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LUCIA SANTAELLA Cultura das Midias EDIGAO REVISTA E AMPLIADA EXPERIMENTO. ‘Samaclla, Licia Cultura das midias / Licia Santalla - Sio Paulo Experiment, 1996, 202 p 521 em Bibliografa, ISBN 85-85597-18-6 |. Meios de comunicagdo de massa, 2 ‘Televisio.3. Poesia visual. I. Titulo cpp 302.23 "ida waalogriton oes pla Bibtoos a PUCSSP Copyright © Licia Santaela Revisio. Berenice Haddad aitoragdo Eletrnica: Ricardo Melani Capa: Ana Aly Editora Experimento Avenida Ipiranga 84/503, (01046-010 So Paulo SP “Telefone: (011) 288-0124 ‘Sumario sreeseagho Dk staan sD, prresoeagio Darina soho. ‘Clr ecomunicagio. Comunicaetee informacio ‘Atede enge a8 migias ‘A rede dentro das midis As linguagens das midis “Migis interausidade CComecemos pel joral oltemos um sécule no tempo. ara fechar esse parcntses ‘Chegamos a ponte de reat as pontas Som o presente ‘Mas. examinemos aquest mals cuidadossmente “E todo o resto literatura” Toda "minha" pp questo deve examina «com lence aprosimats "Ha que diferencia as vores da lorest™ (Os interiors do signa ‘imagem no espelho Imagem técnica reaidade ‘Avena da representa [Nariso rencenado, Oimestiment simbslico ‘A fatura da atoidetiade 2 n 29 et 34 2 31 31 3 3 33 33 35 56 36 39 59 rn él 63 6s Amor como espetho enzado ‘Um pouco de sa histria Diagrama das coneovesias E no Brasil Enoenagtes da grande ane Pingando oss car (4) ware 20 sen. ‘Nostalits do corpo uno O cerebro est crescendo Demoligo de valores Limiarantropoldgico Floresas de tempo resapoenso & sssories ‘Arise da moderidade Mudancas paradigmatias Um ensaio de inerpretagio ‘Semisieaepasestruturalismo ‘© nascimento da polemics A pulverizaco dis otalidades| (Os parosiemos da hiper-relidade ‘A resureigo iluminista ‘As complenidades do dle ‘eugerto de um diagrama ‘A desconsrugdo vanguardista ‘A reslugho informatica ea universidade -stesnexan: Arr ELETRONICO DA ESCRTA erspetiva histrica ‘Videotexte como multimidia “encfyeia DA FOES VISUAL "Na hada eserita Aeseritae2 pina [As Teas se pseram de pe ‘Aimvasto dos duplos Revigoraseaescria © nacional eo imteracional O maseu hoje ns # cougto oe comma Toorak da cultura ‘Uma quest primsra Focos de luminagdo Homos semiotics [Nascimento das teorassemiicas ‘Are: upturaeirupetes (© marco decisive da fotografia. Duchamp: 0 Leonardo da descostrago seucLLAgbes HELA ‘Objet de lz Antismimetisme. sua LEmONCA, "A conscienta do pio (© mundo sua imagem © cassenamo pas wos Ep Sonor ‘Os signs esto crescendo ‘Acextr-somatizagto ds meios ‘As mdquinas iteligntes one as nants ‘AS maguinas moculaes ‘As miquinas sensris. ‘As miguinas cxrebras ‘As designactes do computador (© computador como midia ‘© computador coma midi semistca (0 signo como mediacio (0 signo como meio ‘As facets do computador ‘A term sentee penta 163 16s ist 169 10 m 3 ns 179 179 ito 183 18s 187 191 9s 196 199 201 209 22 23 2 226 330 239 29 (soos da tera esto no cév a mais signos ene o eu e a era do qu sonkam nossos hos mus ‘Osu nto & mais imite ‘Noss corpo tem Beleza do globo tera ita ere Tinalos © £105 ‘Aes doc 5 ‘ida, corpo e ment celestes Tnstante de cinta Por anda uz? Salto motant da ciao Semblante sensivel do incligvel orate BLIOORATICS 289 267 268 369 as Apresentagao da segunda edigao Desde 1980, quando apareccu mou primero liv, Produpdo de imguagem e ideologia, eu segunda edi revista © ampliada fo publicada recentemente (Cortez, 1996), venbo defendendo a tese da inoperneia das separagies rigidas entre cultura eruita, Popular c cultura de massas. Essa mesma iia ve se desenvolver fem 1982, no live Arte cultura. Equivocos do ebtismo (Cortez 3¥ ed, 1995) c, mais tarde, em 1986, no livro Convergencias. Po. ‘sia