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LUNIVERSIDADE D0 VALE DO RIO DOS SINOS -UNISINOS Pe Aly Bonen SJ} ‘Pe Maelo erundes de gsi, } «_EorT0RA UNISINOS. Carlos bers Gano Const Etter Cato Albers Gano Femandojcgce Ata Pe Maso Fema Again 5 Analiticos e continentais Guia a filosofia dos tiltimos trinta anos Franca D'Agostini Tradugio Benno Discinger Eprroa Unisivos Colegio Ideas 4 © 197 Rafal Carina Elio, Mano “lal gina: Alec cone Gude alle eg id ea ISBN ee 7oraatex 1999 isto de publics em lingua portaguen pte comercilasso ho Brel servos Estos da Unversdae do Vale do Rio ds Sins 'Eortora UNIS ISBN $5.7431.091:3 Coleg ins 4 Dine de Mare Fernandes Aquino ior Cals Albert Gino Tradapto Benne Dishing Revo Renata Detoe Rui Bender Eira User owe Cova Joat Lal Sher 1 impreio Geifies de Unison stro de 2003 A mp. sind qu pl por gaat i plump cnc, nnd map i is sm aac int Clem escent pan coma io can Fa dit el son Univ do il do Rid Sas omens Uses Wh Unis 930 93022000 Sto Leapido 8S Bel eels 08239 Fae 515900238 ‘emai: edie Orton INDICE Preficio (Gianni Vatimo) Promise Inrodagto PRIMEIRA PARTE ‘Uma imager do pememento contepordneo 1. Fimda filoafa A auto-speraso da filosoia Alora ea ciéncias (Caibras ments Alora contra a ciéncia eo “outro pensamenta” A questio do nilsmo Derida eo paradoxo do fim Lyoaard, a eénicae pés-modemnidade Rony 0 fim da flosofia em ambient analtica Sumirio Noes Sistieaie isle Analitcsecontinenais Analticos e continensis [Nas orgens da diterenga [Neopositivsme = flsofiaanalca? Apel ea transformagio da filosoia Seale conta Dewrida Roy 2 posigo académica da filosoia Profsionalizaiocienlica da flosfia Ahermenutien como nova hoiné continental ease 4a filosoia anata B 9 2 45 a 33 38 6 m3 7 80 81 89 90 92 95 96 98 100 ot 102 6 tne fndce_Z 9, O eda seal da questo 10s 6. Semiosnagio do kantemo 198 10, Astoridades 107 7, Da queso da metafica vida lingua na digo 1. Citi terra, iia his 10 analica 200 12 Tent e cones, defini enarragio um 8, Resilagio da merafsica 205 Sumo 14 9. Da vada ings virdapengrdsica 207 Notas 5 0, Al do ia inghisico a7 : 11. Alinguagem a losofa ni 3. A quest do sjcta 12 lingo Ea 1, atodgo im Notas as 2 Teoria 124 Ecco raean _ 5. Tis forma de relativiomo 231 4 Deetbed erica 130 1. Inodugeplralimo coneruisme, unienaiomo 231 5. Huss « Heidegger BI 2 Modo do atvsmo 235 6. O horizon Fenomenolgio-xencal 32 5, Relais hisico 237 7, Jaspers, Saree “arta sobre o humanism” 134 4, Relativism epnemolégico 240 8, Osseo etico 137 5, Relaiviamo lgico lingo 22 9, Antrhumanimas« perspective onoéca 139 & Api orelvismo 245 10. Ahermenéuica: sje como pexase como dllogo 141 7. Conte relativism 232 1,0 paadigma ineraetivo 146 8, A vida Gia do pensamentocontemporinco 256 12, Osco eco eo sujet ata “7 9. Astavesposiveis debate sobre a loss prin 258 13, Esuturame epr-exraturalismo 150 10, Fim da flo fundacional fin do im 267 14, 0 suet na floss anal: premisss 15 Sumsrio 270 15. O sje doconhecimenta eda nia 158 Nous m 16, Dalinguagem a0 pensamenta 161 ae 17. Concloes 165 pe ee Sumiio 167 Nous 18 1A filo anata 278 4. Da questio da metafisica 2 virada lingiistica Teoria 278 ‘i S se <— ie 1. Uma questo de estilo 278 1. A questo da merase linguager 15 2. Linguagerepensimento 29 2 Daun mei vids gis amin ie 3. Andlise 281 continent Login flosfa 284 3. O objecivismo cienctfco, 185 ‘5. Outros confins: lingiistica, psicol 286 ee ta 6. ‘Paeeces du louse anaes oe 287 5, A vita lingstica na flsofa continental hermenéusica eestruuclisme os a a Mii ro 1, A filosofia pés-analitica, 295 9. Heidegger 407 12. A virada cognitiva 27 10. A hermenéutica contemporinea 410 eee aa ee 7 eee a freee renner 7 tee a ol 23. Dummett 352 1, O que é a teoria