Você está na página 1de 66
em r@e rarica d . Fernando Augusto dos Santos Neto. a i ; . é , Ss 2 = . at ‘ @ ¥ ‘ « , ve . desenho € uma disciplina que esta ao alcance de todos, exi- gindo tao-somente a compreensao € a coordenac3o motora de ler € escrever € a disponibilidade de es- tudar firmemente. Nao existe ata lho para se aprender a desenhar, da mesma forma que nao o existe para se aprender uma lingua. Des- sa forma, 0 aluno que se dedica, cerca de urge hora didria de es- tudo, néo haverd matéria que ele no consiga aprender. Nossa dis ciplina, neste curso duraré somen: =f te um més, mas seu aprendizado deverd continuar como pesquisa constante através de especificowe de suas relagées, outras disciplinas Neste curso, vamos har em ae duas vias, uma é 0 material im- pressoe @ éoa vir faterial impresso, chifferos de “manual, € eg texto que vocé tem nas maosyEle sera 0 guia paggeb seu curso; %ra- rd textos e algumas informacées fundamentals sobre 0 desenho eu ieea anima itual, na quat voce encontrara 0s exercicios solicitados em cada informagGes necessarias respondé-los ¢ outros textos smplementares do curso além de i¢huma via abertg de comunica- 6g egtre as cisciplinas do curso e tapbem entre professor ¢ alunos = « UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESP/RITO SANTO NUcLEo DE EDUCAGAO ABerTA E A DISTANCIA LINGUAGEM GRAFICA FERNANDO AUGUSTO DOS SANTOS NETO VITORIA 2009 Presidente da Republica Lie indi Lule da Sive nitro da Educagao Fernando Hadcsd Universidade Aberta do Grail Celeo Cost Universidade Federal do Esprto Santo Reiter Rubens Sergio Rasseli Vice ReitoreDireor Presidente do ne@ad Reinaldo Centodueate Pré-Rltora de Graduagio Isabel Cristina Novaes Diretora Administrativa do Ne@s ‘© Coordemadors UAB Maria José Campos Rodrigues Coordenador Adjunto UAB Valter Luiz dos Santos Cordeiro Design Grafco LDI- Laboratorio de Design tnstrcional Ne@ad uFemando Fear, ns CEP 29075910, Goabeiras. Vaseia ES (27) 40032208 Direora do Centro de Artes Gistna Engel de Atarez ‘Coordenadora do Curso de Artes Visus- LUcenciatura, modaldade a distancia Maria Gorete Dadalto Goncalves Revisora de Conteddo Maria Regina Rodrigues Revisor Ortogrifico Jali Fancelino Ferri Filho CConsatho Editorial Moema Martins Reboucas ‘Maria Regina Rodrigues Dados Inernacionais de Catalogaciona-publicagso (IP) (Gibioteca Central da Universidade Federal do Espirito Sart, ES, ras) Santos Neto, Frmardo Augusto dos. Sas7l__Linguagem grea / Fernando Augusto do Santos Neto. Vitra Universidade Federal do Espito Santo, Néceo de Educacio Aberts © 2 Distancia/Dalana, 2008, Boil Incl bibliografa ISBN: 9788599128055, 1. Desenho Estudo ¢ensine 2. Comunicasta visual Tie, Du 74 DI coordenacio Fotografia José Otavio Name, Octavio Arapao, Saulo Puppin Pratt Impeessa0 Verenica Salvador Vieira Editoragso Bianca Viana Tancose capa Emmanuelle Cardoso Desenho da capa Femando Augusto dos Santos Neto stracae diane Cordeiro Grice e Editor Dalara Ementa Introducio a linguagem visual, aspectos fundamentais da lingua- gem grifica. Elementos formais do desenho: ponto, linha, plano. Sua constituicio topologica: densidade, direcionalidade, durativida- de, hachura, construcio formal e espacial, estruturas, desenho de observacdo, o sentido do gesto na construgao do desenho. Programa do curso Conceito de linguagem grifica; comunicagao visual; desenho; ele- mentos do desenho; técnica de representacao visual Ensino do desenho a distincia. Objetivo Dar a conhecer aos cursistas os prinefpios fundameniais da lingua- gem grafica; Compreender os principios da representagao gratfica: desenho; Desenho: observacdo, estruturacao e composi¢ao; Demonstrar alguns principios teéricos basicos da linguagem ¢ da percep¢ao visual. Metodologia Leitura de textos (material impresso); Leituras complementares (textos sugeridos, textos on-line e biblio- grafia); Exercicios visuais priticos; Forum de discussao; Exercicios de reflexto sobre o fazer (depoimentos, textos de apren- dizagem); Exercicios suplementares. Avaliagao A avaliagio seri continuada e observard a resposta dos cursistas da forma que se segue: a) leitura dos textos solicitados, b) realizago de trabalhos priticos (visuais ¢ textuais) e stuas apresen- tagbes no setor regional e na plataforma, <¢) patticipacao no forum de discussio, 4) realizagao de trabalho final no pélo (pritico visual). ¢) apresentacio de trabalhos nos seminirios. Sumario Apresentago «---- A Rede da arte... Linguagern visual elinguagem verbal Os elementos bésicos da linguagem visual © ponto Alinha 0 plano Acor Orientacoes espaciais “ 0 Compreendead e trabalhando.o plano: nivelamento e sessment Pregnincia e agrupamento 0 ede pepenes . Valores composicionais: os lados Aprendendo a ativar 0 plano Textura Formatos Matéria Forma Repetic3o Claro ¢ escuro Estrutura ey Representacio tridimensional As trés direcdes primarias Perspectivas bisicas Gesto na representacao grifica Consideragdes finais 5 3 Bibliografia indice de ilustracoes B 7 Apresentacao Prezado aluno, Um curso de arte a distancia tem todas as vantagens ¢ todas as dificuldades de ser como é. O ponto bisico para o sucesso de uma empreitada como esta ¢ 0 investimento do aluno e sua dedicacao em trabalhar e estudar o material recebido e as leituras indicadas. Na disciplina Linguagem Grafica, vamos enfocar as questoes do dese- ho, Isso significa observar, desenhar e pensar o desenho em rela- los outras disciplinas e vida. Significa exercitar a observacio em duas vias, olhar os objetos, o mundo e o proprio desenho; observar as linhas, os tracos, as imagens e, dessa forma, procurar desenhar sempre que puder, sejam desenhos rapidos, pequenos esbosos, ano- tagdes, enfim, treinar o trago eo olhar! Neste contexto, quantidade equivale & qualidade. As criangas tém uma maneira atrevida e direta de desenhar, o artista, o estudante, 0 pesquisador em arte devem buscar recupe- rar ¢ atualizar esta atitude atrevida ¢ corajosa de representar idéias através do desenhar. Em muitos casos, isso significa despojar-se de convencionalismos adquiridos durante anos, de encarar objetos, pessoas ¢ lugares, e se propor a desenhé-los, enfim, encarar 0 que quer desenhar. Esse processo pode ser lento e dificil, mas como diz Vinicius de Morais, “sem um pouco de tristeza no se faz um samba nao”, H4 também o excessivo medo de errar, 0 compromisso com um desenho ‘certo’ que ninguém sabe dizer 0 que ser4, pois 0 dese- nho s6 € visivel quando tracado no papel; a preocupacio excessiva de corrigir cada traco. Impossibilita, muitas vezes, o desenho de existir. Para trabalhar essas dificuldades e reencontrar a atitude direta da crianga de desenhar, a resposta est no proprio ato de desenhar e de deixar que a quantidade e os exercicios se fagam qualidade no seu proprio tempo. A mio oferece pontos de vista para o olho. O desenho é uma disciplina que esta ao alcance de todos, exi- gindo tao-somente a compreensao e a coordenasiio motora de ler € escrever ¢ a disponibilidade de estudar firmemente. Nao existe atalho para se aprender a desenhar, da mesma forma que nao 0 existe para se aprender uma lingua. Dessa forma, 0 aluno que se dedica, cerca de uma hora didria de estudo, nao haveré matéria que ele nao consiga aprender. Nossa disciplina, neste curso, durar4 somente um més, mas seu aprendizado deverd continuar como pesquisa constante através de exercicios especificos e de suas relacdes com outras disciplinas. ‘Neste curso, vamos trabalhar em duas vias, uma é o material impresso e a outra é o ambiente virtual. © material impresso, que chamaremos de “manual’, é este texto que voce tem nas maos. Ele serd o guia para 0 seu curso; trard textos e algumas informagdes fundamentais sobre 0 desenho ¢ o remeterd para a plataforma vir tual, na qual vocé encontrara os exercicios solicitados em cada ligao, informagoes necessirias para respondé-lo se outros textos comple- ‘mentares do curso, além de ser uma via aberta de comunicasio en- tre as disciplinas do curso e também entre professor e alunos. ‘Vamos trabalhar formas abstratas ¢ figurativas e, sempre que possivel, fazer o desenho de maneira concentrada e disciplinada. Nao € proibido conversar ou cantar durante uma sesso de dese- ho, mas é de fundamental importncia fazer muitos exercicios em siléncio, pensando o desenho no ato do fazer, exercitando inclusive a propria atitude de se concentrar, tal como se faz quando se Ie um texto, Procure se concentrar no momento de desenhar, tente criar ‘momentos de siléncio enquanto desenha, porque aprendizado ne- cessita disso. Desenhar e fazer siléncio (sempre, como um tipo de meditaco) é bom para a satide. Ensina a esperar, a conviver com 0 tempo, a observar e a se expressar. No siléncio, vocé aprende a ouvir tuidos e a perceber eventos que certamente passariam despercebi- dos. £ com essa atengio que vocé descobre os grios do papel, que se interessa por pequenos sinais, riscos, linhas, manchas, os quais, depois se revelam desenhos. Freqiientemente, diz-se que arte é ver 0 que normalmente as. pessoas ndo véem. Mas como descobrir interesse em situacbes que parecem desinteressantes? Descobrir formas em Ingares que pare- cem sem nenhuma importincia? Este é 0 sentido do siléncio sobre © qual agora Ihes falo. £ o siléncio sentido. Daf a razao de realizar esses sem conversar, sem se dispersar. Nao parar durante o proces- so para dizer se esté bom ou ruim, mas deixar que o desenho exista, que ande para frente, como @ respiragao que nao para; deixar existir a linha (que muitas vezes parece errada) para descobrir linhas novas, ic. Mesmo com essa pritica atenta, vocé ndo rompera com nenhu- ‘ma tradigao, mas certamente, a continuaré de uma maneira inespe- rada, como dizia Basho: “Nao sigo 0 caminho dos antigos; busco 0 que eles buscaram’. ' Bste € o caminho pelo qual tenho procurado aprender e ensinar desenho, Fsta atitude apéia-se no zen: nao pen- sar, ndo corrigir, nao parar. Concentragio, siléncio, quase imobilida- de, o desenho como meditagio, observagaio e firmeza no braco. ‘Aexemplo de Luc Ferry, em seu livro “Aprender a Viver - Filoso- _fia para 0s novos tempos” e de alguns manuais de ensino, este peque- no texto trata o seu leitor por voce. Porque ele se dirige, em primeiro lugar, a um aluno real que esté cursando uma graduaga0o e, também, porque esta é a forma como trabalho em aula presencial. Que nao se veja nisso nenhuma familiaridade forgada ou desrespeitosa, mas sim uma forma de amizade ou de cumplicidade a que sé ao trata- mento intimo convém. Um abraco. Fernando Augusto, Vitoria, julho de 2008. ‘Nowa 1: Matsuo Rha: Sends de Ot SP: Roswihs Kempt Eston. A rede da arte mundo artistico é uma rede complexa, formada por artistas, arquitetos, galeristas, organizadores de exposicdes, coleciona- dotes, criticos de artes, estudantes, professores, restauradores etc. , por todos aqueles que admiram e se interessam por arte. Exis- tem mumerosas formas de arte: teatro, danga, misica, literatura € mesmo certas praticas esportivas, religiosas, artesanais, industriais e muito do fazer cotidiano. E preciso ter isso em conta para saber que vamos tratar aqui de um tipo de arte: artes visuais. Mas como a conceituacio “artes visuais” engloba muita coisa: pintura, desenho, gravura, fotografia, cinema, video, etc., vou especificar mais aind: Linguagem gréfica, entendida aqui como desenho. Esta ¢ a nossa dis- ciplina e este serd o direcionamento deste curso: estudar os aspectos e funcionamento da linguagem grifica, desde 0 ponto a construgio de volumes, & criagdo de mensagens visuais e a composigoes artisti- cas. Isto significa aprender alguma coisa sobre desenho e desenhar; descobrir estratégias de praticar, de discutir e de ensinar o desenho como técnica, como meio de comunicagao e de expressao de pensa- mento e sentimento. Trata-se de uma disciplina te6rico/pratica, destinada a estu- dantes de artes e profissionais da educacao artistica em nivel de gra- duagio, Nela, os exercicios de leitura, de observacio visual e de pes- quisa em livros, bibliotecas galerias tm o mesmo peso que a pritica de desenhar, rabiscar, pintar, fotografar, escrever, ete. Por razdes di- daticas, vou enfocar os exercicios em alguns materiais: grafite, nan- quim, gouache, colagem, mas nada Ihes impede de trabalhar com outros recursos: fotocépias, tinta acrilica, programas de computador, etc., aliés, é importante trabalhar as diversas técnicas e materiais graficos. A pesquisa continuada passa por aie a responsabilidade de continud-la é de cada um. A disciplina linguagem grafica visa a oferecer as bases para 0 en- tendimento da arte através do desenho, isto é, nogées de linhas, pon- to, plano, cor, relagdes formais, estratégias de percepcdo e construcao grafica, o lugar do desenho nas praticas artisticas e no ensino de arte, o estimulo para o estudo e pesquisa, e a necessdria reflexo sobre o fazer e sobre a criagdo grifica. Um conjunto interligado de exercicios que, de um lado, anima o proprio ato de estudar e, do outro, permi- te ao estudante olhar seus semelhantes ea si mesmo numa pritica UNIDADE 07 auto-reflexiva que legitima o fazer individual e coletivo. Por isso, 0 curso esta planejado de forma crescente ¢ a cada ligdo estudada so solicitados exercicios praticos visuais ¢ escritos que devem ser rea- lizados e apresentados conforme a estrutura do curso. Os referidos exercicios esto divididos em dois segmentos: exercicios obrigatérios, aqueles que o estudante deve responder e apresentar para avaliagao na plataforma e exercicios complementares, que sdo sugestdes para a continuacao da pesquisa, a serem feitos, 4 medida do seu tempo, como aprofundamento e desenvolvimento de sua performance. As definigdes te6ricas que apresento no texto sto baseadas em diversos autores da drea e também na experiéncia e convivio de mais de vinte anos com as artes plasticas e com o ensino de arte na uni- versidade, mas nem de longe elas sio conclusivas e fechadas. Na verdade sio principios que se moldam a cada realidade. Sob muitos aspectos, elas esto em movimento e em constante reformulago. O {que procuro desenvolver aqui € uma légica sensivel da linguagem visual, através da qual, espero contribuir & compreensao desse fasci- nante mundo do desenho e do discurso visual Em minhas definicoes, procurei ser sempre claro e sintético, sem, contudo, faltar com a complexidade inerente a disciplina. Em lugar de tentar explicar termos vagos no campo da estética, optei por apresentar situacies definidas e concretas, cada um delas com varia- bes que podem ser exploradas continuadamente na vida profissional. A disciplina busca cobrir um miimero relativamente grande de situacées da composicio bidimensional, por isso solicita bastante cexercicio e leitura. Mas esses exercicios tém diferentes graus de difi- culdades e de exigéncia de tempo para serem resolvidos, e cada qual devera adequar essas etapas as suas condigdes diarias de trabalho. ‘TTenho sempre em mente o estudante interessado, o aluno nao ap4- tico aos exercicios, aquele que nao se satisfaz com 0 minimo, mas ‘que deseja, no transcorrer do curso, sair daquele lugar que se parece ‘com uma profissao vaga (a de artista ou professor de arte), para um lugar de convicgdo e de “fé na arte”, como professa o artista mineiro Amilcar de Castro, e isso comega com dedicagio aos estudos. Por isso os exercicios praticos visuais ocupam grande parte do curso, € nao vém sozinhos, colados a eles estdo as leituras, a feitura de textos ce depoimentos dos alunos, diario de bordo, enfim, teoria ¢ pratica, ler/fazer, no necessariamente nesta ordem, sem separagao entre ambos, sem anulacdo de um ou de outro. A disciplina linguagem gréfica compreende 0 estudo de um. més, organizado aqui cm quatro semanas, ¢ com ligdes a razdo de trés horas por dia. Haverd licdes que poderao ser resolvidas em me- nos tempo, outras exigirdio até mais, por isso, os finais de semana servirdo de parada para atualizacio das ligbes atrasadas, recapitu: lagées, visitas a bibliotecas, praticas coletivas. & bom guardar isso, cada licio ¢ acompanhada de varios exercicios, ¢ importante nao dei- xar acumular, sengo seus estudos poderao se perder Primeizo, passo em revista 0 conceito de linguagem, tratando rapidamente das caracteristicas da linguagem verbal em relacao a vi- sual. £ uma conversa preliminar, um esbogo de entendimento do ‘que é linguagem e como este conceito se formula em desenho. Esbo- ¢0, porque se trata de um tema complexo (envolve outras areas, por exemplo, a lingitstica e a semiética), mas que