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JOHN MeDOWELL, MENTE E MUNDO Tradugio: Jodo Vergilio Gallerani Cuter Enssio Introdutorio: Hilan Benswsan Woes e terRas: Se ce Hadi em 28 od mempmgree Sumario Um ensaio intradutirio -Hilan Bensusa Preficio Inroducto Conferencing Primeira. Conceitos¢ Intuigaes Segunda, A Indelimitagio do Conceitual, ‘Tercera, Contetido Nao-Conceitual (Quarta, Razdo e Natureza Quinta. Ago, Significado ¢ 0 Ew Sexta, Animais Racionais ¢ Outros Animais Posficio Primeira Parte, Davidson Contextuaizado Segunda Parte. Apéndice i Tercera Conferéncia “Tercera Parte. Apéndice & Quinta Conferéncia Quarta Parte, Apéndice 4S esta Conf ice rmisie 9 28 a7 39 ol 83 108 128 7 167 169 205 219 227 235 Um ensaio introdutério a Mente e Mundo Hilan Bensusan ‘As confeéncas que formam Mente e Mundo spareceram primeira fr sma das Job Lack Lztures em Oxford em 1991 e prowocaram impacto em ‘ios etelososiios, Fs recomendavam uma posgio qe er em grande medida nova equcofereci sbstios ict indretor praia com diversas quests filoséicas em que algum conto entre © mundo e nossa vida mental {sti em questo, No proceso de recomendar eta posi, cas ofreciam im ‘mapa das maneias de pensar na relaio entre mente e mundo ¢ um dign6s ‘ico de uma osclga0supostamente central no pessamento moderno. Diane desta osilaso, era conselhads uma terapa pars epousa inguitaa0, Tan bbém o esto da argumentagio de McDowell nas conferéncias chamou aten ‘520: cle far uso de diversas metifora emagensespais que contasam com gums prises da Glosfaanaltia’recoloeao debate contempordnco nos gad das discusses inauguradas por Kant ¢ Hegel, inserindo as questOes {que © preocupam no quadro da histria do pensamento e procura mostar "Crea Wg, om ua fimo ron doo de Meow, chamas “Haman Nari 1990), ma ques eas Semana oe soe eae © ‘Smo nes doe trmoraabepicadr ou prsalmete peat 2 nnn gb, ‘feos eos na fm de amen eco mye engi epg nn ma ce Mee ots anlage qc to xterm am conde io, a8 nde sre ‘Rtnner gdisimeneyc que mp oh podem wr sens ner ps ce ‘Spc pout nc trad apn Sto sac Araogaete, Eons pamet epee toe meet Sata cnr Bsn entana MeDoel i ie mio porque ot carer Seem ‘sage ete ane Fs, eins sew ep 8 MENTE BE MUNDO Sempre © quanto pode sr Fito em um Ambito apenas terapéutico, antes de eomesarmos a fazer algun flosoRa coastrutna, Depos de mas de dez anos ‘desis aparico,oprimeio impacto fo digeido; 5 conseqincias da propos ‘ave das diicldades de MeDowell o texto ainda peometem lenha em muitas Fogucr floss. 1 [A preacupapio de McDowell é com aconexio entre o que pensamos de tum doe 0 mundo de ouo, Virias posigbesfloseas nos ihimos tempos thor deinam a impresio de que now ideas, tea ¢ explicacdes sto em um Sentdo importante apenas nowas,produtos exclsios do esorgo coktvo Sem partxpagio eta do mando. Asim, Roery (1979, 1989) nos exorta 4 ceiur a completa responsabilidade pelo que conhecemos ~ tata, ele insist, de uma posturs de maturdade cogntva, MeDowell, dante deste Ceniro, quer encontrar uma forma de tornarplenamente itcligiel aida {de que © mundo exerce um papel normativo sobre o conteido de nosos [pensamentos hi sent em dizer que acetamon a autordade do mundo €, Sr arenes sto, now pensimento A86 esthsimplesmente, na expresio ji fmuitoctada de McDowell “patinando no vazio sem fis20", Com Sellars, Wingenstein e Davison, McDowell ejeta que meroscpsétios do mundo posim forneer conte empirico 4 noso pensamento ~ tens recebidos ‘Bo mundo sem nenhurnapartkipagio de capacdades conceievais no podem responder pels restrgdesracionais do mundo a nosso pensamento, Elen tos alls a nossa soberana ¢extemos a0 que Kant chamou de exercicios th espontanciade ~ 0 dado ~parecem ofeecer uma maneia de torn in ‘elgiel aida de que n6s estamos respondendo a0 mando. E, no entanto, MeDowell argument, cls nio podem oferecer mais do que desclpas que ‘nos eximam