conereta€tropicalismo (Nobel, 1986) Esse tes livros, sem ‘divida, sio bastante diversos, mas, na base das arguments neles desenvolvdos, hi uma eoncepedo comum, a de que a cultura de massas nio deveria ser consderada simplesmente como uma te cei forma de cultura a ser somada as formas mais tradicionas ¢ polarizadas de cultura, aerudita, de um lado, ea popular, de out. ‘Ao contrrio, oadvento da cultura de massas veo trazer profundas ‘modificagdes na antiga polaridade separagao entre 0 popular © 0 crudito,produzindo novas mterseegdes,atraves, principalmente, da bsorgdo de amas para dentro das malhas da cultura de massas ‘Quando este tivo Cuitura das midias foi publicado pela p= mira vez, em 1992, com a palavra midas no plural. tentavacha- ‘mar ato para uma nova ordem de questes que estavam recém= surgindo. Empurrando 0 tindmio popular-erudito e massivo para tuma especie de pano de fundo, as questées apontavam para paisa- ens inaugurais no universo da cultura resultates de uma diversi- dade de fatores emergentes. Lembro-me de que, na pact, hese ‘quanto a0 emprepo da palavra midas, plural ds midi. Finalmente, acabe’ adotando essa altemaiva por me parecer a mais apropria~ ‘da. Midia ja era correntemente usada para se referir aos meios de informagaoe de noticias em geral, assim como aos melas publicita- fos, Entrtant, esse sentido esnto da palavra no me servi, pots havia uma constclgo de novos fatores aque buscava dar expresso, 0 Leta SaNTAELLA Entre esses fatores, destacavam-se: (1) 0s trinsitos, complementaridades eintercimbiosincesantes de um mio de €o- ‘municagSo para outro outos, «que chamei de reds entre as midis, (2) a erescene onipresenga da informatizagao invadindo todos 05 ‘setores da vida sociale privada, (3) as possiblidadesabertas pelas formas de comunicagdointerativas, (8) as novas modalidades de criaglo atistca presentes na exploragdo dos potenciais de uma testtia das midias centre as midas. Enfim, sintetizando esses fa- tores, havia a previsio de que 0 advento da comunicago e cultura informatizadase intorativas — que escoli chamar pelo nome de cultura das midias para dferencar da cultura de massas — iia provorar tanto ou mais efeitos de transformacio sobre a cultura de ‘masas quanto esta havia provocado na antiga polaridade entre a cultura eruditae popular. u ‘Nao apenas a previsio esta se cumprindo como parece estar se cumprindo de uma mancira muito mais veloze acentuada do que se podera esperar. Quem iia imaginar, ha menos de uma década, ‘que existira hoje, nos Estados Unidos, por exemplo, cinco miles ddemetros quadrados de redes de tlefoniainterligadas na formagao dd um ciberespago (cyberspace) dominado pela Internet, um vasto labirinto comunicacional de redes educacionais, governamentas, militares © comerciais conectadas tanto dentro do perimetro da ‘América do Norte quanto como estate do mundo? Quem podsrin prover que, nessa imonsa rede planetiria, mais de és milhées de ‘Computadores e de pessoas com as mais diversas caractristicas, tem mais de tés dezena de paises (nimeros, als, que 6 tendem a ‘rescer), estariam hoje iterligados? “Trata-se daquilo que vem sondo chamado de comunicagio ‘mediada por computador e que ranspira nam ciberespago incorpo tc abstrato consistindo apenas de impulss eletronics e informa- ‘slo. Para ter acesso a um tal unverso, em que as coordenadas Usuais de tempo e espago fisico esti suspensas, basta possuir um terminal de computador, um modem, uma linha telefOnica © um ‘endereg eletrnico, Seus processos incluem no apenas a comuni- ‘ago, através do computador, de pessoa a pessoa ou pessoa gru- po. mas também contats pessoas com o computador, quando uma pessoa pode acessararquivos ou interagi com