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Envolve a realização de que, o que nós experienciamos como a vida presente, depende
do nosso corpo, que experimentará o nascimento, a velhice, a doença e a morte. Tudo
desde a infância até agora é passado, se foi como um arco-íris. Tudo no presente
imediatamente passa para o passado. Se você está dormindo, comendo, trabalhando ou
permanecendo no presente – tudo é ilusório. No futuro, seus planos também são todos
ilusórios. Se você mantiver isso em mente, será uma ajuda quando você experienciar o
verdadeiro Bardo para eliminar o Bardo ilusório que causa medo em você. Durante o
Bardo ilusório, o som, luz e raios se originam de você e lhe assustam. Se você praticar
esta consciência de atenção plena, você não terá medo naquele momento. Este Bardo
existe entre sua vida passada e a próxima vida que você experienciará.
Envolve a realização de que os sonhos são causados por aparências originadas dentro de
você. Felicidade, infelicidade, apegos, traços cármicos, padrões, todos podem fluir da
sua vida desperta para os seus sonhos. Realizar que você é a fonte dos sonhos permite
que você se mova pacificamente entre estar desperto e estar adormecido. A natureza
ilusória dos sonhos aponta que, até os sonhos que parecem muito “reais” são de fato
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insubstanciais. Refletir sobre isso pode nos levar à consciência de que a vida desperta,
que também parece tão "real", também é basicamente insubstancial. Este momento
presente que parece tão importante torna-se o passado, assim como um sonho. Este
Bardo é entre o dormir e o despertar.
Quando o corpo começa a perder energia este é um sinal de que a morte está chegando.
Isso pode começar um mês ou vários dias antes da morte. Por exemplo, se a cor da pele
está pálida, este é um sinal de que o baço está perdendo energia e de que o elemento
terra está se dissolvendo. Há um processo semelhante para o rim, o fígado, os pulmões e
o coração, envolvendo os elementos água, fogo, ar e espaço. Neste momento, a
introdução ao Bardo por um lama ou professor é importante. Não ter apego a família,
amigos, posses etc. também é importante. Descansar a mente em coisas virtuosas, fazer
preces inspiradoras, e meditar também ajudam. O melhor resultado é realizar a natureza
da sua mente. Todos os sinais da morte virão no período anterior a morte. Neste
período, pratique sete vezes ao dia. A prática de Phowa é importante – é como dar
remédio para um paciente ou água para uma pessoa com sede. Este Bardo é entre os
sinais da aproximação da morte e a conclusão da dissolução do corpo físico.
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6. O Bardo da Clara Luz que é a Essência do Bön Auto Surgida
Surge após a última “respiração interna” ter sido feita. Sons como trovões e imagens
como luzes e raios estão auto surgindo. Eles podem ser assustadores, mas ter a
consciência da natureza auto surgida desses fenômenos, permite que as pessoas tenham
experiências distintas. Pessoas familiarizadas com a prática que se lembram de praticar
neste momento verão a clara luz e imagens de deidades e ouvirão mantras. Pessoas não
tão familiarizadas podem ver imagens de dakinis. Pessoas que não são praticantes ou
que não conseguem se lembrar da prática podem ouvir sons altos e assustadores de
animais como lobos e pássaros que ecoam e podem ver escuridão ou imagens
repulsivas. Esse período durará 7 segundos. O praticante experiente pode alcançar a
iluminação neste momento, se for introduzido ou lembrado da prática. Aqueles que não
alcançam a iluminação quando estão recebendo a introdução ou sendo lembrados da
prática, são imediatamente liberados deste Bardo. Este Bardo é entre o surgimento e a
dissolução da aparência.
Ocorre durante os três dias posteriores a morte. Você não sente nada por três dias e
parece estar em um sono profundo, intenso e sem sonhos. Depois disso você desperta e
vê todos da sua família. Você vê que sua família está fazendo rituais fúnebres para você,
e você percebe que está morto e se sente nu sem um corpo. Sua consciência se sente
como um órfão. Ver sua família fazendo coisas virtuosas é como um caminho
mostrando a direção para os reinos superiores. Este Bardo é entre a morte e três dias
depois.
Surge após três dias quando a consciência se sente como uma criança pequena que
acorda sozinha em uma terra deserta. Nada é familiar. Você se lembra de tudo no
passado e se sente apegado a tudo que deixou. Quando você se lembra de algo, sua
consciência imediatamente alcança aquele lugar e tempo tão facilmente como se fosse
uma pluma soprada pelo vento. Se um lama introduz a prática neste momento, você é
liberado deste estado. Se você não estiver familiarizado com a prática ou o Bardo, pode
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haver muito sofrimento neste momento, então a introdução é importante. Este Bardo é
entre o reino superior e o reino inferior.
Esses são alguns exemplos da introdução da Natureza da Mente por meio de símbolos: a
consciência é como uma lamparina de manteiga – ninguém produz esses raios e luzes. A
essência da luminosidade vem de si mesma. Por meio dela, a Natureza da Mente é clara,
como a autoconsciência.
Outro exemplo é que a consciência é como uma flor de lótus. O lótus cresce na lama,
mas quando você colhe a flor, não há lama. Desta maneira, a consciência floresce como
autoconsciência imaculada mesmo apesar de baseada em nossos cinco venenos,
negatividades, hábitos, e corpos físicos.
Outro exemplo é que a consciência é como uma bola de cristal. As partes interna e
externa são ambas claras. O espaço ou céu é outro símbolo. Uma vela acesa envia luz
em todas as direções e ilumina a si mesma também. Consciência e visão não são
diferentes. A água e a luz da água, o sol e a luz do sol, o cristal e a luz do cristal, a
lamparina de manteiga e a luz da lamparina de manteiga – todos são a mesma coisa, não
são distintos. Nós não podemos separar essas qualidades. Desta maneira, podemos
introduzir a natureza da mente. Todas as aparências vêm de você. Um eco é um
exemplo. O seu eco não se origina da superfície de uma pedra, mas de dentro de você.
Durante a meditação e o Bardo, todas as luzes vêm de você. Quando você vê um arco-
íris na sua frente, você não pode pegá-lo. Todos os raios vêm de você, não do exterior.
Eles surgem e se dissolvem em você.