da responsabilidad de fazer jlgamentos acerea do mando; mio posem ofrecer mais do que ais. A denna, presentada em diferentes Formas desde Kant, de que 0 dado € um mito e que nio stisfiz © anseio ‘que temos por poder responder 30 mundo racionalmente pode nos deixar Com a impresio de que nosso pensamento & completamente indferente 10 ‘mundo e que # atene presses intenas nossas ou de outas pesos. Esta lmpreso pode gerar wins nostalgia do dado que, por sua ver, pode fazer iniciar um movimento pendularinterminivel ent a isatisfgdo com a falta dle restgioeacional do mundo sobre nosso pensamento ea ineapacidade de ‘qualquer forma de da fornecer aquilo que nos esperamos dele. A solusto ‘entar exorcizar a atagbes que dado oferecetentando nos convencer de Um enaioitrodutirio 9 {que cle mio Ea nics mancira de tomar intlgitel certo comtoleraconal tho mundo sabre nossasiéas, MeDovwll entende, portanto, genio bass ‘mostrar que o dado ndo nos ofereceaquilo que esperamos dele, € preciso Aissolver 3 atragdo que ele suis exercendo sobre nos se abragarmos ua psig em que o mundo se tora alco ~ pelo mesos normativamente a rosso pensamento. As posigdes que McDowell atu a Davidson ea Rorty ‘Sho pata ele invlerves, pve no fazem nada para amenizar 2 ara sie © ‘dado contnuara exereendo sobre nds quando nos convencemos de que nie Ih elo racional algum com o mundo. (© efeito desta atraio € colocarnos entre uma remincia & nossa s0- boeranis que termina por nos feastrar ~ quando topamos com © mito do dado ~ € abrir mio de toda restrigio racional por parte do mundo so- ‘bre nossa vida mental. Para esapar desta sinuca de bico, MeDovtll nos ‘conv a reexaminar os encantos de um empirimo minimo: aii de ‘gue 3 expergneis deve atuar como um tribunal sobre nosss iia. Ele Prope que fltremos de uma nosio de experincia como uma conexio Com o mundo capaz de dr veredictos acerca de nossos pensamentos todo resquicio de dado; ou sa, que pademos pensar na experiencia como Um ‘ontato acional com mundo e rejeitar completamente a tese de que 0 conteido da experénca seja desprovido de conceitualidade. Usizando fs termos de Kant na primeiea Critica, McDowell recomenda que desear ‘emor a idéia mesma de que podemos concer uma recepeisidade cua participagio na construsio de nossa visio do mundo posss scr separada ‘da espontancidade. As experéncia sparecem sempre como operasbes da receptividade com estrutuas conceituais. Seu emtpiismo temta Fesgatr 1idéia de que a experigncia tem o papel de nos eolocar em contato com ‘© mundo de toda tendéncis a apelar para algum dado? Uma parte ce tral do esorgo de Mente e Munda concentra-se na exploragio da conse ‘quéncias desta maneira de pensar a experiencia como possuindo conte {ido conceitual. Se a experiéncia nos di aceso a como as coisas si, eh ‘lo pore estar refém de capacidades concetuai concebidas como sendo ‘apenas nosis projegbes no mundo ~ conceitos devem ser mais que som brat nossa em um mundo desencantado. MeDowell procura apeesentar ® enon 202) cnumer ses canoe cps que McDawel aa 2 tee deen enpentiin dvr 1 de ue 0 cme de queer deere 10 MENTE B MUNDO ‘uma imagem de nosso contato ractonal com o mundo ~ que envolve nos: to contato com nossoscorpos ~ que torn plausel um re-eneantamento parcial da natureza que evite as tenragdes tanto de pensar que a natureza ‘epende de nossos ator de pensamento quanto de reincorporaralguma forma de distingso tanscendental como a de Kant. Em algum sentido, a posigio que emerge com clareza de Mente « Muni € uma decorréncia do que McDowell vinha tentando fazer em varia diferentes pelo menos nos 12 ou 15 anos que precederam 3 publi “acto: encontrar uta posigo que forme intligivel a idéia de que © mun- Go exerce um papel normativo sobre o conteddo de nossos pensamento. Muito do que McDowell cabora no lve ests de alguma forma prefigu rado em sous trabalhow acerca