o aluno poder linkar, ivenvndemBativen no futuro, em seus estudos, medida que estudar outras disciplinas. Espero que esta pequena introducio a questao da linguagem o ajude a compreender a complexidade do tema e a ver 0 desenho como um meio de transmitir mensagens e de criaglo artistica e estética. Na seqiiéncia, vém os elementos da linguagem visual: 0 ponto, alinha, 0 plano, a cor. Cada um, como uma licao diaria, busca definir conceitos fundamentais do desenho e aponta exercicios e formas de vélos no cotidiano e no ato de desenhar. Falamos muito de observar 0 mundo, de observar as formas, mas uma coisa fundamental é obser- var 0 proprio deseriho, toda e qualquer linha que tragamos em papel branco, seja rabisco, assinatura ou mesmo escrita jé € coisa grafica, 46 desenho. O desenho mental pertence 2 linguagem verbal, 20 que pode ser falado; no plano grafico, ele s6 existe quando est no papel, quando pode ser visto e também falado. Vamos olhar linhas no pa- pel e observar suas caracteristicas: linhas retas, curvas, quebradas, cic, Algumas podem sugerir rapidez, definisio, seguranca, outras fragilidade, hesitacZo, lentidio, ete. A questo é: 0 que nelas nos faz ver tais caracterfsticas? Tentar responder esta questio ji 6 comegar a significar uma simples linha, um simples trago ou ponto. Se vocé olhar no sumério, verd que, no final da segunda sema- nae inicio da terceira, vamos lidar com o problema das “orientacdes espaciais" e formais, isto é, como “arrumar" e estruturar formas (ou mensagens) no plano visual; os princfpios gerais que regem e di- recionam o espago bidimensional ¢ as implicagdes de localizagio, dimensio, etc. na composigio (seja ela figurativa ou abstrata)e, tam- bém, os elementos de ativacdo e de modulacao do espaco: textura, forma, repeticao, luz e sombra, tridimensionalidade. Na seqiiéncia, veremos como representar o gesto no desenho ou como o gesto se torna assunto do desenho. Trala-se da inscricio da figurasdo e do gesto grifico no desenho: observacio realista, a anotacio, 0 croquis, a qualidade do trago, etc, (carvao, canetas, nan- quim, lapis, etc). Este texto 6, de certa forma, introdutério em nosso curso, mas cle jé envolve atividades. Precisamos nos conhecer para realmente co- ‘mecarmos a trabalhar juntos, pormos 2s mios & obra, por isso vamos as nossas primeiras atividades. Como vocés sabe esta disciplina comp6e-se de material impresso ¢ também de material disponivel na plataforma virtual. Alguns textos serdo disponibilizados nesse manual, outros na plataforma, além da bibliografia a ser consultada. Os exerci- + construcao do perfil do aluno na platform: cios aqui encaminhados estio todos disponiveis e bem explicados no _relato de experiéncia;autoetrato, foto ambiente virtual. Em cada licio, vocé tera a indicagao desses exercicios “Fsercicios visuas priticos eteto e deverd acessa a platform para responds. Por sso, o pass se. Letra de materal de apo: to Femando guinte é responder aos exercicios que seguem abaixo. Até logo! 2 & acesse 0 moodle A Reve pa Arte @ 3 Linguagem visual UNIDADE 02 e linguagem verbal G== de comegar esta unidade convidando-o(a) a refletir co- ‘miigo uma questao que parece simples, mas nao 6. Tkata-se da questo: O que é linguagem? O que é falar, desenar, fazer cinema, fotografar, escrever? Como essas coisas se organizam para trans- mitir pensamentos e até mesmo emocionar as pessoas? A resposta nao é simples, logo, vooé nao vai encontré-la aqui. Mas se conseguir fazé-lo se interessar pelo assunto, j& seré de grande valia, porque esse entendimento esta na base para compreender e dar valor a coi- sas minimas, como um ponto, uma pequena linha, uma cor, coisas (conceitos) fimdamentais da linguagem visual. A disciplina linguagem gréfica propde estudar a constituigo e o funcionamento da linguagem visual, seja os elementos que a cons- titui como linguagem, seja como estes elementos agem para forma- rem um sistema de significacio e para descobrir estratégias de se praticar, discutir e ensinar o desenho. Isso significa estudar as ques- tes da linguagem, ou seja: o que é lingua, o que é comunicarse, 0 que significa construir sinais visuais (escrita, desenho e outros), de forma a imprimirlhes sentido para aqueles que os véem. Veja 0 sig- nificado da palavra linguagem no dicionério Aurélio: 4 Linguagem, tudo quanto serve para expressar idéias, sentimentos, mo- dos de comportamento, etc. Todo sistema de signos que serve de meio de comunicagio entre os individuos e pode ser percebido pelos diversos ‘6rglios dos sentidos. O que leva a distinguir-se uma linguagem visual, uma linguagem auditiva, ura linguagem tétil, etc. ou ainda outras mais comple- x25, constituldas, 20 mesmo tempo de elementos diversos.’ 7) — Vocé vai concordar comigo que nao é definigio ficil de en- tender, “Todo sistema de signo que serve de meio de comunicacio", envolve muita coisa. Nao cabe aqui deslindar o que é signo, nem demonstrar como cle funciona na linguagem. No entanto, apontarci algumas questées para agucar seu interesse neste estudo. Como a ‘Nera2: Nov Dionisio Aut, Rode aro), Neva Front 16 linguagem verbal representa uma coisa, pensamentos, idéias? Como a linguagem visual o faz? Nao estara errado quem apressadamente disser que a linguagem verbal representa qualquer coisa através das palavras e a linguagem visual através da imagem, desenho, fotogra- fia, etc. Mas como uma palavra representa uma coisa, um sentimen- toe da mesma forma, como uma figura representa algo? Como essa logica foi construida e o é ainda hoje? Descobrila é aproximar-se do proprio conceito de pensamento; é descobrir como a sensacZo ou sentimento toma-se pensamento, E a este exercicio que chamamos linguagem, Els traz na raiz mais do que entendemos por comunica- ‘lo, traz o que chamamos de inteligéncia. Falar de representacdo ¢ falar de signo, tarefa complexa ¢ en- cantadora, cujo estudo compete & Lingilistica e 4 Semiética.* O co- nhecimento, mesmo que introdutdrio dessas disciplinas, é necessé- rio e importante a todo discurso de arte e comunicagdo. Para voce cestudar um pouco mais sobre esse assunto, sugiro que procure a Dibliografia especifica perto de vocé, a do curso de letras e communica: ‘Glo ou no fasciculo VI da area de Linguagem, do Curso de Pedagogia EAD da UFES, de autoria do Prof, Jilio Francelino Ferreira Filho. Parece exagero falar assim, mas a linguagem ocupa uma po- sigdo ‘inica na cultura ¢ no sistema de aprendizagem humana. £ através dela que armazenamos e transmitimos informagoes. Ela 6 vefculo de intercdmbio de idéias e o meio pelo qual a mente humana produz conceitos. A linguagem verbal representa por sinais verbais sonoros, codificados em letras, mas ai jé comeca a entrar em cena a linguager visual, que representa através de sinais, figurativos ou no, convencionais ou nao, Os dados da realidade se apresentam para nés em trés niveis distintos: 0 objeto (aquilo que vemos, qualquer coisa do mundo real), a forma pela qual este objeto € representado (verbal - palavra, visual desenho, foto, etc), € finalmente, a impressio que qualquer destas representacoes causam em nossa mente, levando a um interpretan- te e a criagao de conceitos. A linguagem verbal e escrita e a lingua- gem visual tém ambas suas maneiras de representar, constituindo, assim, 0s “sistemas de signos que servem de meio de comunicagdo entre 0s individuos e podem ser percebido pelos diversos Srgdos das sentidas". Nos primérdios da civilizagao, a comunicagdo (as palavras) cram representadas por imagens, (mas se perguntarmos como uma imagem se torna apta a representar algo, veremos operacdo mara- vilhosa). Quando nao foi mais possivel “escrever” com imagens, as ivilizagoes primitivas, aos poucos, foram inventando os simbolos graficos, os alfabetos, a escrita. Todos esses meios obedecem a uma Nowa}: Linge Semiie si 48 dus ree do ices humana que estudaroe gn eos me- carivman da epresensaa ce sires, Etude sesturate do pensiment ars do Signe a constugo cagule que charamosinguager. Sto vas as cities qu se ocipam As ingugers a ingustes, o esttursizmo, asemvdta, pcsloga dente outa Na logue: ‘ca vemne ue lingo € ur produto ech qu a camunidsdeshumansederensiern “orando-se elemerto fundamental da vida eleva” pois ¢ aaves da inguagem que se 32 alts humana. Essa noio € importante para cempreedet o que charms de eleretot {undemertns do dasenho, Pls, como a ingua, 2s aes visas também ten seus eleretas ‘onederadosbiicos¢comles que cramer imagen ementagens visa, nam ela are teas, lusts oy nformatves A Semitea estud sig om todas 2 suas manifests. Crosse made, ene signa comoumreresentame, da agli que etd no ig de igure is, tudo aq gue rpreserta alo para wera men, uo leva 3 un interpreta Dal ferimporante conhece nga 2misic ign, cea, irene ¢ a dees doe ‘pee desgros leans indice, smb}, Lincuacem Grarica estrutura de pensamento, de construgao comunicativa que envolve emissor, receptor, signos, meios, mensagens, meméria, enfim siste- ‘mas que foram se organizando e se complexificando. Nossa lingua, por exemplo, tem 26 caracteres; a combinagao delas forma as milha- res de palavras que falamos. E essas palavras, por sua vez combina das, seguindo certas regras, constroem as frases e os diferentes dis- cursos, os diferentes livros: livros didaticos, tecnicos, poéticos, etc. (tudo isso s6 na lingua portuguesa!). Mas como uma palavra (que € um som) passou a significar um objeto? Como uma linha, um traco vieram a encarnar um obje- to, uma idéia? Em termos lingiisticos, a resposta 6: através da con- vvene%o social. As sociedades humanas convencionaram a chamar certas coisas por certos sons, assim como ensinamos a uma erianga, chamar pelo som “kaza’, construgdes usadas para morar e, ainda mais, dizer-lhe que a escrita correta é "casa", Essa maneira de repre: sentar 6 tio forte que se vocé ouvir a palavra ‘casa’, ela se apresenta para voce vinculada ao objeto que representa, sto 6, moradia. Parece ‘umtia mesma coisa, porém, ‘casa’ é um conceito, 0 objeto so os dife- rentes tipos de construcdes. A unio de uma coisa (0 objeto) & uma sonoridade, que em lingiiistica se chama imagem aciistica e conceito, ou para usar um termo técnico significante e significado, formou o signo lingitistico. Mas as palavras, por sua vez, para se constituirem, sfo formadas de unidades ainda menores que sio as letras, os carac teres. Estes tém sonoridades, mas nao se ligam a nenhum objeto, no significam outra coisa fora dele, isto 6, a letra “M” significa “M”, comoa letra “D” significa “D” eisso é tudo. Este 6 0 seu vazio ea sua potencialidade. Podemos dizer que em sua singeleza, cada letra so zinha nao significa nada, cada uma é ela mesma e, por isso mesmo, no € outra letra, nem outra coisa; somente quando elas se juntam, ‘umas com as outras e, em determinada ordem, 6 que passam a sig- nificar outra coisa. Dessa forma, as palavras, elementos fundamen tzis da lingua, s4o, por sua vez, formadas por unidades menores que ‘io se aglutinando para formar as unidades maiores (as palavras) € estas, se aglutinam (também em determinada ordem), para formar as frases, as oragdes, os discursos, etc. Se vocé marchar para tras, promavendo divisties nos elemen tos da linguagem, descobriré coisas curiosas. Vai sair do lugar de significados e chegar a um ponto aonde a coisa existe, mas no tem significado estabelecido e, ai, vai perceber claramente que, para sig- nificar, essa unidade concreta, obedece a uma estrutura que a per mite se juntar a outras e dessa forma representarem coisas, repre- sentarem o mundo. Na linguagem falada e escrita, todos esses passos t@m nome e sao detalhadamente estudados, resultando na conhecida sintaxe verbal, (8 qual, somos introduzidos no primario: sujeito, ver- bo, predicado, etc. a “andlise sintética”), na linguagem visual, todos esses nomes desaparecem, no entanto, 0 pensamento se desenrola da mesma forma. Varios elementos so aglutinados para formar uma figura, uma forma, para exprimir pensamentos, formando assim 0 que chamamos de artes visuais. Este é caso de uma linha. Preste atengio nisso: uma sim- ples linha tragada no papel, mas que nao representa nenhuma for ‘ma conhecida, nao significa outra coisa senao ela mesma. E uma linha e nada mais. LINGUAGEM VISUAL E LINGUAGEM VERBAL "7 Figur 2: uma gira de poise numa diresso ‘desde ura ina, ms aban noi: Gs leseoetanasded nec pr Figur os: Pontos nas feta 8 mi ire Figura of: Aomians Santos. Deserho, 2003, Téenica: mista Sobre papel Exempla de um desen, ro qual ashes fetas om tm deorinado eateal apenas ‘qualidade. Quas so as earactensces dass thas) Ae reilzaresta deserie, voce descobirg [queso ages acai ever qo, nese ca, 3 Goleadess, 2 etctalo, 22 curse apes 280 9 pritcipal assur de desea; els tem agu uma ‘ualidide de abe. acesse o moodle = Brerccos visuals praticos eto. AVAUAGIO Forum de discussao: 0 que élinguagem? Texto teflexivo na plataforma 18 ‘A jungio de pontos, formas, linhas, texturas ¢ tonalidades, de- pendendo das relagées com o todo, passa a sugerir figuras, idéias e sentimentos. Descobre-se af, no caso da linguagem visual, que se interessar por uma simples linha, mesmo quando ela ndio forma fi- gura, no quer dizer que é vazio, nao € perda de tempo. Digo isso para vocé entender que, chegar a um ponto aonde a linha é ela sim- plesmente, é uma coisa valiosa, e assim, comegar a descobrir 0 que é chegar a ser “si mesmo’, afinal falamos tanto em ser a gente mes- mo, no é verdade? Mas a linguagem visual no tem regras to definidas quan- to a verbal. Talvez por isso € que a autora do conhecido livro “A Sintaxe da linguagem visual”, Donis A. Dondis, reclame, com ra- zo, que dentre “todos os meios de comunicagdo humana, o visual faz pouco uso de normas ¢ preceitos, de uma metodologia definida tanto para expresso, quanto para a compreensdo das mensagens visuais”.. E pergunta porque os profissionais da linguagem visual sio tio esquivos? Infclizmente sua tentativa de resposta ¢ rastcira, cla per- gunta: “Por que herdamos, nas artes visuais, uma devogdo tdcita ao nao intelectualismo?"* A autora observa, com veracidade, que os métodos construtivos de aprendizagem visual so ignorados nos sistemas de educagio, nos quais somente aqueles alunos especial- mente interessados e talentosos conseguem aprender desenho € comunicagio visual. Dessa forma, propde-se a oferecer em seu li- ‘yo, uma sintaxe da linguagem visual. Em vista do que lhe foi apresentado, nao ser4 dificil vocé des- cobrir que a sintaxe visual existe, porém, ela tem suas especificida- des, portanto, nao pode ser pensada como 0 sistema légico da lin- ‘guagem verbal. Sua formulagto é geral e nao se trata de reguli-la pela verbalizacio, mas de produzir entendimentos da composigio, entendimento dos elementos plisticos, quais sejam: ponto, linha, plano, cor, texturas, luz, sombra; ¢ 0 entendimento de que esses elementos conjugados entre si geram formas. E ha uma série de caminhos para se fazer essa conjugacio dos elementos. Nos va- ‘mos estudar aqui alguns, mas eles no sdo regras fixas, so regras de entendimento, principios gerais, que ajudarao voce a criar, a ensinar, enfim, a praticar a comunicagio visual. Como desenhista ¢ professor de arte costumo dizer em meus cursos que demorei ‘muito tempo para gostar de uma linha, uma simples linha passeando ppelo papel. Por isso, desenho, vejo desenhos, penso desenho. As vezes, ‘acontece de encantar-me pelo tracado de algumas lishas, ¢ quando isso ocorre, ninguém me toma esse encantamento, Passemos, a seguir, aos exercicios desta li¢io na plataforma [Nom4: OONDIS, Danis AA sine da lingogen vil Sk Pal: Marin Fonts, 991 61 Lincuacem Gririca UNIDADE 03 Os elementos basicos da linguagem visual Nysree estudar aqui os elementos que constituem a linguagem sual. Tais elementos vocé ja ouviu falar muito deles, mas tale vez nao tenha parado ainda para estudé-los mais demoradamente. E 0 que faremos aqui, e explico-lhe 0 porque: nao basta saber deles para dizer que os conhece e que sabe utilizé-los, é preciso muito mais, € preciso se interessar por eles, ver como eles se desdobram em figuras e formas, sensibilizarse, verdadeiramente pela sua ri- queza de possibilidades. Assim, descobrirse-4 que eles agem. E agir com eles; descobrir que eles carregam informagdes, energia, poesia é se energizar e se expressar com eles; & descobrir que eles s40 a semente de um sistema de significagao e de expressao chamada lin- guagem visual, e, como tal, essa forma de expressao pode ser ensi- nada e aprendida, Penso que é somente com este entendimento que vocé sera um bom artista ou um bom educador de arte educagao. Todo desenho, projeto, pintura ou esbogo é construido a partir de uma lista basica de elementos visuais (nao confundir com mate- rizis ou meios, papel, tinta, argila, etc.), s4o eles: o ponto, a linha, 0 plano, a cor. Vamos estudé-los aqui, cada um deles, separadamente, pelas stias qualidades plisticas em si, sem nenhuma aplicagio dire- ta a qualquer categoria de representacio, isto 6, 0 ponto, a linha, o plano, a cor, como signos auténomos ou como células minimas den- tro do universo visual sem exigir que a linha tepresente um objeto, uma paisagem, etc. Essas possibilidades sao significagdes possiveis que podemos construir com as linhas, pontos € cores. A questo é trabalhar estes elementos em si, de forma priméria, e, assim, ver a extraordindria poténcia deles, sentislos nas mios para desenvolver trabalhos visuais e também para ensind-los. Refiro-me a estudar cada um deles separadamente, mas isso 86 € possivel no sentido pedagégico, porque, na verdade, eles apre- sentam em conjunto e sto interatuantes; eles s6 existem e ganham sentido na relagao um com 0 outro.