programas e bancos (CULTURA DAS MIDIAS " fons lg nis ea Scie ene AA toe Saas“ werden ait noaetcs “pote shee ee atge re ioc Dement eet fey Dae baer aro Giggle dts orn TiPige hee mind rea at a eres opel eatin tenon Seren meevecget ean eet Sop ceric mee mane iI Sa Sepricll mites digs eres sums Sie oe raf ees trae ope SO thes set ole tn pase iS Sian an rt te SSeS Spina mee Scananm emer SSO ETS un matron Smigeradee teiemecre omen SptEahs cman Sade fatitanes ets en ‘cai Semmens aoe seen i nS ne BE See eae Seaweed Ss Lived te cna pean Suecensmer nme sane aes Rotten eee eer tea scene ent ees gene ee ae pita angi nee eae ithaca oneness S52 Deer ats per acto rua ete 2 [UdCIn SAOTAELLA melhor, de multislgo, ¢ de socializagio estimuladas¢ inensifica- das pelo surgimento de formas radicalmente nlohierarquizadas {global eimediatamente dsponives, remarcavelmente no censura- ddas de acesso s informagdes dos mais diversostipos, num univer- s0.em que espago real e distancia esto se tomando cada vez mais inrlevantes, substituidos que slo plas dimensBes imprevistas de espaga e tempo inert ‘Ciro Marcondes Filho (1 dade que 0 uso da técnica neste final de séculotcaliza sem o suport ide- ‘lic do umunisma, a nengio de foray tansparentes.s a8, ts intenges, as formas de agit. As reds medias, os sistemas Informatics de todo o planta consiuem uma rede em que f0- dos entram e sam eco volume de tocastona impensivel 0 ‘ontale Noemarankado de posiblidades que se mulplicam 8 ‘ida dia as pesoae podem encontrar miliplas novas formas de formar mais efetiva sia relagio com a socedade, a politica, a cura eircundante, Processos de comunicagio interativos multdireionais so assim instaurados num hiperespago disseminado de informagao em fluxo que, opondo-se a rigiez toplbgica de qualquer modelo ine- ar, compariha as propriedades dos sistemas mo lincares, tis como “aqueles que se encontram na hipermidiae na auto-simiaridadees- tatitca das fractals (ver Kac 1992°48). Enfim, sio processos de ‘comunicagdo to diferenciais inovadores ao ponto de estarem cri- lado um tipo muito especial eproferante de cultura que esta rece- bbendo o nome de cultura do computador ’A hom da verdade, 0 grande pivd desse ugar sem lugar das redes tlemiticas ndo ¢ apenas 0 computador, mas é também nada ‘mais nads menos do que o telefon, esse primeiroe grande meio ierativo, aguele mesmo que, junto com @automevel, 0 aeroplano ‘© rio, funcionou, na primeira melade deste séeuio, como um simbolo da vida moderna ‘0 que nio se podia antever naquela época, entretanto, & 0 ‘quanto 0 poder do telefone estaria fadado a se estender com 0 ad- ‘Yento dos eanais de tlecomunicagdo, os satditese,entio, as fibras ftieas Manos ainda se poderia antever que o telefone, com esses poderes tio glohalmente amplificados, ina se igar a uma outra CULTURA DAS DIAS B Poquena miquina inesperaa, o computador pessoal, que de peque ‘a, tanto quanto o telefon $6 tem a apargncia. Do mesmo modo ‘que otelefone se estenderia nas novas tecnologias de transmissao, © computador digital trazia no seu bojo a eapacidade de trans ‘mar todas as informagOes textuais, videogrficase sonoras em m= pulsos eletnicos, absorvendo-as nos seus processamentos inter- tos. Além disso, quando o telefone incorporou tesnicamente 0 cle> ‘mento grafico, tomou-se possivel ndo apenas falar, mas tambem escrever pelo telefone (e-mail), imprimie pelo telefone (Fax), pro. duzir © gravar sons ¢ videos (secretaria cltrnia, TV slow-sean, videofone) (ef: Kac 1992/55). Esta ai exposta tos a infiaestrut. a de suporte para a grande mutago comuniacional de que somos {estemunhase participants e que naprevsio de Mario Costa, sob @ hula de Sublime teenlepeo (1995), tinge dimensdesanopor