências habituais
para isso em sua mente, ao relembrá-los e trazê-los à mente com precisão, suas
aparências serão transferidas para lá e você alcançará a estabilidade.
Aqueles que não desenvolveram tais propensões habituais por meio da prática poderão
ver uma bela massa de fogo, e assim que entrarem nele, visões do inferno surgirão
trazendo sofrimento. Se entrarem em uma linda caverna, surgirão as aparências dos
pretas; se entrarem em um rio ou um pântano, emergirão as aparências dos animais; se
entrarem em uma fina chuva ou em uma violenta tempestade, surgirão as aparências dos
asuras; e se as aparências forem de coisas como um jardim e um palácio, renascerão
como um deva.
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grande serviço para o mundo, você certamente obterá um renascimento humano precioso,
dotado dos dezoito tipos de liberdades e oportunidades. É importante saber que se você
entrar no útero sentindo atração por seu pai e aversão por sua mãe, renascerá como uma
menina.
Para praticar as instruções agora a fim de purificar o estado intermediário, considere com
sinceridade: "Pobre de mim! Eu morri. Esta é a aparência do estado intermediário".
Depois, repouse por um instante em um estado de reconhecimento do samsara e do
nirvana como grande vacuidade. E então pense: ”Eu realmente morri. Este é o processo
de transição do vir a ser. Agora eu devo me empenhar em uma prática para escapar desta
masmorra miserável do samsara.” Então traga à mente o campo búdico de Abhirati a
leste, e imagine uma luz branca, como uma formação de nuvens, iluminando o céu mais
além na direção leste .
Imagine que no centro desse campo búdico há um palácio criado a partir da luz brilhante
da consciência primordial. Vasto e amplo, ele resplandece em tons de branco, amarelo,
vermelho, verde e azul. Ele é bem projetado e está repleto de todos os tipos de decorações
e atributos encantadores. Em seu centro está um trono de joias apoiado sobre oito
elefantes, sobre o qual há um assento de lótus e discos de sol e lua. Sobre ele está sentado
o Bhagavān Vajrasattva; seu corpo é branco, adornado com os sinais e símbolos da
iluminação e com todas as vestes do saṃbhogakāya. Essa suprema corporificação ilusória
da consciência primordial está cercada por uma assembleia inconcebível de bodisatvas.
Então, imagine que você ascende a esse campo búdico, como uma flecha lançada por um
poderoso arqueiro, e que circum-ambula o palácio por três vezes. Você confessa suas
faltas e ações não virtuosas. A seu pedido o guardião abre a porta, você entra no palácio,
presta homenagem, faz oferendas, confessa suas faltas e faz orações ao Tathāgata. O
Tathāgata o fita com grande compaixão e o abençoa, faz uma profecia a seu respeito,
concede iniciações, e você se senta entre os alunos a quem ele está ensinando o Darma.
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ir para esse lugar com firme concentração, terá a boa fortuna de chegar lá, como uma
flecha atirada por um forte arqueiro; e alcançará a estabilidade nesse campo búdico.
Algumas vezes, traga à mente o campo búdico de Śrīmat ao sul, no qual todo o céu e toda
a terra resplandescem com a cor do ouro. No centro está o Bhagavān Ratnasaṃbhava,
com o corpo da cor do ouro puro. Ele está cercado por uma assembleia de vīras e yoginīs,
da família joia; imagine-se chegando até lá e sentando-se à frente do Bhagavān, como fez
anteriormente.
Às vezes traga à mente o campo búdico de Karmaprapūraṇa ao norte, que tem a cor da
esmeralda. Em seu centro está o Bhagavān Amoghasiddhi, adornado com as vestes
saṃbhogakāya e rodeado por uma assembleia de vīras e yoginīs da família karma.
Imagine que observa a exibição do campo búdico como se estivesse vendo diretamente
com seus olhos, e então imagine-se indo até lá como uma flecha lançada por um poderoso
arqueiro. Imagine-se lá como se fosse um criminoso que escapou da prisão e chegou a
sua casa; faça prostrações, oferendas e preces ao Tathāgata, como anteriormente.
Às vezes imagine todas as aparências como se fossem o campo búdico de sua deidade
pessoal. Por exemplo, imagine como se estivesse vendo com os seus olhos as regiões a
leste, sul, oeste e norte do centro de uma vasta região. Ao leste imagine o campo búdico
de Abhirati, adornado com flores brancas e emanando uma luz branca que atinge os céus.
Ao sul imagine o campo búdico de Śrīmat, adornado com flores amarelas e emanando
uma luz amarela que atinge os céus. A oeste imagine o campo búdico de Sukhāvatī,
adornado com flores vermelhas e emanando uma luz vermelha que chega até os céus; e
ao norte imagine o campo búdico de Karmaprapūraṇa, adornado com flores verdes,
emanando uma luz verde que chega aos céus. Traga-os à mente como se estivesse os
vendo com seus próprios olhos, desenvolva confiança nesse estado e se estabeleça nele.