> O fato de nos concentrarmos em um elemento e depois noutro é uma estratégia, mas que se revela também um método excelente para explorar o potencial de cada ele- "Nora: Experiments da Catal mostra que uma abordagam e compreensio de todos os site tneseigem que se econhea que o sistema ¢ un todo ford por pres ietconecads ‘poder sor oadaeewstas coma intaamente independents depois unde no todo {(OONDIS. 199.95 20 ‘mento, pois aguca nossa percepeo acerca das coisas; especialmente coisas minimas, que, inicialmente, nos apresentam sem nenhum significado a pridri. Uma linha é uma linha e no outra coisa e, a sua manipulagao, tendo em vista um efeito expressivo intencional, esté nas maos do estudante, do artista, enfim, do profissional da area. que ele ou ela resolver fazer com esta linha é sua escolha, sua arte, seu oficio. Tal clareza serve para ver que os elementos visuais mais simples podem ser usados com grande complexidade de intengio, por isso, seu estudo exige cuidado, disponibilidade, sensibilidade. Caso contrario, voc# corre facilmente 0 risco de se perder na supers- Gialidade e dizer coisas do género: “isso é s6 rabisco”, “qualquer um pode fazer isso”, ou “até uma crianga faz”. De cara, 0 problema se instala: nao ¢ o fazer que gera o enigma, mas ver, “ver profundamen- te como um artista ve", com interesse, com sensibilidade. Voce é capaz de ver uma linha, um ponto com interesse? Experimente isso. ‘Veja desenhos e realize os seus préprios e depois responda a esta pergunta. Pode ser que isso leve bastante tempo, mas, se as vezes Ihe acontecer de se encantar pelo tracado de algumas linkas, ninguéns The tomard esse encantamento. ‘A semiética, a lingifstica, a psicologia da educacio ¢ outras ciéncias estao ai para mostrar que os elementos minimos tém uma concretude e uma energia que so a eminéncia de uma revelacio. ‘Ao se aproximar deles, vocé verifica uma espécie de vazio, um pon- to no qual certas coisas parecem comecar, uma espécie de nada, de ponto além do qual vocé nao pode ir, s6 vir. Ai voce é levado a se perguntar: 0 que comega e existir aqui? Ah, quando vocé se der conta dessa grandeza, ver que se aproximou de um estado de origem, de algo indizivel, de algo que nos escapa e que se conecta diretamente com 0 ato de criar e com todas as coisas do universo. E isso que diz Femando Pessoa ao escrever: “eu ndo sou nada, Nunca serei nada. Nao posso querer ser nada. A parte isso, trago em mim todos os so- rihos do universo" A linha, 0 ponto, a cor em si, so elementos aparentemente simples mas se nos aproximarmos deles verdadeiramente, estabe- leceremos questdes de estrutura, de criagZo, de origem e, tudo isso, tem a ver com o nosso assunto: a linguagem. Se vocé os conquistar, poder dizer que tem em mios poderosos étomos de criagio e de ‘comunicagao. Vocé veré que linhas, planos e cores tém intensidade, caracteristicas especificas e milhares de combinagSes qualitativas. Vera que uma simples linha riscada sobre um papel tem certa es- ‘pessura, est em um determinado lugar, foi feita com determinado instrumento, etc. e, isso em si, j traz implicagbes de sentido, da mesma forma que o lugar, a hora, 0 contexto em que viu tal coisa pode também implicar sentido. Em nossa cultura escolar, depois de termos usado tanto a linha para escrever, circunscrever, assinar, etc., pensamos nela como elemento para representar outra coisa (uma vaca, uma drvore, etc), ‘© convite agora é conviver com ela, é trabalhé-la (diferente de usi- Ja para um determinado fim); 6 descobrir sua poténcia visual como forma e para a criaglo de formas. Verifica-se ento que trabalhar a [Nous 6; FERNANDO, eran, A Tabac In: Femonds Poa, Pos de vos de Compo. Sto Pal: Lincuacem GRArica pee NS Oe > A me sesecccesse A A eT d @eecccccvccce Figur os: Evempl delinnas eporias. ejcome anh acu epresetadas so cement exerlo cies messes. Oa has ete aps a pine ‘canoe, 0 dererey, tm um corp e qualidade rents Cache de hn expestadteriaga quale us em a er om ox mates omacoe a [nang com que foi ft Anes de epreertar qushquc cee, ualue pede imagen ou Rr em qutddes que abe lamers designate ene linha nao é ficil. (Esta percepgio interessa neste curso, porque des- congela, descristaliza o saber. O que parece velho ganha um aspecto novo ou a possibilidade de surpreender). Por um instante, vocé pode voltar 3 inf’ncia, na qual o exercfcio do desenho tem um sentido de descoberta, de vitalidade, de alegria e de vivéncia do tempo. L4, na infancia, desenhar e viver ¢ um todo: a linha aparece, vocé divide espagos, desenha com liberdade, pesa a mao em alguns momentos, trabalha proporcio e As vezes se esquece dela, revela o brago, 0 risco, © carvao, o giz, 0 chio, a parede ou o papel no qual esté sendo execu- tada. A linha € a¢ao. Com isso, vocé pode observar que uma linha pode ter veloci- dade, leveza, peso, beleza. Consegue ver isso? Se sim ou se no, va exercitando seu desenho, seu trago, va dando linha e ela crescerd em voce, como uma amiga a quem vocé deposita afeto e pede 0 nigo sobre coisas da vida e ela lhe responder no papel; e vocé vera informacdes, graca, afeto, onde nem todos vee. Vocé veri que ela tem um sentido em si. E assim estard mais aberto para descobrir 0 belo em um simples ponto ou em uma mancha qualquer ou em de- terminadas cores existentes em lugares aparentemente sem beleza. E ai verd esse encantamento do qual estou falando. Mas isso no é uma formula, tudo o que eu digo acima nfo dé nenhuma garan- tia de que vocé vai se entusiasmar da mesma maneira com estou lhe escrevendo agora, ou se interessar como eu ¢ tantos artistas, por essas questdes; isso so principios artisticos e estéticos que podem ser acessados (desenvolvidos) de acordo com sta sensibilidade, com sua paciéncia, com seu investimento no espaco e no tempo. £ como aprender uma nova lingua. Sé quem aprendeu sabe o esforco e de- dicagio exigidos e sabe como ¢ maravilhoso se expressar com ela ¢ conviver com os meandros do seu funcionamento. Aprender signi- fica mudar de habito, isto trazer para si, conscientemente novos habitos que Ihe interessam (e de que necesita), e isso é um trabalho do corpo todo, é pensamento, é vontade. Desenlhamos ¢ aprende- mos a desenhar para exercitar e desenvolver esse estado de esptrito. Na seqiiéncia, passamos aos exercicios complementares desta ligio, que sfo, como vocé verd detalhadamente na plataforma, desenhar algo, ou melhor, uma situagio em siléncio e descrever os pensamen- tos que vierem a sua mente. £ um exercicio que muitos alunos es- tranham, no primeiro momento e, que por isso mesmo, precisa ser feito com aten¢ao, sensibilidade ¢ cuidado. Trata-se, na falta de um acesse a plataforma para cont titulo melhor, da experiéncia de desenho associativo - O CHAO. ERR a0 ee acesse 0 moodle Os Exewentos BAstcos DA LINGUAGEM VISUAL @ 21 UNIDADE 04 O ponto 46 Estamos diante de um papel em branco. Esse fato provoca Provoca porque é um infinito de siléncio © equillbrio, Mas que no foi conquistado por mim Existe sem a minha participaczo bd Fntao tocar aquele papel em branca Com um lapis, um pincel, ue confete e sem medo é 0 primeiro paso Fazer um ponto nessa superficie E comecar a pensar 0 espaco. yy Amilcar de Castro ‘este capftulo, vamos estudar o primeiro dos elementos do dese: ho: o ponto. Assim como uma letra, por exemplo, a letra ‘t a menor unidade do alfabeto portugués, © ponto € 0 menor elemento da linguagem visual, a unidade mais simples. 0 passo seguinte jé seria a linha, a forma etc. que nascem a partir do movimento de um ponto. Vocé viu que uma seqiiéncia de pontos (fig. 02), numa dire- 0, jf dé idéia de linha. Todos os trabalhos visuais, todas as formas contém pontos, so feitas com pontos. Olhe uma fotografia, uma linha a grafite com lupa, um outdoor de perto, ou mesmo a propria pele e vera que todas essas imagens sao cheias de pontos. £ esta si- Figura 6 Expl de figura consid com pores impresos. Eetrldo do vo Sint de ingugeon vital de Dons A. Doras 54d efeerciade, 24 tuago que mostrarei a vocé neste t6pico: a poténcia do ponto, pois a partir desse minimo vocé partiré para o maximo. Seguindo os passos do professor Wucius Wong? , em seu livro © desenho bi e tridimensional, vou lhe explicar 0 ponto em suas duas vias; uma como elemento conceftual e a outra como elemento visfvel. No primeiro caso, o ponto apenas indica uma posicio, um lu- gar, ndo tem tamanho nem largura, é conceitual, como o ponto que alguém assinala em uma conversa ou o lugar onde duas linhas se encontram. No segundo caso, como elemento visivel, qualquer pon- to feito a mo, A maquina, ou mesmo os graos de areia numa praia, ‘ou um barco visto a distincia, Quando voeé se aproxima de qualquer um desses quadros, veré outros pontos, os graos da areia tém tonali- dades, angulos, fissuras e se vocé colocar num microscépio veri ou- tros pontos. O barco também mostraré intimeros pontos para o que antes era somente uma pequena mancha, Assim o ponto define-se como uma forma reconhecida como pequena em relacio ao plano. Ele s6 é ponto porque o plano é maior, se ele crescer, e virmos ou- tros pontos dentro dele (como no caso de olhar no microscépio), ele passaré a ser plano.‘ Portanto, a pequenez do ponto é relativa porque “uma forma pode parecer bastante grande quando esté contida dentro de espago pequeno, todavia esta mesma forma pode parecer pequena se colocada dentro de um espaco muito maior.”? ‘A forma mais comum de um ponto é a de um pequeno circu- lo, mas 0 ponto pode ser também uma pequena mancha, um peque- no sinal grifico, pode ser quadrado, triangular ou irregular, desde que seja comparativamente pequeno em relacio ao plano e sua forma seja simples. Uma boa percepcao do ponto é, como escreve o artista mi- neiro, Amilcar de Castro, se colocar diante de um papel em branco ever 0 que este fato provoca. O espaco em branco “é um infinito de siléncio ¢ equiltbrio”, escreve ele, tocar este papel com um instrumen- to, um lipis, um pincel, fazer um ponto nesta superficie 6 comecar a pensar o espaco. Para o estudante iniciante falar assim do ponto e dar-lhe esta importincia pode parecer exagero ou “viagem’, como chegam a dizer, mas esta é a tarefa, trazer para o campo da signifi- cago 0 que parece fora, ver as coisas em suta formagdo antes que 0 termo significado o cristalize. Amflcar Castro costumava dizer que “pode parecer um brinquedo tolo e intitil, mas ndo devemos esquecer que um novo caminko sempre se inicia pelo mais simples.” Veja, na ilustragio abaixo, como um simples ponto em um espago indica uma posiglo, em relaco aos outros pontos e a0 papel em branco. Nora7: Wong, cls, Fandamentoe dl eno b-y dimensional Srcelons Gusto Gil 1985 Nowa: doe sesute com ersa ida de um ovaato plus ver otto assim to cline plo Contr, esa €sua iquza pos estamos idan com lige uracolsa amo a3d0 tm lagi com oun. importa orgue sem e380 relate poderos flr dla lopovea nse wise Nora%e em 9. Nota 1: As efetoiasw Amicar de Casto chadas gu foram extaides de u onto", de autora dee, dtu em sla de ul, a Excla de 8 Feet e Mies Geis 993, wc poems sobre “e eee de Universidade LINGUAGEM GRAFICA ‘Veja agora como varios pontos dispostos sem sequiéncia suge- rem outras possibilidades. ecccccces o 6 see. oe es 6, Pontos alocados juntos em um espago podem mostrar aglutina- Ho, textura ou formas complexas de relagdo. Observe esses exemplos e faga seus proprios exercicios ou brincadeiras com pontos. Tape? 29 ‘Trés on quatro pontos situados em determi- nadas direcdes podem criar formas diversas: culo, figura, forma desconhecida ou mesmo um. tringulo. Como podemos ver abaixo: Alguns pintores impressionistas trabalha- ram visivelmente 0 ponto com cores e pinceladas ritmadas, construindo, assim, figuras e paisagens derara beleza. Eo caso dos artistas Georges Seurat Paul Signac. Oolho vé de forma global, por isso os pontos colocados no plano, como nos exemplos anterio- res, diferentemente do universo verbal, no qual as palavras s6 podem ser lidas uma depois da outra no sio vistos em separados, mas na totalidade, Essa caracteristica da visto permite a fusdo visual e a construgio de imagens, sejam elas figurativas ou abstratas. O artista francés Georges Seurat (1859 -1891), explorou a fusto visual na pintura, criando ‘um estilo que ficou conhecido como pontilhismo. Sao imagens pict6ricas criadas, aplicando as cores como pontos, ou seja, pinceladas pequenas uma préxima da outra, deixando a imagem final do quadro a ser organizada pelo olho do espectador. Hoje em dia, esse procedimento é muito conheci- do, porque as ampliagdes de imagens trouxeram ‘95 pontos para o corpo das imagens. Podemos ver isso, por exemplo, em fotografias, fotocépias e, 7 , ? ? Figura 7 GroscesStunat Moco Senta de Perl 187 256 em Nesta pure mhaes de ponte clo, tos com pneiedes cars, combine rama vated de mates, rmando um corutocoetete€ ees, quando So T desc Sere lerra ree patria, en dt dn pene thet de ptr oven epca Ponisi OPonro m 25 uma imagem em um programa de computador para encontrarmos “Leitura do texto de Fernando Augusto dos no seu cerne o ponto, o pixel. Uma di Santos Neto ‘A precariedade € a transitorie- forma/ponto foi realizada com g1 dade do desenho. ~Bxerclens pd mais recentes articulagdes da inde efeito estético pelo artista bra- sileiro Vik Muniz em sua série de grandes fotografias, construidas a zee partir de recortes coloridos de papel, seguindo os modos do pixel. 