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FILOSOFIA CONCRETA ltd) Itt MARIO PRRREIRA DOs SANTOS. “Pitigoras ¢ 0 Tema to Néimero” itosofia Conereta. dos Valores rseutu’ em Silencio”. ‘A Verdade 0 Simbolo”, "A Arte ea Vida". “Vida ndo é Argumento” — 2° ed, Certag Subtitezes Hunanas” — 3. ed, "A Lata dos Contrérios” — 2° ed. "Wilosofias da Ajtrmacdo ¢ da Negagdo “Metodes Légicos e Dialécticos” — 2 vols “Paginas Varias”. "Convite & Filosoyia”. "Convite & Bstética”. "Convite Psicologia Praticn NO PRELO: "Rilosofia ¢ Historia da Cultura” — 8 vals. "Tvatado Decadialéctico de Economia” — 2 vols, “Tematien ¢ Problemsiica das Ciéneias Sociais” — 2 vols, “As Trés Criticas de Kant”. "Tratado de Bsquematologia”. A SAIR “Dicindrio de Filosofia e Ciéncias Afin: "Os Versos Aureos de Pitégoras”. "Peor'a Geral das Tensées”, “Hegel 6 a Dialécticn”. "Dicionario de Simbolos ¢ Sinais”. “Obras Completas de Platdo” — eomentadas — 12 vols. “Obrue Completes de Aristctces” — comentadas — 10 vols. “Temética ¢ Problemétion da Fitosofia Conereta” — 3 vols. "A Origem dos Grandes Erros Fitoséficos”. TRADUCGOES “Vontaite de Poténcia” — de Nietzsche. “além do Bem e do Mat” — de Nietzsche, “Aurora” — de Nietzsche. “Didrio intimo” — de Amiel, "Suuntocéo ao Mundo” — de Walt Whitman, INDICE © Ser Infinite ‘outraa’ Domonstragées da Bststencia do Sor Supremo Comentirios & Demonstracto : Angumente do Tomas de Aquino Sobre © Ser Nexessivio “As Domonstragies a Stmultineo © « Concomitante Comestirion Sobre a Prova de Santo Anseimo A Via Existenctate Prova das Pertegoes Corviarios Principioa Fondamentais de, Denonstragio na Fiioztia, Chissies ‘e na Filosofie Concreta © Principio da, Causaidade Bfltente Comentarios Sebre a Simplicidade do Ser Suproso Sire a Tatinidade da Os Possivels © 0 Ser 1 Sopreme Comentition & exe. . Da Criagto (Teves Propeasutless Doe Modes Da Operaciio Criadora ‘Gbscrvagoes om Tornoe do Avio oda Poténcia Comentarios © Tama do Meow comantition Corotirios Comentarios Finals Sobre © Moon Corvlarios © SER INFINITO TESE 98 — O Ser absoluto é "substoncial” e “adner- Bialmente” injinito, Dizese que é infinite substancialmente aguéle em que 0 ser que 6, 6 infh mente ser. Ora, 0 Ser Supremo é ser absolutamente, sem desfale- cimentos, como ja vimos. Portanto, dle 6 “substancialmen- te” infinito, porque ¢ infinitamente ser. Diz-se que um ser 6 “adverbialmente” infinito (sincategoremAticamente infi- nito, como se dizia na filosofia eseolstica), aquéle em que ser é modalmente sem determinagdes, sema'limites, sem de- pendéncis. Ora, o Ser absoluto é “adverbialmente” inZinito, E infinito, portante, de ambas maneiras, Essa distingdo entre infinito substaneial ¢ sineategore- matico, torna-se importante para 0 exame posterior de ou- tro prinetpios. No entanto, pare eviiar eonfustio, queremos salientar que og térmos substancialmente e adverbialmente estao sen- do usados em sentido analdgico, pois o Ser ahsoluto nao é subslancia, como mais adiante 0 provaremos. Tese 99 — 0 Ser absoluta (0 primeiro eficientey é incausdvel, A possibilidade de que o Ser absoluto (0 primeiro efi. clente) & incausdvel justifiea-se porque nio é efectuado & existe, independentemente de qualquer outro, como j& foi mostrado, Além das provas que oferecemos da sua ineausabilida- de, 2 possibilidade de ser ineausdvel & ademais uma prova ontolégica também da sua existéncia, w MARIO PEREIRA DOS SANTOS Se 0 primeiro fosse causivel, aff