legicas Roy Ascott (1995), por seu lado, diz que a transformagio pela qual passamos ¢, acima de tudo, uma transformgo da cons neta. A Revolugdo Eletrnica, qué ligou a elocomunicagées a0 computador, esta agora acontecendo no cerebro humano e esten= dendo nossa nogdo de mente, uma mente do tamanho do mundo em corpos que desenvolvem a capacidade de “cbercepyio" isto, & mpliago e enriquecimento tecnoldgico dos nosses podetes de cognigioe pereepgio. As neotccnologias da intligencia'mas midis inwrativas planetirias impulsionam o pensamento associative, hipermediado, hiperconectado de um eérebro global que Ascott cchama de hipercortex. Atraves das redes da bioeletronica ‘nanoteenologa,o ser himano esta se movend na direglo de uma radical remateralizagao, de uma reconfiguragao das estrututas moleculares do nosso mundo, m ninco d dads a expres cultura das midis soava umpowco agai men rami eli parc, nants an ermetpniasacmadelnads, express so ncoporand com natura crescent 20 veabilro comms coda, Celera Iida ou meldtea (come quem alguns) tomouse vo coe ‘one junaente com ua src ects expec petncetes 4 neo paradigms seminar es mites. te nologias mi cultura vial, cltura do ciberespago, cultura telematicn, cultura ths tlecomunicagte, iia rats, mis das (econ ogdes rads mi, cara nda, ¢ asim pr ante Tis menos de enc aos, ram ainda poucon os qu colo: ‘am énfase ns musts ete as midis, fendmeno qu came de Tales ene as midis © gue, tabi em 1992 num artigo sob © {io de Apeco da ta dae tclromuneagSs, Ears Kae numa prospeio hoje infiramente compra, denominava d= puri ars eer und, em um 0 apart, do ele, {ceva secretna stonca, wdcdo, gave, computador, feel wdcofoe,procesadr de tet, muto mas, iia i Atualmeme, a brag das midis as los, confor fc potas or Reso Andro (1989) Sa paricpasdo como condado a grupo de pesquisa sobre Nova com dace 90 condcaga de Co Marcon Fh, ta ECAWUSR, pareipagio esta regisrada em un ds eademes Krstor Esra Acredito qv o paradigmas de comunicagio que temes em men~ fe mfo se adequam mito bem a descriio de um process que ‘sth avontecendo em todo ¢ mundo — angio atlevst, os Jomars, revit, estos de cinema de Helly wood, as empresas fz informatica, fenbmeno que js trnow coriqusito denomi- ‘armos de “convergéncin” Ham grande prcesso — que ainda ‘no est muito claro para ns — através do qual todas a midis, Todos os meics de comunicago vo se misturando uns 205 Oa- ‘tos, # encavaland para gerar uta nova realidade de comuni- Cacie uma nova ralidade de pesquisa eenetenimento para 0 seul 2 E certo que ja dca pasa, cra comum se encontrar 2 referéncia mukimida, especialmente para os artistas que tiravam partido de uma mistura de meios de comunicago em Suas obras. ‘No entanto,tratava-se ainda basicamente da utlizagao dos mcios ‘de comunicagao de massa, Embora eminentementecitica ¢ prome- tora de sinesessurpreendenteseorignas, nfo era nada compari- vel a uma arte concebida especialmente para as midias de tleco- ‘unicagdes, ou aquilo que, mais ecentement e dentro do espago ‘letrénigo viral da telemtica, vem sendo chamado de telepresenga. Dentro do contexto maior da arte eletrOnica intrativa, a (CULTURA DAS sbi 1s tcloprsegamsce do aoplanent d bit com a lem. Exquano or costae prqua tescaea ce ce Prams © oper! eons tn cam 2 Expeninia uma para cea por out ar ao Kae (995 52) nos informa, cepreenea samen Som vested entra nds de emtmcaro ur marca ano als aes pinta ects) dem nde ee tos mos de masa (elevate cu Race a {lepresega cme “um mio de capes; em al emi a Imada alts adn do conte my ie temcn, ‘Skies trea fondo audovisilem ung ean cee go propa cn 9 erat Imndos remot inenadors paride prpestias eli ets as humans” Com ea nova expec comune, $elpresena con "as nate mim Jos ees folaberative,nteraivos dase eecominicaconss acer aetna sno ial oslo XX" Para scot (1995), numa tua que progresvanct eal na eompleiade da lage na us dos stra, gata ao iviele maternal 20 cyl ¢oeranscemt em ses & repiniae apr se kates amen sea le Driven pra ane, pot os pps da indccmanene¢ Ince, do fil cm abt, nerve crane pen sr verdadranent sates na ro inate Inert sar de Maro Coa (199837 $3), quan do afm gue, “eam a nova enolase so tunica, nos Stamos dante de un tansfomay rae 90 ‘poesia, acesconand nda que ons ecnlogae ‘go podem se consideradas, de modo menu, na sua esséncia, como uma nova forma de inguagem, cj destino € ainda sem re aquele de encaregar-s das intencionlidades expresivas € ‘comunicaivas do home: as novastenologias io so um i guage, slo um ser que excede toda palsagem interior eo sujito © instaura una nova siuagfo material. Arca, pai de um cero manent, “ion de deen ‘parma nga vil, dishenac no oso de hn wo or econdmen, ha erg, no etteinet ce dat Sts dis moto, ka name a sun“ soe 6 LUletA SANTAELLA forte” ao colocar em cena “a stuagio do nosso sistema nervoso” e toma manifestas “as forgas reais que lasmam o nosso ambient fas educam sabre 0s tempos vindouras” “A nova ordem tecnologia’, no dizer de Ciro Matcondes Fi- ‘no (19949), repereute no so na cultura e artes, mas também nos clement sociologicos, econimicose politicos propriamente dios De fat, sema telematica, no seria possivel aguilo que vem sondo ‘chamado de pos-captalismo (Marcondes Filho 1994) ou de eapita- lismo mundial do megameteado, da hiperconcorténcia dos conglo- merados (PE. A. Resende 1994) Sema telematica, no seria pos- sivela intemacionaizagao da economia, a globalizago como um momento novo dentro da expansio capitalista, endmenos eujas contradigdes para as sociedades mais & margem, tis como as lati- ro-americanas, vm sendo estudada em nosso meio prinepalmente por Octavio fanni (1992), Milton Santos etal. (1993) e Renato Ortiz (1994), De todo modo, so a5 redes mundiais de comunica- io que permite e descentramento das atividades capitalstas ca Formagao de conglomerados muitas vezes mais poderosos do que 108 Estados nacionas, visto que, mesmo estando espalhadas pelo ‘mundo, “as empresas estioligadas por uma rede de informaglo capaz de aproxin-as imediatamente quando necessirio” (M.-C. Mira 1998'132-133). nfim, parece dbvio que. “com a globalizagio, ficar parados, estamos condenados a avancar™ (Iwasa 1995:5), “Mesmo no Brasil, com a infa-estratura svcateada de suas redes de telecomunicagdes, bem ou mal — mais mal, aii, do.que bem — ‘estamos na inlet. "As tecnologias esto al”, abserva Marcondes Filho (1995-4), cada vez menores, mais levs, mais proximas do nosso corpo, de nossa convivéneia,Inundam o planct, snvadem nosso ctiitno com Ylocdade espantesa € 0 que nos rest fazer ¢ muar nossas formas arcaicasecbstinadas de pen- ‘ir. abandonar velista erelacionarmo-nos com esses n0- ‘vos"seies, buscando encostar uma boa forma de convivéncia © atuagio chica nesta nova soctedade em razio disso que, nunca tanto quanto agora, a pesistin- cia do analfabetismo, a exstéteia dos excuidos da edueagio tor- haran-se um dos absurdos mais inaceitiveis Se, a cultura de mas- Sis — especialmente 0 radio, a tlevisso e mesmo o cinema — prescindia da alfselizagzo, a cultura miditica, eminentemente Interativa, exige-a sob pena de uma hacia cominicativa ireme= dave, Este problema se tonsa ainda mais série. entretante. quando ‘se considera que a propria cultura de massas esti passando por rmodiicagdes profundas com tendGncia a se transformar cada ¥ez ‘mals, modifcagss, de resto para as quai cham alengao quando

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