26m Lincuacem Guirica A linha (6 As coisas trazem 0 sentido do Suas formas t#m o perfil do necessério. (4 As linhas existem, apenas como limite das coisas. Um recorte. Existem porque as coisas acaba Logo, a linha é uma invencdo. yy Ne capitulo, vamos estudar 0 segundo elemento das artes vi- suais, a linha. Seguindo ainda o exemplo da forma como ex- pliquei ponto, chamo a sua atengao para que a linha seja entendida em duas vias, uma como elemento conceitual, outra como elemento vistvel. No primeiro caso, a linha nao é visivel, é um pensamento, um direcionamento do olho humano e, como tal, nao existe de fato. Por exemplo, quando vocé diz ver uma linha no canto de uma pa- rede ou no contorno de um objeto, nao existe linha ali, o que existe so os limites do objeto em relagao ao espaco do entorno. Trata-se de representacao, so conceituais. Em termos visuais a linha ¢ tudo aquilo que é feito com um lépis, com uma caneta ou com um pincel, deixando um rastro numa superficie. Por isso se diz que a linha é 0 movimento do ponto, que, ao sair do lugar, traga em um percurso. Fla registra, portanto, uma trajetéria, um movimento. Tem posi¢ao, direcio, comeco e fim. E dotada de um corpo longo, delgado, fino, grosso, segundo o pulso ou o material que a faz. A linha, onde quer que seja utilizada, é um meio de apresen- tar formas do mundo real ou imaginario pelo contorno, dividindo © espaco em dentro e fora ou dos dois lados. © homem a criou e nunca mais se apartou dela. Usada para assinalar, dividir, circuns- crever espacos e coisas ou registrar uma ag2o ela pode ser ponti- Ihada, geométrica, flexivel, gestual, dura, fluida, etc. Tais qualidades fazem vera linha como um objeto capaz de representar signos como velocidade, dureza, energia, fragilidade, etc. J& apontei antes, mas vale repetir que uma linha feita a pincel difere da feita com outros, instrumentos como bico-de-pena, ponta-seca, ou lapis. Alias, mes- mo linha a lapis, feita com grafite numero 6B, difere de uma feita UNIDADE 05 ile 56 por isso existem Amilear de Castro Figura og: juan Mis6 lnc eo sabre tela, 7.4K 244 con Coles Priads, Paris 1988 Nese quae, vere core 9 pntrexpacal bcs com onto, cen, crando uma coretnage alegre 6 ‘ jparca coma cores primis eum desenho de has Sar grata eleva impress, O plano hegamos ao terceiro elemento visual, que nomeamos de “o plano’, Conforme assinalei ao tratar os elementos ponto e linha, o pla- no, primeiramente, é umn elemento conceitual. Podemos falar tanto de um plano visual como de um plano de aula ou de plano de go- vyerno, Plasticamente, plano é, portanto, uma demarcacao de espago para uma determinada agio. Vocé pode chamar uma folha branca de plano, como também pode chamar assim o tampo de uma mesa, uma parede, a extensio da areia na praia ou mesmo a extensdo do céu. O que conta na compreensio do termo plano é o entendimen- to de um espaco no qual e com o qual se realizam formas visuais. ‘Vamos entendé-lo aqui a partir da linha de contorno. Desta feita, 0 plano passa a existir a partir do tragado de uma linha, delimitando a forma, por exemplo, um retingulo, Qualquer forma delimitada pode se converter em plano. Conforme escreve Wong “um plano tem altura, largura, mas nio tem profundidade, Tem posigdo e direeao. Esta limitado por linhas. Define os limites extremos de wm volume”.!? Em outras palavras: 0 plano é um espaco bidimensional sobre o qual desenhamos, escrevemos, etc. Sendo ele bidimensional (vertical e horizontal), todo desenho que se fizer nele ser expresso em linhas Tetas ¢ curvas, obedecendo a este quadro dimensional: vertical, dia- gonal, horizontal. A profundidade é uma impress: da no jogo das formas. Mas é preciso entender que o plano nao é simplesmente um espaco vazio, 6, antes de tudo, um espaco dinamico impregnado de tensGes e de possibilidades para criagdo e desenvolvimento de for mas. No seu interior, existem coordenadas importantissimas que podem ser vistas com rapidez, mas nem por isso sdo simples de compreender. Veja um plano qualquer, uma folha de papel regular, jo visual a ser cria- Paes nace UNIDADE 06 Figs: Emerplde pencil eos com Si ura e ss Cantina neta rte es ops th papal Nora 12 Weve Wong op. ct 9.1 Figura: Raidamerte, chr ua fa cu uma pede eum csa, vet pede nit nde eo mee Dads as mage, ho poder exper eri lane. 30 com suas margens retilineas, verticais ¢ horizontais. Tal plano é, em principio, visto como um espaco estavel, diriamos, calmo, equilibra- do, nivelado. Mas observe bem: isso depende das margens, se elas forem rasgadas, esgarcadas, desniveladas esta estabilidade se desfaz. ‘A margem participa ativamente do espaco do plano. Mas, por ora, deixo a questo das margens para depois, voltemos ao exemplo da folha branca de papel, ou, se quiser, olhe uma parede branca. Ambas as formas, ao serem vistas, impoem um eixo estrutural instantineo, composto pelas verticais — horizontais, uma 'sensaca¢ de linhas dia- gonais que cruzam o centro em °X’. Essas diagonais ndio so visfveis, mas estio lé, 0 olho liga um Angulo a outro, por isso ¢ que podemos localizar 0 centro com rapidez, sendo nao terfamos pardmetro. Observe um quadro em uma parede: sem medir, vocé sabe se esta inclinado ou ndo. Esta sensago do espaco & que leva voce a de- Cidir em que lugar pendurar um quadro, ou colocar um sofa numa sala ou, em se falando de livro, por exemplo, pensar o espaco de uma capa de livro. O aluno ¢ o professor precisam se conscientizar do valor dessas duas linhas mestras para saber extrair delas relacoes praticas, estéticas e metafisicas. Elas definem 0 que chamamos: bi- dimensional. Numa sala de aula, pode-se até fazer uma experiéncia de olhar para uma parede e tentar descobrir onde fica 0 meio dela, depois pode se perguntar aos alunos como é que cada um pode in- tuir isso t2o acertadamente. Pode-se também pedir aos participantes para se colocarem a frente da parede (individualmente ou em grupo, aparentemente para lerem um texto para sala) ¢ prestarem atenclo em que lugar eles escolheriam para se posicionarem. Ou ao pedir para eles afixarem um cartaz, onde o colocariam? Ou fazerem um cartaz com uma frase ou palavras, onde a colocariam? De que tama- nho? E as margens? E assim por diante. Estas e outras experiéncias sto experiéncias de espago. Por af o altuno pode compreender o sig- nificado do plano, 0 que vem a ser espaco e a vivenciar espaco: essa coisa misteriosa que est no quarto, na sala, no banheiro, em todo pais, no cosmo, mas que, no entanto, parece vazio. E importante saber ver as linhas estruturais vertical, horizon- tal e diagonal e, também, saber relacioné-las com certos princfpios visiveis do mundo real, como, por exemplo, um homem em pé, (ver- tical), deitado (horizontal) e com prinefpios mais abstratos como: a relacio homem/céu (direcionamento vertical), uma paisagem, ou homens trabalhando no campo ou o mapeamento de uma viagem (direcionamento horizontal). Veja alguns exemplos de compreensio de plano nas ilustragdes a seg LINGUAGEM GRAFICA Figura: € import saber vere inhasextutraishorizon vertaledlaganal etm sabe elon es om cats pine trea igara Seta torsontal dia Se dessano, exabldads,cotnuidade uma mulher ep, (eal ligase ‘cetera uralinha agonal, momento, deseqlivi, te A figura da mulher em pé mostra verticalidade. Visualmente isto é simples, mas em pé, de pé significa muitas coisas em nossa cultura. Se trabalharmos esses possiveis significados em uma sala de aula, veremos como numa boa discussio do tema podem surgir muitas falas interessantes. A Torre Eifel deitada mostra horizontali dade ¢ 0 desconforto de uma coisa que se espera ver em pé. O ho- mem correndo, mostra a dindmica da diagonal. Se, numa sala de aula, olharmos um mapa de uma cidade antiga, medieval, por exem plo, e uma cidade moderna, veremos que suas ruas e quarteirdes tém uma geometria totalmente diferente. Que principio determinou essas construgdes no tempo? Pergunto a voce, se fosse fazer 0 de- senho de uma casa, usaria diagonais? Se fosse desenhar 0 formato de um livro fugiria da forma retangular ou quadrada? Certamente constitui-se objeto de grande pertinéncia deter-se nesses conceitos € exercité-los de forma pritica e bem direcionada, o resultado seré um bom entendimento desses eixos (vertical / horizontal) e a descoberta de como eles regulam a nossa percepcao visual e de como estamos inserido neles, conforme escreve Dondis: Bs XX a) Do eee aes es areca Figura 14: Avican o¢ CastRo,Deseno, Loge, 79 rope Colao Ofna 1990 {bo ast mince, uncon fata come forms quanto amo plano Anes de figura undo tornamse dbl. A mais importante influéncia, tanto psicoldgica como fisica sobre a percepcto humana ¢ a necessidade que o homem tem de equllibrio, de ter 08 pés firmemente plantados no solo e saber que vai permanecer ereto em qualquer rcunstancia, em qualquer atitude, com um certo grau de certeza [4] Assim, © constructo horizonta-vertical constitui a relagao basica do ho- rem com seu melo ambiente."* yy Nota 1: DONIS, A Onn Sintn dl Inguege us. Sto Paulo: Martins Fontes, 891, p32. acesse 0 moodle = Letura de material de apoio Bibliografa: Faye Ostrower.Universos da Arte. cap. 7, superficie = Exerccios priticos visuas. O Prawo om 3 A cor este capitulo, estudaremos o tltimo elemento basico da lingua- gem visual, a cor. Trata-se do elemento mais complexo desta lin- guagem, tanto que alguns autores a colocam entre os elementos fuun- damentais, outros; nao, e tratam-na como uma disciplina especial. Seu papel nas artes visuais 6 tio grande que existe uma disciplina dedicada exclusivamentea ela. Aqui a tratarei de forma introdutéria, assinalando © seu papel como elemento visual no quadro que estabeleci para esta disciplina. Vocé devera buscar aprofindamento sobre 0 assunto na dis- plina “cor” propriamente dita. ‘A cor tem afinidade com as emocbes. Ela est impregnada de informacdes que passam, de forma penetrante, pela experiéncia vi- sual e cultural de todos nés. Fla nao tem existéncia palpavel. Depen- dendo da luz, os objetos mudam de cor, pois ela nao pertence aos objetos, apenas passa por eles, dependendo da luz e da capacidade quimica dos mesmos de receber e tefratar a luz. Vemos a cor porque somos sensiveis aos seus efeitos na luz solar, conforme bem explica Israel Pedrosa: UNIDADE 07 GA 257 ciostemeetiatociapmaierilge sce maseiserko prodicideipir certas organizages nervosas sob a agio da luz ~ mais precisamente, sensagdo provocada pela agdo da luz sobre o érgio da visio, Seu apareci- ‘mento esta condicionado, portanto, a existéncia de dois elementos: a luz objeto fisico, agindo como estimulo) e © olho (aparelho receptor, funcio: nando como decifrador do fluxo luminoso, decompondo-o ou alterando-o através da funcao seletora da retina). yy Insisti para colocar este pequeno capitulo cor na disciplina Linguagem Grifica porque compete saber desde jé que a cor cons- titui uma fonte de valor inestimavel para a comunicagio visual. ‘Nota 4: Um bom comago de etido da cor ¢ lero capo Cor do ero Uneroe Ate de Fags (rtrner Bj Edsora Comps 1983 p234238 Nova: PEDROSA, lara, Ds Cord Cr Ieee Lo Cristiana Edt LTDA, costo, Editors UNE, nt, p17 Donis A. Dondis nos informa sobre isso: No meio ambiente compartilhamos os significados associativos da cor das drvores, da relva, do céu, ¢ de um niimero infnito de coisas nas quais vvemos as cores como estimulo comum a todos. E a tude associamos um significado, Também conhecemos a cor em termo de uma vasta categoria de significados simbdlicos, 0 vermelho, por exemplo, significa algo, mes- ‘mo quando nao tem nenhuma ligacdo com o ambiente. © vermelho que associamos 2 raiva passou também para a bandeira ou capa vermelha que se agita diante do touro. O vermelho pouco significa para 0 toure, que nao tem sensibilidade para cor e s6 sensivel ao movimento da bandeira ou capa. Vermelho significa perigo, amor, calor e vida, e talvez mais uma cen: tena de coisas, cada uma das cores tem indimeros significados associativos e simbélicos."[..] Existem muitas teorias da cor. A cor, tanto da luz quanto do pigmento, tem umn comportamento unico, mas nosso conhecimento da cor na arte e na comunicagzo visual vai além da coleta de observactes de nossas reacoes a ela ll yp A cor oferece um grande vocabulério visual. De um lado, cer- tos valores j se encontram estabelecidos pela nossa cultura, como vvimos na citagZo acima, por outro, seu significado maior reside na experiéncia pessoal como vivéncia do fenémeno, isto é, olhar a cor, observar a cor, prestar ateng3o em suas diversas relagbes, fazer es- colhas, usar a cor, trabalhé-la, experimentar sensacdes, deixar a cor “falar”, imprimir sensagbes. Nao € tarefa facil estabelecer significados para cor. Dizer que 0 vermelho significa guerra, violéncia, e 0 branco paz, s20 informacdes, superficiais e costumeiras sem nenhuma experimentacao da propria cor. E como dizer que a bandeira ou a capa vermelha que se agita diante do touro o irrita, como se o vermelho significasse para ele vio- Iencia e nao os diversos movimentos que o toureito faz diante dele. Podemos niio saber muito dos possiveis significados para a cor, mas sua experiéncia é fundamental para o ser humano, afinal ela esta afinada com as emog6es; por isso vamos experienciar as cores sem. nos basearmos em significados a priéri. Vamos descobrir cores, dei xar que elas existam e se manifestem no papel, 20s nossos olhos, em. nossas roupas. O grande pintor Pierre Bonnard dizia que as cores tém suas préprias leis, mas compreender um pouquinho o alcance da assertiva do genial artista francés leva muito tempo. Nos exercicios a seguir e nas leituras solicitadas, no vamos falar de teorias da cor, mas pensar (e propor) exercicios de experimentaco com cor. Importante é entender que com poucas cores, as cores bisicas ou cores primérias, é possivel estabelecer relagdes cromiticas diferentes e infinitas. Artista plistica e educadora brasileira, Fayga Ostrower,”” co- menta, que em um dos seus cursos, um operirio contow-lhe que es- ‘tava ampliando a propria casa, que resolvera ladrilhar a cozinha. Nas -paredes, ele pretendia colocar ladrilhos bege e azul, mas estava em Nowa 16: DONIS,A. Doni. A Sine de nguogem viel S30 Palo: Martins Fertes, 931 9.6445, diivida, entZo trouxe a questio para aaula e perguntouo que ela acha- va, se ela jd tinha visto antes este tipo de combinagio, se era uma boa combina¢ao. Ela respondewhe que, em se tratando de cor, era dificil juilgar s6 de imaginacio e propés discutir em sala a questo através de exemplos visuais, combinando recorte de papéis coloridos (de cer €2 1515 cm. cada), colocando-os, um ao lado do outro, tipo ladrilho. Nao demorou muito para os estudantes perceberem que aquele jogo com as cores era também feito nas obras de arte, na pintura ¢ na arquitetura e que o exercicio de percepgio das cores depende das re- lacdes que delas se faz, seja na pintura de uma tela, seja nas paredes de uma casa. E este jogo de relacdes, de combinacdes das cores que conta para a cor significar, ser trabalhada como linguagem. No ambito da nossa disciplina, observe como o artista trabalha de forma clara as cores puras (vermelho, amarelo, azul, 0 branco e ‘© negro). las so simplesmente cores em seu valor plistico; no representam paisagem, nem qualquer figura do mundo real. Para conseguir esta énfase ele deixa os espacos brancos, vazios. Assim, as cores s40 mais valorizadas, mesmo porque localizadas nos cantos elas acendem o desejo de aparecerem mais. As linhas horizontais e verticais sio preciosas para este artista ¢ para todos nés, pois essas duas diregSes, como vimos no texto, tém lugares bastante significa- tivos em nossa percepcio. A estrutura vertical-horizontal é quebra- da pelas diagonais das margens do quadro pendurado pelo vértice. Dentro do quadrado, as linhas nunca passam pelo centro, mas esta- belecem uma proporgio de areas, um retangulo esta para um qua- drado, assim como 0 quadrado esté para o retangulo, Da mesma for- ‘ma, 0 vazio, 0 cheio e as cores. Nao precisamos de muita teoria para perceber que olhar este quadro é ver um pensamento, Em nossas ligdes, os constantes exercicios de refletir e de descrever os proces sos de feitura buscam criar em vocé um certo hébito de pensar junto 20 trabalho pléstico para, assim, levé-lo a construir suas reflexdes no seio de sua experiéncia. Existe muita literatura sobre cor, leia-al Faga os exercicios que explicitam as cores primérias, secundarias, terciarias e complemen- tares! Aprenda como misturar certas cores para chegar a outras, a trabalhar as tonalidades, mas, sobretudo, experimente cor, colocan- do-a uma ao lado da outra e admirando seus efeitos. Esta experiéncia The dard com certo tempo o senso estético da cor. Nowa1?: OSTROWER, ays: Univers do Ate Ri de Jnr: Etre Campus, 985, 6.236535 Figura Puer Monoran. Corpes¢f em lost gp Clas robretem sy em om agora ‘rie, Rismuseur Kole Miler, 119, Nesta irs © anaes una senso de inetal fade, pranco 0 quadro deforma ave seus co: tomes quer a diagonal mas, en, conus ‘rabalhnd com of Sos pine plesSndarerie {ue le egeu er su bras inhas vertical he aonal Edel deste pensamena, conirou resins equadeador, srl e vane, com co resclarestoaldades de cnas acesse o moodle “Leitura de material de apoio. Bibliografa: Fayga Ostrower. Universos da arte. cap. 10 , Cor = Srercicios préticas visuals. Forum de discussio sobre os conceitos de beleza e de fei. ‘~Aptesentacdo dos trabalhos na plataforma, ACon m 35 UNIDADE 08 Orientag6es espaciais ‘este capitulo, vamos comecar um outro assunto da nossa discipli na. Como o titulo diz, vamos tratar das relagdes dos elementos stais e das formas no espaco para a comunicacao e expressao de idéias. Se vocé chegou até esta parte do curso é porque jé fez os exercicios an- teriores e esti preparado, de alguma forma, para colocar em acio estas ‘unidades que vimos nas paginas anteriores. Devo dizer que isso é ne- cessério para o bom andamento do aprendizado. Como todo estudo, 0 desenho e a linguagem visual exigem empenho, disciplina, enfim, uma metodologia. Essas coisas podem nao ser lineares, mas, nem por isso, tratam-se de coisas menos exi- gentes. Esse é problema de muita gente que estuda arte: achar que a criatividade resolve tudo e que nao precisa se dedicar aos estudos tanto quanto um engenheiro aos seus. Esta é a visdo menos criativa de todas. Criar é investir, é se interessar, é procurar nao se enga- nar com respostas verdadeiras e ter a coragem de enfrenti-las, de se arriscar. Arte é um curso que exige toda aten¢do e pede