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ARRANJO (METODO PRATICO) D| + [PLANEJAMENTO E ELABORACAO DO ARRANJO 1] Planejamento Reunindo os recursos jé aprendidos ~ segio riimico-harmdnica, a melodia e sua atvacdo ritmica, o contracanto e o bloco 4 dois ~, vocé ja tem os elementos suficientes para fazer um arranjo numa linguagem versétil, Antes da elaboragiio, & necessério relletir sobre o seu prop6sito, os recursos disponieis ¢ as caracteriticas gerais = Propésito 7 concerto, show, festival, concurso ee J 1 Apresentago a0 vivo <— evento ou fungo social ~~ witha sonora de teatro >> disco ou fita comercial 2 Gravagio <— trilha sonora de filme ou de teatro ~ antincio em radio ou televisio _— exercicio ou verficagio de téenicas 3 Aprendizado << ~ pesquisa de efeitos ™ Recursos 1A miisica escolhida: uma ver definido o propésio, escolha uma mésica boa e graificante no s6 para o seu talento criativo, mas também para as condigdes e © piblico dispontveis. Tenha em mente que na vida profissional a escolha poder nao ser sua, e sendo a misica pobre ou de qualidade e acabamento duvidosos ou mesmo execriveis, voo® teri ue se extrapolar para "salvé-la" ou torné-la apresentivel, Poupe-se, por enquanto, dessa tare, 2.0s instrumentos participantes: dependera de critério artstico, proposta comercial e viabilidade financeira 3 0s miisicos participantes: ao fazer 0 arranjo, dimensione seu nivel de execugio aos misicos disponives: serio pessoas com alta eficéncia profssional, com técnica, sonoridade e leitura satisfat6rias ou talve de leiturafraca porém de boa improvisago e memorizagio? Além do nivel apropriado da execucio, a propria notacdo deve visar ao mtisico disponfvel. ACUSTICAS (auditério sem amplificacio): equilforio e qualidade do som natural transmitido a0 pblico DA SONORIZAGKO (auditério com amplifcagio): equilrio e qualidade do som amplificado Se transmitido ao pablico DA GRAVAGAO (estidio de gravagio): equipamento do estidio, prevendo recursos de separacio de sons, canais, sistema digital ou analdgico, beneficiamento, mixagem e masterizagao 121 IAN QUEST * Caracteristicas _ amplitude em freqiénca e volume 180m <— variedade de climas dosagem de ritmicidade e agressividade _— conforme o estilo atribuido& misica e em particular ao arranjo Lit 2 Leena ceca Saceaiigra ‘graus diferentes 3 Duragio —— conforme o propésito, pode ser limitada ou livre ~ estabelecido, quando acompanha a voz humana ou instrumento de recursos limitados 4Tom << _~ instrumentos “de livre escolha, conforme <— {éenicas empregadas § ~ : ~ climas pretendidos 2] Elaboragio Ao fazer o arranjo, siga o seguinte programa de trabalho: 1 Escotha a misica 2 Decida pelos instrumentos 3 Decida quantas vezes a misica sera tocada no decorrer do arranjo, prevendo uma eventual introdugo, um final e um {nteriio (controle com cronémetro, se necessétio) 4 Arrisque prever o tom do arranjo, incluindo as modulagdes eventuais. Ao surgir problema de extensio e registro para os instrumentos, provavelmente teri que mudar 0 tom previsto. Qualquer diferenga minima, até meio-tom, afetaré bastante a execugio ¢ a qualidade do som, Ao lidar com instrumentos de bocal ou palheta, prefira os tons com armadura de até 24 ‘ou 4, assim nao haverd acidentes demais, mesmo depois da transposicao. 