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Anarquismos e Sociedade de Controle Edson Passetti Opiniones na produtividade do corpo aperfeigoam-se facumulam: na sociedade de soberania, castiga-se; na disci- plinar, busca-se utilidade econdmica e docilidade politica; na de controle, exige-se participagéo e fluxo inteligente. Efeitos inibi- dores de resisténcias também nfo cessam de trafegar entre 0 dircito de morte, 0 de deixar viver e 0 de fazer viver. O século XIX colocou as possibilidades para a democracia ¢ 0 socialismo; o seguinte, encerrou-se confirmando a arrogincia capitalist, scus valores universais e 0 imperativo dever do planeta globalizado em vir a ser democritico. O socialismo de Estado, ou sucoritirio, tornou-se realidade no século XX, confirmando a crtica anarquista que © via como forma ditatorial de existéncia, solucéo invidvel para a supcragio das desigualdades e, por conseguinte, com vida breve. Os anarquismos, nos tiltimos anos do século passado, ‘viram-se, novamente, atuais e algumas partes comegaram a reparar instintivamente numa filosofia procedente de autores como Deleuze ¢ Foucaule. Suas contundéncias ¢ generosidades foram sendo notadas pelos anarquistas.' Contudo, deve ser feita uma ressalva clementar. Foucault fez questo de afirmar que nfo se comprometia com um estado civil, Se sua obra pode ser compreendida como inventora de liberdades, Foucaule nfo quis e no fer. por set apreciado como um anarquista, muito menos como um liberal.” | Em especial, 0 pequeno dossié composto pelos seguintes artigos: Passetti (1996), Schmid (1996), Vaccaro (1996), May (1996) ¢ Rago (20000), 2 «Faucaule como um anarquista libertario? Resposta: “Eo que 0 senkor desejaria. Nao, nto me identfico com os anarquisas libertircs, porque Deleuze, por sus caracteriz » por sia vez, caracterizou o fim do devir revoluci coletivo, enfrentande 0 equivoco so: re a como um Bi contemporineo,’ nfo abriu mo de liberdade em busca macio d: utorias de Foucault e Deleuse remetem-nos, diante da encruzilhada, a nfo nos acomodat pelos percursos ur6picos direcionados 2 um sujeito Pelo con 2 luta contra o assujeita sm subjetividades libe no Procederem, os anarquistas no somente se atu: ee libertam-se de necessidades fundamentais. Pelo desmedido ao le pensar e atuar, estes autores legam aos anarquistassimilicudes, proximidades, desassossegos, para um saber que, de tempos em tempos, foi declarado morto. o eng eNade ais deserperador pan rei ra que, apés declarar a morte ¢ ce filoséficos, econdmicos ¢ humani er vivo. A clinica da vam de, eno, afiema sun pertinéncia com base no eto canal iagnéstico e propicia aos seus elaboradores ¢ defensores 01 tedimensionado como algo der vado da aati, sao desemiidaesinem tanctona A vida dos anarquismos nao se pro : dades, Els eaparcoem npreendende pal atualidade da ics Be eee ee gs icado, ser localizado pelo poder. fOTTA, 199: Mies Frank H con, em The modern State, Bakunin rial ser ‘steve mais préximo do que se poderia imaginar das conclusdes. ‘cn pin os ae pore ary Ee ee roximo Deleuze de Bakunin, a partir do vigor da reflexic sing na busca pela liberdade, fe ee et bene 128 ‘Anarguismos ¢ sociodade de controle ante das elogtientes formulagées te6ricas, os projetos politicos, definitive conceito, movimentando pessoas, afirmando sew nomadismo. (Os anarquismos néo ficaram desatentos & clinica. Nomades ¢ avessos ao herofsmo, suas autorias sistematizam acontecimentos, evolvem suas nogdes, inscabilizam suas prdprias certezas transi- £ certo que, nos anarquismos, hé um projero humanista. Do século XIX até a metade do século XX, eles muito pouco se