de valores e virtues, em seus trabalhos s- bre regtas, Witgenstein eineqprctagese,talvez em menor medida, em seus uabathos sobre referencia €sentidos dere. A concepeto de virudes ‘Como spignciacapaz de extrait dimensoes relevantes das ituagbes que se Sprescntam 3 ns a vrtude da jostga nos permite enxergar a justiga em tm ato particular ~& de inspzagio distintamente aistotelica. Em Mente ‘Mundo, McDowell nspira-se em Aristtees para desenvolver sua nogi0 {do que € natural: seu naturalismo de segunda natureza que fxz com que ‘a eaperieneia possa se experincia do mundo ¢,a0 mesmo tempo, trazer ‘ontedor conceituais. Aristétles esti por tis ji do tipo de realismo {que MeDowell recomendon quando insistiu que valores podem estar no mundo em textos como "Virtue and reason” (1979) e "Projection and truth ia ethics” (1987), em que ele procurou responder 3s abjegdes 20 fealismo acerca dos valores de Mackie e outros. No livzo, seu empinismo pode ser entendide como uma extensio deste método de eaprura das imensdes éicasrelevantes que sustenta © seu realsmo quanto a valo: ‘res, Asim come nio precisamosescoler apenas entre wma intuiglo éica independente de nossa capacidades conceituais que nos informe acerca dos valores de un lado ea enGncia 3 qualquer ree de que valores éicos Sejam mais do que projeydies noses de outro, eambbém nao precisamos es Colher apenas entre o dado de un lado e 0 mundo bem perdido do out. noglo de experincia conceitual que McDowell pofessa parece sera ‘opgio que pode afita © pergo de uma oscilagio permanente tanto com repeito 4 nitureza dos valores quanto com resplto 2 nosa eaperincia ‘do mundo em gers. Um onniaintrodntirio a A oslo aparece também nos tabalhor de McDowell sobre nature ‘das repr, eo particular em “Witgenstin on fllowing a rule” (1986)? ‘lio argument sobre seguir egras de Watgenstein €usado para deseartar2 iia de que ftorseminteos poem seraprendidos apenas por uma espe ‘de osteneagio apenas vendo exemplos do que sj Somat 2° prendemos ‘como sepuirarega cm todor ox casos A andlises populares nos anos tena {do argumento, feiss por Kripke, Crapia Wright e outos, tendiam a pro Inver um recuo que nos faz adotar a ese de que nO In its semis a Sem aprendidos: McDowell pocura entender o que ests por tis desta pos ‘vel omilagio permanente ~ se entendermos que a posiio recomendada 2 Kipke nos dita vulneriveis stentages de procurarfatorsemticos dade. Entre um plo representado pela postulag destes fates semintces dads, aprendidos por um exame de exemples sem 0 aunt de nenuma pri «cj busca sempre hi de nos frustar segundo Wingenstein, e um outto plo formada pela recusa 3 qualquer fato semintica, podem osc inde Finidamente, A slugdo para por ui fim a esta owiajso residina em adic cde qualquer tentativa de reduzr ou explcar fats seminticos em termos de Fito cas que pudessr ser entendidos sem apo a priticas de uma coma nidade que fla ma inguager, MeDevwell prope que podemos encontrar Fepouso em wna posgao que rejite, com Wittgenstein, que compreender fej interpretar¢, 30 mesmo tempo, io abique de flar de sigaifcados em ‘uma linguagem publica, McDowell recomend que tentemos entende fos semintios como parte de nowas priticas e nio como clo com 0 mundo signifi eto em alguma medida no mundo en apenas em nosas projesdes sobre ele. Com Fspeito ese tema, como com respeto 208 ot tros doi, McDowell parece aposar que dois polos insatsitdrios ~ 0 polo ‘que posta alguma forma de recepividade desprovida de qualquer exerccio Conceitual de i lado. o polo que abdica de qualquer restegs0racional ou ‘normativa por parte do mundo ~ podem ser ambos evita; a eonseguit= tos nos concentra frmements na dia de uma receptivdade leita e, 20 resmo tempo, impregnada de pies ecapaidadesconceimis, poderemos Croreizar a atagdes de ambos os polos, Assim come em Mente ¢ Museo, ‘onscgvimos nos stisfizer com uma receptivdade ji concetual, podemos fencontar um forma de pensamento que aos live da esclasao entre dois polos insatistéios. 