para si toda dedicacio. Isso feito, ela se entrega, se mostra décil. Parece brincadeira e as pessoas chegam até a dizer que aprenderam sem estudar, sozinhas. Mas a verdade é que existe por tras disso, horas de dedicagao, de exercicios feitos nas entrelinhas, 20 sabor das ho- ras, aproveitando todas as oportunidades para ver, pensar formas, descobrir formas, etc. Chamo metodologia visual, naoa uma order rigida de exercicios, mas 2 todo ato de intenso desenhar ou pintar (com diferentes materiais a mio), seja com papel, madeira, lépis, tintas, fotografia, visitas a exposicdes, observaso de obras, leituras, participacio em eventos artisticos, discussdes com colegas, enfim, 0 necessirio esforco para nao cair nos convites faceis, televisivos, eva- sivos, etc., coragem para enfrentar a dor de fazer sentido. Tudo isso, exercitado com freqiiéncia, com intensidade e fora no brago, como disse Peirce, filésofo americano que se faz ciéncia com dedica¢ao, “com forga no brago”. Da mesma forma se faz a arte. Cada artista ou comunicador visual sabe que gastou muitos cadernos de desenho, € passou muitas horas desenhando, mesmo os autodidatas, para che- gar As formas que conquistaram porque, vale dizer, nenhum talento sobrevive se no for alimentado. Até aqui, mostrei-Jhe elementos visuais de forma separada, cada um com suas possibilidades. Agora, vocé aprender a colocar 38 esses elementos em aco, verificar como eles se agrupam para cons- trufrem mensagens ou causarem determinadas impressdes de in- teresse, de beleza, de equilibrio, etc. Vai estudar alguns temas ou principios de composigao formal e procurar ficar atento para desco- brir outras possibilidades, porque os principios que anuncio abaixo so somente alguns exemplos, selecionados entre muitos, a fim de abrir o campo de exploragio para vocé trilhar seu caminho. £ por esta razo que solicito tantos exercicios a cada lilo, para aticar a sua percepeo, o seu olho, a sua técnica, a sua criatividade para a comu- nicagio visual e para a expressio artistica e, conseqiientemente, para o ensino da arte e da educacao artistica. Compreendendo e trabalhando o plano: nivelamento e agucamento ‘Vou Ihe dizer uma coisa que gostaria que considerasse duran- te todo nosso curso: o tempo e o espaco pertencem a todas as aéreas de estudo, a todas as pessoas, a todos nés. Do aviador espacial, 20 trabalhador de rua, ninguém pode passar sem ser afetado por estas dimensdes. Digo isso para lhe apresentar um ramo da psicologia, a Gestalt, que contribuiu muito com valiosos estudos e experimentos para campo da percepcio. Fla pesquisou muitos dados e informa- ‘es importantes de como o olho humano vé ¢ organiza informa- Bes, e construiu padrdes que so validos até hoje." Dentre os prin- cipios teorizados pela Gestalt, destaco para 0 nosso trabalho aqui os de nivelamento e agucamenio, pregndncia e agrapamenio. O primeiro par aponta para as duas maneiras basicas de como prestamos aten- cdo no mundo que nos rodeia ¢, conseqiientemente, como as im- pressdes se organizam em informacées pelo ato de ver. O nivelamen- to refere-se a estabilidade, a harmonia das coisas; o agusamento é 0 inesperado, o inusitado; algo que balanca, que desestabiliza Explico: o nivelamento se di na esfera do esperado, isto é dentro das normas legais da cultura, da convengio. Esta de acordo com os eventos precedentes, com a forma, corrente de entender as coisas. Por exemplo, vocé vé um espaco branco, sem nenhuma figu- Ta, por menor que seja, ¢ compreende que ¢ um espaco branco, que esta correto, que esta de acordo com a idéia que se tem dele. £, por- tanto, um espaco mivelado, nao possui nenhuma tensio que fuja do quadro, no tem desequilibrio, no tem nenhuma linha ou mancha que inquiete ou incomode. Dadas estas informagdes, vocé ja pode intuir o que vem a ser o conceito de agucamento. Pense: imagine ‘um espaco nivelado e nele coloque um ponto. Veja como ele muda totalmente de configuracao! Mas colocar esse ponto onde? Sim, a pergunta faz sentido, porque, dependendo do lugar onde voce colo- car © ponto, pode nao estabelecer nenhuma situacao de inesperado, Jogo, continua o nivelamento. Se Ihe interessa 0 espaco niveledo, tudo bem; mas se vocé quiser agucar, aticar a percepcdo para uma [Nor 18: DONIS,A, Dons A Site de lingogem sual S80 Paulos Martins Fortes, 19), 8.3) Lincuacem Grarica questéo deve passear com 0 ponto no plano até encontrar um lugar adequado para seu pensamento, sua mensagem. Assim, desenvolve- se trabalho de orientaclo no espago, j4 comecado nas ligdes anterio- res, especialmente na do plano. Figur: Nivlorentoesgugament saves eum exemple bem simples: clocacao de um porto rum pier O ponte no mes do retingulo obedece mals 20 persamento do ivesmero do gue 30 do pert ‘lccado ro cant, deta © centro do retingulo é um lugar muito “esperado”, muito “visado", portanto, colocar 0 ponto neste lugar é afirmar uma con- formidade definida pela geometria das linhas verticais e horizontais imaginadoras. O espaco é tocado, mas nao desperta interesse ines- perado, ndo provoca surpresa, inquietude ou tensdo visual. O contré- rio serd se vocé deslocar esse ponto do centro para um dos lados do plano, ai comega a se verificar um certo desconforto, uma sensaglo de desequilibrio, de incomodo. © que vocé esti fazendo com essa brincadeira de procurar lugar? Esté agugando a sua percepgio. Pa- rece simples, nao? Porque, certamente, vocé faz isso quase todas as vezes que esta diante de uma folha em branco! Mas essa é a nossa ta- refa, vamos trabalhar o simples, o comum, e, dessa forma, encontrar sentidos novos neles. Gostaria que recordasse comigo as palavras de Amilcar de Castro: “Estamos diante de um papel em branco / Esse fato provoca / Provoca porque é um infinito de siléncio ¢ de equilfbrio, / Mas que ndo foi conquistado por mim / ...] tocar esse papel em branco / Com um lapis, um pincel, um confete esem medo é 0 primeiro passo. Fazer um ponto nessa superficie / E comecar a pensar o espaco. [...] ndo devemos esquecer que um novo caminho sempre se inicia pelo mais simples”. Essa idéia é 0 que move a criacio visual. Para tanto, deve-se trabalhar a simplicidade, mas nao a confundir com nivelamento. Pelo contrari deve-se identificar cada situagio que pode ser considerada baixa in- formagao e propor algo que possa causar estranhamento, interesse, enfim, um agucamento de informacio. Figura 17: Os panos deslecados do canto thm uma cargo de impreviibildad, Tata se do ue in tem na exo do agugamerto,Cabe ao aris decid ate qu pont exe descetraliarto& efces em Sin composi OnrenragoEs Espactars 39 Vf Fes Figuras 1: Quadio com as marge inegulaes,exeplodeavaio das brdis. ‘Leitura de material de apoio. ‘acesse o moodle Bibliografa: Ostrower, Fayga. Universos da arte, Movimento visual = Bnereicios visuais préticos. so Mas também podemos pensar os conceitos nivelamento e agu- gamento trabalhando os diversos lados e lugares do plano ou modifi- cando a sua propria forma, isto 6, ao invés das formas bisicas (qua- Grado e retingulo) podemos trabalhar com diferentes formatos de planos, como, por exemplo, o losango, trapézio e outros irregulares. Ou, ainda, com situagées do cotidiano, por exemplo, na arrumacio da casa, na roupa que vestimos, nas palavras que usamos para expor um assunto. E importante dizer que um conceito nao € necessari mente mais importante do que 0 outro, tudo depende das relacdes estabelecidas no quadro. Numa situacao de muito agucamento, ni- velar o plano pode se tornar um valor. Com tudo 0 que jé discutimos, vocé ja sabe que a estrutura rigida do plano j4 comporta padrdes de informagbes. O centro € to- dos os lados sao imbufdos de valores. O lado de cima comporta uma sensagdo de comeco ou de leveza; 0 de baixo, de peso ou de saida do quadro, etc. Essas sensacdes de espaco nao sao “cientificamente ver- dadeiras’, sa0 possibilidades; cabe ao artista visual compreendé-las, afirmi-las, contrapé-las, enfim, trabalhar com elas. Lincuacem GRrarica Pregnancia € agrupamento egundo a Gestalt, Pregnncia ¢ agrupamento sio mecanismos de Jorganizacao psicologica de informagbes e de construgao de mensa- gens visuais, A Gestalt (boa forma), chama de lei da prignancia, (prig- nanz), ao exercicio de organizacao psicolégica da forma da maneira ‘mais regular, mais simples e simétrica, que possa permitir as condicdes vigentes. Segundo essa teoria, todo ser humano tende a trabalhar den- tro desse padao de busca de organizagao. Voce pode observar isso nas ilustragées abaixo (fig. 9). Vamos pegar novamente o exemplo da folha de papel em branco: se vocé colocar um ponto, sozinho, de um lado do retangulo, ele parecerd desequilibrado, mas ao colocar um outro ponto no lado oposto vocé anula imediatamente o efeito de desequilibrio. Figura 1g: Exel de como ur sles porta em ua flha banca pe pura ema para un doe ‘on clecago de wm oute pont d a contra pede dura a de equiva ede dogo entre (dos portos Para Dondis, o conceito de pregnancia “trata de wma perfeita de- ‘monstragio de contra peso 0 quail, ao ser usado numa composi¢ao visual, produz, 0 efeito mais ordenado e organizads.” E prossegue: “O templo grego cldssico € wm exemplo contundente dessa simetria e, como seria de esperar, uma forma visual de extrema serenidade.” © ‘O segundo conceito refere-se a tendéncia ao agrupamento que as formas visuais realizam aos nossos olhos. Conforme explica Don- dis (1991, p. 44) “é uma condicao visual que cria uma circunstancia de concessies miituas nas relagées que envolvem interagiio”. Um ponto isolado em um campo relaciona-se com o todo, mas ele permanece 86. Ja nas figuras seguintes, (fig. 20), os pontos disputam a aten¢io criando relacdes comparativas, dando impressao ora de se repelirem mutuamente ora de se atrairem, formando grupos. NowA1%; DONIS, A Dons. A Site dengue vial Sbo Pale: Martins Fontes, 1981.9 43 UNIDADE 09 Figura 20: Um pont saznho numa flha banca etabelece ddloge com o pla, com oespao vata, mas ssi que aparece um outo ponte ees gam, card srupamento de diversas natures. oe ‘= Leitura de material de apoio. Bibliografia: Os- ‘ower, Fayga. Universos da arte. Movimento visual. ~Leitura bibliografa: Donis A. Dondi. Sintaxe dda Linguagem Visual. Sao Paulo: Martins Fontes, 198% ~ Exerccios visuas priticos. ‘A percepgao visual humana constréi conjuntos a partir de uni- dades. A ligago dos pontos se da de acordo com a tracio dos mesmos entre si, segundo semelhancas, dimenstes, forma, posicio, etc, “for esse fenémeno visual que levou o homem primitivo a relacionar os pontos de luz das estrelas e criar formas representacionais como as constelacdes”. Figura 2: Exemplo de como tris potos separads sso agit plo that Gomands ama Sura reste caso, um ig, No diagrama ao lado (fig. 21) trés pontos mo plano oferecem 2 possibilidade de se enxergar a forma de um trigngulo. O olfar bumano estabelece elos de ligaco ausentes e, efetivamente. vé um trigmeulo. ste e we Figura 22: Exemple de come a armas semdhantes ents em geese es dene si clandefgurs,nhas et O senso comum diz que os opostos Se 2tzems. sazs em lin- guagem visual, os opostos se repelem ¢ os semeikamtes se atraem. Assim, os pontos se agrupam formando um conjamte individual e uma forma triangular, ¢ as estrelas também tendem 2 se lizar (fig, 22). A similaridade da forma é uma vis de serspamento de grande valor, mas hé outras igualmente importantes, come tonalidades, mensées, posicio, etc. O artista visual deve expliersr sso 42 @ LINGUAGEM GRAFICA UNIDADE 10 Valores composicionais: lados do plano pois de ter falado tanto do centro do retingulo e da tendéncia, na /communicacio visual e na arte de procuzar os lados do plano para propor relagdes dindmicas, vamos falar um pouco e também propor exercicios visuais, exatamente, desses lados do plano. Em nossa cultu- va, sempre que estamos diante de uma pintura ou mensagem visual, 0 oho favorece o lado esquerdo e o de cima do quadro. f uma espécie de padro primario, de varredura que se conecta com o nosso habito de ler e de escrever, da esquerda para a direita. lai mai me eco a e e ger sy Or Stren alors das aterai dum qua, Ne ilustragdo acima (a), as linhas pontilhadas apontam o lado esquerdo o lado de cima do plano; esse lado denota uma sensaga0 de comeco, de partida da aco do quadro. O lado esquerdo oferece sensa¢io de equilibrio, de saida do quadro. Nas ilustracdes seguin- tes (b, ced) exemplifico outras utilizagdes basicas, nas quais o traba- Iho do plano sai do nivelamento para criar um efeito de agugamento inesperado, de ambigitidade ‘Compreendendo que os espacos no plano tem valores diferen- tes, o estudante deve exercitarse na descoberta e no conhecimento desses valores. Perceber ¢ sentir como ¢ quando a organizacio de elementos visuais nas 4reas mais imprevistas cria situac6es de infor- mado, de Enfase, de interesse e de expressio estética. Em termos visuais, essa tendéncia a valorizar os lados deum plano apreseniz-se como na figura acima. O lado superior esquerdo costuma sex uma espécie de ponto privilegiado no qual se comeca a leitura. Seu nivel de azucamento, portanto, € baixo, dai a necessidade de trabalhar 0 ‘espaco, conforme o caso, criando relagBes inesperadas ¢ ou eficazes. Figura 2: A colocasio eum simples ponte numa flha em branc implies excaas| Os Idos,enquerdo eho. em ima embito de ura flha, $400 impotares quarto © cera ou qualquer outa parte do plano. Toda vez cue ‘colo um pont em qualquer lugar da falta, le ott ‘tide acento eu rede coped ul ‘Leitura de material de apoio. Bibliograia; Do- nis A. Dondi,Sintaxe da Linguagern Visual. So Paulo: Martins Fontes, 1991 Bxercicio visual pritico, Aprendendo a ativar o plano Vee recapitular um pouco. Jé disse anteriormente que um pla- no ndo é simplesmente um espaco vazio, mas sim um espago dinamico impregnado de tensdes e de possibilidades formais, n3o foi? Disse que o interior de um plano comporta coordenadas impor tantes na arte, determinando valores de lugar, de proporsao, de dire- Go que o artista visual vé e utiliza na criacio de mensagens visuais, lembra se? Agora vamos tratar diretamente da questo da superficie, tantono que se refere a tamanho e forma, quanto a sua textura, pois, todo plano, por mais etéreo ou cambiante que seja, tem um corpo, uma pele. E esse corpo pode ser ativado. ‘A superficie é uma qualidade do plano, ela é matérica e tem intimeras caracteristicas, lisa, rugosa, aspera, etc. ¢, conseqiien- temente, participante plenamente do quadro. Vamos estudar aqui alguns aspectos possiveis de ativagio e de modulagio do plano: a textura, o formato, a matéria. Mas volto a dizer que os itens acima relacionados s4o uma orientacao basica, cabe a vocé, 4 medida que avancar em seu aprendizado, ampliar seu universo plastico, desco- brindo forma, superficies, e, mais ainda, estabelecendo relacdes dos assuntos aqui estudados com outras disciplinas como Literatura, Ci nema, Fotografia, Histéria da Arte, Lingiiistica, etc. Textura A textura é um recurso visual que serve para mostrar certas qualidades no plano. Toda imagem plistica tem uma superficie € toda superficie tem certas caracteristicas que podem ser descritas como migosa, stave, opaca, agressiva, etc. A natureza é rica em ma- ‘ria de texturas. Qualquer classe de pedra, madeira ou folha possui ums textura distinta, da mesma forma os papéis. As texturas podem ser Gassificadas em duas categorias: textura visual e textura tatil. Isso quer dizer que podemos reconhecer a textura tanto através do tato como de visio ou através de ambos. A textura se relaciona com a com- posicdo através de ativacio minima da superficie material. Funciona UNIDADE 11 ‘como uma experiencia sensivel ¢ enriquecedora. Dondis escreve: QA maior parte de nossa experiéncia com a textura € tica € nao tatil, ‘A textura nao sé ¢ falseada de modo bastante convincente nos plésticos, nos materiaisimpressos e nas peles falsas, mas, também grande parte das coisas pintadas,fotografadas ou filmadas que vemos nos apresentam a apa réncia convincente de uma textura quer ali nfo se encontra. Quande toca- mos a foto de um veludo sedoso nao temos a experiéncia tat convincente {que nos prometem as pistas visuais. O significado se baseia naquilo que ‘vemos. Essa falsificagdo ¢ um importante fetor para a sobrevivéncia na na- tureza; animais, péssaros, répte's, insetos e peixes assumem a coloracio ca textura de seu meio ambiente como protect contra os predadores.” 