0 ideal ¢ rabalhar entre 1# e 3 na armadura (som de efeito) 5 Ao prever 0 tom, lembre-se de que uma extensio ou registro inconveniente (grave ou agudo demais) pode ser corrigido de quatro maneiras: —mudar o tom —mudar a técnica emprogada —mudar 0 instrumento —variar a oitava entre as frases Nao hesite em apagar tudo e recomecar; comodismo e inércia ndo so préprios de um arranjador: 122 ARRANJO (METODO PRATICO) 6 Faca o plano do arranjo conforme ilustracio abaixo, definindo o que vai acontecer cada ver que a miisica for tocada: em cada parte ou trecho resultado da subdivsio da mésica, na introducdo, no final, nos eventuaisinterlidios (elementos de lgacio entre as repetigdes da misica), Antes de elaborar o arranjo, 6 importantissimo ter uma visio do todo. 74s letras ¢ mimeros de ensaio servem como pontos de referéncia durante o ensaio ou no ato de confeccio do arranjo. Use a letra Ina introducio, a letra F no final eas letras A B C etc, respectivamente, cada ver que a msica for repetida Use nfimeros dentro de cada unidade marcada por letras (por exemplo, 0 compasso B6 é 0 6° compasso quando 2 iisica é tocada pela 2 ve7). Exemplo Batida diferente Mauricio Einhorn e Durval Ferreira INSTRUMENTOS: trombone Bb, sax alto Eb, piano, guitarra, baixo e bateria ‘DIMENSAO: tocada 3 vezes, com introducdo e final ‘TOM: Sib maior, modulando para d6 maior, na 3* ver CARTILHA DO PLANO: (introdugio) 11 célula 2.comp, 3 veres + ponte-> bloco trp - alto (tema 1* ver) AI unissono trp - alto 9 bloco trp - alto ALT melodia guit, contracanto unissono trp - alto A25 como AQ (tema 24 ver) BL improviso guit B9 idem BI7__ improviso piano, contracanto passivo, bloco alto - trp B25 idem (tema 3* ver) C1 ° C17 { Como tema 1* ver, mas em d6 maior C25, (inal) FL célula 2 comp, 3 vezes + fim-r bloco trp -alto 8 Agora, e somente agora, pegue um bom papel pautado e escreva a melodia do arranjo inteiro, por extenso (dispensando sinais de repeticées), incluindo a introdugo, o tema (na 1* e 3* vezes e as cifras para o improviso na 2! vez) €0 final. Ao anotar a melodia, cuide de sua divisio ritmica, imaginando a levada e o elima. A seguir, escreva as cifras com a devida revisio e adaptago. Finalmente, execute os contracantos, técnicas em bloco e convengies. 123 IAN Quest 3 | Arranjo elaborado Batida diferente [ix@27] Mauricio Einhorn e Durval Ferreira zz] samba méio piano PS rm 7 Fs guitarra ¥ bateria Dm7 Dbz, Cm BT Dm7 trompete alto baixo a D7¢9) G703) C749) P73) uta) plea + bak Dm7Ebm7Em7 Fm7 Bb7 ETM Bb6 Ebm7 b7 trp -alto Li ol sha Dm? DbT7 Cm7 -B7 D749) G73) C7¢9) F703) alto |A9| Bb7™M Fm7 Bb7 Eb™ 124 ARRANJO (METODO PRATICO) Ebm7—ab7 Dm7 pb7 Cm7 BT BbT vghy hl Gm7 Gbm7F m7 Bb769) Eb7™M flauta 8A trp alto 7 Eb6 Gm7 769) 2 _—S> = = » é —— a oe eet, {A25| Cm7 BT * como comp. A = A4 Bil suit prepara improviso a Bb7 Improvisa py, Fm7_Bb7__Eb7M Ebm7_Ab7 © pausa geral 'B9| D749)G703)_ C749) F703) Dm7_Db7_ Cm7_B7 Bb7M___Fm7_Bb7. oe * nas partes dos instrumentos, as nots cifras devem ser escritas por extenso. ' 125 IAN GUEST Eb7™M Ebm7 ab7 Dm7_Db7__Cm7_B7__Bb7M [B17] piano Fm7 improvisa ~~. [B25] Cm? BT Bb™M Dm7 Db7 Cm7 B7 BLT es bateria virada ? Tae eee Em? Fm? Fem? Gm7 C7 F™M F6 C9) [c17] ‘como comp. A4- A8 (um tom) como comp. A9-A16 (um tom A) como comp. AL7 - A24 (um tom 4) 126 \ ARRANJO (METODO PRATICO) ce AO hULoOUu Fm7 Bb7 Em7 Em? &b7 Dm7 Db7 Em7 Em? Eb7 127 IAN GUEST 4] Comentarios = Alguns conselhos préticos & elaboracio gréfica — Use papel pautado de boa qualidade, de 12 linhas de pauta, pelo menos, nfo passando do tamanho oficio (préprio para xerox). $6 use um lado da folha ~ Use lépis macio, entre nimeros 2B ¢ 6B, ou lapiseira de ponta B a 2B, de 0,9mm de espessura e borracha branca ‘macia, tanto na partitura como nas partes, permitindo as c6pias xerox em méquina boa. = Quem possuir um