wwam desta meta para atingir a maioridade buscando a femancipagio humana, Max Stimner e Friedtich Nietesche ja tinham levado a0 limite a ctftica ao projero humanista descrevendo sua falta de limiares. Mas, diante da hist6ria da certeza, da utopia ¢ da ‘ra dos direitos, as quimeras da igualdade, da im nudez, Para os anarquistas, vida como uma existén ppautada na critica 2 autoridade centralizada do poder pastoral a0 poder de Estado, Alheios 20 mito da fenis, os anarquismos estio presentes nos escombras dos regimes tanto quanto nas liberdades inventadas no cotidian; cles nao renascem de tempos em tempos, cxitica 20s efeitos da snas existem, (Os anarquismos nio saem das profundezas para atingirem a superficie em determinadas épocas. Sio constituidos do mesmo magma gelatinoso ¢ febril que alimenta a Terra, que constrdi sua crosta ¢ vida, Sdo rizomas na vegetagio, formando a parte da superficie que se dilata por meio das lavas sobrepostas & crosta ou 2 ovas superficies que emergem das erupc6es ocednicas. Apren- dderam certas leis da natureza relativas & alimentagio € abrigo, dis- 2 igualdade de todos fundada na ignoréncia e superada pela linguagem invengao de pavos. Pre~ ferem ser ndmades sobre a Terra, encarando os céus. Max Nettlau, seu mais cuidadoso arquivista, remete os .cias em longinquas fases da nossa exis- sualidades em invengGes de liberdade ada. Jamais haverd liberdade absoluta fou dissociagio completa da autoridade. Nao hé ciéncia universal porque nio hé o homem universal, explicitaram Proudhon ¢ Ba~ Kunin, seus dois mais importantes sistematizadores no século XIX. 125 Imagens de Foucaut 0 Doli Contra a Idéia ou o Egy tpi is erpdem por meio da andlise o fil repleto de forgas as quais, mediante situagdes estra ee een aan dts cdc capital, afirmam praticas li luto ou cons rior devum emancipagao poltica que situa os individuos num sono hi de igualdade politiea e democracia que faze : ecole Moc que fazem progredir o rey __ Avvida somente pode ser estudada por meio de séti déem conta dos softimentos. E por meio do método set no fropunis Proudhon, que nos afestamos de teas pars abort elementos na série em seus desconfortos, confltos. e tebe pacificados em politica: por meio dos conccitos de povo. ¢ lo. Um Estado, lembra Hrrico Malate, ¢ srepre cob de impostos,polica, exicto, prises, também, rege, Ga que atua sobre as relagées sociais, econdmicas, culturais « clectuais. Forga que também esté presente no que chamamos de iticas governamentais de sade, educacio, transpor ages e, principalmente, enguanco defesa de d diante dos direitos de sociedade. Forma-se, as tamentos. redesenhadas por meio das semelhangas, fizendo aparecer 0 wente da forca hegeménica, diante de tal sieuagdo just contingéncias da histéria, antes que qualquer co? apatesa, © proprio movimento se pulve 126 ‘anarquismos e sociedade de controle ficagio por meio das afinidades. Néo hd como negar que uma a pacificista de Godwin ¢ Proudhon, forma de restauragio da autoridade sta possivel demarcagéo distintiva em duas séries anula_ a smo conceito capaz de dar conta das relagses pot onde caminham os anarquismos. Tal limite constrange limiates, opée vetores ¢ instaura efeitos de hhegemonia. Hd de se concordar que tal disposigio fez do bakunismo nde motivador dos anarquismos, da revolugéo russa A guerra spanhola ¢ ao maio de 1968. Em especial, no Brasil, por meio ds influéncias de Bakunin, Malatesta e Kropotkin, organizaram-se mobilizagdes contundentes do inicio do séeulo passado € rem, até hoje, no seu interiors mas, reduzir os anarquismos a co de hegemonia, no caso 0 bakunismo, é perder de vista a i