99 —= E muito importante conhecer as imagens que nos rodeiam. A atitude de observar o entomo significa alargar as possibilidades de contato com a realidade, ver mais e perceber mais. A observaco apu- rada faz ver as estruturas das coisas ¢ também sua superficie, sua tex- tura. A sensibilizacao (natural ow artificial) da superficie, mediante sinais gréficos diversos, ranhuras, texturas € criagdo de interesse vie sual no espaco plano. Veja o que diz Bruno Munari, ao afirmar que: (4 Cada coisa que o olho vé tern uma estrutura de superficie propria e cada tipo de sinal, de granulosidade, de filamento tem um significado bem claro (tanto assim é que se vissemos um copo com urna superficie de pele de ani- ‘mal nao pareceria normal). Este principio de animar as superficies ¢ muito conhecido na industria téxtil quando se fabricam os tecidos que tém um feito tatl particular ligado, entenda-se, 2 uma comunicagao visual precisa Especialmente nos tecidos para homens existem diversos métodos de tor- nar interessante uma superficie com tramas uniformes.” yy Uma superficie trabalhada com textura jé nao € mais and- nima, pois apresenta uma caracterizagao matérica e esta mais ou menos animada, ativada. A propria matéria da textura pode formar imagens, adensando-se ou deixando mais descoberto certas partes. Ceiar textura é significar, é dar uma pele ao plano. O importante & perceber que a textura correta enriquece um desenho. Hi texturas decorativas, espontineas, suaves, mecinicas, agressivas, etc. De acordo com as intencSes do profissional, a textura pode se prodiuzida de varias maneiras. Relaciono a seguir alguns exemplos: Pequena lista de possibilidades de texnuras que podem ser ‘Nov. 2B. DONDI, Cons Ao Nowa: MUNA, Brno, Dee Comungde val Sto Pala: Matin Fonts, 30. 46 @ LINGUAGEM GRAFICA criadas com diferentes materiais: Fgura: Caomplo de eur rade do el As caracestcas ds represented ol, er, vido ou outa mis bart ome spies poros ou pequanas inhas acess sto earmpios de como podevos ata plo, land crarisias de ao, ttesp, goto ee. Orabalha de tears es serps alerts epap,indapendente da Agus, sae ao, gro, ste = Desenhe-pintura: quando o fundo ou partes do plano so mi- nuciosamente desenhados com pequenos tracos ou pontos; = Impressao, cépia, frontado: textura obtida através de superficie rugosa, entintada e impressa sobre outra superficie, ou através da frotagem (ato de esfregar) um ldpis ou outro instrumento sobre uma superficie, vaporizacdo, respingo de tinta, etc; = Manchado: Textura com manchas de tinta ou outro material ccromitico diluido em agua, leo, etc. Raspado: Textura obtida com a superficie pintada e, em segui- da, raspada com um instrumento duro ou lixada; Processos fotograficos: texturas obtidas através de fotocépias, xerox, projecao ou transferéncia de imagens fotograficas para a superficie. Vale mencionar que geralmente as texturas se apresentam dentro de dois padrdes gerais: orginico e geométrico, a partir do que ganham caracteristicas mais especificas. Veja 0 procedimento de Bruno Munari em um dos seus cursos: (05 estudantes do curso visual Studies encheram muitas folhas com texturas, ou seja, sensibilizaram, de maneira uniforme, uma superficie pla rna, Alguns, segundo seu proprio caréter, usaram pontos pequenissimos, a lapis, ou grandes sinais a pastel. Outros trataram a superficie com lisa para tornar o papel mais absorvente e depois polvilharam-no de preto; ou cobriram as folhas com riscos finos, € as distancias iguals, sobre folha de papel branco, cinzento ou preto. yy acesse o moodle “Leitura de material de apoio. Bibliografi: Do- nis A. Dondi. Sintaxe da Linguagem Visual Sto Paulo: Martins Fontes, 196. Exercicios visuals praticas de texturas APRENDENDO A ATIVAR © PLANO om 47 Formatos aaa capitulo, refletindo com voce a partir de per- guntas: O que ¢ formato para a criagdo de uma mensagem visu- al, uma pintura ou um desenho? Para se desenhar uma paisagem, € melhor um formato quadrado, retangular ou vertical? Qual for mato vocé escolheria se fosse fazer o retrato de um homem em pé? Claro que tudo isso depende da sua idéia de quadro e de todos os elementos que desejar colocar nele. Porém, 0 que quero aqui é cha- mar a atenc3o para a importancia deste elemento que The disse ser importante na linguagem visual. Vocé pode dizer que no hé um formato melhor e que toda e qualquer imagem pode ser realizada em qualquer um. Evidente, mas no estamos aqui para, de acordo com 0 senso comum, concordar com o fato de que tudo pode ser 0 que o sujeito quiser e nto se discutir o assunto, nao é mesmo? A arte tradicional designou, e isso se deu a partir dos préprios pintores, que o formato para uma paisagem seria mais 0 retangular do que 0 quadrado ou vertical. Isso ndo quer dizer que nao se possa contrariar esse pensamento. O que quero ¢ verificar com voce que isso tem um sentido, uma razio de ser. O formato age no trabalho visual Dessa feita, podemos perguntar qual seria o melhor formato para ‘uma pintura de um retrato ou de um quadro abstrato? A historia da arte sempre trabalhou com determinados formatos e convencionou, por exemplo, pintar retratos nos formatos verticais. Por que isso? Porque acompanha a verticalidade do corpo, seja meio corpo ou de corpo inteiro (de pé). Mas observe que, na pintura abstrata, esses formatos mio podem mais ser definidos pelos temas. Neste caso, eles devem ser definidos por uma outra razao qualquer, segundo os ccritérios do artista; isto é, o formato jé é pensamento do trabalho, j um valor formal. Como decidir e fazer esta escolha? Os exercicios deste capitulo visam a chamar sua atencao para esta questao: o for mato do plano € tao importante quanto os elementos de desenho ou ppintura colocados no interior dele. Quando desenhamos, recebemos cadernos de desenho pre- parades em formatos retangulares, padronizados, facilmente en- contrados no mercado. A indiistria, juntando estética, matematica e economia, encontrou o formato ideal para lancar no mercado consu- midor os diversos papéis, livros, cadernos e blocos de desenho. Que tl entender esses formatos e que tal exercitar outros formatos? Para UNIDADE 12 trabalhar estas questdes vou proporJhe exercicios em formatos irre- gulares ou pouco convencionais. A finalidade ¢ demonstrarhe que 0 formato participa da vida da composigo ¢ pode aticarlhe sua per- cepcio para espacos diferentes. Outra raziio € que o artista visual vai sempre encontrar pela frente diferentes formatos para desenvolver mensagens visuais Figure 26: Oferentes formats pars ae pensar imagen mensager nin. As formas bisicas visuais sto trés: 0 quadrado, o triéngulo e o circulo. Voltarei a falar disso mais adiante, porém, demonstro-lhe ‘os exemplos acima, (fig. 27), para vocé pensar e exercitar mensa- gens visuais e imagens dentro destas molduras basicas ¢ inventar outras. Observe todos os formatos de quadros que voce encontrar e pergunte a razo de ser desses formatos. Veja o trabalho de artistas cuja obra inclui na imagem o formato. Cito alguns deles se voce se dispuser a procurar: o brasileiro Luis Paulo Baravelli, o americano, Frank Stella, alguns murais de Portinari, os muralistas mexicanos Or0zc0, Siqueiros e Rivera e mesmo a maioria dos murais renascen- tistas. Nestes, as paredes nio obedeciam a estes formatos padroni- Figura 26: Venseen0 Sours Neo. Pgrenas, Za008, O mural da Capela Sistina, de Miguel Angelo, por exemplo, ims sri br Ino oxi Gets & cheio de curvas,colunas, triangulacées, volumes. Isso scm contar acre tc gute cj ors expe ao due € Pata ser vista no teto. Como lidar com esses formatos? Como ‘adc inp os ands Aaa oarésn eXerCitar a nossa mente para lidar com os planos abertos da natureza seasons ppt eine graica gem que nao se resumem em padres confortaveis, e da mesmra forma? a Como operar de forma interessante, nao nivelada, mas agucada aos padrdes que temos? Como exercer a criatividade dentro dos limites do retingulo, do quadro, do circulo? Amilcar de Castro costumava dizer em suas aulas: “criatividade € ser livre dentro do retingulo’ Espero té-o sensibilizado um pouco para a questo do formato acesseo moodle de quadro e 0 encorajado a pensar os formatos mais simples e mais, complexos como elementos ativos na linguagem visual. Trabalhe Letura de material de apoio. eto de Ferran com eles, desafie, invente. Nao o utilize simplesmente, mas tenha-o do Augusto dos Santos Neto: A precariedsde como pensamento construido. Ao dar aulas, estimule seus alunos a do desenho: Artistas pimitvos eo desenho de z : neon refletirem ¢ a exercitarem os formatos basicos ¢ outros como supor so ele ples aes te visual ativo e nao somente passivo. Dito isso, passo para os exerci cios da ligao, conforme estamos fazendo ao longo da disciplina. som Lincuacem Grarica Matéria No capitulo, vamos falar um pouco sobre a matéria na lingua- gem grafica. Com isso, quero chamar a sua atenc3o para o enten- dimento de questdes sensiveis da matéria e de como o artista ou o pro- fissional visual se adapta a0 material com o qual trabalha para extrair dele o maximo de informactes e de efeito estético. L4pis, papel, tinta madeira s40 matérias plisticas riquissimas! E cada um s6 pode res- ponder segundo sua natureza fisica eo tratamento que lhe for dado. Falamos de desenho como se fosse coisa de lspis e papel. Mas com quantos materiais podemos desenhar? Qual é o material do de- senho? Sem precisar pensar muito, vooé ja pode ver que se desenha sobre 0 corpo, em tecido, na areia com uma vara ou com os dedos, nas paredes com giz ou carvdo, sobre madeira com tinta ou encavo, isopor, desenha-se com os gestos, criando formas no ar, com fumaca, enfim, com uma infinidade de coisas. Aliés, € comum os primeiros tragos de desenho de uma crianga serem feitos no chao ou nas pare- des; porque entao achar que o desenho € coisa de lapis e papel? Oexercicio de ativar o suporte (0 plano), a partir do seu material, busca experimentar suportes € desenvolver com eles formas visuais. Por isso, vamos observar agora alguns desenhos feitos com materiais no convencionais e verificar como o suporte participa da obra. Nas figuras que se seguem, vemos como as artes plisticas, a arquitetura, o design e 0 desenho grafico experimentam formatos di- ferentes, tornando-os elementos significativos da prépria mensagem ou proposicio estética, A arrumacio de pedras no calcamento obede- ce ao mesmo principio do mural, tanto que, em certas pracas, essas arrumagies criam imagens decorativas. UNIDADE 13 fast, una fetografa ge pede de eases os eatin, pont aa are {de formatos com a8 mgens do piano, Tata tai de are de ener poebikdades dose decenhar com otros mtr, oss: madeira, fates, peas, cabal, Fgura 29: Grarura om sop. reco de ate de rags {ganos, Ecole Marat N Senhora Da Paz Lending, PR, 2003 Eampo de grav eka em sop super ag ‘lox sido pare emblages, masque pode ser adap. tudo a0 ears ual Nex fu, uma eran a nf 4 cde do Lona fl etimulad = corer ‘tos mates pstcos eer formas wiz, nurs fers que pot mato tempo fo camp da ulgrvura A Sguicieles eetee te oeece tur ede pores que vlertam odesenhe como um te. [2 i “Leitura de texto de Femando Augusto dos Santos Neto: “Entre o olho e o objeto" Figura 22 Crsrna Acouni, Dazetho cosa eobeteid, ‘= Exerciios priticos visuals. Enemplode deseo fo com rated io censor A atta ene plage como se foe 4m fog ls bincand com anos rept pow, cuando nos oradmemos, res gu se 5am Lincuacem Grarica ate ea Forma stamos chegando a reta final da nossa disciplina. Nesta ulti ma unidade, vamos tratar de cinco elementos composicionais da linguagem grafica. Novamente, volto a dizer que existem outros com os mesmo nomes ou com nomes diferentes para as mesmas questdes, o importante aqui é perceber sua importincia e lugar na comunicacio visual e seguir seu caminho de estudo, experimenta- ‘lo e aprofundamento. Sao eles: forma, repetisao, claro e escuro, representacio tridimensional e o gesto na representacio grafica, ‘Vamos definir forma como toda aparéncia que pode ser cir- ‘cunscrita em um espaco, seja figurativa ou abstrata; toda forma per- ceptivel que compreende um limite pelas suas bordas. Bruno Mu- nari descreve que a palavra forma esta carregada de perturbacdes seménticas, por isso, vamos seguir com os seguintes conceitos de formas: as geométricas, as orgdnicas e as figurativas. Formas geomé- tricas so as que reconhecemos no quadrado, no triangulo, nos li- ‘ros, nas mesas; as orginicas reconhecemos, sobretudo, nas mani- festacdes naturais como pedras, galhos, nuvens, etc. Como se vé, elas podem ser figurativas ou ndo. A figuracio é, de certa maneira, um dado extraforma que se exprime dentro do padrio geométrico ou organico. A histéria da arte est cheia de imagens que ilustram este procedimento, seja figura humana, natureza morta, seja arquitetura ‘ou abstracao pura. As “formas base” sio trés: o circulo, o quadrado e © triangulo eqiiilatero. Figur Formas bisice,occlo,ottnguloecilitero eo quadade As formas base sao simples e definidas, nio é & toa que elas sto conhecidas e utilizadas por todas as culturas conhecidas. Essa situagao base é importante pata poder criar infinitos tipos de forma. Basta lembrar o que vocé jé estudou aqui a respeito das linhas verti- Nos 2: MUNARI, Bruno, Desig Cnenicapte ul Sto Pale: Marine Fontes, 68, p95 UNIDADE 14 cal, horizontal e diagonal ou ver com Bruno Munari® o quanto vale a pena explorar estas formas base: AC Estas formas base, to simples e desprezadas pela maior parte das pessoas, tém muitas caracter(sticas relativas a natureza da forma, dos an- gulos, dos lados, da curvatura. Vale a pena exploréslas, segundo um méto- do que elas mesmas nos podem sugerir. Cada uma dessas formas nasce de maneire diferente, tem medidas internas préprias, comporta-se de modo diverso ao ser exploreds. As combinagdes de um certo nimero de formas iguais (com os lados em contato e sobre uma superficie plana) originam formas muitas vezes diversas, nascem grupos de formas com outras carac- teristicas, teremos efeitos de negativo-positivo, de dupla imagem, de ima- gens ambiguas, de figuras topoldgicas incriveis e de figuras impossiveis desenhadas perfeita e rigorosamente, mas absolutamente sem possibilida- de de construgao. Encontraremos fendmenos de crescimento, de ramifica- ‘0, de decomposicdo, fuges visuals, ritmos visuals, formas pneumaticas, formas nos liquidos, formas iméveis e formas que possuem indicacao de diregao de movimento. yy Existem muitos exemplos de forma orginica e geométrica en- contrada na natureza ou “interpretada” pela fotografia, pela fotoco- piadora xerox, etc. Convém, algumas vezes, experimentar os efeitos de novas técnicas para ver como as formas podem ser modificadas. Seguem:se alguns exemplos de formas para reflexao e experimentaczo: \ Formas Geométricas: so as formas construidas matematica- mente. Elas sugerem racionalidade, medida, ordem; como, por exemplo, num conjunto de prédios: observe as janelas, 0 ali- nhamento das portas, da rua, etc + Formas Organicas: so as construidas com curvas livres e su= gerem fluidez, desenvolvimento; como, por exemplo, as folhas de uma arvore ou os movimentos da agua em um rio. \ Formas Retilineas: sao as construidas com linhas retas, mas sem a sugestao de estruturacao matemdtica; como, por exem- plo, ruas, faixas de pedestres, alinhamento de janelas em um prédio, ete. “ Formas Irregulares: sao as construldas por retas e curvas, de maneira livre e inesperada; como, por exemplo, galhos de arvo- res, ou até mesmo a estrutura interna de uma folha ~ Formas Manuais e Acidentais: sdo as criadas manualmente ou acidentalmente, determinadas pela acdo e pelos efeitos dos materiais utilizados. Exemplo: qualquer risco feito & mo ou com qualquer outro instrumento; manchas de tinta sobre uma superficie, pingos, etc. “+ Formas Figurativas: s3o as que representam figuras do mundo real, utilizando a combinagao dos procedimentos acima des- Nora 23: Wen, 2. 