o poderia ser por si, por outro ‘ou pelo nada. Por si é impossivel, pois existiria antes de existir, Por outro, no o poderia set, pois entao @sse outro seria o primeire,” Pelo nada € impossivel, eomo Jif 0 demonstramos. TesE 100 — Sendo 0 Ser absoluto inefeetivel e inoau- sivel. consegilentemonte nav é finivel, nem meteridvel, nem formavel, nein, portanca, @ compost de matéria » forma, Nao é efectivel porque, ou seria por si, ou por outro, ou pelo nada, como j4 vimos, B, portanto, ineausavel, HE por nfo ser causavel nao € finivel, nem finite. EB, dados Estes aspectos, nio é materidvel, nem formavel, pois exigi- vin outra causa eficiente que 0 materializasse. "EB se fosse materiivel seria formavel, e vice-versa, como jd 0 vimos Ora, tal niio se da. Portanto, nao € composto 0 Ser absu- Ito Cane € o primeiro effelente), nom de matéria, hem de ‘TESE 101 — O Ser absoluto 6 absoluimmente Wore, Prova-se também déste mod E livre © que 6 auténome ¢ nao depende de outro ou para ser ou para actuar. O Ser absolute, primordial, nao depende de ouiva pasa ser, nie vor do outro, ja que € im eausado ¢ incansivel; portanto, infinite, sem limites © sem determinagao de outro que 0 anteceda, nem axioliigicamente, nem ontologicamente enquanto ser, nem Sntieamente en” quanto exisiente, nem ordinalmente enquanto antecedente, Portanto, 0 Ser absoluto 6 absolutamente livre em sua primordialidade, © que nfo € fivre é que é determinado por outrem. Sendo absoluto © Ser, nao determinade por outrem, é éle, no pleno exereicio de’ se. ser, absolutamiente livre e inde. pendlente, Tess 102 — Ser absoluéo é “formatmente” infinito, Chama-se de forma a razio intrinseca de um ser, o pelo qual (qua) 0 sex € 0 que & Assim este ner é komem, por FILOSOFIA CONGRETA 18 que tem a forma humana, a ruzio intrinseca do homem, a ci de proporeionatidade fntrinseca da hominitidade. © Ser absoluto tem em si a sua razio intrinseea de ser, pois, do contririo, té-lavia reeebido de outro, que seria o nada absolute, © que 6 absurdo. Portanto, como ser xbsoluto ¢ infinite, sua forma, sua razaio intrinseea, também € infinita, Ble 'é, portanto, for- maimente infinite, e sua forma st identifien com 6 seu existir, # claro, pois, que a forma no o compoe, mas por ser absolutamente infinita, cla é Ce mesmo, pois éle é a pré~ ria specidade. TesE 108 — 0 Ser absoluto, por ser absolutamente simples, 6 indecomponivel Um ser 6 decomponivel quando & dle composto, pois decompor, om iitima andlise, 6 separar as partes simpies de uma totalidade. Ora, 0 Ser absoluto nao absolutamente simples como ji temente, é indecomponivel composto de partes, pois 6 emonstramos;, conseqtien- ‘Tosa 104 — Un ser indecomponsvet & indestrutivel. Para que algo seja decomponivel é mister, de antemao, ‘que Seja composto, pois o simplesmente simples, o absolu: jamente simples, por nfo conter partes, nem actual nem virtual, nem potencialmente, nao pode ser decomposto, Destrdive um ser da nossa exper ‘pomos suas partes, separando-as seg idades que eonhecemos da decomp ‘Um ser absolutamente simples no poderia sofrer tal destraicao, Outra destruiedo, e absoluta, seria a de tornarse em nada, nflo 86-0 ser que 6 composto, enquanto tal, mas, ainda, as suas partes. Assim podemos decompor uma cadeira, po demos destruit um objecto, mas as partes eomponentes eon- tinuam subsistindo, pois nfo se tornam em nada senao rela- tivamente, Deixaram de ser isto para ser aquilo, sem