des. E entender suas existéncias a partis s de politica de Estado, de soberania, estudé-los, demarcé-los e julgé-los por meio de teorias. Hi, na coexisténcia, um fato recor anarquismos, esteja ele jonado pelo acoi fico ou pela vivencia, Coexistem diferengas na associagao de pes- soas livres exer idades libertérias. Nao hé Bacunin, por exemplo, que no esteja atravessado por Proudhon; néo hi Cientificismo em Kropotkin que nao esteja abalado pot Proudhons (0 ha revolucionarismo livre de pacifismo; nifo hd esperanga na io esteja desfeita pelo seu ausoritarismo. Nao hé, mo quie nio esteja interceptado por individualismo. Portanto, uma nova contraposigo, agora, entte coletivismo e indi- vidualismo, seria indcua. Os anarquismos nio pretendem dissocis- ‘20 mesmo tempo, preservarem suas liberdades diante da jugio butocrética pelo Estado, distinguindo 0 soci libertério do autoritétio de Marx e Engels. O que era um sonho, uma utopia, para Marx, apés a-extingio do Estado, é imprescin- divel, no imediato, pata os anarquistas, para que ocorra a aboligio indo subj Imagens de Foucault © Dolouie do Estado,* ou seja, a aboligéo da autoridade cent por meio de rages vidos. © principal problema reside na autonomia do i Os anarquismos individuslina efou colivione sheson de associagies federadas perante a imi sociedade totalizadora, Fundam tos para quem se governa; apenas sano. Eis o problema! Uma resolu Como resposta apontar para a contradiggo entre os termos. Se século XVI, Esenne de la Boece foi saga no cancer 9 nomia servidto voluntéria, 0 efeito no discurso anar século XIX, respondendo a sujei fonadke ipado. Mas qual em ser soberano sob condigoes de igualdade? Nao hi por pensar em soberania, na medida em que deixa de haver stiditos. a ho presente diante ca da qual no se aparta, a vida somente pode rtaria_ mediante a aboligio do siidito.? Abol 128 narcuigmos @ soctedade de contiole so de sidito &, por si, « aboligio da soberania, seja ela cen- tado ou no individuo aut6nomo. Nao se trata de do Estado para o sujeito auténomo, o que seria semelhante ao que fiz acontecer a continuidade da demo- ia no capitalismo por meio da representacio renovada por ges e exercicio do sufrigio universal. ‘Max Stirner, um anarquista nos anarquismos, passa 2 ser uma referéncia heterotépica para os libertérios, tanto quanto as teflexdes sobre Foucault e Deleuze. O devir revoluciondrio de cada propriecétio de si, vibra e existe pelo outro, numa igualdade diferentes tinicos ¢ que independe de um convencimento imo para o fazer acontecer pela tazo do ouiro. Dois, que sio pre cada UM, tinicos proprietdrios de si cxistindo ¢ associados azo do outro, em conilito, tensio e debates. Os anarquismos atuam, vivem ¢ afirmam nfo tanto pelo mas pelo da coexisténcia, E no seu interi noma do sujeito encontra-se sob tensio diante de cada luta contra o assujeltamento. Numa sociedade de controle que exige pat forma de inibir resisténcias,® os anarquismos preci suv mais de uma opinio, compara e deci lismo capaz de superar os demais segundo o dirito de secessto, ndo hi sueisio sujeito autSnomo que, por si 6, no passa de outro ide rmoirizes constituiram a segunda idade da rquina téeniea, as maquinas da cbernétca e da informatica formam wma cresira dade que recompde tum regime de servidéo generaizado: ‘sistemas reersiveis recorrentes, substituem as antgas relagées homem-miquina se faz mais de uso ou agio. mas implicava processos de normalizacio, de modulagio, (30, de informagio, que se apéiam na linguagem, oa percepsio, no dessjo, sgenciamentos. E esse co Imagens do Foucault @ Dele ausro libertério. Se quiserem respondet