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www.mecatronicafacil.com.br sida) SIEM ANO 1 - N°2 - JANEIRO/2002 - RS 8,50 2) ae eC __ ANNCTDIIN. | } | U Bil iy ] ryt fi) Ne] Kl , PRrel caae i ras ACIL PARA TODOS = 18 9890 Pec ae Peed Pee Lia peer ] rod ficos mesmo Pierce Pea aa Pcs TN CL alles ee wn eer Editora Saber Ltda. Pole ipl EDITORIAL ‘Thereza M. Ciampi Fittipaldi Desde a sua concepgao, a revista "Meca- ALCON trOnica Facil" (que inicialmente era para ser ape- nas um suplemento da revista “Mecatr6i ‘Atual’) tem mostrado ser muito mais do que uma ee ee simples revista técnica. Recebemos centenas de e-mails de leitores que nos prestigiaram (a todos Mecatrénica Fécil fSleatic romeslces siseh pense |ieceel ancora? 5 OES pemgeraen cessidade de um material deste tipo para aunilid- mn losna sua formagao (para alguns) eno seu hobby Ealtor Assistonto raed snes Gates ds Panioe: ‘Agora, como uma revista independente, contando com 64 paginas, a revista Publicidad “Mecatronica Fécil’ continuaré auxiliando seus leitores através de informagies uae ann era importantes para enriquecer a sua formagao, seja ela mecatrénica ou néo. Digo a erin isto porque nao é dificil constatar a influéncia que ela_vém exercendo no dia-a- Consetho Edltorial dia de grande parte da populagao. Nowon C. Braga Em decorréncia disso também, a Mecatrénica est cada vez mais presente eer nas escolas, tanto no ensino médio quanto no ensino superior. Temos dois exer Coleboratores plos disso nesta revista, que traz uma matéria sobra a 1® “Guerra de Robés" pacha ‘ocorrida na Unicamp no dia 13 de setembro deste ano e também no artigo ins Cece Acero sobre 0 VM-1, 0 qual foi utilizado no colégio Mater Amabilis participando de uma Yosé Frances Junior ivertida corrida. Rn cae ee: Nos dois eventos, 6 possivel constatar o encanto com que as pessoas veem . Bape rae allo Luporit Pastore a Mecatr6nica, independentemente do seu grau de instrugdo. Esse aspecto da aul Baldin Mecatronica tende a ser muito explorado nas escolas, pois através do carter eee coltico “ladico" os alunos aprendem conceitos importantes de Eletronica, Mecanica, Isabel Pereira da Siva Computagaio e demais dreas afins. Paulo Gomes dos Santos, Estas idéias vo ao encontro dos objetivos desta revista, onde através de Paulo Robert Minuzzo projetos de simples execugdo e de artigos de cardter basico, pretendemos esti- mular a prética da Mecatrnica e contribuir da melhor forma possivel para a formagao dos futuros Técnicos e Engenheiros. A partir de 2002, as revistas serao bimestrais sendo langadas intercaladamente, ou seja, em janeiro “Mecatrénica Facil", em fevereiro “Mecatronica Atual”, e assim por diante. Quanto & revista "Mecatrénica Atual’, esta é importante néo sé para os que Basi DINAP ja trabalham com mecatronica, mas para os que estio iniclando também, pois Portus: Elecroiber nla cor abordadoe divorcee concoitos importantes relacionadoe & Automagso MECATRONICA FACIL Industrial. A série de artigos sobre AutoCAD fara parte desta revista, ja que (ISSN - 1676-0980) ¢ uma serve para os que estado “adentrando” na Mecatrénica e para os que ja estao ppubleapao a Etora Saber Lida Saale Redagao, administracao, numeros lates. (aiiloldatis & Peco aos leitores que nos enviem preenchida a pesquisa que se encontra no orrespondencia: final da revista e que facam também criticas e sugestbes, pois assim podere- Br doo José de Aa, 915 mos guiar 0s nossos passos para apresentar uma revista cada vez mais interes- ‘SP - Brasil sante é Util. Tel.: (11) 296-5333 6912-4700 Empresa proprotiia dos direitos Paulo Gomes dos Santos dd roprosua Ebirora Saben LOA, ao Necorel oe Ecos Co" RULUc oreo meee celeron ecatas ovstas © da ANATES - Assocogao Nacional das Edtoras ar eae eens Dirgidas ¢ Eapeciazades Os arigsassnads slo ce exchniva responsabidace doses ores. © vecada 8 eroduco otl u paria oe Tiragem: 20.000 exemplares toro tuna ds Fev, bom com andstalzagto wou coercalzago os aparos cua Ou das des textos onsenae, Sob Para Go anges egal. As consis teria rors os argos da Rvs WNT fze ‘overdo oct fas excluavenerta por carts, Ou eral (AC do Department Teen). Sto tras todos 0: [rusucapoee esrecuzaDas| ‘uldados razoaveis na preparasso do conteudo desta Revista, mas ro ascumimos a resporsabisdade legal por ‘www anatec.org.BF ‘rontuaks eros, pincpalmente nas mortage, pois watar-s0 do proptos experimental. Tampouco ASSUTHMCS & 2 ‘operehitids por Conca rocearins So perce oo merase Cove as engunas em rz. dosent ANER ‘piends eta a pimete oportunidad, Props edados pubieados em aninoos sOo oor née eoaes do boa, ‘Som corretos na data do facharnanto da ego. Nao assumimos a rosponsablldade por altoraqbes 0s propos ena lsponbildade dos produtes ocodas apds ofecmerto, ae ae = Automagao Pneumiatica - 2° parte © autor continua discutindo os concei- tos fundamentais relacionados ao ar, neces- ‘sarios para quem deseja lidar com o ar com- primido em equipamentos pneumaticos. Nesta matéria so exploradas a transforma- 2 8 [#0 de um gas e a compresséo do ar. Linguagem LOGO para (Seg¢ao do Leitor 3 J Guerra de Robés Robotica e Automagao - 2° parte Conhega esta competi¢ao, onde robés Controle os sinais da porta paralela do radiocontrolados tém como objetivo destruir PC através de um programa desenvolvido eacbres fier Gis Guara do asses Gooneu em LOGO. Nesta matéria s4o abordados tan- na Unicamp e esté estimulando a pratica da 6 to 0 programa desenvolvido quanto a mon- 3 A [Robetica no Brasil. tagem da parte eletrénica a ser ligada na porta paralela, Mdsculos pneumaticos Dispositivo que, através da pressio do Como Soldar 7 F Muitos projetos ficam comprometidos ar, simula a atuacao de um misculo, po- : z Settee Sau’ on pois (YA seater Kee a leitor encontraré uma série de conselhos e saat } eee ees AGS soldas inando esse risco. ) Trabalhando com plastico Carrinho Controlado