computador, deve reservar 0 seu uso para o acabamento ¢ cépias do arranjo. O processo criativo, artesanal e imprevisivel, se ap6ia nas ferramentas lipis-borracha sobre 0 papel, tio maledveis e vulneriveis quanto a prdpria inspiragio, Este livro, por exemplo, foi criado no épis e “passado a limpo” (implicando em corregées infindveis) no computador. ~ Ao fazer 0 arranjo, no pense em transposicio dos instrumentos, deixando essa tarefa para o momento da cépia das partes — Ao fazer o arranjo, no use sinais de repetigdo nem mesmo em trechos repetidos; escreva-os por extenso, pois poder ‘ocorrer alguma idéia nova em qualquer ponto do arranjo, $6 use sinais de repeti¢Zo onde houver a certeza da identidade centre dois trechos, Mio pré-desenhe as barras de compasso, srifico, «boa notago varia o tamanho dos compassos conforme o seu contetido —A medida que avangar na partitura e nas partes, use as letras (e mimeros) de ensaio para fcilidentificagao dos trechos. Ao fazer as partes, s6 use sinais de repetigo quando estes ocorrerem na partitura, A montagem das repetigbes e volta, as sinalizagbes e as letras de ensaio, devem ser idénticas entre a partiturae as partes. — A notagio da parttura deve ser a mais simples, clara e sinttica possfvel, no deixando de fomecer todos os detalhes necessérios para a c6pia posterior das pares e para a regéncia. = $6 use 0 niimero minimo necessério de linhas (pautas), mas permita bastante espaco para a cifragem, convengdes ritmicas e observagées, Nas formagies jé aprendidas, um "sistema de 11 linhas* (uma pauta em y ¢ outra em §)? ) serd suficente, ou uma pauta tinica para a melodia. Entretanto, deixe uma ou duas linhas vazis para'o resto das notagdes, idéias imprevistas e uma boa separagio visual, ~ Acostume-se com a memorizacio das extensGes reais de cada instrumento e ndo as transpostas, exceto nos saxofones ‘onde a identidade das extensdes escritas (transpostas) facilita a tarefa 128 ARRANJO (METODO PRATICO) * Observe, durante a elaboragdo do arranjo — Procure varar timbres e tenicas — Procure dar descansos a cada um dos instrumentos. — Decida pela introdugio, finale interdios por titimo. ~ Apés anotar a melodia cifrada (detxando espago para a introdugio, finale interlidios) em toda a extensio do arranjo, labore as técnicas ¢ 0s detalhes em cada trecho na ordem em que as idéia surgem, e no na ordem cronolégica, mesmo com 0 plano ji estabelecido, ~ Ao surgir divida quanto 20 unissono ou bloco, prefira o unissono. Na divida quanto & técnica a ser empregada, decida pela mais simples. ~ Nio se acomode: esteja preparado para corrigir,allerar ou reescrever um trecho com vistas a melhoré-lo, até mesmo transpor a misica para um outro tom. ~ Nao dé somente oito compassos de improviso a um instrumento determinado, permitindo o tempo para 0 misico desenvolver suas idéias. ~ Apresente os elementos sonoros e as téenicas em ordem crescente de efeitos, terminando o arranjo em seu auge ou aapés um breve declinio, — 0 som ¢ os elementos da introducio, final ¢ interlidios devem obedecer a um plano diferente e até contrastante do resto do arranjo. ~ Nitidez ¢ boa organizagio visual da partiura e das partes slo indispenséveis para o bom rendimento do ensaio, Boa regéncia e clareza nas partes dos mésicos so a chave para um bom relacionamento e respeito entre os miisicos ¢ 0 regente/arranjador, permitindo libertar a capacidade t6cnico-musical dos instrumentistas sem 0 tedioso esforgo de “decifrar” uma notagao negligentee rasurada, 129

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