dei sxarem de ser cy MARIO FERREIRA DOS SANTOS © Ser absoluto s6 poderia tornar-se em nada por uma potentissima acedo destrutiva de um ser que The fésse sue perior, ou por uma acgdo interna, por um poder interno, que Gestruisse a si mesmo. © primelro caso & absurdo, porque j4 demonstramos que nao hé outro poder superior a ele, & por uma razio interna também ¢ impossivel, pois se o Ser absolute tivesse, etm si, uma razdo de destruigao de si mesmo, nao seria ab- solutamente simples. Ademais, a destruigio exige uma ace 80, € e858 36 poderia, no caso do Ser absoluto, vir déle, ois seria absurdo se viesse do nada absoluto, Mas se 0 admitissemos destrutivel, embora simples, dendo como conteido do conceito de destruigdo a acgio ex paz de reduzir a nada o Ser absolute, teriamos de admitir ‘due éste & passivel de sofrer, e que, portanto, nfo seria absolutamente simples, pois, no seu acto (0 pleno exercicio ‘de si mesmo), parte estaria'ém poténeia (a possibilidade de sofrer uma aceao de outro). Ora, ésse outro néo pode ser © nada. Portanto, s6 podéria ser por si mesmo. O Ser absoluto debxaria, portanto, de ser tal, para ser determina- dio ¢ determinavel. Nele haveria um poder destrutivo, ne- gutivo. Ore, 0 ser é afirmativo, absolutamente afirmativo, Esse jimpeto destrative, ndo provindo do nada, 86 poderia vir déle. Bo ser, para realizar a destruigao, ‘estaxia afir~ mando todo © sei poder (um poder infinito), ao mesmo tempo que o negaria absolutamente, o que seria fundame- talmente contraditério © abeurdo. © Ser ahsoluto, portanto, sempre fol, sempre & ¢ sem- pre sera, Para expressar o ser que ¢, foi e sera, tinham o8 hebreus a palavra [e-oh-ah, de onde vem o térmo Jeova, o ser que é, foi ¢ seri, dos antiyos hebreus, Nos gregos, hé ninda 0 térmo Hvoké, que tem uma raiz etimologica semelhante, e significa "foi, ¢ 6 sera”, palavra que, j nos Yomanos, e sobretudo em nossa época, perdea ‘para muitos o seu verdadeiro conteddo, ‘Tesp 105 — 0 Ser infinite perdura interminadamente, e 6 imutdvel. B, om suma, a imutabilida de absoluta, 44 ficou provado que 0 Ser infinite 6, foi © sera. Con- segiientemente, a sua permanéncia, a sua perduragao, é cons FILOSOBIA CONCRETA 16 tante, continua e absoluta, pots, do contrario, haveria que- das no nada absoluto, 0 que € absurdo, Resta provar agora que o Ser infinito € imutdvel. En- tende-se por mutagho a passagem de um térmo para outro. 0 Ser infinito, para sofrer uma mutacio, teria de pasar dle ser absolute, que 6 para 0 nao sor absoluto, nada abso~ Tuto. Neste caso, éle seria destrutivel, 0 que, jé vimos, nao 6. "As mutagées) podem ser distinguldas em’ varios tipos, como fe Aristoteles a) mutagio substancial, isto & geragio e corrupsi. Esta mutagio consiste na perda de uma forma para adquitir-se outra, como de um ser que se corrompe, dei xando de ser 0 que para tornar-se outro, de espécie die versa. © Sex infinito, para corromper-se désse modo, preci- saria primeiramente ser decomponivel e, para ser tal, tinha de ser composto. Ora, como provamos, éle 10 é composto, ‘ndo 6 decomponivel ‘nem destrutivel. Conseqiientemente, néo poderia sofrer uma mutacio substancial, isto &, corrom= perse no que é para déle gerar-se outro, A corrupgio do Ser infinito torné-lo-ia nada, o que provamos constitulr um absurdo. Portanto, a mutagio subs- tancial nao the eaberia, Conacqtientemonto, &lo 6 “eubstancislmonte” imutével Db) Outra mutagio 6 a alteragio, isto & a