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Do terceiro ao sétimo dia essa pessoa deveria dizer: "Ó amigo, ouça bem e tenha isto em
mente! É dito que as aparições de luz, raios de luz, bindus e kāyas pacíficos e irados se
dissolvem na pureza original espontaneamente realizada. Os sedimentos dos elementos
emergem como quintessências, fazendo com que as quintessências das cinco luzes
amadureçam como essências vitais. As essências vitais de seus bindus chegam à fruição
como os kāyas. Sem deixar que sua consciência se distraia, una-se com a luz, como uma
criança engatinhando para o colo de sua mãe. Una a sua mente com os kāyas e com os
bindus!
Então, durante seis semanas, o amigo espiritual deve colocar uma imagem da pessoa
morta à sua frente. Ele deve se imaginar capturando a consciência da pessoa morta
naquela imagem nove vezes, e imaginar-se colocando-a dentro de um casulo de luz.
Então deve dizer: "Ó amigo, ouça sem distração! Você certamente já morreu, portanto
reconheça isso!
“No processo de transição do vir a ser você é capaz de se deslocar instantaneamente para
qualquer lugar que imaginar. Surgirão aparências delusórias aterrorizantes e
inconcebíveis, e isso é chamado de processo de transição cármico do vir a ser. Você
chegou à fronteira entre samsara e nirvana, portanto abandone as ilusões e gere uma
repulsa pelo samsara, que tem a natureza do sofrimento sem sequer um momento de
verdadeira felicidade. Esses mundos dos seis tipos de existência de devas, humanos e
assim por diante são aparências delusórias, como ilusões e cenários de sonhos, portanto,
corte o desejo e o apego com vigor. Um mundo situado a leste daqui, chamado de
Abhirati é um campo búdico adornado com alegrias incomensuráveis e excelentes
qualidades. Lá, o Bhagavān Vajrasattva revela o Darma e leva bênçãos a uma assembleia
incontável de bodisatvas. Traga isso à mente!
“Você não possui mais nenhum agregado de carne e sangue, por isso deixe o seu corpo
mental de forma vazia e siga para esse campo búdico, como se fosse uma flecha atirada
por um poderoso arqueiro."
Pronunciando 'PHAṬ' essa pessoa deveria imaginar que o morto segue para lá como uma
estrela cadente. Pronunciando novamente 'PHAṬ' deveria imaginar a pessoa morta
chegando ao campo búdico. Pronunciando 'PHAṬ' pela terceira vez deveria imaginar que
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O guia deveria unir sua consciência de forma não dual com a consciência da outra pessoa
e permanecer em equilíbrio meditativo por alguns momentos. Então, deveria imaginar a
consciência da pessoa morta emergindo da abertura de Brahmā como uma estrela
cadente, e em seguida, dissolvendo-se no reino de Akaniṣṭha. Depois de recitar cinco
vezes a sílaba 'A', o guia deveria imaginar consciência da pessoa morta ascendendo,
enquanto pronuncia três vezes 'PHAṬ'. Se o guia estiver imbuído com as glórias da
consciência primordial e das qualidades iluminadas, o sinal de sucesso será um vapor se
elevando da abertura de Brahmā da outra pessoa.
Se isso não acontecer, o guia deveria imaginar luzes e raios de luz incomensuráveis
emanando de seu coração, e todas as maṇḍalas das três corporificações dos budas
derretendo completamente e convergindo em massas de luz de cinco cores. No espaço,
um cúbito acima da coroa da cabeça da pessoa que morreu, deveria visualizar o Buda
Amitābha, juntamente com uma assembleia de bodisatvas. No coração do Tathāgata
deveria imaginar um assento de lótus e disco de lua sobre o qual está sentado o
dharmakāya Samantabhadra, com um palmo de altura, nu e desprovido de roupas ou
ornamentos. No coração dele o guia deveria visualizar uma sílaba A branca, radiante
como a lua.
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De seus corpos, massas de luz de cinco cores são emanadas como nuvens ondulantes e
entram no corpo, na fala e na mente da pessoa morta. Todos os seus estados mentais e
aparências se dissolvem em luz, e seu corpo se torna um receptáculo vazio luminoso. Em
seu centro as massas de luz convergem e abençoam o princípio de vida, cognição e mente
da pessoa morta, semelhante à colocação de um pilar em uma morada vazia de luz. Este
tubo de luz se estende para cima e alcança a sílaba A no coração de Samantabhadra, e se
estende para baixo até alcançar o coração da pessoa morta, onde para. Dentro dele, vinte
e uma sílabas A brancas estão empilhadas, do coração até o topo da cabeça. Imagine-as
como tendo a natureza essencial do princípio da vida, cognição e mente da pessoa morta.
Pronunciando 'A PHAṬ' vinte e uma vezes, você deve imaginar cada uma das sílabas A
gradualmente se fundindo com a sílaba acima, então imagine a última sílaba se
dissolvendo na sílaba A no coração de Samantabhadra, como uma estrela cadente.
