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S E G U N D A - F E I R A , 1 7 D E J A N E I R O D E 2 0 11

(2011/027) Uma poca que passou por mim, e eu no vi

1. Se h um grupo que marca uma poca em minha vida, esse o RPM. As msicas que
eles cantavam, por volta de 1986, so representativas de um perodo de minha vida que, se
eu pudesse, mudaria - no totalmente, claro... Eram os primeiros anos de minha vida de
cristo evanglico-protestante batista. Pode parecer um pouco difcil de imaginar, mas,
ento, eu caminhava pelas estradas do quase-fundamentalismo teolgico. Penso que, se eu
no tivesse ido para o Seminrio (Teolgico Batista do Sul do Brasil - campus Nova Iguau,
lugar que me remoldou profundamente, e, em grande parte, fez de mim o homem que sou
hoje), eu teria descambado para o conservodorismo-fundamentalismo superficial e
"apologtico", porque essa era a estrutura de "educao religiosa" que eu recebera. O
Seminrio, todavia, abriu novos caminhos e rumos, que agora trilho, feliz...

2. Uma vez que me fizera/fazia um quase-fundamentalista, a cultura daqueles anos


desapareceu de minha volta. Se tudo era "demnico", nada melhor do que esconder-me na
"no-cultura". E foi o que fiz. E o RPM era, ento, smbolo desse demnico insuflado em
minha conscincia por uma educao religiosa equivocada, triste, quase-patolgica,
anacrnica, infeliz... E o mais irnico que ela se resumia a uma restrio racional-
teolgica, porque, no campo da " moral", tudo quanto eu poderia ter aprendido, aprendi de
minha me - antes de minha "converso", de modo que nem isso devo queles dias...

3. Entre 1987 e 1990, todavia, uma transformao profunda aconteceu em meu esprito -
fruto, j disse, do Seminrio, de uma crise de enfermidade gravssima, de uma crise
financeira, disso decorrente, das mais severas, de uma srie de questionamentos profundos
e ntimos, que dividia apenas com Deus e com Bel, talvez na ordem inversa... Samos
dessa(s) crise(s) novos, outros, certamente no mais os mesmos.

4. Mais tarde, a Internet me ps em contato com o RPM. Ouvi as suas msicas, e percebi
que perdi muito em ter me enclausurado patolgico-religiosamente. So coisas das quais
no nos recuperamos facilmente, conquanto sempre possvel, aos razoavelmente sos,
reconstruir sua vida. Foi o que fiz, depois de promover em mim mesmo algumas revolues
por minuto... Os amigos que deixei no possvel recuperar - foram-se: as msicas, essas
esto nas ondas do rdio...

OSVALDO LUIZ RIBEIRO

http://peroratio.blogspot.com.br/2011/01/2011027-uma-epoca-que-passou-por-mim-e.html?
spref=fb> disponvel em: 26/04/2014

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