ao que estio fxzendo de kerio que enfrentar os efeitos da eritica 4 autonomia do sujeto, Misérias da democracia Nice? “ule XD% Proudhion © Max Sin ictasche, anunciavam a democracia como religiéo moderna rebanho. Desde a década de 1840, afirmava-se a contestacio oh direitos que nos quer acalmados, por emancipagéo polftica para anun Proudhon ¢ Marx afirmaram dupla De infcio, um Marx libertétio, em A questo judaica Critica a flsofia do direito de Hegel, nto admita 0 soctalisno a meio da ocupagio do Estado — posigfo que passaré a defender no final da década, em O manifisro comunisia ~ e assumia a critica d maneira andloga & de Pr dos di , perpetuava a desigualdade © capital e a religiio, Tratava se, apenas, de um novo instrumento de dominagéo. O cidadio encontrava-se sob 0 comando do homem burgués. © verdadeiro Homem somente apareceria mediante a abolicio do Estado, tia numa pe direito como Foucault, estava em jogo regul : : lar a pop biopolitica em busca de investimento produtiva e décil do corpo. Os liberais orientavam-se tinctpio que se governa sempre demais ¢ encontravam no ismo uma forma de governa- mentalidade propicia & redugdo da atuagio do governo, Seer eee ear eee cee eae eee ee re 6. send lea aos ees, come dis pes sldneas que no ram de se refgare de se nuts uma 8 out « pram de er fra" (DELEUZE e GUATTAR, 130 ‘Anarquiamos © soctedado de controle rndendo uma tecnologia de governo pautada na regu- sntacio juridico-politica como resposta & sabedoria ou & leragio dos governantes. O liberalismo, segundo Foucault, no século XIX, ndo seria mais do que uma reflexio a respeito da istas, por sua ver, divididos em 8, exigiam aboliszo ou extingio do Estado. lo seria 0 meio para afirmar o direito da ja, 0 agente para em lade do corpo em nome do coletivo. A conquiista para superar a desigualdade ¢ 0 socialismo a tealizagao da prética governamenral. Contudo, para os anarquistas, problema nfo residia nem no governar demais, nem no governo total. Diante da redutora regulamentagao juridico-politica liberal ou 10 total, dos dispositivos individualizantes ou toralitérios .ou. Foucault, a forma cficaz ¢ eficiente de promover a ficil condugio com base nna abdicagdo da vontade & razfo da representagio, Nés nos encon- tedvamos em asilos, reformatérios, manicBmios, prises, em casa rmentos, fabricas, casernas, escolas, partidos ¢ sindicatos ~ lugares de extragio de energias produtivas ¢ de reproducio; espagos de contengio, mas, também, de desassossego, do-intempestivo ¢ do surpreendente, © investimento na inibigdo das resisténcias pela cidadania substicuiu um direito fundado no perdio herdado do dircito candnico e fez aparecer um direito por deveres em nome de todos os homens livres, O soberano nfo era mais o herdeito mas todos, 0 povo, jindo nova tradigéo. NNés, tanto anarquistas como socialistas autoritérios, sabfamos que néo éramos todos queriamos set todos. Ainda que liberais e soci i Imagens de Foucault © Doll cstivessem voltados para afirmar © soberano, seja como ex de governo que toma a populacio como sujeito de nec aspiragdes e objeto pelo Estado, pretendendo melhorar our a verdadeira sorte desta populasio, i m num sujeito soberano, autdnomo, a partir d lanas, de amor, arte, educacio ¢ economia, Os anat sio, portanto, diante da continuidade da teoria da sob, aque este atribui ao fim da hist 1sio dos meios de produgio, mas trata-se, apenas, tangencial. Pata eles, a tese da extingio do Est apés a tomada do mesmo pelo partido da guarda, planificando a economia por meio da util ivos e de direitos contra a classe antagoni aco das coisas, uma nova forma de dominagio, idealismo