critica 479 eee 2 1 aetna 2 Se ies ee 7 26. Nozick 367 4. Critica e dialética 481 27. Légica: Kripke, Montague 369 5. Oncologia da contradigio e do ainda-nao 482 28, Filosofia da mente 373 6. Aporias 483, 29, Histéria eeoria da agio 382 7. Continuidade edivergéncias 484 eer! 389 8, A filosofia segundo Apel e Habermas 485 ee 6 pan 2 2 che ” Lecce 10 fade 14, Jen Habermas 494 15, Discusses econtovérias 504 16, Kar-Oteo Apel: ansformagio da filosofia 507 17, A reabiltagio dos fundamearos eda ica su 18, Apel e Habermas 58 19, Outros desenvolvimencos do pensameno francofurense 519 20, Richard J. Bernstein e teoiacltca na Amévicn 54 Notas 533 4, Phresruturaliomo pés-modernismo 539 Tria 539 1. O significado do prefix ps" 539 2. Oesaturalismo 540 3. O pésesturualismo 342 4. Nietsche, Mar, Freud 344 5. Asvanguardas ea produgioaiica 545 6. Flosoliae polica 57 Hindria 549 7, Gilles Deleuze: vanguarda artic e vanguardaflosifica 549 8, Michel Foucaule: da genealogia da razio ica 536 9, Do pée-esruturalsmo so péx-madetnismo:Jean-rangois youd 359 10, Jacques Derrida eo p-exruturalismo 561 11, Margens do pés-estrutralismo 564 12.0 péwmodemismo 576 13, Légica rica da pds-modernidade 580 14, A ics pés-moderna 582 15, Resultados do ps-estutualismo e do ps-modernismo a Franga 586 Noes 588 5. A nova epstemologia 593 1, Filosofia cigacia: 0 modelos anglo-sario,alemioe francis 594 2. Neo-empitsmo eracionalisma cco: 0 Circulo de Viens, Popper Alber: ‘398 fodce 11 3. O paradigma pragmatio epérempirsa: Quine, Hanson 605 4. Acpintemologia péspositivsea 10 5. Abssehermentuticaesocilégia da ciéncia 67 6. Alogicadadescobera a virada cognitva a0 7. Bpistemologia continental 624 8. O modelo frances: Bachelad a9 9, O estroturalismo e além 636 10, Esruturalismo diferencaistae neorstruturaisma 640 11, Hiss da complexidade 646 12, Teoria da compleidade 654 13, A complesidade ea flosofia 658 14, Conclases 665 Nowss 667 BIBLIOGRAFIA 1, Obras gers instruments bibliogefcos on 2. Filosofia analtica o 3. Hermenéutica 685, 4, Teoria erica 64 5, Pés-estuturalismo e pér-modernismo 701 6. Anova eistemolog 705 PREFACIO Gianni Vena (s esquemas, aparentemente neutros € cémodos, que se sedotam para presenta de modo ordenado ahstta da flovoia nos ‘seu ros periodos, nunca so realmente neutros e meramente des- tivo; tim também sempre, como se sabe, um fundo tesco, que far da hstoriografia losica, mais ainda que em qualquer our ge ‘eto de hictoriograia, um escrito carregado de cori, catacterizado mais 08 menos expliciaesabidamente por precisascomadas de por siglo. Se tal empenha tedrica da desctigio hscoriogefica resulta pouco marcado nas histériasdafilosofia do pasado menos préximo, 6 porque nese caso ox exquemashisxriogrdfics sto jd canoni- zadas ¢ assumiram uma obviedade que os torna quae invisveis, ‘Quando seta ao invs, de perodos mais prximos a nbs, onde ainda nfo se estabeleceram ordenamentos candaicos oenvolvimen- to tdricotornase mais evidente, mas discutivel, mas, a0 mesmo tempo, mas ico de esimulos ede indicages de desenvolvimento, Evesteo caso da hipétese de trabalho adotada por Franca D'Agosti- nina apresenagio da flosoia dos limos trina anos, com base na icotomia entre “analitios “continents”. Nio se ata de uma formlio radicalmente nova, porque se baseia numa contraposi- ‘lo conceiualamplamente presente no debate contemporinco (- bora alee sind nfo tenha sido adotada como base pars ua hist ria do pensamento dos limos dectnios). Representa, rodavia, uma aproximagao carregada de implicages tesias,merecedoras de uma angi que ai muito além do interesse meramente informatio. [No entanto, a simplifiagso do quadro que se opera com a Aecisio de assum como bate esa grande