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po EES ee Sobre filosofia e filosofar’ Roberto Bolzani Filho"® Resua Ee eso rtd faze gama ober inte si etd hss soca, uma avid epee Raoeda etic Phtarahave: Howe fost pests Se quisésemos caracterizat 0 momento histico que vivemos, pro- curando uma marca qué o dstinguitia do pssudo,seja‘o mas emote; ea ‘9. mais recente, provavelmenteconcluixiamos que loje se patca exer, ‘como nunca, 3 informagio, a massificagio © popularizagio da linguager, os distinos vocabulitios cédigos de expresso, Além de tala ss vant 3208 qe isso certmente vem proporcionan, percebe-se também que cer, {as palavas, muito antgas, que durante muito tempo tveram seu so lint lado aeteuos resritos,ganharam lugar no imaginato popular parsaram & ser esporadicamente emprogadas, com signficados que nein sempre cot ‘espondm agueles que Thesderam ovigtn. Esse parece sr o caso pata che ressdes como “filosofia” e “idrofo™eradas ha cerea de dai mile ut : hentos anos, passaram, com o tempo, a sr utlizadas mais amplamente © So hoje empregadas até com reativafreqlencis. Se no hi por ue lame + Ata instal do Deparment de Fis FFLCHLUSP 2008, “Prior do eptament de stad PULCHFUSE, Stee 30 oan Pit, Ruse 9, 208: 28.59 taresse fendmeno, certamente resltante de wm louvvel procesto de demo Catizagio,¢ preciso, contd, estar ateno ele principalmente quando se sti dante de uma stuago como a que nos reine hoje. Pos no se tata, nesta ocsifo, apenas de un evento que inaugura mais umt ano ltive deste Departamento, mas também, esobretud, du inauguracio da filosofix na vie da grands maori dos que aqui se encontram, sendo bastante provével {qe muitos dles, do importa quatos nem quem, se tenbum ineressado por filosofa em vrtode de algo que o emprego dea pulavra no discutso co dian ines sugeriv ov despertou. Emprego bastante variado,despreoeupado mesmo com a exatddo, mas certamentesuicente part suscitar nossa Cu ‘sidadeetazernos até aqui, apesar do nariz vrei de nossos pals, sa ‘elmentepreocupadas com nosso futuro. Bpogo, contd, mutes vezes nganadoreperigoso, porque também muias Yezessintomitico de ma cer- {a mentalidade que o origina, wma cera vis de mundo que alvezsja jus tamente a negaguo das caracteristcas mais importants a filosofla. As con= Sideragdes que seguem prelendem, por isto, fazer dela uma genética fpresentagdo. que zo vista fornece-Ie nenhuma definigio rigid sim perar uma especie de limpeza de Cereno, enfocando precisamente 0 descompusso que hi entre tl mentalidadee cerasexigéncias que a filoso fia nos faz, as que em hoa medida desafiam essa mentalidae , portanto, também a ns. Novas palates, atar-se-4 de dstinguir entre aguilo que fe pens se fiosfiaeagult que de fato¢, ene filsotia do voeabulirio Comum ea filsofiapropiamente dita ara tao, sri feta aqui uma dis {ingio ene “ilosofa” "ilosoft”,dstingio que € seguramente super ‘ial e artical, mas que vie apenas a faciltar nossa tentativa. Com otermo iloofia”,provavelmente mas freqdente no dscutso comum, quer-se fa- ‘et refertcta a alguns equivocos gue 6 preciso denunciar ea mesmo des Inistifea. Com o terino “flosfar, pretende-tedestacareenfatizaraquilo ‘gue €tpico da antics filosofi, remo que, ela alo sed Cabe também dlertar, desde jf, que nada se did agai que ado seja do conhecimento da fueles que Tidem com a filosofia hd algum tempo, pols se tat, atinal, de Alscorrer sobre o mais inevitvel dos temas que nela podem ocorrer om fe seu proprio sentido enaturza, No hs, pois, como negur que estamos Baten Fo, dics (53208; 2-99 a Perante mais um exemplar dessegénero jum tanto btidoe malratade do slogio da flosfia”, Mas este elogo, ¢ preciso reconhecer esd ji co- ‘nmmcat,poderé no soar muito atraens, pos feequentement se reves «a forma de uma advertencia. O substantive “filesoia” eo aljtivo “issofo" si, certamente, des: 48 mégicas e encantadoras palavras que se usam sem que se saiba exata ‘mente 0 que querem dizer, mas que todos, ou quate toe, 20 ouvit, pare ‘em compreender suiceniemente, Nao 6 inconnim ouvie 0 comentie de ‘que “Tlano & um filsofo",gealmente para fazer referencia sua tenn cia por divagageseespoculagdes um tanto despropositadas, mas inate ‘as. Como também ni €incomum ouvie, numa rods de migos em que se {conversa sobre um assunto qualquer ecm que se encontea algun estadante do Filosofia, a seguinte pergont:“e, a flosofia,o que tem a der sobre isso?" ou eno, quando fe trata de tomar uma deisio importante sole sum problema que necesita de solgio pid, algusm podera dizer: "sem Hosoi, que oassunto € sie". Alem desea imager difundida do f6sof0 ‘como alguém que ala sobre quase tudo e nfo él para quae nada, tis empregos da palavra “ilsofia” exprssam muito da mentalidade mencio nada, que ¢ preciso, endo, cntareompreender. “Filosofia” o, para dizer mais complotamente, “a Filosofia”. Uma forma substamivada, de prefréncaexrita com maidscul, acomparhada de ‘um antigo defini: no € preciso mai, do ponto de vista gramatial. para cexpressara ida de uma ensidade, portadora de vida propria. Tatase, videntemente, de uma simplificago, que o aspirant filosoia logo reco thoes e descarta, pis, de alguma form, passo a datthe se devido valor © descobriu um pouco do quanto hi de Uistoeido nese retro, Mas ted se desvencthado realmente de todos ox cacoetes do senso Gomuh a tsp "deste assunto que agora o tral? Parece que no € to simples. Por algun Ina nUU UU UNUN NNT eEra Ore ErE gE TEE Cae Sette tre ee Eee Tee tree Eee 2 an Ph, R ics (35), 208-299 motivo, ele v na filosoia a possbilidade de encontrar algo positivo.sejam us vespostas pata sas inguctagBes sobre aorigem e destino do mundo € dos homens, ej a slugGes dos problemas pssoais que oaligem. Mas fhe= {Qdentemene cle parece magna que ilgsoia The proporcionar os resul> tas desjados de uma forma que anda 6 caacteristiea daquele sens0 co- mum. Porgue e manta com qe se usa costumitamente nossa palavra & ConseqUencia de algo aque se ¢quase aturalmentelevado em nossa scie- fle: tet mafilosofta mais um produto de consumo, mais umn meio possvel pats acangar nossa stistagdo pessoa, algo que pderiamos de alguma for- ‘na cmpregar em nosas vias, dante de stuagBes problemitieas ox nc8- tnodas, Pode nzo pase, mas semelhante atitude, por via de rege aliada fo deseo de failtagio eacomodagio,conduz-n0s, por iso, 8 simpliien ‘Glo. 3 bus de algo pronto para uo, Essa attud imedatsta nos ¢ imp ida dariamente, pos somos habituados a fracionarnossas wincas & Eesvincul-asumas das outras, acostumando-nos a considerarnossasingui ‘tages com algo inrinsecamente negtivo, como um desprazer ou distr- ‘ova scr suprimido o mais depressapossvel. Tudo deve ser rapidamente igen ¢ ter ellto rapido. Estamos, em summa, condicionados ver em tao, para nfo dizer em to, do que nos cerca ineressa um grande con Jno deitense produos de consumo, para nosso alvo ou fvigSo mes ton Ea filosfia nio poderiaescapur dese proesso, lo poderi permane- fer imune esse estado de coisas. Essa mentalidade conduz como que “spontancamente a imaginar ocdmodo e genéren rétulo “a Filosofia" como ‘events fonse uma especie de grande mie genersa, que a todos acoesse © que, dante de noses angstiaspestous, nos oferccesse a resposta quel th procuramos. Ser este tive? primeirorisco que se corre quando 56 ‘posta na fitsofa:imaginar que ela~ soja ela quem for ~resolverdngssos problemas como se fosse wna médica de almas, uma saeerdotsa detenora {Ec uma pogo mizicneapaz de curr todos os nossos males. Nesse caso, ‘hdgutenaturaldade eestteza perigosas algo que nio pasa final, de um igrinde equivoco: 0 ver a filesoia assim conesbid, uma atenativa mais fatta&analise esos antdepresives. grande o isco, portano, de decep flo, quando descobrimos que, na verdade, estamos em face Je algo muito —<$—$<$<$<

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