via Aprenda nogées fundamentais para ma- nusear o poliestireno, material empregado 1 4 Internet nna construgao da estrutura de plastico de Neste trabalho, os autores apresentam muitos prototipos. um projeto onde um carrinho de controle Ce Lo Rana Me a sever dees Je ligado a um PC e controlado por 46 outro através da Internet Veiculo Mecatrénico Eletrénica Basica para Construa um veiculo impulsionado por uma hélice acionada pela luz. Este projeto Mecatrénica - 2* parte 6 apresentado em duas versbes. Uma feita Saiba como utilizar 0s motores de cor- com pléstico e outra com material reciclavel, 1 7 rente continua em seus projetos de 5 que torna o projeto bastante acessivel [Mecatronica ERRAMI OS ag 11 - Falta referéncia a0 quarto anel dos resistores. Nos resistores ‘com 4 anéis 0 quarto indica a tolerancia. Pag 10 - A unidade de resistén | ohm (Q). Na importacao dos origi | para 0 formato usado na paginacao estas unidades foram trocadas por — “W’. O correto 6 mesmo 0 mega. Pag 12 - Na figura 8 a seta no emissor do transistor PNP esta invertida. | Ela deve apontar para dentro. [ Pag 11-As unidades de capacttncia também foram trocadas devido | | | ret 20 pelo mesmo problema. Em lugar de mF leia-se uF (microfarad), Pag 10 até 17 - as figuras tiveram os niimeros alterados, fugindo da seqdéncia correta (de 1 a 25), Pediivies now i leitores que ano- NF compo] 1/2 [3 [45 [6 [7/8 [9 |10/11|12)13]14 115|16 117 |18]19]20] 21] 22] 23/24/25 || tem as comregbes. Diferenca entre a Mecatrénica Atual e Mecatrénica Fécil Prezados Senhores, Eundo entendi algo em relagao a Revista Mecatrénica: sao revistas distintas (atual e facil)? Se so, qual a diferenca entre elas? Qual o valor das assinaturas? Nés jd somos assinantes da étima Saber Eletr6- nica. Aguardo retorno. Edvania- Senai - MG ECATRONIG Lig oiow» Cara Edvania, A diferenca entre as duas revistas 6, essencialmente, o tipo de abordagem dado aos artigos. Na revista Mecatrénica Facil procuramos levar ao leitor informagées de caréter basico para que todos tenham a oportunidade de conhecer e se aprofundar na Mecatrénica através de artigos tedricos e praticos. Jé na Mecatrénica Atual, buscamos levar informagées para os leitores que trabalham com a Mecatrénica. Nos préximos nuimeros, por exemplo, contaremos com colaboradores que nos traréo matérias que auxiliem aqueles que trabalham com a ‘Automacéo Industrial. Isto néo significa que ambas no tenham infor magées valiosas para todo 0 publico, pois os que jé trabalham com a Mecatrénica, muitas vezes necessitam rever alguns conceitos que no ficaram claros durante a sua formagao, e os que pretendem adentrar nesta area tém a oportunidad de ver na Mecatrénica muito mais do que a construgao de robes. SEGAO DO LEITOR Mecatrénica nas Escolas 014, Pessoal! Parabéns pela iniciativa de langa- mento desta revista. Com certeza seré muito til aos hobbistas e aos futuros profissionais de EletrOnica, Mecénica @ Informatica. Sua revista estard na lista de recomendagées para meus alunos. Prof. Hélio L. Costa Jr. - Centro Uni versitério UNIS - Varginha — MG Gostaria de parabenizar a Editora Saber pelo langamento da revista MECATRONICA. Esta passard, sem diivida, a ser uma revista de referéncia para hobbistas, iniciantes das Enge- iharias elétrica, mecanica e computa- G0, e também para o Ensino Técnico. As matérias estéo muito bem compos- tas e editadas e com profundidade ade- quada. Prof. Marcelo da Silva Hounsell (Pn pela Loughborough University) Coordenador Geral dos Cursos de Pés-Graduacao Professor do Mestrado em ‘Automaco Industrial CCT - UDESCiJoinville Prezados Professores, E com muita satisfagao que rece- bemos os intimeros e-mails de varias Escolas @ Universidades comentando contribuiedo da revista para a forma- (940 dos futures técnicos e engenhei- os na area de Mecatrénica. Varios de nossos colaboradores sao professores e, portanto, conhecem de perto as vos- sas necessidades. Esperamos contri- buir cada vez mais para esta finalida- de e de contar com a participacdo dos professores com criticas, sugestées e ‘até mesmo com artigos para a revista. MECATRONICA FACIL N* 2 - JANEIRO/2002 3 Prezado Editor, Meu nome é Ricardo Luiz Vieira, tenho 16 anos, trabalho como ajudante em uma oficina de Eletronica com 0 meu tio. Gosto muito de montar projetos de ele- tronica e fiquei entusiasmado com a revista Mecatrénica, pois ela traz exatamente aquilo que eu esperava, que era mecénica, eletrénica e microcontroladores, pois sempre sonhei em desenvol- ver robés e ter controle sobre eles. Feliz, comprei a revista e li atenciosamente os arti- gos @ era exatamente aquilo que eu precisava, uma leitura bem prética, porém n&o pobre em informagdes, ois até agora s6 tinha lido artigos muito complicados, provavelmente esoritos para aqueles que jé tem facul- dade nessa érea. Ao terminar de ler os artigos, corri para Intemet para ver os pregos do material para mon- tar esse fascinante projeto, foi ai que eu volte para terra deste sonho que se tornou a Mecatrénica. Pols, estudo de manha,trabalho a tarde e ao ver o quanto custaria 0 kit do primeiro projeto, ficou proiitiva a con- tinuagdo pratica da revista. Gostaria de saber se hd outra maneira de se con- ‘seguir esse material a um prego mais acessivel, pois do gostaria que depois de tanto procurar e encontrar uma revista que me fez entender de um modo simples (porém correto) esse assunto, que até agora me pare- ia inalcangavel, e espero ndo estar sendo mal agradecido, ¢ que toda a empolgacdo da lei- ‘ura fol estriada pela realidade do mate- rial. Agradego pela atencdo. Ricardo. Eu comprei_a revista Mecatrénica Atual, e gostei muito, $6 que quando eu fui ao site pata ver as pecas para o rob, me assustei pelo prego. ‘Seté que encontro mais barato? Se sim, onde? e se nao, por qué vocés no pdem alguns robés mais acessiveis para 0 bolso das