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HINOS E AFINS
e agora
que ainda não te amordaçaram de novo
canta ó bicho-do-mato
HINOS & AFINS
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o sacrifício e a hamartia
o cutelo e o canto
que domesticam o todo e os prantos
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Eu chamo-te invoco-te
com a honra devida à Cerebral
e conta paga na mercearia do comércio com o invisível
ó abanadora de diáfanos abanicos!
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E por último,
não houvera eu de invocar
as molas de Pleistus,
o ondulado poder de Poseidon,
e o Zeus, o mais altamente, o enorme.
eu passo-me
e sento-me na saracoteante cadeira sagrada
e entro na frutífera resposta
além do advento dado.
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……para lá do limite de…….
……quando se viu grego no teatro
pôs-se a arrumar no poema a falsa alegria
de uma paideia ululante errada
para que o poema lhe fosse agora iniciação Eleusis
luz droga Baubô
êxtase tranquilidade
qualquer coisa que o valha
mas só se lembrou do côro da Antigona:
"nada sobrepassa o homem em pavor"
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………espalhou a beleza indomável ao entrar em casa…
o cão esperava-o com os livros roídos
mijo caca
canseiras de limpezas palimpsestos por decifrar
….homens que procuram oráculos nos cacos…
…resumos rasos do dia-a-dia
e higiene ao menos mínima
para um heroísmo de dona-de-casa pouco fecundo…
HINOS & AFINS
…vida-morte-vida…………noite incompleta
incompletude noctambulante órfica instável
— sentes o bafo branco dos iniciados?
— será que sentes o bafo branco dos iniciados?
…..deixar cada passagem dentro
no buraco onde enterraste parte da tua vida
esse casamento nem tão sincero quanto o tomaste a sério
o sentido deslizando do adiamento da dissolução…
frase renovando-se na repetição
………………………catharsis……………
e a piedade que longamente gera a cólera
cabrita empoleirada na manante loucura
com cadeira partida de bicho ao lado
………..com o uso reserva-se a………
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carpiu no rosto pela europa e a fantasia vagarosa
carpiu e o nariz acolheu as lágrimas
carpiu sobre as coxas sem cidade sem infância…
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…… com a mão de auspiciosos dons
pôs-se em sexo e desenhou sombras…
…e o pensamento perdeu o pé na estrada
…..das guias do deus…………aladas…
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…..e tinha trazido adiante a fatalidade…
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…minhas madrastas faziam-se velhas estaladiças
meu pai descia à leitura com a barba cinza
aplainava capas jogava cartas
cobria os textos de aspas e anotações
esverdecia dentro da abominação do vulgo
e eu amava-te ao rubro no vão de escada
onde sobravam latidos e baratas……………
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uma carpa seguindo independente na corrente
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…………………………a morte parece adiável
nos inescapáveis corredores do submundo
& a cigarra já tirita o cansaço
das palavras que vão ser brasa de gritos
sons de flauta batuques evohés…
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Era o tempo.
Era o espaço.
Era o discurso.
Tudo isso se mantinha contraído,
aninhado na sua inútil preservação
no ovo alado.
A palavra saltou
com suas letras saracoteantes.
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O atarrachamento da Glória
é a estrada que te livra do caminho dado.
Desmanchas os céus apinhados de nuvens.
Pões os pantanos de lado
esses inflamados pântanos soalheiros
que te foram dados como lição de moral
aolado dos encómios ao pão.
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A palavra dá-se-te —
e tu, dás à palavra?
É uma: a arte de mil, a acotovelar-se para ser justa
toda densa iniciática gloriosa
suada suja.
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Variações do fosco
do difuso e da ténebra.
Ecos do silêncio mais escavado.
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Respondeu-me
que sim senhor
aqueles eles eram a modos que corpos
mas não como nós
nem outra coisa que estimássemos
porque é que a uma velhacaria chamariamos corpo?
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37 (a partir de Catulo)
Vai vai
levado dos mares ermos
às montanhas do nascente
fende as profundesas
lá
pressionando os aguilhões em raiva insensata
de cabeça perdida
corta-se com calhaus arranha-se nas silvas
prova-se o sangue das várias feridas
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retinem
sobre a cavidade sonora de um couro de cabra
e as míudas as grupies as tontas a matilha
agitadas de tremor frenético
põem-se a cantar assim para as suas companheiras
fuge fuge
galguem a terra insone
ajuntai ajuntai
madeiras galhos arbustos
para consagrar no fogo da carne
para queimar fumegar pela Deusa
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(urros agudos)
«nós queremos celebrar o santo mistério»
(bocas bárbaras)
barulham os címbalos
bafejam as moças e os passos firmes fortes
há grande estrépito
e vozearia de cor
saltos impetuosos
galgam o Monte verde
num tempo furioso de hálitos arregalados
perdidos
desatados de si
Ele
tamborete na mão
guia através de florestas espessas
corre
simula manipula afasta as urzes
segura a novilha indomável
quer subtrair-se ao peso dos jugos
e ao pesadelo das Loucas
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— rápido!
no torpor se afundam —
um pesado sono fecha suas pálpebras
e a raiva das suas almas apaga-se
vencida por suave descanso
e embalada por grilos
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ó pátria minha,
tu que me deste ao mundo!
ó minha pátria!
minha mãe!
a quem abandonei na minha desgraça?
HINOS & AFINS
e eu que me deixei ir
desgraça!
ah!
desgraça em mim
quantas vezes a minha alma não terá que gemer assim!
sou mulher?
sou efebo?
fui criança
fui a flor do ginásio
a glória dos atletas massajados com azeite
e ervas odoríferas!
vi às minhas portas a multidão
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mantendo-me
serei mais um acrescento que participa na deusa?
uma parte que serve a Deusa
a que corre por todos os lados?
a crina fulva!
o sabor do pinhão
moído com sangue
então vê vê claramente
a extensão do seu sacrifício
os lugares onde se encontra
e a alma em acalmia
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florirás em florestas selvagens
e doravante servirás
e servirás e servirás
entre bestas bagas e mel