Pronunciando ‘PHAṬ’ uma vez, imagine o surgimento do campo búdico de Sukhāvatī,
exatamente como ele é. Pronunciando uma segunda vez, imagine a pessoa morta
reconhecendo esse campo búdico. E pronunciando pela terceira vez, imagine que ela
atinge a perfeição do poder da consciência prístina e alcança a estabilidade. Esta prática
de trazer o campo búdico à mente e sustentá-lo pelo tempo que for possível é profunda e
potente quando aplicada a todos os tipos de pessoas, de faculdades superiores ou
inferiores.
Se o guia não conhecer a essência do Estágio da Geração e não tiver familiaridade com
ele, tudo o que fizer não terá mais poder para beneficiar ou proteger do que simplesmente
oferecer orações comuns de súplica. Portanto, o guia da pessoa morta deveria ter
confiança na visão e meditação, e deveria treinar na essência do Estágio da Geração e da
Transferência para trazer benefícios aos outros. Se não alcançar sucesso nessa prática, ele
não será um guia melhor para os mortos que caçadores e bandidos. Por enganar os outros
ele cairá numa armadilha, como aranhas que ficam presas em suas próprias teias. Ele
pagará o preço de experienciar o sofrimento dos estados miseráveis da existência;
portanto, isto deveria ser reconhecido.
Nos tempos antigos, os ensinamentos da Grande Perfeição brilhavam como o sol. Quando
os mestres supremos e sublimes os explicavam para pessoas com bom carma e boa
fortuna, elas primeiramente alcançavam a certeza por meio da visão. Em seguida,
identificavam a consciência prístina e dissipavam suas falhas por meio da meditação. E,
finalmente, pela prática, mantendo-se sem atividades, todas se tornavam siddhas e
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Hoje em dia, no entanto, as pessoas podem meditar sem ter qualquer experiência ou
familiaridade com a visão; mas apenas identificando a luminosidade natural da
consciência elas não irão além do comum, e nunca alcançarão a fruição da iluminação
onisciente. Alguns professores são especialistas em explicações orais, mas não são
capazes de revelar o caminho da liberação; por isso, é impossível para eles trazer muitos
benefícios para as mentes dos outros.
Deste modo, os professores capazes de explicar estes ensinamentos estão gradualmente se
tornando cada vez mais raros e não há ninguém que esteja praticando. Como resultado, os
ensinamentos da Grande Perfeição estão sendo perdidos ao ponto de se tornarem
semelhantes ao desenho de uma lamparina de manteiga. Este tantra foi revelado devido
às circunstâncias dependentemente originadas, do mundo animado e inanimado, em
tempos como este.
Como o sol que aparece brevemente por uma fresta entre as nuvens, este ensinamento
não permanecerá por muito tempo. E por quê? Porque não existem mestres que saibam
como explicá-lo e há poucas pessoas que têm o carma, a boa fortuna e que fizeram preces
para recebê-lo. Assim, da mesma forma que emergiu do espaço absoluto, ele se recolherá
de volta nele."
Ao ouvir estas palavras, toda a assembleia de discípulos, incluindo Vajra da Consciência
Prístina, se alegrou e louvou o ensinamento. Imediatamente, o Mestre Vajra Nascido no
Lago se dissolveu em uma massa de luz e os discípulos também desapareceram nessa luz.
Em seguida a luz se ampliou, permeando todos os fenômenos, que a seguir se
dissolveram em luz; então, a luz se fundiu com o espaço que se expandiu tudo permeando
de forma ilimitada. Em seguida, do espaço vazio e não objetivo da consciência, surgiram
estas palavras: "Todos vocês que meditam sobre a Essência Vajra da clara luz, ouçam!
Este é o caminho para atingir a iluminação como a exibição da pureza e igualdade da não
dualidade de libertar-se por meio da realização, e de liberar os outros por meio da
compaixão".
1
As cinco degenerescências incluem as degenerescências da expectativa de vida, das
aflições mentais, dos seres sencientes, dos tempos e das visões.
3
Nesta prática você coloca o punho em sua testa, e se puder ver através dele, sem
intervalo entre os lados esquerdo e direito de seu campo de visão, então "a forma de
seu espaço de vitalidade" desapareceu.
4
Tib. snying la gser thur ‘dren pa. Isto se refere à antiga prática médica tibetana de
inserir um tubo de ouro no coração para remover o excesso de fluido.
5
Isto se refere ao seu próprio corpo, que é onde se localizam os três vajras de corpo,
fala e mente.
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© Gyatrul Rinpoche & B. Alan Wallace
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Neste contexto, o trono vajra se refere ao estado búdico ou a qualquer um dos campos
búdicos, aos quais os seres neste processo de transição do vir a ser não têm acesso.
Além disso, até que o processo de transição se encerre, esse ser não poderá seguir para
o ventre de sua futura mãe.
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As três contaminações do céu são névoa, fumaça e poeira.
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Esta fase ocorre após as visões de um brilho branco e então de um brilho vermelho,
quando alguém perde temporariamente a consciência.
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