pessoas (imagino que to- das as outras também acham caro). E gostaria de saber se em todas as edigdes vai sair um projeto, u por partes, ou 86 de vez em quando. Apés tantas reclamagdes, vocés devem pensar que eu no gostei da revista, mas eu gostei sim. Muito obrigado. Fabio. Caros Ricardo e Fabio, De fato, 0 prego das pegas necessdrias para a mon- tagem do Octa-| nao é acessivel para todos. A fim de solucionar este problema, a partir do atual ntimero va- ‘mos publicar projetos com materiais elétricos de baixo custo, estruturados com material recickével. SECAO DO LEITOR e ‘Octa-t A proposta de revista Mecatrénica Atual e Mecatrénica Facil é muito interessante. Mas a repor- tagem que discriminava 0 projeto do rob Octa-1 me ppareceu mais de cunho comercial do que informativo. Como podemos difundir a mecatrénica, se projetos como este utilizam componentes somente de um de- terminado fornecedor? Para que tenhamos acesso a ‘esses componentes, temios que nos sujeitar a um certo “monopélio”, o que néo toma a mecatrénica acessivel a todos, Na minha opinido, as reportagens deveriam ser im- parciais e generalizadas de modo que a aquisigao e/ ‘ou montagem desses projetos fossem livres endo se beneficiasse a terceiros, Daniel Pedro Caro Daniel, ‘Quando decidimos fazer a matéria sobre 0 Octa-, desejévamos dar ao leitor inexperiente condicées de cconstruir 0 seu préprio robs. Por isso utilizamas 0 Basic Step 2K, onde a maioria dos componentes jé estd montada. E também néo entramos em detaihes sobre as caracteristicas de cada um dos componentes, de- tendo-nos somente na montagem em si. Por outro lado, admitimos que néo atendemos todas as expectativas dos leitores mais experientes. Procurare- =. mos trazer nas préximas edigdes, além \\_- de projetos deste tipo, outros mais versdteis, para que seja possive! que 0s leitores facam as suas prd- prias moditicagées e que também fiquem livres para adquirirem os com- ponentes onde bem entenderem. Biblioteca MyMcs.lib Na hora de verificar se existem erros no programa do Octa-1 aparece um problema na segunda linha dizen- do que a biblioteca. “MyMcs" ndo foi en- contrada, @ eu jd verifiquel que realmen- te ela ndo consta no programa e nem no site de download. Ja montei 0 protétipo, mas sem esse ar- Quivo ele nao funciona, pego téo somente que indiquem ‘onde posso conseguitlo... Desde j4 agradeco. Orlando Prezados leitores, Aceitem as nossas desculpas. Realmente ficou fal- tando disponibilizarmos essa biblioteca no nosso site. Isso ja foi feito e ela pode ser encontrada no enderego: http://wwix.meoatronioaatual.com.brffacivdownload.him MECATRONICA FACIL N? 2 - JANEIRO/2002 Quero parabenizar vooés para por mais essa criagéo que muito interessante e desvendar este mundo fascinante da MecatrOnica. Eu li todas as matérias das duas revistas © 0 que mais me interessou foi o robé montado na revista Mocatrénica Facil. Q que vocés poderiam fazer como su- gesido seria disponibilizar os kits para serem comprados por um prego acessivel para que possamos montar os pro- Jetos. Estou comegando com alguns colegas professores a investir na area da Robotica, pois 0 mercado é bastante ppromissor, @ agora com esse trabalho de vocés ficou ainda melhor. Gostaria também que se disponibilizasse a revista para que 2 genle pudesse assinar © ler & comudidade de ecebé-la em casa da mesma forma que a Saber Eletrénica, que assino e prestigi. ‘Obrigado por esse trabalho continuem assim. Robson Prof? Eletronica (Praticas) Caro Robson, Nés que agradecemos 0 prestigio despendido, No mo- mento, a editora Saber ndo produziré os Kits explorados nas matérias da revista, mas a partir desta edicdo a Eletrénica “Rel do Som” (http://www.reidosom.com.br) disponibilizaré 0s interessados alguns Kits para a execucdo dos projetos contidos na revista. J possivel encontrar lé aqueles des- tinados & montagem da parte elétrica VM1 @ do controle emoto monocanal. A parle estrutural dos projetos pode ser construida utiizando matetial reciciével (conforme 6 mos- trado no artigo do VM-1) ou com piéstico (conforme indicado no artigo “Trabalhando com Pléstico") ‘Ota! Chamo-me Paulo e estou no tiltimo ano do curso t8<- nico em EletrOnica...Comprei uma revista que ¢ achei super legal o projeto de um robé q desvia de obstaculos, @ gostaria de informagdes de onde posso conseguir os componentes, © suporte para os motores Servos, ec... talvez mais dicas ou algo parecido, Por favor, me mandem informagSes. Agradeco a atengéo. Paulo Prezado Paulo, © r0b6 Octa-t fol construfdo utizando 0 Basic Step 2K, produzido pela Tato, que pode ser obtido através do site:http:/ ‘“unurwctato.ind.br, assim como 0 sonar @ 0s servos. As fodas sd0 de aeromodelos @ podem ser localizadas em lojas especializadas. Caso voce néo encontre, utilize rodas de al- .gum carrinho de brinquedo, 0 que pode até tornar 0 projeto mais barato. Quanto & estrutura de plastico, nesta edicao vocé encontraré algumas dicas para trabalhar com esse material e sobre os desenhos com as medidas basicas, podem ser en- contrados no site: htip://www.mecatronicaatual.com.brtacil. Nao é preciso que voo8 faca igual. Use a sua criatividade e fente fazer 0 Octa-l empregando outros materiais! MECATRONICA FACIL N® 2 - JANEIRO/2002 SECAO DO LEITOR ‘Como assinar a Mecatronica Facil e a Mecatrénica Atual Bom dia! Meu nome é Evandro, sou estudants do 3° ano de Engenharia Mecatrénica da Universida- de So Francisco, em itatiba. Primeiramente, gostaria de parabenizé-los polo primeito exem- plar da revista Mecatrénica Atual, que sera de ‘grande valia para nés, profissionais e estudan- tes da drea. Gostaria de saber se possivel fa- zer a assinatura anual da revista, qual 0 custo, taxas de envio (moro em Jundiai/S) @ as van- tagens de uma assinatura. Evandro Marchi Brotto Prezados Srs. Ha muito tempo que conhego a Saber Eletrd- nica, tendo até hoje