3 “MeDowell tz pas sua dacusio cm Mente ¢ Mundo um nine def sofos gue on judam a molds seu pensamento ou tormam mais vidos 0 cn trates que caricterzam sa pois. A inugncia de Avisoteles,sobreudo em "nu mania de entender as vires, sparee na manera de pensar na segunda Inaurez que orienta tanto uma concepsio de como nos prparamos saves «ds aguisigto de capcidas conceit para sermos cpazes de eapruraritens ‘elevantes do mundo quanto a concepyao de natorezare-encantada que tena intligivel que nossa ecepividade poss sc estima e permed de operaes ‘onceitinis. Quanto 2 nos aquisgso das capaciades de peceer elementos ‘do mundo, McDowell fz uso também da nogio de mokdura de nosso carter, texpesno plas lem Bildung, Para entender como eta Bildung post fm ao, cle recoree a0 wabulho de Gadamer ea sua dferensa entre mundo € Smbiente. E imporane para MeDowel que posamos 0 mesmo tempo fet jsciga das cierengas entre humanos e outros ania também entender que ‘outos annals sto também eapazes de caprar clement do gue acontece {seu redor, mesmo que no sem capaes de ter experiencia 0 que requee “apaciadesconcetas. Hle basea em Gadamer elementos para mostrar como ‘soleranis de nononexerccios coneetuaspeaicavoda 2 nossa vida €caac teriza nows natures, Ess soberama, portato, deve este de alum forma presente quand recebemos resrgdesnormativs por parte do mundo, A ia fem que esti sendo ref € a tmagem de que temes ua natoreza ania ‘Que cum eof sobre o qual so consuls nowsascpacidades ropeiameate Um onnia inarodncrio 13 Fhumanas gue nor dio a capacidade de julgar, a responsabilidad, soberania conceinale tudo © que aparece com Seo. Nosa nacre, em contrast € fetenida como send por toda parte permead des elementos do que Sellars ‘hamow de pag loge das raze 0 conteto em que iatelgiel que ej ‘mos sensivise movides por razdes.Arseles, de novo, va ajudar McDowell {no deisar 0 apelo a eta nossa capacidade de nor mover neste espago das razdes parecer uma forma de platonismo. O expago das rizdes, McDowell ‘ur insti, 0 possi nenhama Forma autbnoma eindependente de nossos ‘xecicios de espontaneidade,Trata se de ui expago qi € consti por rosios exerics de espontaneidade, que to pute de nossa mancira de se ‘mos aims E um ponto delcado surge 0 perio de que oespago das razdes paresasersimplesmente noso de que ee no ej mas do que nos projesi0| ‘ho mundo ~o peigo, rosso modo, de uma disting20 transcendental como a de Kane. MeDowel procuraexorcizar o perigo tentando nos convencer que ‘dentro de nos oeragcs conceit gar pas letimos exereiis de te ‘epivdade, © espago das azdes mio ests nem apenas em ns nem de oem pronta no mundo ~ McDowell quer torarintelghel a wea de que ee, como ‘os conceitos, media a relago entre mentee mundo. ‘As marcas de Witgenstein também aparecem em muitas partes de Men te ¢ Mundo, A inpiragio do projto €a tentativa quitista de contornar a tentagdes de Rlowfa construtivs:prsiamos no mas da que de uma tra pia que desirme a osclgies que oso pensamenta Famenteadentra. Os argumentos das Invetgayies Filosfias so pontos de apoio a construgio tas recomendagoes de MeDowell A postura que ele abragow aerea doar sgemento de sequirreras em grande medida prefgur, como vimos, a8 So Fgdes do lve, © argumento contr a inguagem prvada aparece como wm argumento contra uma rseptividae desprovia de concetos nos informa do acer de acontecimentos dentro de nos; MeDowell quer enltizar que a rejeisa0 de conteidos pivados mio pote significa simplesmente a reeigo "No entanto, 2 suposiio de que a liberdade no dominio do pensamen- oempirco sea total e em particular de que cla no estejasubmetia «ne sahuma coerg20vinds de foes da eseraconeeitual pode parecer ums ameaga 4 propria possbilidade de que os jutzos