passagem de uma qualidade para otra, sem mutagio da cubstineia. Ora, © Ser Supremo 6 absolutamente simples, Nele nao se po- deriam dar mutagies qualitativas, porgue Ge passaria, aux tomaticamente, do que 6 para o que nao é E 0 que nao & fle, 86 pode ser um ser finito, que déle depende e dele pro- vem, oli 9 nada abzolulo, 0 que Ja esta afastado. Conseaiientemente, néle no ha mutagées qualitativas, e éle é “qualitativamente” imutavel. ¢) Mutacio de um lugar para outro. © Ser infinito, por milo ser corpéreo, como provamos, (pois no é compost de matéria o forma), néo pode sofre” deslocagio de um lusar para outro, como é 0 movimento to- 16. NARIO FERREIRA DOS SANTOS pico, uma das maneiras de ser da mutacio, Nesse desloca- mento, deelocam-se também as partes do mével. © Ser infinito nfo tem partes, como j4 vimmos, pois so- ria composto, e éle é absolutamente simples. Além disso se pudesse ser transferido on transferie-se de um loeal para outro, teria a poténeia passiva de ser des- Jocado. Ora, 0 Ser Supreme, como provamos, niio 6 eomposto de poténeia passive; conseqiientemente, @ movimento nie lhe cabe. 4) Nao esta sujeito 2 aumento ou diminuigao, ou outro mode de mutagdo. Se estivesse sujeito a aumento, nfo seria © ser maximo, e se estivesse sujeito a diminuigao nao seria ‘ominipoiente em absolutamente simples, pois seria decom- ponivel, pois o diminuido ou seria ser ou nada; se nada, nda. haveria diminui¢éo de qualquer espécie e, se ser, seria éle Gecomponivel, Conseqiientemente, @ Ser infinito é absolutamente imu- t4vel, pois ndo sofre nenhuma espécle de mutagao. Demonstramos que © Ser, como “forma”, como ser como existir, € absolutamente ‘simple © que seria outro que o Ser infinito, s6 poderia ser o ser finilo, que, comp ja vimos, déle depenie e déle tem 0 ser; OU, entao, © nada absolute. A mutagéo, gue pudesse sofrer #6 poderia ser a de tor- narse hada, a qual mostramos que 6 absurda. O Ser in: nito & "substancial ¢ adverbialmente” infinito, e, eomo tal, nua sua forma, ¢ absolutamente imutével. Mas © Ser infinite opera, e como nao pode sofrer nenhuma mutzgdo, quando opera, permanece imutavel. Eo ‘gue provaremos oportunamente, 'TeSE 106 — O Sey absoluto que é foie serd, 6 a fonte @ origem de todos 08 séres, Prova.se de outro modo. Demonstrado que 0 Ser abso- Into sempre foi, sempre € e sempre sera, e que nenhum ser potle provir do nada, ¢ éle, eonsegiientemente, a fonte e ori- em de onde provem todos 0s séres, PILOSOPIA CoNCRETA Ww Portanto, tudo quanto ¢ tudo quanto foi, tudo quanto sora, déle provém, proveio e déle provira. ‘Tesp 107 — 0 Ser infinito eontém om si tddas as pere feigdes € 6, portanto, omniperfeito. Porfei¢io de nada nfo 6 perfeigao. O nada é @ imper- feico absoluta, porque ¢ absolutamente nada, © que se entende por perfeigao 6 ser, e em act, © que foi examinado. Ora, todo ser & do Ser absoluto; conseqiientemente. toda © qualquer perfeiedo tem de provir déle. Portanto, todas fas perfeiedes néle ja esto contidas em grau maximo; éle 6, consoqiientemente, omniperteito, ‘esr 108 — O Ser infinite € omnipresente, ‘Todo ser finito tem a sua origem no Ser infinito, e 0 ser que tem o ente finito € dado por aquéle. Conseqtien- temonte, 0 Ser infinito esta presente em todo 0 ser que ha; 6 omnipresente. A caracterizagilo clara desta presenga vir posterior mente, ‘Tes 109 —~ © Sev infinite & omnipresente, © nada & impossivel ¢ nada pode. Portanto, todo poder provém de