varios némeros antigos. Parei um pouco com a eletrénica e agora, acompa- nhando © meu filho na montagem do Brago Me- nico acionado por software (revista do ano de 1990), p/ a feira de ciéncias do seu colégio, & acessando 0 site da revista (muito bom por si- nal), vejo como muito oportuno o langamento da revista Mecatronica Atual. Estou muito interes~ sado om saber se havera sistema de assinatura damesma. E também se ha disponibilidade quan- to & Saber com CD, e seu prego. Grato. Joao B. Bueno. Caros leitores, Recebemos centenas de e-mails solicitando @ assinatura das revistas Mecatrénica Facil @ ‘Mecatronica Atual. Por se tratar de um langa- ‘mento, & necessdrio que transcorram algumas ecigdes para que a revista se fixe no mercado e entao se torne possivel a abertura de assinatu- ras. Saberos que, muitas vezes, a necessida- de da assinatura se deve ao desejo de garantir 0 recebimento da revista, pois apesar de sua dis- Iribuieo em todo 0 Brasil, pode ocorrer dela néo ‘ser encontrada em todas as bancas, Caso isto ‘acontega ocorra, entrem em contato conosco (a.leitor. mecatronicafacil @ editorasaber.com.br) informando onde moram e quais as bancas, pro- ximas a sua residéncia, ndo recebeu a revista. Esta informagao serd repassada & Distribuidora para que a revista chegue até a sua regiéo. Por outro lado, assim que for possivel assind- las, divulgaremos no nosso site (http:// www mecatronicaatual.com.br/facl) como proce- der para fazé-io. —_ v Paulo Luporini Pastore Mestre em Engenharia Mecanica especializado em Projetos da Mecanica Fina Escola de Engenharia de Sao Carlos - USP_ 3 A Robotica é uma drea da Mecatronica que cha- ma a atencdo de qualquer um que se depare com ela. Isto faz com que a tobética se torne um estimu- lo para 0 aprendizado de diversos assuntos relacio- nados a ela. A Robética Educacional vem, aos pou- cos, ganhando espago nas escolas e em outras ins- tituigoes de ensino, O maior exemplo disso foi a ela boracdo da primeira "Guerra de Robés” no Brasil ba- seada nos maldes amaricanos. A “Guerra de Robés” 6 uma competicao que en- volve robés controlados por rddios, que tém por ob- jetivo destruir e sobreviver. Os criadores desses atle- tas mecanicos competem um contra o outro utili- zando uma combinago de inteligéncia, poder e ha- bilidade. Esta competicao tem como objetivo desen- volver a criatividade e estimular a aplicagaio de co- nhecimentos adquiridos em sala de aula, dos estu- dantes dos cursos de Engenharia, aliando teoria e prética. Veja cartaz promocional na figura 1. Infelizmente, 0 acesso ainda é limitado, mas com ‘as mudangas tecnolégicas, seguindo o modelo ame- ricano, logo serd possivel que qualquer pessoa que tenha algum conhecimento e apoio de algum profis- sional como instrutor, venha a participar deste tipo de evento. J4 6 possivel conseguir um computador ou seus acessérios, a pregos cada vez mais aces- siveis. Com o conhecimento adquitido ndo s6 atra- vés dos cursos, mas também através de revistas sites na Internet, o leitor poderé construir seu pro- prio hardware, sictemas mecinicos, etc. Como se tem falado muito sobre “Mecatrénica’, 6 bom comentar de que modo ocorreu o seu apareci- mento no Brasil. As raizes so de origem alema, € surgiram, por volta de 1930, na cidade de Darmstadt, conhecidas como “Feinwerktechnik”, que significa uma combinagao de fino, pequeno e preciso na in- dstria no sentido de acionamento, ou seja, pecas em movimento, @ no sentido da produgao como ar- tos, trabalhos manuais, otc. Esta palavra, entretan- to, abrange mais do que a Mecanica Fina, concor- Tendo com a nogdo “Tecnologia de dispositivos fi- nos" introduzida por Richter, Voss Koser que ainda era utiizada na DDR (antiga Alemanha Oriental), atra- 13/09/2001 Teatro Frgna = UNICAME Figura 1 - Cartaz da 18 “Guerra de Robés" do Brasil Ee . 4 f = 2 Ma Gis HANG ah Ba DORES. A primeira "Guerra de Robés” foi rea- lizada no Campus da Unicamp em 4 de outubro de 2001. A Equipe Scorpion EFEI foi a vencedora e os seus integrantes so: Giulliano Arlotti Straccalano, Renzo Digiovanni Spedicato, Fernando Marcangola, Glaycon Luiz, Marcelo ‘Shiwaku, André Augusto Leda e Leonar- do Deletrate. vés da influéncia do ensino de Mecdnica Fina na TH de Dresden - Das Seminar: Zur Definition und Bezeichnung des Fachgebietes. Feinwerktechnik Jahargang 1955 Helft 1 1951 - Wogerbauer, H. No Brasil, em 1983, surgiu a “Meoanica Fina” (Rehder, O. A. & Weissmantel, H. — 1984); no Jap&o era conhecida como "Mecatronic’, que deu origem a0 termo “Mecatronica” empregado no Brasil Nas escolas onde se ministra, a Robstica esta incorporada aos cursos de Ciéncias da Computagao Engenharia de Controle e Automagao. Devido a mudangas nos titimos anos, a Mecatrénica, em sua esséncia, mudou da nome a partir de 1994, confor- me portaria do MEC (reconhecida pela Portaria MEC 1694, de 5/12/94, ¢ resolugdo CREA 427 de 5/03/99 que discrimina as atividades profissionais do Enge- nhelto de Controle e Automagao). Aigumas escolas ministram cursos de Engenharia de Controle e Automagao, ao invés de Mecatrénica, porém o con- ceito nao deixou de ser o mesmo, apenas foram acrescentadas disciplinas ao corpo dos cursos para torné-los mais adequados para a formacao superior. Robética Educacional A Guerra de Robés com objetivo educacional tun- ciona da seguinte maneira: sob a orientagao de um professor de Robética, 0s alunos sto selecionados Para constituir uma equipe. E designado um chefe, que deve se preocupar com a unigo entre os inte- grantee da equip, 0 também om co rounir para plano: jar 0 robo para 0 combate. Nessas reunides se originam as “idéias*, partindo para os esbogos e desenhos em autocad, em atendimento as regras do jogo, conforme pode ser visto nos sites www.geocities.com/desafioderobo @ www.guerraderobos.efei.br. Esta foi a modalidade de duelo entre robés em- pregada na