de experéncia seam fundamenta dos de um modo que os relaione a uma realdade extena 0 pensament. (Ora, certamente deve haver uns fundamentagso desse tipo se quiscemos {que 2 experiénca se uma fonte de conhecimento ¢, de modo mas gral Se quscemos que 2 ligagio entre os juizos empirios e a realdade posa ser intligivelmente inseFda no quadeo que vamos elaborat. Quanto mais ‘enfatizamos a conexto entte 13280 « liberdade, mais nos ariscamos 2 per der de vista 0 modo como 0 execiio dos concetos¢capaz de constr julzosaiangados sobre o mundo. Aguilo que prtendiamos conceber como ‘© exericio de conceitos ameagatransformarse numa seqiéncia de movi mentos de um jogo fechado sobre ss mesmo, Isto, por sta Yer, 3k minando 2 propria ida de que ao fazer estes movimentosestejamos exercitando ta tera io ea omen ein xa da ‘ac igo ds asen ds uous osc de pienso gf = Es pump pe xe counts nap 298 caso ng de ar No do een lly gh Hee a {rl 90). 265959 bm pe pr ae se contents pe ‘ease eS sean quo pnconment de sip nocp i se es engunt a se cmpo rns de wa Sin cpt ses ‘Niseko otenado sone sys cpoioee dab Dien op de cnn pl eno pate ‘esr decom, Co eso cata at po dancer area em Pr ma dus edad desi Rober Brno, “rsdn an Care Nemes dara pal Guar v6 1090p 9 2 MENTE E MUNDO onceitos. Adequar crengas empircas 4s rardes para possu-as ado € um jogo fechado em si mesmo. ‘0 dualismo do eaquema concstual e do “comteddo emptico™, do es {quema e do Dado, é uma tesposea a esta preocupayso. A earacteitic central {do duals ¢ permiie que recoahecamos uma coergo externa imposta 3 lberdade que temos de mobiizar nosss concetos empiricos. Justificagdes ‘empiricas dependem de relies racionais,relgbes que esto dentro do es paso das razbes. A ida supostamente reconforante€ que as jstficagdes Empirica tcriam se fundamento dkimo em imposigds externas exercitan ‘dose sabre o dominio conceital Sendo asim, o espago das andes € con ‘bide coma sendo mais extenso que o expap0 dos conceitos. Suponha que ‘stcjamosclaborande o fundamento, «useage para ma crenga ou juz. ‘Aiden € uc, exgotados todos os movimentos disponives n interior do pve dos conceitos, todos os movimentos que nos evar de um item conc falmente organiaade até outro, havers ainda wm movimento adiconal que podem fier: apontar para algo que foi simpesmente recebido na exped Encia. $6 se pode ata agi de wm apontar para algo, ji que ex bpotbes este titimo lance numa jusaficagio ¢ feito depos de exsurirmos as possbldades, tle buscar a fandamentagio de um items conccisalmente organizado (nessa medida ssceivel de expresio articulada) num outo. "Nonso pant departs foio pesamento expeso a obserasio de Kant aia mesma de conttido representacional, emo apenas dia de juizos ade ‘guadamente jsicados, presto um jogo reiproco entre conceit € inti ‘ex entrdidas como pore dail qe nos édado na experénca. Nao fosse ‘ssi, agulo que pensimos serum retato do exerccio de conceites 6 podera Seroretrato de um jogo de forms vz, Pac eno a fir sobre com aids ‘do Dado € parte interante de uma concepgao do fundamento que nos leva 2 ‘onsierardetrminadosjatos empirics como portaores de conhecimento [No entanto, esta iia exlicamenteepsemolégica esta dctamente vnc: lads dn ma geal de que ex hava partido. Juaosempyscos em geal ~ quer refltam conhecmento, quer nio, 0, de modo mais gel, quer sj ou nio justifcdos (eventualmente num gra muito menor do que 0 exgi para umn Confecimento)~devem pear um conteido que admit usc emp, ‘mesmo quando enh jusicao este endo dada (no caso, porexempo, ‘Scum palpte sem nenhum fandarento), No podria comecar a spor sve ‘ompreendemos como cae apontar par uma pore do Dado podeiajustiicar ‘ous de un concito no ito como ese apontar pode, no Limite, exbir © juzo com portador de conhedmento~2 menos que romassemes esta poss Tea de gaan como algo constutivo da identidade do conceto, «consti Primer