que se pretende realista e concreto. Estava cla para os anarquistas que a ad dc homens e, por conseguinte, ismo, desde 0 século XIX, estabelecera ‘go ao redimensionamento do nds em todos, As res as, principalmente dos anarquistas, voltavam-se liberdade de amar, educar seus filhos com base no talento de ead uum, federalizar a vida livre do contrato que supunha deveres, como se osse possivel acontecer um individuo livre e auténomo, A emancipacio do direito e da exploracio por meio de revolugaes € pacifismos marcaram as resistencias libertévias: 0 alvo era o Fs tado e todas as situagées em que uma autotidade centralizada pudesse se const A politica como guerra prolongada por outros meios afir- mouse nas democracias por meio do princpio da amizade trans- cendental pelo povo ou humanidade, atuagio em parlamentos ¢ idos que elegem 2 todos como inimigos (sabendo que a coa- iafo € apenas parte de um interesse circunstancial). A este tipo de ‘integragdo, os anarquistas sc recusaram e néo se prestaram a abdicar da sua vonrade em nome da representagio. Diante da tomada do 182 ‘Anarquismos @ sociedade de contclo investidoes em produtividade em nome do socalismo, resisténci juistas ucriam menores diant todos. As resisténcias anarq) Soin eee , para os anar- 10. Trata-se de a por federacio e anarqu! Fs, a oe mu seri sempre ditaduras e, neste se combatida que se funda na is forma de governo paurada Teneficia wna expesitaca de liberdade pata além do ido pelos governos como forma de por um fim & desordem € as condigdes de vida da populagdo. O Estado moderne, :ma ou maxima intervensio, sob 0 liberalismo ou 0 socia- io hé democracia que salve o socialismo de Estado. Misérias do controle : ‘A democracia no capitalism requer a continuidade dla mi- séria, afirmou Gilles Deleuze, com precisio. No século XX, sob democracias e ditaduras, os anarquismos resistiram. Anarquizaram as centralidades, mas, gradativamente, foram deixando de anarqui- zara si pr6j snbém pareciam estar sendo apanhados, consi grando uma doutrina, Contudo, resistiram as redes de poderes & Teapateceram nos acontecimentos de 1968, quando tudo levava a crer que stas préticas tinham sido esgotadas e supetadas na Guerra Civil Espanhola, Imagens do Foucault @ Deleuze, ior da sociedade de controles continuos, os lugares idos por fluxos. O investimento néo é mais no iamente dito; i i es para cada um sent atuando ¢ decidindo no interior das politicas de governos, ¢1 organizagSes néo-govemnamentais ¢ na construgio de uma econ eletrénica, As relagdes interestat no mbito ineermaci Os asilos, as prises, os hospitais, os manicémios, as escolas, 0 sexo, 4s ctiangas, so atravessados por direitos. Sociedade de plenos direitos. Mundo da modulagéo, da exigéncia de formagio constante, de controle continuo, de bancos de dados no cifra é a senha, caractetizou, assim, Deleuze, a nova configu que ultrapassa sem suprimir por completo a sociedade disci exaustivamente descrita por Foucault segundo o molde, a a escola, o exame, a assinatura, a palavta de ordem. Estamos de uma sociedade cm rede exercida por protocolos ¢ interface uma sociedade de diplomacia ¢ guerra entre unides de Estados le tum lado, e guerras que pleiteiam o estatuto de Estado-Nagio pot parte de etnias que pretendem afirmar suas especificidades, sociedade em transigéo opondo o que ela superou e seus prépr vestigios. Um estégio superior de democracia diante de for wadicionais de combinagio entre raz0 moderna e religizo, estranha ¢ cficaz convivéncia entre democracia teocracia, A. sociedade eletrénica, pautada em fluxos que atualizam, confirmam a desterritorializagao nao