primeira “Guerra de Robs” do Brasil. As figuras 2, 3 e 4 mostram detalhes da competicao. Robética Popular Camo 0 propria name diz, as equines fa farma- das por pessoas do povo, que tém conhecimento, porém néo possuem titulagdes, podendo haver pro- fessores de Robotica ou profissionais em mecanica plena. Depende da formagao do evento. Robética Infanto-Juvenil Esta modalidade ja pode ser encontrada em mui- tas escolas de segundo grau, onde os jovens po- dem se unir e constituir equipes para verem seus robés se digladiarem com armamentos imaginérios, sem causarem dano algum, sendo apenas simula- (Ses do evento “Guerra de Robés” para adultos. Eles podem contar com a participagao dos pais, dos pro- fessores e de outras pessoas que se prontifiquem a contribuir com a garotada. As criangas podem ter 0 seu primeira contato com a robética a partir dos trés anos de idade, pois 6 possivel encontrar nas lojas as pegas “Lego” que, quando montadas, fazem sur- gir espaconaves, avides, foguetes, carros, etc., ali- ando a fantasia & pratioidado, fazondo com quo mais Ae tarde esses individuos venham a integrar, num meio ; estudantil ou empresarial, alguma equipe para “Guerra, de Robés’, com armamentos verdadeiros. Robética Industrial Esta modalidade é similar & educacional, porém as equipes sao constituidas por empresarios, pro- fissionais da area de Mecatrénica e também por pro- fissionais de outras éreas como, por exemplo, enge- nheiros ambientalistas (dependendo das proporcies do evento, a quantidade de detritos e resfduos dos mecanismos pode degradar o meio ambiente). Esta modalidade tem como caracteristicas um maior im- acto social e econdmico. Veja que em filmes de ficgdo cientifica, os robds de grandes portes sem- pre so propriedades de grandes empresérios, que objetivam dominar 0 mundo, enquanto que sua equi- pe € formada por cientistas @ programadores. A palavra ou nome empregado de “Guerra” veio gf em momento inoportuno, pois, no Brasil este evento entre escolas tinha sido planejado para o més de setembro, logo apés os atentados no World Trade Center (N.¥,). Entéo, 05 organizadores pensaram em, mudar 0 nome para “Desafio’. Entretanto, a aludida mudanga parece nao ter tido efeito, pois em pesqui- ‘sa 0s jovens acharam que no haveria problema em utilizar 0 1 nome, aqui na América do Sul. Além disso, 0 nome “Guerra” ostenta o incitamento para construir artefatos para esse tipo de diversao @, in- Clusive, os integrantes das equipes competidoras. se chamam de guerteiros. Portanto, 0 nome néo fol mudado. © que atende e chama os jovens a competirem no EUA, é justamente o nome de “Guerra”. pois esse Figura 3 - Os robée duelando. nome causa impulso de audécia perante tal tipo de evento, aonde podemos ver maquinas controladas pelo homem ao seu dispor, sem existir qualquer re- Iago com atos descabidos que poderiam causar al gum mal & humanidade. Pelo contratio, trata-se de lum jogo de diverso, onde jovens e adultos tm a oportunidade de mostrarem seus potenciais da teo- ria e na pratica, No site www-baitlebots.com @ possivel conhecer eventos dessa natureza nos Estados Unidos. CUSTOS PARA CONSTRUGA ‘Ao se falar em custos, devemos lembrar que um r0bé industrial (modalidade para elevar cargas de pelo menos 5 quilogramas) custa em média US$ 30.000, @ 08 integrantes de uma equipe, na maioria das ve- 208, nfo dispdem de tal cifral Mesmo contando com patrocinadores, um rob6 teleguiado bem montado deve chegar a, no maximo, US$ 2.000. Além disso, é preciso levar em conta os custos com transporte, alimentago, estadia, camisetas, entre outras coisas, para uma equipe com pelo menos 10 integrantes. Figura 4 - Equipe apagando 0 incéncio do seu robd. a Pane wh LE CATHgGa bain 2 suanBmorgtie LSE @ "isvk x No caso presente, a equipe Scorpion, reunindo todos os seus custos com pequena parcela de patrocinadores, apurou a cifra de USS 3.500. TEATRO DE ARENA © local utilizado para 0 evento, chamado na Unicamp de “Teatro de Arena’, foi prepara- do com insergao de um alambrado de metal para sustentar uma pelicula de policarbonato, que teve a finalidade de proteger a platéia no caso de estilhagos dos ataques entre os ro- bés serem arremetidos além do perimetro da arena. Em termos de custos, foi orgado na faixa de USS 10.000. Na figura 5 temos um } vista frontal da arena. REGRAS DO JOGO E necessario conhecer e respeitar as regras des- Ste tipo de diversao, pois além do objetivo educacio- nal, procura-se com eventos assim trazer a confra- #4 temizacao e a solidariedade entre estudantes e pro- fessores de Mecatronica Nos sites j4 citados, 6 possivel que todos te- inham acesso as regras do jogo. Ao professor cabe a orientacao e a definigao de diretrizes sobre como deve ser trabalhada a robética educacional. Para um evento deste tipo, 6 de fundamental im- portancia a organizacéo, podendo-se contar com pro- | fissionais especializados no campo da “Etica” (Goldenbera, C), para atender princ{pios de conduta e comportamento, que podem levar uma equipe a vitétia. A necessidade de organizacéo vai além do evento, se pensarmos que nas empresas é muito comum, hoje em dia, se falar de ISO 9000 e suas derivadas, 0 que dé &s empresas as suas devidas certificagdes. Os robés passam por uma comisséo julgadora a fim de verificar, iniciaimente, seu peso e se esto dentro da capacidade de igualdade. A seguir ¢ feita uma anélise quanto a sua estrutura, para conferir se 18 jovens participantes atenderam as regras do jogo. Os organizadores do evento decidem qual moda- lidade de competi¢ao seré feita. No caso ocorride em Campinas, fol utilizado o tipo chamado no EUA de "Ammagedon”, ou seja, todos contra todos, Outra forma de colocar um robé contra outro, é através de testes de suas respectivas estruturas para avaliar se agUentariam forgas de tragdo e de compresséo, na verdade testes de quanto agtenta- riam. Nesta