Conerénia: Concctae Intigies 8 tivo, portant, de sa cntibugio para qualquer conto pensvel de que ele faa arte, sca 0 conteido de um uno portador de conhecimento, de um juizo ‘menos substancikmentejriado, ou de qualquer outro po dejuizo. sta supontaexigénciaestriaimediatamenterelacionada a conceitos ob servacionsis, ato &, a concitos apts 2 fgurarem juizos que respondem 3 ‘xperiincia de modo imedhato. A supostsexigéncaFeflete-se numa imagem familar da formasto desis conceitor, imagem esta que é a contraparte a tural da ida do Dado. Aida € que, se os concetos dever ser 40 menos paialmente constaos pelo fito de os juizos de que cles fizem parte es farem fundamentados no Dado, enti 36 capacidades conceituais associadas ddevem ser adquirdie por meio de confontos com porges apropriadas do Dail, ito €, em ocaides nas quasfosefacvel apontr para uma garantia tikima, Ocorr, porém que em qualquer colo ordiniria de algo com moss sensibiidde, o que nos € apresentado € um Dado miliplo. Deste modo, 0 ‘cto s podria formar conesito observacional cio abstaseo elemento ‘otreto da muliplcidase que Ihe fo apresenada sta imagem abstrativa do papel do Dado na formas3o dos concetos foi sigorosamente erica, de um ponto de vista wittgensteiniano, por P.T GGeich® Voltre aos pensamentos de Witgenstzin a respeito deste tpo de ‘questo um pouco mais adiante ($7). ‘Te munidos desta imagem de como a substincia empiic € insflada nos onceitos no nivel mas element, dos conceitos obeervacioai,¢ Fil pro ‘duzr uma extensio dessa imagem pars os outros leis. A idéa € que a subs ‘cia empirica¢transmitida do nivel clementar até os concitosempiicos ‘mais dsanciados da experiéacia imediaa, com a tansmissio sendo feta 30 longo dos canis constwidos pelos vnculs infrencais que mantém corso ‘um sistema de conecios 3. Tents explicar que tora do atracate aideia do Dado. Na verdad, po- im, exe in € inl para a fnidades que ela se propoe "A;deia do Dado é 3 iia de que o epago das 32003, 0 spago ds just Sages e das garantisultrapasa os limiter da esfera conceit Aextensio adicional do eapaga das raves deve petite Ihe incorporarimpactos io: ‘onceituais vindos de fora da imibito do pensamento. Mas ndo podemos re almente entender srelagbes que afiangam vim uizo, ano ser como relagdes ro interior do espago dos conceit: relagdes como 3 de mplicxa0, ova de robabilicag, que relacionam potencias exericios de eapaciades conc Aa awison Kegan Ps, London 1957, $66-1, 4 MENTE FE MUNDO tuts Atentatva de entender 0 escopo das eases jstfieadoras para alm ‘d esferaconceitual no pode fizeraguilo que cla fi chamada a fe. ‘© que queriamos era 0 revtabelecimento da segurana de que quando usamos nosso conceitos no juizo, nossa iberdade ~ nossa espontaneidade no exerci de nono entendimento~ € constrangid a partir de uma insti. ‘ia eaterna a0 ponsamento,econstrangida de modo 2 que possamos aplar a ‘seb instinsa pra jasiar nos juizo. No eatanco, uando compreende smo que o expago das rzbes€ mais amplo que 3 cslera eonceitual, podendo {sim incorpora impacts extraconectiasvindos do mundo, o estado € ‘uma imagem na qual a coergo eater €exercida mas fontcirs do espayo lata das razdes, por meio dag que somos obsigadosa descrever como "um impacto brut vino do exterior. Esta imagem talver nos asegure de que ‘no somos responsives por aguilo que acontece nas froneiras externas ~ de {que ndo somos responsive, portant, pela infugncia daquilo que ocorre phauca epi sobre outasrepoes mais interns. O que aconece al €o re sulkado dea fre alienigena~o impacto causal do mundo operando sem ‘ controle de nosaespontaneidade. Uma coisa, no entanto, €estarmosise tos de responsabilidad, cm virtude de a poseio em que nos encontramos Pose ser reduzid, em kia instincia, org beta; cosa muito diferente { termos uma jstifeagzo. Na raldade, a idea do Dado oferece-nos excl pasties, no lugar