um ser, © 0 déste, do Ser infinite. ' Logo, todo poder que se manifesta, de qualquer espécie que for, ver. Go Ser infinite, o qual contém em si todos os poderes actuais ou possivels. Conseaiientemente, éle 6 omnipresente, ‘Tese 110 — 0 Ser infinito 6 a providencia absolute. © térmo providéncia vem do pro e videre, que, em lax tim, significam “ver com antecedoneia”. Providenciar guma coisa & dispor o necessério para que essa coisa seja. Ora, tudo quanto ha, tudo quanto é foi e seré, tem a sua, origem no Ser infinite. Consegiientemente, tude quanto 18 ‘MARIO FERREIRA DOS SANTOS aconteee, aconteceu ou aconteceré, foi providenciado por laquele, pois, do contrério, teria vindo do nada, © que ¢ ab- surdo. F neste gentido que, filosdficamente, pode-se compreen- der a Providéncia de que falam as religides. Tese 111 — 0 wer finito ndo 6 absolutamente idéntica a si mesmo. © Ser Supremo, Ser infinito, € absolutamente idéntico ‘4 si mesmo, ja 0 provamos, Todo 0 ser finito 6 deficiento, e nao lhe cabe a plenitude de ser. Enquanto é, univoca-se com 0 Ser Supremo, ee tomamos 0 ser nao prefixadamente, nquanto n&o é pois jé vimos que se compde de nflo- ser, identitica-se com o nada relativo, no com o absoluto, Por’ isso, além de outras razdes, © ser finito nao pode ser absolutamente idéntico & si mesmo, mas apenas relativamen- te (formalmente, por exemplo). Considerar o ser finito, enquanto relative, é a dmica maneira de considerd-lo idéntico a si mesmo, ‘Assim éste livre, como livro (formaimente considerado), & idéntico a si mesmo. Materialmente, sofre mutagdes, Bm sua heceidade (em sua unieidade historica), iden- Liflea-se consigo mesmo (1) ‘Tase 112 — 0 ser finito ndo pode atingir a uma per- foigdo aisoluta nem na sua espéeie, Para que um ser finito fosse absoluto na sua espé doveria dle actualizar todas as perfeigées adequadas & expé- ci. Ora, tal niio se pode dar, porque 0 sex finito, imerso na temporalidade, sucede, devém, Conseutienlemente, nunca é a sua plena actualidade. Se formalmente pode éle alcangar 0 mais alto grau da sua espécio, nunea a seré em sua absoluta perfeigho especifica, porque’ anilogo nunea pode aleancar a perfeigio do logos (2) A hecekinde escapn a0 councetmento na proporgio que os capa ® dafiniain, "Esta tear é ae Scot. A heceldade.podo ser A crit, mio defini, FILOSOFIA CONCRETA 19 analogante (0 cides = forma) que, finitizado, limitar-se-ia, e deixaria de scr um logos para tornar-se uma substénela, lum ser aqui e agora, o que o limitaria eo anularia no eam- pe da sua realidade ontoldgica, para tornérlo existente no campo da realidade Ontico-temporal, 0 que seria a negagao daquela, como ainda veremos. Mas, mesmo que tal se desse (0 que € absurdo), 0 fogos enalogarte da sua forma permaneceria ainda como um ser na orem ontologies, sem um suppositivn adequado & sua perfeicio especitica. Liste postulado demonstra, de modo cabal, o rigor filo- séfieo da positividade da tese pitagdrieo-platonica dam mesis (da imitagao) © da metezis (da participagio) (1). ‘Tese 118 — O que ndo 6 por si mesmo ndo pode ser por ei mesmo. © que nfo é por si mesmo seria por outro, 0 que pro varia que nao era possivel por si mesmo, pois, se 0 fosve, era por si mesmo, Se née é por si, é que nfo pode ser por si mesmo, E se fOsse possivel por si mesmo, o nfo-ente produairia o existir de algo, 0 que é impossivel. ‘TesE 114 — 0 ser ineausivel € um ser necessdrio por Se um ser é incausivel 6 