situagao, os robés ficariam puxando ou fampurrando um datarminac abstéculo a fim de ava- Figura 5 - Teatro de Arena, liar as suas capacidades. A “Guerra de Robés” ori nal emprega, na verdade, robés auténomos. Entre- tanto, a fim de tornar 0 evento mais divertido, utili- zam+-se 08 10b6s teleguiados, pois assim 0 controlador tem 0 dominio 0 rob6 ndo esta sujeito a cometer algum procedimento errado. Basta citar, como exem- plo, 0 caso dos robés auténomos que entram dentro de cavernas (iabirintos) e dever trazer objetos. Caso surja alguma “pane”, como 0 operador iré saber 0 que aconteceu, de fato, com o rob6? (que a “gross modo” esté fora de seu aloance). COMO VENCER? A grande vantagem da Equipe Scorpion foi que 08 seus integrantes se prepararam muito. Testaram, @ retestaram as varias situagdes a que poderiam estar sujeitos na hora do combate. Isso fez com que ‘seu robé atingisse os objetivos. Na robética educacional ministrada em escolas de nivel superior, 0 estudante aprende varios assun- tos pertinentes & utilizagao e construcdo de robés. Aprende a fazer pequenos célculos para saber se determinado eixo agiientaria, por exemplo, uma pan- cada. Tudo isto com 0 acompanhamento de um pro- fessor experiente, com a incumbéncia de tornar 0 aprendizado em sala de aula mais contagiante endo 86 to tedrico. No que diz respeito & construgéo dos robés, 0 leitor deveré atender alguns preceitos e prineipios necessétios, a fim de se obter reduces de custos, qualidade assegurada e contfiabilidade. Em termos de hardware, o radiocontrole pode ser adquirido em. ‘qualquer lojas de aeromodelismo, a um prego bem acassivel. Quanto aa emprego, ira dependar do caso Podem-se utilizar todos os canais @ todos os servomecanismos, ou ndo. Uma dica para os alunos e até para os leigos, 6 visitar depésitos de sucatas, e encontrar todas as formas possiveis para armazenar pecas que, um dia, podergo integrar um corpo de uma maquina e tam- bém de um rob6. Foi assim, por exemplo, que surgiu © Robé Scorpion EFEI. Os integrantes, orientados pelo Prof, Pastore, puderam utilizar um chassi de um velotrol (um carrinho movido a pedais) doado por um aluno, conforme mostra a figura 6 Isto é to salutar mas, as vezes, muitas pesso- as no aceitam, pois acham que pegar sucatas é algo humilhante. Pelo contrério, esse foi o segredo do sucesso de muitos microempresérios, que se tor- naram ricos por usarem de meios que a populagao simplesmente menospreza. Assim, surgiu em outras escolas a disputada “Guerra de Robés" utilizando motores de limpadores de para-brisas no lugar de motores de passos (bind- oy Tio), devido ao alto custo. Os motores de limpadores B24, de para-brisas so excelentes e fortes, que duram até mesmo enferrujados. E este é apenas um equi- pamento, existem outros que nao cabe aqui citar, pois tornaria este artigo muito extenso. COMO PARTICIPAR? Seguindo os moldes da competi¢&o americana, ; quando se decidiu criar a competicao “Guerra de j Robés" a idéia inicial foi cadastrar pessoas interes- sadas a participar, néo havendo pré-requisitos quanto 4 formagao, ou seja, as portas foram abertas para a opulagéio em geral. As particularidades de preparo cabem a qualquer um! No caso da Equipe Scorpion ~* — EFEI, seus integrantes so originarios de cursos superiores em Engenharia, Entretanto, nao 6 neces- sério que 0 participante seja um universitario, basta ter boa vontade, bom senso aceitar participar de uma equipe, néo importa qual e aonde, e busquem uma finalidade: vencer! A esséncia de competir se torna original e autén- tica quando se tem a participagao de pelo menos um meeatrénico. Para o leigo, trabalhar com pesso- as experientes 6 algo fascinante, pois ele aprende os “macetes" que a escola da vida Ihe mostra a todo instante. Para participar de eventos como este, o leitor pode se associar a escolas, pois surgem cada vez mais delas que implantam a Mecatrénica em seus curriculos, até mesmo em nivel médio. O leitor também pode formar a sua prépria equipe e expor 0 seu projeto aos organizadores do evento. Um aspecto interessante em participar de um evento como este € a divulgacao do trabalho da equi- pe perante a midia, 0 que pode vir a despertar o interesse de empresérios para futuras contratagées, Nos préximos anos, os eventos tenderdo a se tomar mais frequentes @ mais divulgados. No site da revista (http/www.mecetronicaatual.com.br) pro- curaremos manter os leitores informados sobre os eventos @ competigbes de robética. Nos préximos eventos de “Guerra de Robés" de- sejamos que os organizadores venham a investi, junto com os patrocinadores, para dar ao primeiro colocado um prémio além da mera taca simbélica, também para 0 segundo e terceiro colocados. Deve- mos trabalhar para que estes eventos se consoli- dem aqui no Brasil, para que possamos mostrar 08 talentos de nossos jovens e dos adultos que 08 acompanham. Pastore, Professor Substituto em Robética na EFEI, ver agradecer em especial ao Prof. Phd Luiz Edival de Souza, coordenador do Laboratério do GAll - Grupo de Automagao ¢ Informatica Industrial, pelo convite para concurso publico na EFEI © aos seus incentives, para construir robés, dentre elas selecio- nar alunos para formagao de equipes para constru- (go dos robés € pelo apoio ao nascimento do rob} Scorpion EFEI. ° Goldenberg, C. A Etica - Como Diferencial Pro- fissional ~ EESC/USP Oktobertech 2000 (CD-rom). Rehder, O. A. & Weissmantel, H. A Mecénica Fina e Suas Origens - Seminério em Mec&nica Fina ~ 1984 ~ apostila 2 re % PNEUMATICA MUSCULOS PNEUMATICOS Newton C. Braga Uma alternativa bastante importante para a movimentagao de partes méveis de robés @ outros dispositivos mecatrénicos além das que exigem energia elétrica, 6 a que faz uso da pressao do ar. Assim, os dispositivos pneuméticos so to importantes como 08 elétricos e mecanicos, dando origem a uma ciéncia