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Eis que o pensamento de Locke inova a cincia jurdica dada, na medida em que
reconhece ao cidado comum a prerrogativa de resistir s autoridades tirnicas. Atingido
o ponto de no direito, abre-se a perspectiva de aplicao do direito de resistncia,
caracterizando o pacto de consentimento, cuja essncia est na limitao do poder do
Estado, vale dizer, o pacto de consentimento somente legitima as aes do Estado
voltadas para a garantia dos direitos civis e polticos do cidado. Com isso, Locke justifica
a ideia-fora de Estado liberal.
Com esse tipo de inteleco em mente, fica mais fcil compreender o esprito que anima
o paradigma contratual de Locke, qual seja sufragar as liberdades individuais ante o
arbtrio do poder estatal. Eis aqui estampadas, com todas as letras, as razes pelas quais
John Locke apontado como sendo o pai do Estado liberal burgus.
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Para alm disso, o contrato social faz referncia ao conceito de igualdade natural que por
sua vez projeta a idia de que o pacto rousseauniano visa a reduzir as desigualdades
fsicas, transformando-as em igualdades em direitos.1
Com isso, acreditamos que dentre todos os contratualistas, Rousseau aquele que mais
se aproxima do princpio democrtico. Na verdade, a posio teorizante de Rousseau o
coloca na vanguarda da defesa da democracia plebiscitria, vez que sua ideia de
mandato imperativo classifica o representante poltico como mero comissionrio do povo.
A partir da obra de Rousseau, possvel vislumbrar a formao de um ncleo essencial
de uma democracia participativa de vis plebiscitrio, que garanta efetivamente a
igualdade de oportunidades.
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Dalmo de Abreu Dallari em feliz sntese acerca da matria preleciona, verbis: Em resumo, verifica-se que
vrias das idias que constituem a base do pensamento de ROUSSEAU so hoje consideradas fundamentos
da democracia. o que se d, por exemplo, com a afirmao da predominncia da vontade popular, com o
reconhecimento de uma liberdade natural e com a busca de igualdade, que se reflete, inclusive, na
aceitao da vontade da maioria como critrio para obrigar o todo, o que s se justifica se for acolhido o
princpio de que todos os homens so iguais. Cf. DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do
estado. So Paulo: Saraiva, 2005, p.18.