6 54. LINGUAGEM GrAFIca critos. Exemplo: desenho de um homem, de uma drvore, de um carro, de uma bicicleta, etc. Figura 2 Desert com de polgonos dentro de ura cunt As ‘ormat i abrem coma um igus pode obeenar que Me vari igi comics, Sto dex polignosiactos nara creanferénca, comecande peo ‘regula equiv em rcem cescrte vertordverear form at chepst {eveunerénca que ter ur nurara int de ado. Figura 35: Deevhos obidos com sobreposgt de sre do cicunfertncis guns em combrago.Eremplo emai de lie Design e comune ver al.de Brune Muna 974s ‘“Leitura de material de apolo.Bibligrafa: Wu- ‘ius Wong. Fundamentos do desenho bie tid: ‘mensional. Barcelona: Gustavo Gil, 1985 ~Exerccios prdtcos visuals, Figur 34 Formas ambguas. Etratepcaments, ‘aes deseo idea wo, fenda cer are reenact tridimensional e um objeto impor {hel des constr na eahdade, Tatese deur (fo de tsde que lea especiader a rer rum (dterminado vole, mas, a0 tarshar um pou oats, oe pecabe 0 ogo de ambigidde. ede Ter isa cor deseo deur cut de um canto de parede e tants outros Figura 3: Forms orginica sites e assim [Deseo eto spar ss de um neeto Exe plo extide dol Design ecomunieese vu, feGruro Manan p 26 Forma 55 Repeticao repetic2o é um forte elemento na criaco de mensagens visuais. Ela estabelece na comunicagio o que chamamos de ritmo, har- mona, contraste, equilibrio ou mesmo agucamento. As janelas de um prédio, a geometria de um bordado, os pés de um mével, os azulejos no chao sao exemplos classicos de repetigao. Quando um desenho é composto por uma quantidade de for: ‘mas semelhantes ou repetidas, a repeticao cria unidades ou médulos no desenho. Repetir formas, portanto, é uma maneira de articular a ‘mensagem, a composigio e 0 proprio espago; é uma maneira de criar ritmo ¢ interesse visual, é, pottanto, um método simples, que traduz de imediato sensacao de harmonia. Alguns tipos de repeti¢ao 1. Repeticio de figura: acontece quando as figuras so repetidas de forma regular ou no ¢ podem ter diferentes medidas. Fra 3 fem de compos de pti dae UNIDADE 15 mo © aterion, seve pata rosa come Woot Pde combiner de mute manera e2 Jogo Figura 37 Sxemple de repaid Spurs com ‘mesmat dimers, clando a impressio de so Dreposiede esequenca arderada Ete ear, ‘mesma fomacem poses etomaon Serer peeves: 2. Repeticio de cor: as formas podem ter diferentes medidas ou formatacio, mas pode-se criar ritmos através da estratégia de repeticzo com diferentes formas e as mesmas cores. A repeti- fo de cor pode ser feita de forma regular ou nfo e isso supoe varias escolhas, © mesmo ocorre com as texturas. Figura: Bxrplo de epeo de cores em formas erent a @ @ 3. Repetigao de direcao: acontece quando se repetem as formas acesse 0 moodle com um sentido de direcionamento; refere-se a disposicao das formas no espaco quando se busca mostrar algum tipo de “Leitura de material de apoio. Bibliografa: reco. Isso € posstvel quando as formas mostram um sentido \Wcius Wong. Fundamentos do desenho bi definido de orientacao. cetridimensional, 1985. = Exercicios visuais praticas, Figura 39: sermon de ormas repens qu indica dregs 58 m Lincuacem Gririca Claro e escuro —luzesombra ‘ma das matérias primeiras que exploramos nas artes visuais é a luz. f pela luz que vemos as formas e as coisas do mundo, £ também pela luz que a cor existe para os nossos olhos. Trataremos aqui algumas possibilidades da questo luz na arte ea sua extensio: os valores de claro e escuro. Os efeitos de luz ¢ sombra e claro e escuro servem tanto para dar nogio de volume, como para criar pontos de interesse numa composicao; seja peso, leveza, contraste, e, muitas vezes, para estabe- lecer oposigSes como positivo e negativo, vazio e cheio. Para este estudo, definirei trés tipos de luz: a luz natural, a luz artificial e a luz artistica, \ Luz natural: £ a luz do sol nos dias claros ou em noites de lua. E 0 tipo de luz que cria sombras suaves ou contrastantes, dependendo da hora do dia e da situagao climatica. Nao é fixa, pois apresenta variacdes a cada minuto. Um estilo artistico que teve a luz como assunto principal foi o Impressionismo. Fayga Ostrower escreve de maneira diddtica sobre os impressionis- tas que trataram a luminosidade atmosférica transfigurada nos objetos: “foi este fendmeno que os artistas procuraram cap- tar de modo mais objetivo, restringindo o impacto sensorial imediato, pincelada 2 pincelada, das cores observadas”™, mas, em outros momentos da histéria da arte, no Renascimento, no Barroco, no Romantismo e em outros, a invencao da luz natu- ral na pintura foi reveladora de volumes e sombras, possibili- tando criar impressionante ilusdo de profundidade. Os artistas se utilizaram do claro-escuro para criar certos climas dentro da pintura, situagbes de obscuridades no interior dos ambientes, nos rostos das figuras e também nos grossos panejamentos. ~ Luzartificial: a luz da eletricidade. Ela ¢ regulada pelo homem © pode ganhar diferentes intensidades de acordo com a esco- tha dos meios. Pode ser manipulada e, conseqientemente, é muito utilizada nas artes: teatro, dana, miisica, fotografia, ci ‘Nowa 24: OSTROWER, Faia. Univenos Ane. ono Etre Campos, 25 UNIDADE 16 nema, arquitetura, etc. Bruno Munari lembrasnos que: (6 A uz antici ocupa ja metade da nossa existéncia: informagses visu ais chegam a todas as casas através da TV. [.] Existem varios tipos de fon- tesluminosas, desde a incandescente, a fluorescente e a0 néon. [..| como é que se pode usar esse meio para a comunicacao visual, que caracteristicas fisicas tem as diversas luzes? O que é que se pode fazer com isso? yy —= Luz artistica: A luz artistica refere-se a possibilidade de se tra- balhar com a luz simplesmente como elemento de contraste claro e escuro, sem obedecer aos segmentos de nenhuma fon- te luminosa. E 0 contraste entre o preto e branco para criar situagBes em que o escuro, 0 claro e as tonalidades se fazem interesse visual dentro do desenho. Para Ostrower: 44 [..)0 artista pode aproveitar-se, evidentemente de certos efeitos de ilu minagao natural ou artificial, frzendo-os coincidir com a distribuigao de manchas claras e escuras na imagem, destacando, ento, nos objetos re- presentados, certos planos iluminados ou sombras projetadas. Mas 0 con- traste claro/escuro pode ex contraste que conta.® yy independente de um foco de luz. E esse 0 Figur 40: Cowano Horrek. Quarto 20 pe do ma. Cleo sobre tela, 73.7 x 10,6em. New Haves, Connectt, ale Unversity At Galley legado de Stephen Carton 195 repo de pita que taba aluz doa, cinco impresso se ie sombra de formadlicada empresa Nowa 25: OSTROWER, Faye. Unnena a rte, ic de Janeiro: Era Campus, 1085 Ps 60 m Lincuacem Gririca “Leitura de material de epoio,Bibliografa: Os ‘rower, Fayga. Universo da Arte. cap 9, "Luz ~Letura de material de apovo: Donis A. Dondi, Sintaxe da Linguagem Visual, $ao Paulo: Mar. tins Fontes, 1991 ~ Exerccos visuais praticos. CiaRo & Escuro- Luz SompRaA @ 61 Estrutura Dz de termos analisado a natureza dos elementos visuais ea lorientacao dos mesmos no espaco, trataremos aqui da questo estrutura, termo que vem do latim: structiira: construir. Conforme escreve Bruno Munari: “a caracteristica principal de uma estrutura no nosso caso, modular um espago, dando a este uma unidade for- ‘mal, facilitando a obra do designer, 0 qual, ao resolver o problema base no miédulo, resolve o sistema”, Seguindo ainda o pensamento deste artista e tebrico, podemos ver que “Existem diversos sistemas de estru- turas moduladas na natureza, um deles € a colmeéia, outros s40 0 reino vegetal e mineral e até mesmo em todas as atividades humanas, desde a linguagem 4 politica, como nos mostrow o estruturalismo”. Vamos nos ‘ocupar aqui das estruturas geradas por formas visuais, relagbes de médulos ¢ ligasBes entre si. ‘Todo desenho tem uma estrutura, ela governa a posigao das formas. £ por esta razo que um grupo de médulos aparece dis- posto em fila, amontoado ou mesmo desorganizado. A estrutura, via de regra, impde uma ordem e determina as relagbes internas das formas. “Podemos ter criado um desenho sem haver pensado cons- ientemente em uma estrutura, mas ela esté sempre presente quando hd uma organizaco™”, Nesta altura a disciplina, vocé pode passar em revista todos os cexercicis jé realizados e observar que, de uma forma ou de outra, ha sempre uma estruturagio, um pensamento organizacional. Destaco aqui os principais tipos de estruturas propostos por Wucius Wong: a formal, a informal, a semiformal, a ativa, a inativa, a visivel e a invisivel. \ Estrutura formal (geométrica): compée-se de linhas estruturais definidas matematicamente. O espaco é dividido em urna quanti- dade de subdivistes iguais. € uma estrutura na qual a formas so corganizadas com uma forte sensacao de regularidade. ~ Estrutura semiformal: é a estrutura que se compoe de formas geométricas e no geométricas (orgénicas), mas com um sen- tido visivel de regularidade, de estabilidade. Nora 26: MUNAR, Brun. Design e comune Vial io Paulo: Mains Fores. 9916258 Not 27: WONG, Wc. Fundementor oan be tridmensonl arena Gustavo Gil 985 37 UNIDADE 17 Fgura 43: Desenho ita de uma esata ‘em forma de que ou de sree. Fema estrut ‘al dinsmica,centalizaa e rato vids pata en eee cena ook "Ho. Exempl exraio dole Design comune visual: rane Muar, p25 Fgura 44 Exempla simples de entratrs formal ojos gu opadaaesereere were tro da entutra do vtangl,emprmer rea dade, solder eum cee vaste. | 4 Figur 4s: Cuemplo de estrtura semana fn trada por dls quadrados «um reterguodepor tesumapladoda euro lgados pels bord = 6 Estrutura informal: é a estrutura que ndo apresenta linhas es- truturais nitidas, sua organizacao ¢ indefinida e sugere espon- taneidade, acaso, falta de ordem. Fu 6: Explode ett nkoral As for nse geomeras, meme abedecrnce 3 um p=: {rao fini, poser ee organs ée mans Informal dade impressto de deserdem ~ Estrutura inativa: é a estrutura que nao se mostra ativamente 1agem final do trabalho. Todos os tipos de estruturas par- ticipam, de alguma forma, da composicao, mas em algumas, aparecem no resultado; noutras nao. A estrutura inativa com- pde-se das linhas conceituais, isto é, do eixo vertical e horizon- tal que servem de apoio para o artista chegar a um resultado. Figure 47: Exerplo de eseatura nate. Enbore 2 estatra nao aparea fnhes ponithads), a ‘ett presente na composi, Estrutura ativa: é a estrutura que se mostra ativa na imagem final do trabalho. Compde-se de linhas estruturais que agem na cconfiguracao, participando de forma ativa no resultado final. Fgura 48: Gxemple de estratrs sus. A imagem Figua 4: Eerpo de esata stv Esta me Sa ptorasedihare, «€or pees conned {contin cm of pélos pets © branes, {de once qundrados esr pate super «doe Ui uadradose ceuos eel estutur da compo. rn inferorO conan dena vr um seo quad $e A prépriaoganzaio ds fonrs, most & do que formado plo espa mega S RF) serio. % Estrutura visivel: é a estrutura que se mostra no trabalho, é quan- do 0 autor traz a estrutura para o plano visivel, isto é: as linhas estruturais existem, sdo reais na composicao e, neste caso, s0 tratadas como uma parte ou médulo da composicao. Fea so: xen deesttua viel Neste qu doa earuua patie taro de confguacio ‘templo de err sta + pts de Mo ‘ran ques ostomos anteirment. a estrutura que no se mostra no traba- tho. Na maioria dos casos as estruturas sao invisiveis. E muito ‘comum ver ilustracées em livros de arte nas quais se procura mostrar a estrutura (invisivel) por trés, regendo a composiao. Nas estruturas invisiveis, as linhas estruturais sdo somente con- ceituais, elas sao presentes, mas nao aparecem visivelmente. acesse 0 moodle ea Fxercfcios visuals pritcos. oo ‘ems. ter tenant oarione 64 m Lixcuacem GrArica Representa¢ao tridimensional Oe re visivel existe de verdade em trés dimensGes, é assim que, nele, lidamos e reconhecemos os objetos reais. Essa rea- lidade esteve presente em todos 0s momentos do nosso curso, mas ainda nio foi diretamente considerada. Quando vocé vé uma ima- gem em um plano, vocé a vé em duas dimensdes, isto é: altura e largura; sem considerar 2 profuundidade, a terceira dimensao. Mas, ‘a ponta do lapis, o proprio papel (tanto que o compramos por peso - gramatura) e todos os objetos existentes na vida real tém trés dimen- sbes. Entlo, como representé-los em uma superficie bidimensional, a ponto de projetar um objeto que pode ser efetivamente construida em trés dimensdes? Este é o tema deste capitulo e, para ilustrar isso, recorro a mais uma citagio de Wong: UNIDADE 18 4 Nossa compreensio de um objeto tridimensional nunca pode ser com- pleta com um olhar, a perspectiva de um angulo fixo a uma distancia pode ser enganosa. Uma figura circular que seja primeiramente vista @ uma certa distancia pode terminar por ser, pds um exame mais criterioso, uma esfera, um cone, um cilindro, ou qualquer outra que tenha a base redonda, Para ccompreender um objeto tridimensional, temios que vé-lo de angulos e dis- tancias diferentes e reunir em nossa mente toda a informacdo para compre- ‘ender plenamente sua realidade tridimensional. ‘que © mundo tridimensional obtém um significado.” yy Quando voce olha um objeto, vocé tem um ponto de vista, uma face do objeto. Se voce o mudar de posigo, terd outro ponto de vista, Assim, um objeto pode parecer pequeno se visto de longe, ‘maior se visto de perto e, as vezes, estranho ou desconhecido se vis- to de cima ou de baixo O desenho tridimensional é uma criagao mediante um esforgo consciente, um aprendizado organizado dos diversos elementos per Nowa 2: WONG, Wacus,Fandamerte do Sesh be vidimenionl arelns: Custer Gil 9859102 (adage ie através da mente humana 66 C0000 Figura 5: Csemplos de aura, argura fo proknaiace ceptivos da historia artistica e dos meios de comunicagto visual. A pintura, a fotografia, a hist6ria em quadrinhos, o cinema, a televisio ¢, atualmente, as tecnologias digitais sto meios que afetaram nossa visao e percepcao do mundo, conseqiientemente, sua represemtacao. Todos sabemos que o desenho tridimensional € mais com- plicado do que o bidimensional, porque entra um terceiro elemento, a criacao da ilusao de profundidade; a perspectiva, que, de fato, no esté no papel. Isso envolve o entendimento de que uma perna de ca- deira, vista em perspectiva, no pode ser desenhada, mas subenten- de-se que ela esta lé. Peco para nao confuundir esse ponto do nosso estudo (representacdo tridimensional) com a perspectiva geométrica ocular, desenvolvida no Renascimento, e que dominou a represen- tacao plistica até a arte moderna, Embora estes temas estejam co- nectados, representacio tridimensional e perspectiva, esta iiltima, possuii uma metodologia especifica rica e valiosa e, por isso mesmo, & matéria para uma disciplina exclusiva. Existem varios livros no mercado que ensinam os prinefpios bisicos de perspectiva: linha do horizonte, ponto de fuga, os direcionamentos das linhas diagonais responsaveis pela criacio de ilusdo de perspectiva® Mas €, sobretu- do na pritica do desenho de observacao dos objetos, no exercicio do género conhecido como natureza morta (representacao de cenas de objetos do cotidiano), que se descobre a perspectiva. O que estamos ‘tratando aqui é uma maneira mais projectual e modular de articular formas e criar idéias de profundidade e de tridimensdo. As trés diregdes primarias ‘Como jé mencionei diversas vezes nesta disciplina, as trés di- menses do mundo visual sio: altura, largura e profundidade. Mas para entender bem as questdes que vou explicar neste tépico peco ‘que observe como as formas nascem e crescem no espago. Tome wn ponto. Ele est4 aqui, como ponto onde coloquei minha caneta, ou melhor, teclei no computador. Se teclarmos uma seqiiéncia de pontos, teremos um certo tipo de linha, Se pwwar a fungio linha com 0 mouse, teremos uma linha, se digitarmos seguidamente o ponto no teclado, teremos uma linha pontilhada. Nowa 2: © Deserho de obras tem sido neglenca na edvasto antic esi em rome dum pretersoto ensine delet de bas de te, ual pulversrarno deren pours or {desde reletur. Es persevere puveado nao tem lvado em carta veo eigassine ode bare mundo ear ate de dserhao objeto como overs, Ress ester, ara Inks do ports, das reader forma ola -ssia da propor da concert cea ahead tengo do oar dais de ate, ec Como bem observa Gorbich, em 2 baler reels, odeseno de cheerios peas eat ak, ne or ist emer risterozo, Dente or wor gun tuream ania o deeb de cbuenagie, desta 9 de Bey Eland "Onertundo como ado dito do cera, lanade no Bes em 38. 