s6 do cay sobejamente conhecida, mas, também, dos trabalhadores, parte deles, libertados do confinamento tertitorial que imp © Bstado-Nagio até a fase do imperialismo, Ela traz para dentro de si todas as formas possiveis de saberes cujas verdades se fefazem por meio da confianga aos protocolos. E_ preci reformar constantemente. No regime de controle, nio se deve nada acabado, mas, ao contrétio, lece por meio nogio de inacabado, convocando todos a participar ativam da busca por maior produtividade confianga na intege Nao se pretende mais docilizar, apenas cria i diplomaticos de construséo de bens matctiais e imateriais que 134 ‘Anarguismos e socledade de controle linamizam as méquinas. Estamos pois, segundo Deleuze, : era das méqi oa ibecaioas fe computadores. os ne nao mais di inam as cas, mas que consagram suas vidas como agentes participantes fx pedal cords, i. male als Benstal aeence intelectual, apenas uma reviravolta na qual a vida somente iste para quem ¢ trabalhador intelectual. Aos demais, os efeitos jos a serem superados ou filancropias circunstanciais € ole continuo. ‘A patticipagéo cont ‘iskes phachanin x Uecocebiee ine Menoset deere por meio de sondagens. Nao se abdica do castigo ou da isciplina, mas, agora, investe-se de outra maneira: 0 alvo & a ede Estado para o corpo séo, outro redimensionamento da .» mas corpo planeta no espaco sideral: fazer a vids io do espago sideral. Nao hé lugares como inv: iso produtivo especi ivalente atuante, transparente. Nio.m corpo-espécie, mas corpo-planeta. Resistit nfo € apenas redimensionar as sabotagens, como insinuow Deleuze, Uma sabotagem na rede eletrénica & parte do controle continuo, cla € apanhads produtivamente, € acesso a saberes procedentes de fluxos que se um: hd uma educagio em rede, como na Int que estimula uma criagio aurodidata que se separa dos controles das ciéncias humanas ¢ cria conhe- cimento. Diante da tradi¢io do saber aristocratizado da cultura ocidental, a rede democratiza saberes, mas por meio de protocolos confiangas, aristocratiza interfaces. Nao hé mais mecdnica ou cletricidade no comando ¢ sim eletrénica que, do ponto de vista da materialidade, funciona, também, inibindo resisténcias. Mas corpo-maquina, 135 Imagens de Foucault © Dele também, — ¢ como nao deixar de constatar ~ 0; dominio que atualizam resistencia se colocam dizem respeito, sem d que o regime aristocrético de prot aces € / thado produtiva ¢ simultaneamente pelas redes de Estados ei unio (de Unio Européia a Mercosul) como por ple Estados-Nagio (de palestinos a minorias étnicas em por associagées libertérias. O acesso 20s m nnecem agenciados de m: De sorte que vivemos numa sociedade de con afirma, antes de tudo, como sociedade de difusio de di encontrou no multiculturalismo sua forma mais atroz, Vei direitos a todos no momento em que 0 corpo deixou de set conjugada da méqitina en i mas condigao para a co tos reinventores soberanias destertisorializantes. Sé0 convocados pelos fluxos dutivos eletsénicos que nao requerem mais 0 corpo inte apenas inteligéncia. O Estado nfo investe mais na formagio compo sio. Agora, ele necessita do corpo sio jd ager ligéncia, participagao continua e defesa democrat parece no haver nada mais a fazer senio filanteopias de miiltiplas ordens. O Estado, agenciador produtivo a0 lado das empresas © o: governamentais para administracéo de corpos desnecessir vendo para o centro das controversias a ética da fraternidade. Tomando-se o tiingulo perfeito da revolugio francesa que levou, inicialmente, ao confronto pelas liberdades, sua afirmagéo ¢

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