dicoromia,ndo pode dei- sar de aparece também como aindicago de uma especie de proble- ‘ma centrale decivo par. pensamento contemporaneo. Em mui- 14 die tos sentidos, portant, aseparagio entre sss duas grandes linhas textos de pensamento € alex 2 questo na qual se reassume 0 pro- blema caracterisico, com o qual se defront sofa atl. Por a coisa nexes terms pode parecer uma decisio abieria, mas a bbém, segundo nés, 0 ponto de partida para uma letra que, 56 en- ‘quanc orienta por um intressenio-panorimico, pode arontar (0 material da lv ~a teoris, x ocortacas das vir escolas dos pensadoresindividuais ~ com o posicionamento jst, adequado 3 Emsam, o equema segundo o qual 2 autora dimensionao crabao oséfce dos ulimos rs dectnios, pode ser assumido ran- to como um mero principio de organinagéo exterior do material ‘qu, no entanto, se revel til para consruir um quadto no dema- sladamentefragmentirioesufiencemence claro e informative, ox ntio, nim sentido mais empenbatvo, pode ser toma como pon- to de para para uma discusio dos resultados, dos problemas abertos, do “sentido” abrangente a atribuic investiacio ao deba- tefilosico, com o qual nos pée em contro. ‘A medida que se avanganaliaradolivo,perebe-sequea utlidadeinformativae“orgnizador” do esquema € sna de sa fe- cundidadee propriedade teria: ou sea, o significado do trabalho ‘onsite no far de prem evidénca, na flosoia mais recente, um tema recorrente que constitu igalmenteo problema central ainda aberto (aquele da concaposigé individuada no ticle), além de ‘mostrar aslnhas de continuidade eos elementos de afinidade ter que liar, em alguns aspects © momentos, as rates respectivas dos dois elo losbficos Alegitimidadeefecundidade hewistica da dicoromia, eso Iida como fo condor por Franca D’Agostni desprepise com cvidénca, quando se entaexpliia a its dicoromias andlogas ‘que, no curso da exploragio das wis reat, obras e are, 0 ‘spontaneamente despertdas, A primeira em que pensamos. pik ieira nfo necessriamente em order de importncia nem em al- gum sentido conalégico, é aquela ence uma linha kancianae uma Tinka hegelana no pensamento contemporineo, Richard Rory al- nfiso 15 diya els num texto, e,embora a dstinsSo no coincid complet _mente com aquela entre anaiiose continents, mas ena com ea (como, de resto, as ours dsinges evocadasno liv) apenas uma semelhanga de fui, pode-se, com bom diteio, pensar que indi ‘que um aspecoflosofcamenté essencial naqueleprimeir conjun- to deconestos. A linha kancana,incressada princialmente em co- Iherascondigdestranscendentis de posbilidade do conhecimen «em ger da racionalidade, também pritca, encarna-se hoje em todas sflosofias que concentra a sua atencionaligies, na pst: ‘mologi, nas Formas do saber cinco ou anda no agi ic, com ‘ontito de individuar os wags unversas eesiveis. Chamames, 20 ‘ontriio, de inka hegelana, segundo a proposta de Rory, aquela tendéncia que encontra nas filosoias que consideram prncipal- ‘mente conctettide histrica das formas de vid, da ingens, dos paradigmas cientficos e que, poranto também sinam no centro da ‘tengo o+ problemas da hstorcidade dos saberes eda propria Blo- sofia, até sald eatemas do relativism, ou, opostament, 3 ecu ta de wna histtia-destin do ser, como & 0 ato de Heidegger e dos eur discipulos. 