0 estdo do deseo figartina€ vakoroersmoios aspect espealente paras aqua debi {eceharenqant tens de eprventagaos inguspen, parse cesenahrents da tayo do ‘ere so cer Na fa deeoreciment sob o sified do desea de sera, 5 tans dermenconar apenas que exept do deena uma ramets, ums espe dling {ras qu o profisioral youl no deve og fers nie acuta alr que pl fate de eros {niga oops ou 0 eo qu ovr am spreder a desenhar corel, Sera ‘rear coisa qi ie que pr etronoeado de cormputadr no peiamon man sprende ‘sere 8 mo. Ora, dds, car uno, guard so:8 mloensiaa ter pontos devia, m Lincuacem Grarica Eis a linha. ae Tudo o que eu disse seria imposstivel de compreender se voce j ndo tivesse em sua cabeca o conceito de linha. Agora, com ele em ‘mente, vocé pode fazer uma linha vertical como esta, abaixo: | ‘Figura 95: Lins deitar a Tigra yeilnhe eth ae gt esr yn hog stun,calapur ‘ste age ‘Com as mesmas linhas crio a tridimensionalidade. ee Figur sf Eempo de rng de idlmensonadade, com as Unhesvrical, horizontal « diagonal, = (nde eretacio seqieriaa cia Cada diregio acrescentada ao desenho pode estabelecer no- vos planos, criar novos cubos, ou mesmo um cubo maior e outros dentro dele. Figura 9 Eempo de repez de urn dul defeide par cit ura uta tanfgurcte. I flames rents dcp ds potenealcade cepts na composi, visual Mostra squ am oue exer de repegae, dest a, como mad que perido sequercalrene Forma nor fit. Exempla {ive Desig eComunicagu Val de Brune Murari p 309, ‘A justaposicilo, a conexo e a sobreposico de linhas oferecem muitas possibilidades de se criar imagens tridimensionais que podem ser construfdas de verdade (c também figuras que nao podem ser cons- truidas), pelo simples gosto de criar relacdes complexas ¢ de ativar © Figua Go: explode smtiguidedes visual. Clhendo stem inteleco.E o caso da criagio de figuras tridimensionais ambiguas. ech w fom ode om dtr re Ver que a tridimensionalidade nasce da bidimensionalidade € Visual de Bruno Muna, ps3 Representacho TrrpimENstoNat © 67 ‘um mistério que encantou o desenhista e escultor mineiro Amilcar de Castro ®. Foi esse encantamento que o levou.a cortar o papel ea desco- brira tridimensio e a fazer esculturas, tendo como base, unicamente, 0s principios o corte e a dobra, conforme afirmou numa entrevista: 4€0 desenho é uma maneira de pensar. Uma maneira de pensar a escultu- ra. Eu sempre tive 0 desenho como 0 fundamento para pensar sobre pintu: ra, escultura € 0 préprio desenho. Isso eu aprendi com Guignard. O desenho como uma maneira de pensar em artes plisticas. E o desenho com “lapis duro” & a maneira préxima de pensar o que voc# deseja naquele momento. Nao tem sombra, nao tem embrulho, nao tem tapeacao. Voce nao pode en: ‘ganar, ndo pode fazer de um jeito e passar uma sombrinha e melhorar. Nao pode melhorar, nem piorar. O que fez ti feito. Isto € o que eu acho bom, ¢ © essencial. Entdo, o desenho & método de pensar sobre o que vocé deseja, Vocé diz: vou fazer um quadrado. Entdo faz 0 quadrado - 0 tamarho ¢ esse tale tal- eo desenho Ihe mostra isso. yy Figure Afar de as fol um ata que explaouincansavelmente a passage do plano bdmensonal pra ‘tridimensional A pari de detenho, ele corouo papel ecomegou 2 pensar o surgimeto do espao ‘arid de dois momento: o corte @ 4 dabra.tmbueade nna proporio materi, charade Se Proprg trea, e cue vem do Renasiment, ee 20s pouos, ol deni os rages proporconis de Sra con iam deseo Oca Fam bam prs pro et wikean oe Casre0, Ect Perspectivas basicas Qualquer representago tridimensional pode ser alojada den- tro de um cubo imagindrio. Seguem-se trés exemplos de percepao de um objeto. acesse o moodle Figura a: Exemplo de perspectia com visio de- Figura 6 seme de Figura 6 feo de Exercicios visuas prticos Tro do ajete Angulo qua permite ver tts faces vated ers (ana). visto iateral Tens, Forum de discussao, do objet, armthar fom de sevisalzir aid Neste dngule, 0.00 paste Agu, o be rmensorsicace, parce para faacepo Nora 30: Femindo Musto tee de dovtorado "Do Dsenko& Esk", PUC)S, 200 68 m LINGUAGEM GRAFICA Gesto UNIDADE 19 na representacao grafica hegamos ao iiltimo capitulo de nossa disciplina, e, aqui, volta- ‘mos 40 nosso primeiro impulso de desenhar, isto é, o de rabis- ‘ar, o de desenhar rapidamente para anotar uma idéia, uma obser ‘vacdo qualquer, seja para desenvolver mais tarde, seja simplesmente para guardar uma impressao, para estudar uma forma. gesto grafico diz respeito ao desenho feito 3 mao e também 208 muitos tipos de efeitos manuais ou casuais que a linha pode adquirir. Sua importincia 6 inestimavel nas artes e na comunicagio visual. Mais do que uma técnica é uma pritica constante, tanto que muitos artistas 0 tém como um traco estético; outros, como instru- mento de criacio de projeto. Aprender a desenhar répido ¢ a desen- volver o traco do esbogo & uma aquisicio importante para o exercicio attistico, como também o € para a percepcio visual As caracterfsticas mais importantes do gesto no desenho sao: “ Croquis ou esboco: desenhos répidos para anotacao de idéias e visualizacao de formas em situagdes diversas. Diante de si- tuacdes complexas, o desenho de esboco permite sucessivas abordagens, visualizacao das estruturas e dos detalhes. 0 tipo de desenho que permite captar com rapidez elementos importantes que se tornam referéncias para desenvolvimentos posteriores. Pela sua prépria natureza, o croquis, permite 20 estudante ou artista profissional realizar rapidamente grande nimero de variagdes de forma, favorecendo a pesquisa “ Destreza manual: 0 exercicio do desenho rapido possibilita vi sualizacZo e resolugao de problemas formais no momento em que se esté falando ou olhrando um acontecimento. Ele induz a destreza, confere grande desembaraco ao ato de desenhar, tornando-se instrument que pode exprimir seguranca e sen- sibilidade. Nas palavras da artista e professora mineira, Liliane Dardot, este exercicio diminui a distancia entre a percepcio ou imaginacao da forma eo seu registro: o desenho pode transmi- tir toda vibracdo do estimulo inicial *, condicionando o tempo de exposiczo do modelo ou da realidade cambiante, quando 0 desenhista tem tempo limitado de observa¢o Nota 3: DARDOT, Liane A Apap JA Nemer Seta! de vee ds UFR. Dose + Residuo dinamico do gesto: um tempo de observacao curto condiciona uma execucao répida. E isto resulta no registro da velocidade, deixando marcas e acidentes que revelam o préprio movimento de feitura da forma desenhada. A técnica do dese- nnho répido faz com que o desenhista, de certa forma, calcule antecipadamente a drea do papel que deseja ocupar e aprenda a medir e a relacionar linhas e formas sen pensar, sem ga- rantia de resultado, tornando-se, assim, um terreno pleno de possibilidades de descoberta e de percepeao estética. ‘> Moviment ima das caracteristicas caras as artes plasticas & o registro do movimento e o efeito de velocidade. O futurismo logrou representar 0 movimento através de repeti¢des em se- qiiéncia de partes da forma. A fotografia, baixando a velocida- de do obturador, registrou, também em seqiiéncia, partes da forma principal, somente o croquis tém o movimento inscrit como indice, de forma a afetar a prépria imagem. Ele leva 0 espectador a atribuir movimento & imagem, baseado em sua experiéncia, aliada a observacao indicial do signo gréfico e a0 contexto dos acontecimentos. Linguagem prépria: depois de ver o desenho de croquis como um auxiliar do ato de observar e desenhar, é preciso vé-lo como uma técnica prépria, nfio apenas como registro, mas com valor de linguagem original, dentro do desenho, capaz de trazer & tona qualidades particulares diferente daquela apropriada a0 desenho mais apurado. Enquanto o desenhho demorado tende 2 ser pesado, estatico, 0 croquis valoriza a espontaneidade, a simplicidade, o inacabado, jogando com o olhar do espectador que tem sempre de completar o desenho. Essas caracteristicas 80 tragos valiosos que expressam uma forma de pensar, de sentir, de fazer. O desenvolvimento do croquis € como a cons- truggo de uma assinatura, vocé sai dos caracteres armados para e expresso do gesto. LL LE og / Saree WE KS: A ee Fgura 65, bee Phusis Rss. Get, canto, nani esobre papel Dimensbes vias (tlhe). Nesta seg de deers simples metivo, dobre de wm tei, se desdobra em manchas cliras«escras,adqurndo vlume Na equénl,(esenhoeb ‘,meamo motivo data com enfat az inhas ce canton, fazand ver ums pazagem degestos Qo ae dintanea de dea inca para masta ormasebsats yom LINGUAGEM GRAFICA Figura 66: Jus Birencousr, Grafts voee pel 30442 cm, 2008 Neste xr de dserho de maa vio, dso, ae ima se tr pans figura, Bs ihas contro fx wird tona0prépro pesto de desenhar o nenossiva dorrovmeto do buco. corpo onseqierterete ura mae ee exercicio constante da técnica do croqui leva & desenvoltura do gesto gréfico e a consciéncia do resfduo dindmico do gesto leva acesse o moodle a sintese da forma, Estas qualidades faze o desenhista abrir mao de detalhes para se interessar pelo efeito da linha, da pincelada, do Berio visuals patios. oe : Forum e dseusszo. proprio registro gestual, da imagem como um todo. Sines fee Gesro NA RErREsENTACAO Grafica m7 Consideracgées Finais Prezado estudante: aqui encerramos nossa disciplina Lingua- ‘gem Grifica, Fora longas horas de estudos, de esforco, de investi- ‘mento e, conseqientemente, de descobertas. Comecei esta discipli- na, dizendo que irfamos enfocar questbes como observar, desenhar e pensar o desenho em relacdo as outras disciplinas e & vida. Expliquei que desenhar significa exercitar a observacao, olhar os objetos, 0 mundo ¢ o préprio desenho; olhar as linhas, os tracos, as imagens e, dessa forma, procurar desenhar sempre que puder, sejam desenhos rapidos, pequenos esbogos, anotacdes, sejam desenhos elaborados como textos, quadros. Procurei mostrar que desenhar é ter um pon- to de vista, que se pode desenhar com lapis e papel, mas desenha-se também mentalmente, observando formas, volumes, espagos, lu- gares e cores. Portanto, desenhar € construir um lugar, seja numa folha em branco, seja numa sala de aula. O caminho, os exercicios € 0s textos que perpassamos nesta disciplina foram estratégias para habilité-lo a esta construgdo e, na continuaszo, desenvolvé-la ¢ ensi- . Tal construgzo, portanto, esta presente em todo ato de ver e de agir, logo, nao é uma coisa definida e acabada, é, antes, um caminho a ser exercitado quase que diariamente. Procurei passar para voce nao apenas técnicas gréficas, mas também minhas proprias buscas € sentimentos em relagdo ao aprender e ao ensinar desenho; atua- lizei alguns exercicios conhecidos, criei outros e desenhei também. Devo dizer que foi para mim uma experiéncia muito gratificante; aprendi, espero ter ensinado um pouco. Espero que a disciplina te- nha sido proveitosa para vocé e que ela realmente sirva de base para suas aventuras e empreitadas no desenho e na arte, e também como via para vocé observar as coisas do mundo, a se entusiasmar pelo fascinante mundo da criagio, da pesquisa da forma e das questes de sentido que envolvem 0 ver, o pensar, 0 viver. E possivel que voltemos a nos encontrar em uma nova dis- ciplina neste curso a distancia. Até 1a, estou aberto a comentirios e a observacbes sobre esta disciplina. Sua opiniao é importante! Até breve, e 0 meu abragol Fernando Augusto. B Referéncias DARDOT,, Liliane A. Apocalipse, J. A. Nemer, 6°. Festival de Inverno da UFMG: atelier de Desenho. DONDIS, Donis A. A Sintaxe da linguagem visual. S40 Paulo: Mar tins Fontes, 1991. EDWARDS, Betty. Desenhando com o Lado Direito do Cérebro. S30 Paulo: Ediouro, 1984. FISCHER, Ernest. A necessidade da arte, Rio de Janeiro: Zaha, 1986. GIANNOTTI, José Arthur, In: Imagens Pensantes, Folha de Sao Pau- lo, 07/11/2005, pag 6. KANDINSKY, Wassily. Punto y linea sobre el plano, Barcelona: Barral, 1974, MUNARI, Bruno. Design ¢ Comunicagio visual. S30 Paulo: Martins Fontes, 1982. OSTROWER, Fayga. Universos da Arte. Rio e Janeiro: Campus, 1986. ROELS JR, Reinaldo. In: O Desenho Moderno no Brasil, Cole¢ao Gil- berto Chateaubriand, Galeria de arte do Sesi, 1993. SAUSSURE, Ferdinand. Curso de lingiifstica geral. Sao Paulo: Cul- trix, 1995. SANTAELLA, Lucia. Estética de Plato a Peirce. Sao Paulo: Experi- mento, 1994. SANTOS NETO, Fernando Augusto. Tese de doutorado Do Desenho 2 Escultura, PUC/SP, Programa de Comunicagio e Semibtica. 248 iginas, 2007. —— Dirio de Freqiténcia. Londrina-Pr: EDUEL, 1997. WONG, Wucius. Fundamentos do desenho bi e tridimensional. Bar- celona: Gustavo Gili, 1985, ba Fig or Exercicios de pontoe linha ~ Fig, 02 Exercicios de ponto e linha indice das ilustragdes e figuras Fig. 03 Exercicios de ponto e linha Fig. 04 Desenho. Adriana Santos : Fig. 05 Exemaplo de linhas e pontos. Exraido do lime Fundamentos Fig. 06 Exempla de figura com pontos.Extrado do livoSintaxe da Linguagem Visual del Diseno Bi-y-tridimensional W.Wong Donis A. Dondis. Fig. o7 O Sena na grande Jatte. Primavera. Seurat z ig. 08 Enemplo de Sguras com pontos, Jorge. Copia romogtnica. Vik Muniz Fig Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig, Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig, Fig. °9 10 1 2 B 14 5 16 a 8 19 ar 22 3 24 25 Gifras e constelagdes amorosas de uma mulher. J. Miro Um desenho por dia. Femando Augusto-. Exemplo de pianos Exemplo de planos e centralidade Direcionamento Desenho de Amilcar de Castro Composicao em vermelho, amarelo e azul. P. >. Mondrian Exemplo de nivelamento e aguamento +... Exemplo: nivelamento e agucamento. Pontos desioeaca Diferentes formatos de planos Exemplo de pregnancia e agrupamento Exemplo de pregnancia e agrupamento Exemplo de agrupamento pelo olhar Exemplo de agrupamento: formas iguais se unem ... Lado esquerdo ¢ lado direito: valores laterais Lado esquerdo ¢ lado direito: valores laterais - Exemplo de textura Fig. 26 Diferentes formatos Fig. Fig. oA 28 Pintura. Manfredo Souza Neto -. xemplo de linhas que se formam no cho Fig. 29 Gravura impressa sobre isopor. Exerccio de arte de crianca (9 anos), Fig Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig. Fig 30 3 32 3 34 35 36 37 Escola Marista N. Sra. Da Paz, 2003 Desenho. Cristina Agostinho. Exemplo de trabalho feito com material no convencional Formas bisicas Desenhos ima crcunfertncia. Exemplo extaido do livro Design e Comunicacao Visual Bruno Munari Sobreposicao de circunferéncias. Exemplo extraido do Livro Design e Comunicagao Visual. Bruno Munari ~ Formas ambiguas. Exemplo extraicio do livro Design e Comunicazo Visual. Bruno Munari Farting, senteicas eames, Earhaple exile de isro Design Comunicagio Visual. Bruno Munari oe sone Exemplo de repeticao de forma Exemplo de repeticao de formas com dimensoes iguais 18 8 8 218 19 23 25 26 27 28 29 30 31 31 35 39 39 40 ae 52 3 55 55 5 ma55 7 57 Fig. 38. Exemplo de repeticio de cores em formas diferentes Fig. 39 Exemplo de repetigao e direcionamento de formas * Fig. 40 Quartos ao pé do mar. E. Hopper «2... Fig. 41 Acasa do passado. Fernando Augusto Fig. 4a. Abandono. O. Goeldi Fig. 43 Desenho de estrutura. Exemplo extraido do livro Design e Comunicagao Visual. Brno Munari Fig. 44 Exemplo de estrutura formal Fig. 45 Exemplo de estrutura semiformal Fig. 46 Exemplo de estrutura informal Fig. 47 Exemplo de estrutura inativa Fig. 48 Exemplo de estrutura ativa .. Fig. 49 Exemplo de estrutura ativa Fig. 50 Exemplo de estrutura visivel Fig. 51 Exemplo de estrutura invisivel .. Fig. 52. Pensando as trés dimensbes: altura, lrgura e profundidade Fig. 53 Linha pontilhada Fig. 54. Linha vertical: altura Fig. §5 Linha horizontal: largura .... Fig. 56 Linha inclinada: diagonal Fig. 57 Conjunto de linhas: sobreposicio Fig. 58. Representagao da tridimensionalidade Fig. 59 Exemplo de repeticio de um médulo, Exemplo extraido do livro Design e Comunicagio Visual. Bruno Munari Fig. 6o Exemplo de ambigiidade visual. Exemplo extraido do livro Design ¢ Comunicagio Visual. Bruno Munari Fig, 61 Escultura de Amilcar de Castro Fig. 62 Exemplo de perspectiva com visto debaixo do objeto Fig. 63 Exemplo de visio frontal Fig. 64 Exemplo de visio lateral Fig. 65 Desenho. Pamela Reis Fig. 66 Desenho. Junior Bitencourt 78m LINGUAGEM GrArica Fernando Augusto Itanhém- Ba. 1860 ‘Artista plastico,pintor, desenhis ¢ fo- ‘égrafo, graduado pela Escola df Belas Artes da UFMG, doutor em Gbmuni- cago e Semitica pela Ponti versidade Catélica de Séo Pa Université Pars | ~ Sorbonn Foi professor do Departamen visuais da Universidade Es Londrina, responsivel pelas de pintura, desenho e fotoay Foi coordenador do curse duagdo Histéria e Teoria d demidade € pos madernidade do De- partamento de Arte de UEL Foi responsavel pela coluna Arie Cul- tura - Jomal de Londrina tendo publi- cado cerca de quarentayartigos sobre arte no periado 2001/2 Publicou o lio: “Didrio de Passagem ~ ‘Uma pottica do desenho" Londrina-PA, Ed, Eduel, 1996 ‘Atualmente & professor de Arte do De- partamento de Artes Visuais da UFES - Universidade Federal do Espirito Santo =Vitbria ~ ES + Enderego Universidade Federal do Espirito Santo = Vitoria -ES Depto. Artes Visuals DAV ~ Av. Fernan- do Ferrari, sin, Goiabeiras 29080-970 - Vitoria ~ ES ~ Brasil Tae~ Fone 32257691 E-mail fa_augusto@yahoo.com.br ac - ah oA s / -” ~ ie f a s hn ; 4 M! - Tu . a * ~~ vin mY 128053! 4 9"788599

Você também pode gostar