indepen- dente que 6 denominada “Pneutrénica”. Neste artigo, mostramos uma alternativa simples para projetos experimentais e didaticos, mas que pode ser estendida para outros usos e que consiste na utilizagéo de musculos pneumdticos. Pequenos compressores movidos a eletricidade (ou mesmo a forca muscular) 90 baratos e comuns, podendo ser usados como uma fon- te de energia para movimentacéo de diversos dispositivos mecanicos. O uso da presséo do ar de um reserva- t6rio pode ser uma altemativa eco- némica simples para a movimenta- Qo desses dispositivos quando se faz uso dos misculos pneumaticos, Esses musculos, que podem ser encontrados em casas especia- lizadas do exterior, tal como um de 15 cm de comprimento, podem con- trair aproximadamente 2,5 om (20% de seu comprimento) exercendo uma fora de 6,5 libras com presséio de 42 psi Na figura 1 damos um exemplo de musculo desse tipo mostrando como ele se contrai a0 ser inflado. A fora que podem exercer es- ses musculos, possipiita sua utili Zagao em dispositivos de Robstica MECATRONICA FACIL NP 2 - JANEIRO/2002 @ Automagao substituindo servos, solendides e motores. Conforme podemos ver pela figu- ra, seu prinofpio de funcionamento é simples: usando-o vazio ele mantém ‘seu comprimento maximo e nenhu- ma forga ¢ exercida sobre suas ex- ' @) (b) - ev Figura 1 - € preciso estioar © misoulo ‘qualide vaste (a) ergo ele $2 contal ‘quando cheia de ar (b). tremidades, entretanto, quando infla- do ele “incha” e se contrai em até 25% de seu comprimento exercen- do uma forga que pode ser aprovei- tada para movimentar algum dispo- sitivo externo. A Images é uma das empresas que fornece missculos pneméticos (air muscles) e no seu site podemos encontrar mais informagdes sobre seu uso. O enderego na Internet é: http://www.imagesco.com/ catalog/airmuscle/AirMuscle.htm! Recomendamos também o livro Robots, Androids and Animatronics, de John lovine (http:/iwww.amazon. com - digite no search o nome do autor ou do livro), que possui um Capitulo completo sobre 0 assunto. USANDO OS MUSCULOS PNEUMATICOS Nao é preciso ter um compressor profissional ou dispositivos caros de pheumtica para se realizar algum tipo de montagem prética empregan- do masculos pneumaticos. Para isso precisamos inicialmen- te de alguma fonte de ar sob pres- 80, tal como a bomba de ar (um exemplo é mostrado na figura 2). Pode ser utilizada também uma bom- ba de encher pneus do tipo de pedal. Esse tipo de bomba é bastante comum em casas de produtos im- portados e custa pouco, podendo ser usada como fonte de ar sob pressao para acionamento de di- versos musculos exercendo uma forca consideravel 1" PNEUMATICA Figura 2 - Bomba de ar Além da bomba pneumatica, é preciso contar com uma vallvula tipo “three way". Essa valvula tem por fi- nalidade fornecer dois caminhos para © ar: em uma posiggo 0 ar flui do reservatério para 0 misculo enchen- 0-0 e com isso provocando sua con- tragdo, e na outra posigao ela permi te que 0 ar que esta dentro do mis- Mdsculo, Tampa especial que jencaixa na embalagem PET “Tuto 12 <7 Adaptador Bomba - Tubosi32 Figura 3 - Acionamento de um misoulo pneumatico. > Arparao Esvaria ((F miseuto “a omisouo A bomba (a) (b) (c) Figura 4 - Fases do operagdo do miscul. culo escape, fazendo com que ele gar fragmentos de modo extremamen- volte @ sua condicao de relaxado. Os outros elementos do sistema so relativamente simples de obter como, por exemplo, os tubos de nylon para condugéo do ar, o adaptador para a bomba de ar, a tampa adaptadora e uma garrafa vazia de refrigerante PET. Estas garrafas tém a vantagem de resistir a uma consideravel presséo interna sem 0 perigo de estourar. Sa- bemos quando a pressdo que elas agtientam esté no limite, observando: se elas comegam a inchar. Esse pon- to nunca deve ser uitrapassado. vamais deverd ser usada garrafa equivalente, principalmente de vidro, que em caso de exploséo poderd lan- Valvula de 3 vias para encher ou esvaziar 0 misculo, ae ~\__ Garrafa de ar Bomba de ar com acionamento pelo pd te perigoso em todas as direodes. Na figura 3 llustramos como 0 sistema deve ser montado para ter- mos 0 acionamento de um musculo pneumétioo de forma simples em um projeto experimental ou didatico. Para usé-lo é simples. Inicial- mente, bombela-se o ar para o re- servatorio (garrafa de refrigeran- te PET) de modo a se obter uma boa pressdo. A vélvula de trés vias deveré estar fechada. Quando a pressao atingir um bom valor, podemos passar ao acio- namento. Colocando a valvula na po- ssicdo 1, 0 ar flui para o mésculo pneu- matico e obtemos a sua contracao. Passando a vaivula para a posicao 2, © musculo se esvazia e volta a sua pposigéo de maior comprimento. Todas essas fases da operacdo do sistema pneumético experimen- tal sao mostradas na figura 4. INTERFACEANDO COM O PG Uma valvula de Nitinol, que tam- 6m esta disponivel a partir da Images SI, pode ser usada para controlar ele- tricamente o fluxo de ar que entra no mésculo, bem como o seu esvazia- mento. Essa valvula é ligada confor- ‘me mostra a figura 5 utlizando a por- ta paralela para seu acionamento. Com um nivel Kégico alto no pino 2.da porta paralela, 0 TIPS1 satura € avalvula é alimentada permitindo que © ar flua para o misculo pneumatico. Com 0 nivel baixo, a valvula muda de posigao e 0 ar do interior do mus- culo escapa. MECATRONICA FACIL Né 2 - JANEIRO/2002 a PNEUMATICA Bateria Ngeculo 1-2Volts OC Conector bB-25 r Ry 15k Figura 5 - Acionando o mésculo através da porta paralela, Programa em Basic Para o Aclonamento: 5 REM Controlador de valvula de Nitinol 10 REM Revista Mecatr6nica Atual 15 REM Encontre 0 Enderego da Porta Paralela 20 DEF SEG = 0 25 a = (PEEK(1032) + 256 * PEEK(1033)) 30 REM Préxima linha ative o misculo 35 OUT a,1 40 REM Préxima linha desativa o misculo 45 OUT a,0 Musoulo Figura 6 - © brago pneumético MECATRONICA FACIL N° 2 - JANEIRO/2002 fa te Articulagto Nitinot Figura 7 - Caloulando @ forga exercida vaivuia Y ig es ‘muscu. BRACO PNEUMATICO Na figura 6 verios como é possi- vel utilizar 0 mésculo pneumattico no ——— avionamento de um brago capaz de levantar um peso considerdvel. A mola de retorno 6 importante para garantir que o brago volte & posi- (co de repouso. Uma alternativa para lm retomo que nao necessite de mui ta forga é a utlizagao de um eldstico. Lembramos que no acionamento de um brago temos uma alavanca interpotente e que a forga nas extre- midades fica dividida segundo a for- mula mostrada na figura 7. Nessa formula, a forga F que ob- temos na extremidade do brago de- pende de F, que é a forga de contra- 40 do masculo, ¢ d, ¢ d, sao as distancias onde essas forgas sao aplicadas, ° Nome: AM-01; Comprimento: 150 mm; Diametro: 12 mm; Carga puxada sob 3,5 bar: 3 Kg: Carga puxada sob 50 psi: 6.5 Ibs; 25% de contrago com carga de: 3 Ibs. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS a) Artigos da images SI Inc. no sit indicado ) Robots. Androids and Animatronics ~ John lovine McGraw-Hill ~ 1897, 13 TISMO TRABALHANDO COM PLASTICOS (O grande interesse pelo artigo do rob6 Octa-1 publicado na Mecatro- nica Fécil N° 1 e as dificuldades re- latadas pelos leltores em construi- lo em pléstico nos levaram a elabo- ragdo desta matéria com a intencdo de passar algumas “dicas” e nogées gerais sobre esses materiais - veja também, nesta edigéo, a matéria do cane eiétrico na pagina 17. QUAIS PLASTICOS? ONDE ENCONTRA-LOS? Aconselhamos os leitores a tra~ balharem basicamente com dois ti- pos de pldsticos: chapa de Poliestirano © chapa do acriico. ‘Ambos sao encontrados em es- pessuras variadas, porém, o ideal ¢ trabalharmos na faixa de 0,5 mm a 3,0 mm. Por que? Porque nessas medidas consegui- remos corta-las com ferramentas manuais simples além de obtermos, geralmente, um bom equilibrio entre eso e resisténcia estrutural para os “prototipos"que iremos construir. Primeira dificuldade - indepen- dente da espessura as chapas me- dem sempre 2,0 m de comprimento Por 1,0 m de largura, o que represen- ta uma quantidade enorme de mate- rial (para nosso uso-vejam bem!). A solugo seria dividir entre varios co- legas, j4 que os fomecedores di dem as chapas mediante o pagamen- to de uma pequena taxa de servicos. Segunda dificuldade - Onue encontrar o material? Realmente, no 4 José Francci Junior Plastimodelista € muito facil de se encontrar. E pre- ciso procurar nos grandes centros, a seguir daremos os enderegos e tele- fones de dois grandes fornecedores na cidade de Sao Paulo: Plastitécnica, R. Augusta, 215 - Tel. 9231-4744, Plastidutra, R. Rio Branco, 316 - Tel. 220-3922. FERRAMENTAS BASICAS Vamos listar em seguida as fer- ramentas com um pequeno comen- trio sobre os varios usos e fungSes. - Réguas milimetradas ¢ esqua- dro: Devemos usar, de preferéncia, ré- guas de ago, pois elas sempre ser- virao de apoio ao estilete no mo- mento dos cortes. O uso de réguas esquadiros é fundamental na cons- trugao e no alinhamento das pecas, visto que é preciso desenhar tudo antes - faga um pequeno projeto, estude antes de cortar e colar, néo se esquega, por exemplo, de con- siderar a espessura da chapa na medida final de uma pega constitu da de varias partes coladas! - Estiletes: Os de tipo OLFA, em dois tama- nhos, para corte e modelagem em geral, sao os ideais. -Lixas d'agua: As folhas 180 e 220 para desbaste Figura 1 - Ferramentas basicas MECATRONICA FACIL N® 2 - JANEIRO/2002 (inclusive coladas em taco de ma- deira) © as 400 © 600 para acaba- mento, podendo ser empregadas com agua ou a seco. = Limas grosas: De granulago pequena, utiizadas para corte, desbaste e modelagem. - Serra de metal: Em suporte simples ou com arco, usada para corte pesado. ~ Brocas: Podem cor para madeira ou para metal, desde que estejam bem afia- das. O pléstico é macio e 0 uso de um mandril manual com uma broca bem afiada é o suficiente para se abrir furos perfeitos. Lembrem-se que podemos usar parafusos auto- atarraxantes no pléstico, basta uti- lizar uma broca um ponto menor que © dimetro do parafuso para abr mos © furo inicialmente. incéis: (Os pequenos (de N02 € N204) po- dem ser utiizados na aplicagao de “cola liquide’. = Outros: Lapissiras, pontes secas de metal ou fiscadores de vidia, compassos ou gabaritos de circunteréncias, tesouras, etc, TRABALHANDO Com PLASTICOS poliestireno & 0 material mais utilizado na construgéo geral por ser também o mais facil de lidar. Reser- vamos 0 uso do acrllico transparen- te quando queremos cobertura atra- vés da qual se pode enxergar, ou ain- da em pegas onde maiores estorgos mecanicos sejam requeridos. CHAPA DE PLASTICO POLIESTIRENO Encontramos 0 poliestireno trans- patente (puro) branoo, cinza, marron 0u amarelo. Este autor aconselha a utiizagéo do branco ou cinza, que MECATRONICA FACIL N? 2 - JANEIRO/2002 Figura 2 - Cortando a placa com 0 estiete. ‘so cores “neutras” quando se pen- ‘sa numa pintura posterior do proteti- po acabado. Para se conseguir um corte sim- ples basta utilizarmos o estilete, sempre em linha reta, perfazendo a medida total da chapa (semelhante ‘a0 que se faz em placas de vicro, veja a figura 2). Uma ou duas passa- das do estilete e posteriormente for- ‘gando a chapa, na beirada da mesa, ela se partird exatamente no risco (figura 3), | ea Figura 3 - Desizcando a parte conads. Em seguida, deveremos retirar a rebarba formada na chapa pela pas- sagem do estilete e dar acabamento com lixa ou lima antes da colagem, conforme mostra a figura 4 As pecas devem ser preferenci- almente unidas com cola liquida que detrete o plastica tundindo as partes entre si. A seguir, daremos uma lista das “colas liquidas” e onde podere- mos encontré-las. + Cola de estireno: nos fornecedo- res de plasticos. 18

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