das ortifeagBes que buscivamos.” Tir fnuo'mar ccd pl oe gac om oma wo we ab So EeDtINE Saat tsps caper) psnm er onsen deri: Pee pene porn ae Moen pace dae Serta ia dn ‘pace ‘sec ec om mune hapa ee apo modcee ee ee rsenstgenrmana apiece ees ems Snmlan . Primer Conferecia: Comet Innis 46 Poule sr dif acctar que o Mito do Dado & um mito. Pode parecer ue, se reetarmon o Dado, estaemossimplesmente aos expondo mais uma Ee amesya conta qual aida do Dado era uma defess 2 ameaca de [gue em nossa imager nao bai gar para nena coer externa imposta ‘Tow: atvdade no pensamenco€ no juizo empiric. Pode parecer que es tejamos preservando © papel da expontaneidade, 30 mesmo tempo em que fos recusamos a atribut qualjucr papel receptidade, 0 que €itoerivel Se nossa atvidade no pensamento e no juizo emipirco deve ser identick tel como algo rlacionado a reaiade, deve exis alguma coersio externa ‘Deve Raver um papel para a tecepiidade, como hi paras espontaneidade; para asensibildade, como hi para o entendimento. Ao perceher isto, re limos sob presto ¢ faremos apelo 20 Dado, apenas para constaar uma vez mas que cle no pode no sudan, Corremos 0 code fcarmos pisioneiros ddeuma osslagio eterna ‘Mas €possivelachar um modo de descer dessa gangora 4, Alda original kantiana € gue o conbecimento empirico resulta de uma ‘ooperaio entre recepsvidade e espontaneiade. (Aguis a paavra “espon- tancidade” pode ser roma com ti simples exulo para envolvimento de capacidaes conceit.) Podemos descer da gangaer caso consigamos ‘os agarrarRrmemente est iia a contmbnig da ecepsividade para ese trabalho conjunto nio ¢ separivel nem mesmo em pensamento, ‘As capacdass conceituis elvantes so exechas na receptividade (E importante que este no sao nico contexto em que tas capaidadesest0 ‘operant, Votre a0 tema ao §5.) Els nao se exercem lve uma entega ‘extraconceitual da receptividade- Deveros entender agilo que Kant chama de “inuigdo” ~ 0 ingreso de experincias ~nio como a mera obtengo de ‘um Dado extraconeetua, mis como um tipo de ocorrncia ou estado que if posmutconteido conceitial. Na experéncia, pereeberos (por exemple, Yemos) gue ascoias ae deta etal modo. Fsta€ 0 po da coisa que também Podemos, por exemplo, ular E claro que posemos nos ud, supondo que perebemos as coisas de ‘certo modo, quando na verdade as coisas no sto asim. Quando nio esta ‘mos iudides, porem, percebemon as coiss como chs sto. Pouco importa ‘que possamos now id, No flare bre sso antes de mina Ultima conte ‘aca, © mesmo entio do flarei mio, ‘Segundo o ponte de vst que estou defendendo, o& conteidos con ‘eiuas que pertmanecem mais pronimos do inypacto da realdade externa sobre a sensilla nao esto, por serem conceituais,alguma disténea do impacto, les no reaultam de um primeir paso dado no interior do espaso das razdes, paseo que sera recupetado em thm ugar quando expusese- ‘ce nosas justia, levando-se em conta 0 modo como ess avidade justcadora€ concebid pelo dualismo do esquema edo Dado. Este suposto Drimeiro paso seria um movimento que vai da impresio,concebida como $ mera recepa de uma porsio do Dado, para um jizo justified po esa impresio. Ax cosas, orem, aio so assim. Os conteidos conceituais que "Ho, neste sentido, os mais isos j esto presente nas pers impresses, ‘estes impactos do mundo sobre nossa sensibiiade, Tato abreespago pura uima nova nogio dagulo que faz com que algo ‘xtej dado, uma nogdo que ests livre da confuso entre justia excl pasto. Jamo precistmos mais tentar mostrar que 0 espago das ares € mais Extenso que o expago dos concetos, Quando extabelecemon os fandamentos ‘de am juizo empirco, 0 thine passo nos conduz a experncias. AS exper Ensias j contém conto conceit, «este timo passo nio nos conduz, pportanto, pars fora do expaso dos conceitos, No entanto, ele nos conduz IG algo cm que a sensbiidade ~ a recepividade ~ ext operante, de modo ‘gue nio precsamon mais fear paaisados diame da Ubetdade implicita na |éia de que nonaecxpacidadler conceitaain ertencem 3 uma Hcldade de ‘spontaneidade, Nio pretisamos mais nos preocupar com o ito de © quadro ‘qbe trams ter deitado de fora 3 coereio externa exigida para que NOSES ‘apacidadesconcetuns posta ser reconecidss como ago que se elaciona ‘com o mundo de algum modo, 5, Afri (6) que, quando passamos por um experiénia, nossas capac dads concetuais 0 utlizads na recepividad, eno exeridas bre dados supostamenteantecedentes da recepivdade. Nio quero dace com sso que ‘sat capcidades sei exercias sobre alguma outra coisa. Seria destoante, ‘este contento, ilar mim erie das expacidades conceit. Seviaadequa so falar assim de uma aividade,e a experncia € pasiva* Na experiencia, * Nal, wb a apa qu ape do mando ena sae. ttm ej ance ulsapane complet o domino conceal Ea 1s do Mt do Do, masimencs concept que deere no Gualquer conceto a ek © Mio do Dado pecsamente uma das dhs Gla opr de que ea corpo pretend os Hee ‘Na cncepglo quest ecomendan, 1 aeceaade deco tens € sia po fo de pe esenta lo reeptidade opr Ito, no cman, io impede av experince dedecmpenarem tn papel ttn come fai a eonapare no Bio do Dao, ps ue sara ag ess propia experince de conte Cones O ewan iliac deep da potas denon pemite dit qua capers, poles oscar como es $0 modo cone a cls € igo ttepenre Be hese persian (erro atte mo epee ur 9 mcm co So 63 “onsite no ito de alguém estar tendo tase as pensamentos). AD ser eecp Gonado na expen, 0 modo como as coisas S40 toma se disponivel para [fnpor a nosiosexertcos de espontancidade o controle racional necessirio ‘indo de fora do peasamento ‘aro que posemos nos ud, pelo menos no caso da “experiéncla cextemi”. A discusio dese tema ser feta apenas na tia conferénca ‘Desde jf, porsm,insieta em diver que, 20 recoahecerm0s a posiblidade de ‘crarmos hudids, no estamos com isso renuncando 3 Fase “observa come {S coisas so” enquanto descricio daguilo que acontece quando nao estamos fhuidos. Numa experéncn espeiica na qual alguém nao estudio, 0 que tesa pessoa obuerea € que arcotar a deal eal mods. Que as casas de al ‘Pua modo € 0 contetlo da expernca,¢ também pode sero conteido de {um julzo: mma eo conte de um julio caso o sueto devia tomar a ex perénca por seu valor de fice, Nesa medida ele € um conteido coneetua Mas pu acoias ate dea tal modo também &, 380 nio estejamosludidos, tum arpecto da disposigio geal do mundo: & 9 modo como as coins slo. ‘Assim, a ida de operages de reeepvidade concetualmente estrutradas ‘os permite flr na experinciaenquanto aberturs para dispsicio gerl da fealdade, A expergnca permite que a propria disposi geral da reaidade ‘exerga uma infligncaracional sobre aguilo que um sucito pensa ata imagem de uma abertura para a reaidade ests a noso dispor em virrude do mondo como identiicamos cas realidade que impo sua marca sobre um sucta por oeno da experiénia. Embora a realiade sj inde pendente de nosso pensamento, cla nio deve ser imaginada como algo que ‘5th fora de um limite externo que englobs a exiraconecitual. Que as cosas ‘a de tale ta! modo € 0 coatcido concetual de uma experinci, mas seo ‘ujcto da experénca nio extverdudido, essa mesmisima coisa ~ que as ‘ota ade ta al mod ~&tamibem om fto pereepavel, um aspecto do mundo perceptive, ‘Ora, pode parser que esta recusaem localiza a realdade perceptive! fora da esfera conceitul deva serum tipo de ideaismo, no sentido em que ‘hamar um posigo de “idealsmo” €desarar que ela nio reconece et famente que a reaidae €independente de nosso pensamento, Se sto fos verdad, minha afirmao da independéncia da realidad sera insincera algo dio apenas da boca pars fora, No entanto, embora sea Hil compreender ‘a objeto e cr smpatia por el, ela € fsa. El reflete, por um lado, 2

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