existente por si c, portanto, nocessdrio como © provamos, ja que no depende de outro para ser, € 0 set Ser 6 dle Imesmo, como 60 Ser absolute © primeit. ‘Tese 115 — Conném distinguir 0 con rio de o de “necessitarin”. ito de necessé- Diz-se que & necessir © que pode deixar de ser. 0 Ser Supremo é necessfirie, por necessidade shsoluta. No eatauto, o Ser posterior depende do anterior, e tem tam. G) Oportunamente catudaremos os fundamentos do togoe enalogante, que & viva. positvicade da dialecticn socratico-pleb= 20 MARIO FERREIRA DOS SANTOS bém um nexo de necessidade para ser, pois se o anterior hao existisse com anterioridade, deixaria automaticamente Ge existir o posterior. Ao anterior, liga-se o posterior por tum nexo de neeessidade, Mas a existénein do ser finito de- pende de um anterior, necessiriamente, Essa necessidade Pelativa sé distingue aa primeira, Preferimos chammar a esta de necessitariedade, e de necessitério o ser que depende gage nexo, © due julgamos de boa eonveniéneia. Os esea~ Tasticos chamavam-na de ncecssidade hipotétien, como 3 vvimos. Ha ainda aqui lugar para outros comentirios. A me- cessidade relativa de que falamos acima, que, pregerimos chamar de necessitariedade, apresenta, contudo, aspectos Gecalares. etija acentuagio € de conveniéneia fazer-se. £ 0 que nos sugere o exemplo da heeeidade (huee- ceitas). © ser Geto, precisamonte ste (hace), em sia unicidade « singularida(e, tom propriedaces, earacteristeas, ele. que ihe ako pecullares como snmolaridades, Ora, tais motas de pendem do conjunto dos antecedentes, que sho os factores Peueponeutes, em stn correlagao com os faetOres emensen- Hin dovecr singular. Mas o-arifhmos dessa singalaridade 6 Geico c invedutivel a outro, Bste ser, como singularidade hoceidade), & idéntico as) mesmo. Para que e seia 0 que 6 ¢ nfo outro que éle (tomado como singularidade), exigiria a eooperaciio dos Factores que realizaram 0 seu coithmés. De modo quie, para que tal ser surja, € necessfirio que tais outros 0 antecedam, tomados também em seus aspectos Uinuulares, “HA aqui um nexo mais intenso da necessidale, Nao si 0 posterior exige a antecedéneia do anterior para ser, como também ée €o que é, singularmente, pela neces~ sidade que o Tiga a ste ou aquéle anterior. Ha, neste caso, him geau de intensidade muito maior, euja especulactio € de magna importaneia. f cla matéria de uma disciplina que se impGe na filo~ sofia, a hendtica, cujo objecto formal é a singularidade, a ecetade, 0 que estudamos em “A Problematiea da Sinkt- Jaridade”, que fiz. parte desta Eneiclopédia. FILOSOFIA CONCRETA 21 ‘Tesu 116 — 0 Ser Supremo tem a primazia na ordem dda eficiéncia, na do fim e na da eminéncia, Jé provamos que hé um Ser Supremo. A ésse ser cabe a primazia na ordem da efieiéneia, porque € 0 primeiro, Fonte de todos os outros; na ordem do tim, poraue todos cendem para éle, como o veremos, e na ordem da eminénei tongue dormimente todas as perfelgdes néle estao em grat mais elevado; e déle derivam, sendo virian do nada, Tess 117 — 0 Ser Supremo € actualissimo © perfé tissimo, actualissimo porque contém eminentemente toda ae- tuulidade; ¢ dtimo porque contém eminentemente tOda bon- dade, todo valor positivo, @ perfellssimo porque conte eminentemente tida perfei¢ao. Dora contem Sendo éle 0 primeiro efective, tudo vem dale, pois do contrérie viria do nada, © que € absurdo. me ‘Tes 118 — Tédy natureza dependente é triplicemente dopendentes " ‘Toda natures dependente é posterior x0 primeira ef tivo e tem triplicemente a presenga du setualiade, da bon fade die porveigio, = © Presense ds getualiadey a bore a aetualidade, porque sem ela 6 nada; da bondade, porque todo ser ¢ um valor, e da perfei¢ao porque tem uma forma, por grau menor qe aquela natureza se apresente Outras provas serao oporiunamente oferecidas. ‘TESE 119 — 0 que ¢ intrinseeo ao Ser Suprema 0 é no ais alto gra, op etd Set Sanremo a perf able, « conten em sino mais levado grat, 2s perfeighes, 0 que nele € in tninséco‘o'€ no mis alto gay, pols de tonterioy © als viria do menos, 0 mais perfeito do menos perfeito, 0 qu seria absurdo. m menos perfelfe, © que Désto modo, toda perleigh, tomada absolut predeaa n0 Ser Suprefo, senate necoesiviomente nal no mnais alto gra. ey MARIO FERREIRA DOS SANTOS ‘As formas, no Ser Supremo, so sisténeias que esto no poder désse ser, e s20 nele perfeitissimas, porque, sendo ale absolutamente simples, no seu Logos estio todos os logoi (formas) em perfeitissima simplicidade. ‘TEsp 120 — E finito o ser contingente. © ser contingente 6 0 que depende de outro para ser, 0 que néo tem em si a sua razio suficiente, pois de-pende de outro (ab-atio) para ser, O ser finito precisa, portan- to, de outro para ser. Caracteriza assim o ser finite: a) a dependéncia; b) 6 limite; ¢) a contingénela; d) a finitude, pos tem um tim fextvinseeo, jf que nfo o tem apenas em si mesmo. Tende sempre para algo que Ihe é extrinseco, e as suas causas extrinseeas (os fuelOres predisponentes) ‘antecedem aos factores emergentes (causas intrinsecas), como ja ‘Tose 121 — rd ser contingente preeviste de certo modo no Ser Supremo ¢ néle perdura sempre. Todo ser preexiste original e virtualmente, como em primeira causa, em Deus, expoe Tomés de Aquino. © ser contingente 6 o ser que pode ser, e cuja niio exis- téncia no implica contradiedo. Mas o ser dependente, que 6 tem sta Tarlo de ser no Ser Supremo, onde preexistia, original e virtualmente. Original, porque do contrario teria sua origom em o nada, e, virtualmente, porque senéo sua existéncia também viria do nada, Désse modo o ser eontingente pode ser nada enquanto actual, um nada actutl, enquanto nao 6; contudo, nao pode ser um ubsoluto nada,’ Sua preexisténeia torna-o de qual quer forma alguma coisa. E alguma coisa prossegue sendo, quando tenha perdido sua existencia actual, tendo deixado de ser, Torna-se apenas um nada actual, nfo porém num. puro nada. O que ¢, de certo modo sempre foi, e 0 que foi, de certo modo sempre sera. OUTRAS DEMONSTRAGOES DA EXISTENCIA DO SER SUPREMO ‘TESE 122 — & impossivel uma infinidade de casas essencialmente ordenadas. E impossivel ma infinitnde de causns accidentaimen te ordenadas. Hsta domonstracdo, que pertence a Duns Seot, sinteti- zamos do seguinte modo (1): Nas causas essencialmente ordenadas, a segunda depende da primeira, enquanto causa, A primeira que ela dove a sua eausalidade. Impée-se ainda a presenga simultanea de todas as eau- ‘sas para que 0 efeito seja produzido, como se observa, entre 05 sGros vivos, pois os sucessivos dependem dos precedentes, eum rompiménto da cadeia tornaria Impossivel a existénela do efeito, Nas eausas necidentalmonte ordenadas, a segunda eat ga dependo da primeira quanto & sun exeténea, nil quanto A sua causalidade, Pro se no primeiro caso: a) os séres ordenados essencialmente

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