40 simples fo de colocar, a ldo dz diotomia analiticos-continenas, esta utr, andloga mas no idévica, ent ‘arlinhas kansiana eegeliana, sucha uma quantdade de problemas te sgere um amplo embaralhamento de cats. Result, por exem- plo, evidente que nem toa a flsofia continental se encontra sobre linha heglana, enquante no poucos filéofos de formasio anal ‘ica, precsamente pela via do relativism ou, por imo, de qual~ ‘quer forma de comunitaismo, fogem da impostasso prevalent ‘mente kantiana da radgioligio-epstemolégica anglo-axénica, Mas estes deaizamentose msturas do panorama, alm demo enfae _quecer a validade do esquema de paride, mostram aqui que cha imei de sua fecundidade heuristic: reagindo com a dstngio ene landanos eheglianos, a dicotomia se anima ed gat a ulteriores ariculagies, deixando ver mais expecficas diferengas ¢indicando ‘mais varadate mikiplas posbilidades de solu dos problemas ‘Um outro modo de frmular a anise pode ser aquele que sedorae adapealivremence uma expresso do tltimo Foucaul, que 16 Pfc ‘contrapée & flosofa como “analitics da verdade” uma filosofia en: tendida como “ontologia da auslidade’,preferindo cxpliciamence a segunda, Embora Foucault no eabore o significado do termo on- ‘ologia, 2 dicoromia que asi se linia, mesmo além de suas in- tengo explicit, abre novas possvesdistingbeseaticulagdes no esquema, endo sé no que diz speta&compatbiidade do cod con- ‘ineneal see erata de ainda falar do ser, alinha continental cinde-se mais claramente ene aqueles que, mas isi intengBes de Hei- ddegger,retém que do ser, todavia, ainda se deve procurar flare agueles que, como Dera, pensar que assim se permaneceiapri- Soneiro de uma perspectiva metafsca. Mas a perspectiva, de parte do problema do se, como problema necesariamente metafsco, ‘também aproxima snsvelmente Derrida de certs psig antine- tafscas de origem analtica, por exemplo, de Rory, eabeleendo, pis, uma outa pant ear safe analiticos eflésofoscontinen- tai, Prradosalmente, mas nfo tanto, 2 maior ou menor dsponiil- dade em ainda falar do ser ccm fazer ontologa acaba por estabele cer igualmente uma ulterior diviso ene diversas estilosdeesritu 1 fls6fca, que ndo respeita aquela(geralmente aceite substan ‘alent ainda vids) ent um esilo mais argumensativoe defn tivo, prprio dos analcos, un estilo mais sugestivo, narrative 04 mesma podtico dos continents. Quanto mais se procurafizer uma ntolog, tanto menos se pode denar de ado a arpumentaio(eis- to até conera os exemplos da meditagio ontoldgica do Heidegger ‘andi Disso segue que certs texoe continents, expliiamence empenhados no terreno da ontologa, sejam esilsicamence fins ‘com escritos de autores de provenincia analiia, muito mais do que de textos clisicos do desconstruconismo. Por fim, embora se crate de um tema que, por muitas boas raaies, aparece apenas mayginalmente no tabalho de Franca D'Agostini, a dicotomia analiticoscontinenas, passando através daquelaente inka kananae inka hegelina, ence anal da ver ddadecontologia da atualidade, entre argumentasi enatazio, ba por condusir, mediante um outro dedize, at€aquela que se pode caracterzar com os nomes das dus grandes adigsesrligioss que Peliio 17 cnvolvenm 0 Ocidente modemo:o hebrsmo ¢ 0 cisianimo ‘Mais uma vez, samen dads importnca deciva do pensadot, 6 discus gira aguiem rono de Jacques Derda, mas amb em tomo do nome dagucle qe tae tena sid seu verdadero mest, Emmanuel Levinas. que pont Levinase Desrida podem sr o> locados na losofa continental, quando et &caracterada pe famene como hegeliana, antes que kantana, como omologia da arualidae, mas do que como analitca da verdade, ec? Conse tando otema da historiidade, él descobri ques hisoriiade, da qual s pode flr em lado a Dede Lvinas equiva purae Simplesmente icude Pure ambos, hori da cnn sige fea que somos sempre” jogados ima condo Sin, expectica, cc. Maso gue impora lost, gui €0“sempe", nfo os 405 deerminados da concretastagio, Ni parece arbi cha mma de hebrio tal modo de considera ahiiidade, 30 menos no sentido de que oaguardodaquee (ou dag) que hide vr

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